Uma consulta com o pediatra antes de o bebê nascer, durante o terceiro trimestre, é recomendada para todos os futuros pais, como primeiro passo importante para a organização de um lar adequado aos cuidados necessários para receber o bebê.

As consultas pré-natais permitem ao pediatra estabelecer um relacionamento de apoio e confiança com ambos os pais, coletar informações básicas, oferecer conselhos sobre o bebê e identificar riscos psicossociais precoces ou condições médicas que possam exigir cuidados especiais.

A pediatria é uma especialidade médica totalmente voltada para a saúde e o bem-estar da criança, portanto é inserida na família nesse momento. O atendimento começa idealmente antes da gravidez, com planejamento de vida reprodutiva, e continua durante o período gestacional.

A consulta pré-natal oferece a oportunidade de criar um relacionamento pessoal duradouro entre os pais e o pediatra, importante para todos os futuros cuidados do bebê.

Em uma visita pré-natal, são abordados tópicos como segurança, assentos de carro, tipos de berço e outras orientações para a proteção do recém-nascido. Além disso, na ocasião são abordados temas como a amamentação e doação de sangue do cordão umbilical, assim como é uma oportunidade para o pediatra reconhecer problemas como a depressão ou outras emoções dos pais que possam prejudicar a saúde do bebê e da família.

O que pode ser abordado na consulta com o pediatra antes de o bebê nascer?

Na consulta pré-natal, o pediatra vai orientar os pais para que se tornem cuidadores mais competentes. O primeiro passo geralmente é uma conversa que aborde suas preocupações e anseios, estratégias já definidas para a chegada do bebê, crenças, valores culturais e familiares.

São abordados temas como a importância de compartilhar os cuidados com o bebê, como troca de fraldas, banho, atenção noturna e ajuda na alimentação. Embora a importância da mãe na vida do recém-nascido seja bastante clara desde a gravidez, a participação do pai também é fundamental. O objetivo é atender as necessidades do bebê, como alimentação, abrigo, amor e cuidados.

O pediatra também vai analisar aspectos do histórico pré-natal obstétrico atual e passado, quando for o caso, o histórico familiar de distúrbios genéticos e a possível exposição do bebê a substâncias que podem afetá-lo, como uso de drogas, álcool ou tabaco.

O casal é orientado, ainda, sobre práticas de segurança infantil, ao mesmo tempo que são identificados fatores psicossociais, como depressão perinatal, que pode afetar a função da família e o ajuste ao recém-nascido. Veja os principais pontos abordados:

• Informações sobre o pré-natal e contexto familiar: a coleta de informações sobre complicações da gravidez, depressão dos pais e histórico médico e social da família é importante para determinar o contexto da gravidez, da mesma forma que transmite aos pais mais confiança e interesse no ambiente psicossocial da criança, possibilitando a sugestão de apoio especializado em algumas situações. O pediatra orienta, ainda, sobre a conduta mais adequada quando há outras crianças na família, indicando a melhor forma de gerenciar a integração com o irmão;
• Orientações pós-nascimento: são importantes explicações sobre como os novos bebês se comportarão nas primeiras horas e dias e os cuidados necessários para esse período, desde o berçário, quando os partos são realizados em hospitais, à criação de espaços adequados, se acontecer em outros ambientes, como o parto residencial;
• Alimentação do recém-nascido: são expostas as vantagens sobre o aleitamento materno e os resultados positivos que proporciona para o bebê e para a mãe. Além disso, o pai pode receber orientação especial para apoiar a mãe nesse processo: de acordo com diferentes estudos, esse apoio contribui para prorrogar o tempo de amamentação. O pediatra pode instruir sobre o período de alimentação dos bebês, geralmente a cada 3 horas durante a noite, até aproximadamente 3 meses de idade;
• Circuncisão: caso o bebê seja menino, já são previamente apontadas as vantagens e desvantagens da circuncisão, com atenção especial às percepções religiosas, pessoais e culturais da família;
• Rotinas de consulta após o nascimento do bebê: informações sobre as consultas de rotina ou mesmo sobre o uso de comunicação eletrônica e regras para atendimento fora do consultório;
• Segurança do bebê: explicações sobre a importância de roupas de cama adequadas, acomodação do bebê, temperatura da água durante o banho, uso de chupeta, de assentos de carro, exposição a toxinas, como mofo e chumbo, ou a indicação de dispositivos importantes, como detectores de fumaça.
• Emoções do bebê: o pediatra gerencia as expectativas e aumenta a conscientização dos pais sobre a variedade de temperamentos que os bebês podem ter, bem como os pontos fortes e os desafios, assim como explica como o choro pode ser um modo normal de comunicação e dá conselhos sobre a melhor forma de responder a ele. Os pais podem receber técnicas para acalmar bebês agitados: formas de segurar, abraços, contato pele com pele, acalanto, tom de voz, iluminação e músicas suaves. É fundamental que os novos pais estejam cientes do poder especial das emoções positivas e negativas que envolvem a chegada do bebê.

A consulta com o pediatra antes de o bebê nascer é, portanto, uma oportunidade para estabelecer as bases e fortalecer laços entre o especialista e a família, garantindo, assim, cuidados adequados ao bebê em seus primeiros dias e anos de vida.