Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Pré-natal: exames do 2º trimestre

Por Dra. Cristiane Pacheco

A divisão da gravidez em três trimestres é uma forma prática de acompanhar as mudanças e o desenvolvimento do bebê. Cada trimestre apresenta características específicas e, por isso, no pré-natal, são pedidos exames específicos para avaliar marcos importantes tanto para a saúde do feto quanto da gestante.

No primeiro trimestre, ocorre a formação dos órgãos principais, início dos batimentos cardíacos, desenvolvimento dos membros e do sistema nervoso. No segundo trimestre, a formação dos órgãos já está praticamente completa. Nessa fase, o bebê passa crescimento acelerado, desenvolvimento dos sentidos e apresenta movimentos mais perceptíveis. O terceiro trimestre é marcado pelo ganho de peso, pelo amadurecimento dos pulmões e pelo posicionamento para o parto.

Quer saber mais sobre os exames pedidos no segundo trimestre de gestação? Acompanhe até o final!

Quais exames laboratoriais são pedidos no segundo trimestre?

Hemograma

O hemograma é um exame fundamental no segundo trimestre, pois ajuda a avaliar parâmetros hematológicos, como:

  • Contagem de hemácias e avaliação da concentração de hemoglobina – no segundo trimestre, há um aumento significativo do volume sanguíneo da mãe, o que pode diluir a concentração de hemácias e hemoglobina no sangue. Essa condição é chamada de anemia relativa ou anemia por diluição. Apesar de não ser uma anemia propriamente dita, ela pode causar complicações semelhantes, como fadiga;
  • Contagem de leucócitos (glóbulos brancos) – esse parâmetro ajuda a detectar infecções e outras alterações. Por exemplo, um aumento expressivo nos níveis de leucócitos em comparação com o primeiro trimestre pode indicar uma infecção oculta. Durante a gravidez, o sistema imunológico da mãe é naturalmente suprimido para evitar a rejeição do feto. Isso pode aumentar a suscetibilidade a infecções, mas deixá-las menos sintomáticas devido à redução da intensidade da reação inflamatória;
  • Contagem de plaquetas – número de plaquetas é importante para avaliar a capacidade de coagulação do sangue. Trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas) pode ser um sinal de condições graves como a pré-eclâmpsia ou a síndrome HELLP, que necessitam de intervenção imediata.

Sorologia para HIV

Detectar o HIV precocemente permite a implementação de terapias antirretrovirais, que reduzem significativamente a carga viral no organismo da mãe, diminuindo o risco de transmissão vertical (da mãe para o filho) durante a gestação. Além disso, o diagnóstico precoce possibilita um planejamento adequado para o parto e o acompanhamento do recém-nascido, aumentando as chances de que ele nasça sem o vírus.

O impacto dessa intervenção é tão positivo que a sorologia para HIV é repetida no segundo trimestre. Assim, podemos identificar falsos negativos no primeiro exame devido à janela imunológica (a pessoa porta o vírus, mas os níveis de anticorpos ainda são indetectáveis) ou casos de infecção após o primeiro exame.

Detecção da toxoplasmose

A infecção por Toxoplasma gondii pode ser transmitida ao feto, resultando em complicações, como:

  • Aborto espontâneo;
  • Parto prematuro;
  • Malformações congênitas;
  • Macrocefalia;

O Brasil ainda é um país endêmico para a toxoplasmose. Então, a triagem rotineira e o tratamento dessa infecção durante o pré-natal são medidas relativamente simples para uma condição que pode ter consequências muito graves.

Reação para rubéola

A infecção materna por rubéola, especialmente nas primeiras 20 semanas de gestação, apresenta alto risco de transmissão vertical. Ela pode levar à síndrome da rubéola congênita, que pode causar diversos defeitos congênitos, tais quais:

  • Problemas cardíacos;
  • Surdez;
  • Catarata;
  • Atraso no desenvolvimento.

Sorologia para hepatite B, hepatite C e citomegalovírus

A hepatite B ou C pode ser transmitida da mãe para o feto durante a gestação, parto ou amamentação, aumentando o risco de doenças hepáticas crônicas na criança. A identificação precoce dessas infecções permite que os profissionais de saúde adotem medidas preventivas, como a administração de imunoglobulina hepatite B no recém-nascido, além de planejar o parto de forma a minimizar os riscos de transmissão, assim como ocorre no caso do HIV.

O citomegalovírus é um vírus que, quando transmitido da mãe para o feto, pode causar anomalias congênitas, como:

  • Surdez;
  • Microcefalia;
  • Atraso no desenvolvimento.

Exame de urina

O exame de urina é um teste simples, mas que pode trazer informações muito importantes sobre a gestação:

  • Ele pode detectar infecções urinárias assintomáticas, que são comuns durante a gravidez. Se não tratadas, podem levar a complicações como pielonefrite e parto prematuro;
  • Ele pode ajudar a diagnosticar a pré-eclâmpsia, uma condição caracterizada pela presença de níveis elevados de proteínas na urina associada à hipertensão arterial;
  • Ele pode indicar diabetes gestacional, a qual pode cursar com presença de glicose na urina.

Quais exames de imagem são feitos no segundo trimestre?

Durante o segundo trimestre, são indicados dois tipos de ultrassonografia. Uma delas é a ultrassonografia transvaginal de segundo trimestre, que é um exame feito inserindo um transdutor na vagina, permitindo uma visualização detalhada da pelve. Seu principal objetivo é medir o colo do útero, visto que o colo curto é um dos critérios utilizados para diagnosticar a incompetência istmocervical e para avaliar os riscos de parto prematuro.

O outro tipo é a ultrassonografia morfológica de segundo trimestre, que avalia a morfologia do feto, a posição da placenta e a quantidade de líquido amniótico. Esse exame é fundamental para:

  • Diagnosticar possíveis malformações fetais e anomalias no desenvolvimento;
  • Identificar situações como placenta prévia;
  • Detectar problemas como oligodrâmnio (volume baixo de líquido amniótico) ou polidrâmnio (excesso de volume de líquido amniótico).

Portanto, os exames realizados durante o segundo trimestre do pré-natal promovem a saúde, previnem doenças e permitem o tratamento de eventuais condições identificadas nos rastreios. Além disso, os exames pré-natais fornecem informações importantes sobre o crescimento e a vitalidade do feto, tranquilizando a gestante e possibilitando um acompanhamento individualizado da gravidez.

Quer saber mais sobre o acompanhamento pré-natal? Toque aqui!

Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments