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Diabetes gestacional

Por Dra. Cristiane Pacheco

O diabetes gestacional tem como característica o aumento de glicose no sangue durante a gravidez, resultando em complicações para a saúde da mãe e do bebê.

Isso acontece porque entre as alterações hormonais que ocorrem no período está a elevação dos níveis de insulina, hormônio produzido pelo pâncreas responsável pelo metabolismo da glicose para gerar energia: hormônios liberados pela placenta reduzem a ação da insulina, assim o pâncreas da mãe aumenta a produção do hormônio para compensar o quadro de resistência.

No entanto, muitas vezes o aumento na produção do hormônio não é suficiente, resultando no desenvolvimento do diabetes gestacional. Quando o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose durante o crescimento intrauterino, há maior risco de macrossomia fetal (recém-nascido com peso igual ou superior a 4 kg independentemente da idade gestacional) e, consequentemente, partos mais difíceis, hipoglicemia neonatal ou mesmo obesidade e diabetes na vida adulta.

Embora qualquer complicação da gravidez seja preocupante, é possível evitar ou controlar o diabetes gestacional pela adoção de uma dieta balanceada antes e durante o período, prática de exercícios ou com a medicação adequada. O controle dos níveis de glicose garante a saúde materna e do bebê, reduzindo as chances de ocorrerem possíveis complicações no parto.

Exames de rotina para diagnosticar diabetes gestacional

Geralmente são indicadas duas avaliações durante o pré-natal:

  • Glicemia de jejum:realizada no primeiro trimestre da gravidez, avalia se há tendência ao diabetes gestacional;
  • Teste de tolerância à glicose: a partir da ingestão de uma solução doce, os níveis de açúcar no sangue são verificados a cada uma hora, durante o intervalo de três horas. Se os níveis forem mais altos em ao menos uma leitura, o diagnóstico é de diabetes gestacional. O exame é realizado entre a 24ª e a 28ª semana, quando é mais comum surgir o problema. Também é utilizado para acompanhamento quando há confirmação do problema.

Ainda que o diabetes gestacional não cause a manifestação de sintomas na maioria das mulheres, sede e micção frequente, podem ser indicativos.

O que causa o diabetes gestacional?

A causa exata do diabetes gestacional até hoje permanece desconhecida. No entanto, a partir de diferentes estudos, alguns fatores foram identificados como de risco para o desenvolvimento da condição:

  • Obesidade;
  • Sedentarismo;
  • Diabetes gestacional anterior ou pré-diabetes;
  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP);
  • Histórico familiar;
  • Bebês de gestações anteriores nascidos com peso superior a 4 kg.

Quais complicações o diabetes gestacional pode causar?

Nos casos em que o diabetes gestacional não é adequadamente gerenciado, pode causar complicações para a mãe e para o bebê. Veja a seguir:

Para o bebê

  • Excesso de peso ao nascer: níveis elevados de glicose incentivam maior crescimento do bebê, o que dificulta a passagem pelo canal vaginal aumentando o risco de lesões. Por isso, para mulheres com diabetes gestacional geralmente é indicada a cesariana;
  • Nascimento prematuro: altos níveis também aumentam o risco de parto prematuro, ao mesmo tempo que o nascimento por cesariana em data anterior à prevista, pode ser recomendado se o bebê apresentar crescimento maior do que o normal;
  • Dificuldades respiratórias graves: bebês prematuros de mães com diabetes gestacional podem experimentar a síndrome do desconforto respiratório, condição que dificulta a respiração;
  • Hipoglicemia: bebês de mães com diabetes gestacional podem ter hipoglicemia logo após o nascimento, condição contrária ao diabetes, em que há baixos níveis de açúcar no sangue. Quando é mais grave pode causar convulsões no bebê;
  • Obesidade e diabetes tipo 2: os bebês têm risco aumentado de desenvolver durante a vida obesidade e diabetes tipo 2;
  • Bebês nascidos mortos (natimorto):o diabetes gestacional não tratado pode resultar na morte do bebê ainda intraútero.

Para a mãe

  • Pressão alta e pré-eclâmpsia: o diabetes gestacional aumenta o risco de pressão alta e, consequentemente, de pré-eclâmpsia, uma complicação da gravidez potencialmente perigosa para a mãe e o bebê;
  • Maiores chances de cesariana: nas mulheres com diabetes gestacional os bebês podem ser muito grandes e pesados, o que inviabilizaria um parto normal por DCP (desproporção cefalopélvica);
  • Diabetes no futuro: mulheres que tiveram diabetes gestacional, têm maior risco de o problema se repetir em outra gravidez, assim como de desenvolver diabetes tipo 2 com o envelhecimento.

Há tratamento para o diabetes gestacional?

O tratamento inclui de mudanças no estilo de vida, como a adoção de uma dieta balanceada e a prática de exercícios físicos, monitoramento periódico dos níveis de açúcar no sangue para garantir que eles permaneçam em uma faixa considerada segura. Quando a dieta e exercícios não são suficientes para equilibrar os níveis, podem ser reduzidos por medicamentos prescritos com esse objetivo.

O desenvolvimento do bebê também deve ser periodicamente monitorado, o que é feito por exames de ultrassonografia. O parto poderá ser induzido caso não aconteça até a data prevista, uma vez que o atraso tende a resultar em complicações para a mãe e para o bebê.

Os níveis de glicose normalizam logo após o parto na maioria das mulheres, o que é verificado com a realização do exame, novamente repetido de 6 a 12 semanas depois para confirmar a estabilização do quadro. Porém, como as mulheres que tiveram o problema têm maiores chances de desenvolver o diabetes tipo 2, é importante o acompanhamento pelo menos a cada três anos.

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