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Gestação de alto risco

Por Dra. Cristiane Pacheco

Na maioria das vezes, a gravidez transcorre sem nenhum problema grave. No entanto, nem todas as mulheres vivenciam o processo de forma tranquila. Em alguns casos, a gravidez pode ser de alto risco, e isso acontece quando existem complicações que podem afetar a mãe ou o bebê.

Gestações de alto risco devem ser regularmente monitoradas pelo obstetra para ajudar a garantir o melhor resultado para a mãe e o bebê.

O que pode resultar em gravidez de alto risco?

Uma gravidez pode ser considerada de alto risco nas seguintes situações:

  • Idade da mãe:mulheres com menos de 17 anos ou mais de 35 anos de idade têm mais chances de complicações na gravidez quando comparadas às que engravidam no período pós-adolescência até os 35 anos. O risco de abortamento e defeitos genéticos aumenta ainda mais após os 40 anos;
  • Condições médicas que precedem a gravidez: condições médicas que precedem a gravidez como hipertensão arterial, problemas nos pulmões, rins ou coração, diabetes, doenças autoimunes, entre elas o Lúpus, e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) também podem provocar uma gravidez de alto risco. Além disso, as chances podem ser mais altas para a mães e seus bebês quando há histórico de abortamento espontâneo ou familiar de distúrbios genéticos e complicações em uma gravidez anterior. Nesse caso, é importante consultar um especialista antes de decidir engravidar, para realização de exames, ajustes de medicamentos ou adequações necessárias que assegurem a saúde da mãe e do bebê;
  • Condições médicas que ocorrem durante a gravidez: mulheres saudáveis, por outro lado, podem desenvolver determinadas condições durante o período gestacional potencialmente perigosas para elas e seus bebês. As mais comuns são a pré-eclâmpsia, caracterizada pelo aumento da pressão arterial pela presença de proteína na urina, e o diabetes gestacional;
  • Problemas relacionados à gravidez: a gravidez pode, ainda, ser classificada como de alto risco quando surgem problemas motivados pelo processo, independentemente da saúde da mãe. Exemplos incluem o trabalho de parto prematuro, que inicia antes da 37ª semana de gravidez, consequência de infecções, colo do útero curto, histórico de parto prematuro, gravidez de múltiplos ou placenta prévia, condição na qual a placenta pode cobrir todo o colo uterino, impedindo a passagem do bebê em um parto natural. Problemas fetais como os de desenvolvimento – bebês maiores ou menores do que o normal – e estilo de vida, com hábitos como tabagismo e alcoolismo, podem, da mesma forma, resultar em complicações.

O que fazer para evitar uma gravidez de alto risco?

Consultar um obstetra quando estiver pensando em engravidar é a melhor forma de amenizar certas situações que podem colaborar para uma gravidez de alto risco. No entanto, dependendo do caso, ela não pode ser evitada, mas deverá ser acompanhada de perto.

A consulta é conhecida como preconcepção e é importante para a confirmação da saúde materna e orientações que podem contribuir com uma gravidez saudável.

Além disso, é fundamental, após a concepção, o acompanhamento regular de pré-natal, assim como a adoção de uma alimentação adequada e de hábitos como alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos, uma vez que o baixo peso ou o sobrepeso também podem interferir na gestação.

Testes específicos que podem ser solicitados durante a gravidez

Alguns testes podem ser solicitados durante o período gestacional se houver suspeita ou confirmação de gravidez de alto risco, inclusive alguns deste já até viraram rotina, como os laboratoriais e morfológicos. Os mais comuns são:

  • Testes laboratoriais: avaliação de urina e sangue para o rastreio de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
  • Ultrassom morfológico: sendo a de primeiro trimestre realizado entre a 10ª a 13ª semanas de gestação onde se avalia possíveis alterações com significado de síndromes genéticas e a de segundo trimestre realizada de 20 a 24 semanas, a qual se vê detalhadamente o desenvolvimento do bebê e a formação de órgãos internos, assim como a posição da placenta no útero, vascularização através do doppler. Nesse exame, é possível identificar a ocorrência de malformações e avaliar as chances de o bebê desenvolver doenças genéticas;
  • Triagem genética pré-natal pelo sangue materno: realizada por meio da análise do DNA da mãe pela avaliação sanguínea, apontando as chances de o bebê desenvolver distúrbios cromossômicos;
  • Triagem genética pré-natal pelo líquido amniótico e células da placenta: no primeiro caso, é chamada amniocentese e prevê a análise do líquido amniótico, que protege o bebê durante a gravidez, normalmente após a 15ª semana, possibilitando a identificação de certas condições genéticas e de anormalidades graves do cérebro ou da medula espinhal (defeitos do tubo neural). No segundo caso, é feita a amostragem de vilosidades coriônicas (CVS), que analisa uma amostra de células da placenta, normalmente entre a 10ª e a 12ª semana da gravidez, permitindo identificar anormalidades genéticas ou cromossômicas no feto;
  • Ultrassom para medida do comprimento cervical: possibilita medir o comprimento do colo do útero para determinar se há risco de parto prematuro;
  • Perfil biofísico:um tipo de ultrassom que verifica a saúde do bebê, monitorando, ao mesmo tempo, a frequência cardíaca.

Na maioria das gestações consideradas de alto risco há chances de sucesso para mãe e para o bebê, desde que monitoradas durante todo o processo, inclusive com profissionais de outras especialidades (cardiologistas, endocrinologistas) e com a adoção de medidas recomendadas por seu obstetra. Além disso, como forma de prevenção, a consulta preconcepção é, atualmente, indicada para todas as mulheres que planejam engravidar.

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