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PTGI: tratamento

Por Dra. Cristiane Pacheco

As patologias do trato genital inferior (PTGI) representam lesões benignas ou precursoras de cânceres (oncogênicas) que afetam as regiões vulvar, vaginal e cervical. Essas condições são caracterizadas pelo crescimento anormal de células no revestimento epitelial dessas áreas, sendo classificadas em diferentes graus de gravidade.

Elas são diagnosticadas por meio do exame clínico ginecológico seguido de exames complementares com amostra de células ou tecidos, como a citopatologia e as biópsias.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado dessas neoplasias intraepiteliais são essenciais para prevenir a progressão para tumores invasivos, destacando a importância do acompanhamento ginecológico regular, da conscientização sobre os fatores de risco e das formas de prevenção. Quer saber mais sobre o tratamento das PTGI? Acompanhe!

Neoplasia intraepitelial vulvar (NIV)

As neoplasias intraepiteliais vulvares são classificadas em:

  • neoplasias intraepiteliais vulvares de baixo grau ou de alto grau, que surge devido a infecções pelo vírus HPV;
  • neoplasia intraepitelial vulvar diferenciada, que se origina do líquen escleroso.

As lesões de baixo grau não são consideradas lesões pré-cancerígenas. Nesse sentido, não é necessário tratar em mulheres assintomáticas com a finalidade exclusiva de prevenir o câncer. Realizamos, assim, um acompanhamento periódico dessas lesões para identificar se há algum sinal de evolução desfavorável.

Algumas lesões de baixo grau, contudo, podem provocar sintomas, como:

  • coceira;
  • dor;
  • verrugas genitais e desconforto com a aparência da vulva.

Nessa situação, o plano terapêutico é semelhante ao que utilizamos em outras verrugas e condilomas anogenitais. Portanto, podem ser indicadas:

  • medicações tópicas, que devem ser usadas por várias semanas para promover a queda das lesões e a morte do tecido afetado;
  • ablação a laser, o qual envolve a aplicação hospitalar de laser de alta potência para destruir as células anormais.

As lesões de alto grau, por sua vez, apresentam um risco significativo de evolução para o carcinoma vulvar. Desse modo, o tratamento não busca apenas o alívio dos sintomas, mas a prevenção desse tipo de câncer.

O tratamento nesse caso depende das características da lesão e do estado de saúde da paciente. Em pacientes com alto risco de câncer vulvar ou lesões mais preocupantes, indica-se geralmente a cirurgia cirúrgica das lesões, em que a lesão é retirada com uma parte da pele ao seu redor (margem de segurança). Esse é também o tratamento preferencial das lesões diferenciadas devido às chances mais elevadas de evolução para um câncer.

Em algumas situações de lesões de alto grau (como lesões multifocais ou perto da uretra, do clitóris e do introito vaginal), pode ser indicada a terapia de ablação a laser para evitar sequelas anatômicas.

Neoplasia intraepitelial vaginal

O tratamento da neoplasia intraepitelial vaginal também depende de diversos fatores, especialmente da classificação da lesão. Para pacientes com lesões de baixo grau, também não se recomenda o tratamento de pacientes assintomáticas, visto que geralmente são lesões benignas causadas por tipos não oncogênicos do HPV e que regridem espontaneamente.

Pacientes com lesões de alto risco, por sua vez, precisam ser tratadas mesmo que assintomáticas. Afinal, há chances de evolução das lesões para carcinoma vaginal (câncer de vagina). Em geral, recomenda-se a excisão cirúrgica das lesões nos casos em que as lesões são mais preocupantes. Pode-se também optar pela ablação em situações, como lesões multifocais sem sinal de invasividade local.

Neoplasia intraepitelial cervical

O plano terapêutico das neoplasias intraepiteliais cervicais é mais complexo do que os casos anteriores. Afinal, o câncer de colo do útero é muito mais frequente do que os cânceres de vulva e de vagina. Assim, um cuidado muito maior é necessário. Os dois principais fatores para determinar o tratamento são a classificação da lesão e a idade das pacientes.

Em mulheres assintomáticas ou pouco sintomáticas com mais de 25 anos, recomenda-se a observação com consultas ginecológicas semestrais e novos exames nos casos de lesões de baixo grau (NIC 1). Afinal, cerca de 90% das lesões regridem espontaneamente sem nenhum tratamento médico. Caso as lesões persistam, tratamentos conservadores (ablação ou terapia tópica) são os mais frequentemente indicados.

No caso de a biópsia indicar NIC2 ou NIC3, indica-se a excisão das lesões. A extensão do procedimento depende principalmente do grau de invasão das lesões encontradas. Em mulheres com menos de 24 anos e NIC2 com características favoráveis, pode ser recomendada a observação periódica. No caso da NIC3, contudo, a excisão é fundamental em qualquer idade devido ao risco muito elevado de essas lesões evoluírem para câncer.

As principais técnicas de excisão das lesões cervicais são:

  • LEEP (Loop Electrosurgical Excision Procedure) é um procedimento mais simples e pode ser realizado em ambiente ambulatorial. Nele, uma alça de arame fino condutora de corrente elétrica é inserida através da vagina para remover a área com alterações;
  • a conização com lâmina a frio é realizada em ambiente hospitalar. Após a marcação das lesões com corantes específicos, a região afetada é retirada com um instrumento em formato de um cone.

Se forem identificadas lesões invasivas nos procedimentos acima, pode ser necessário realizar uma cirurgia mais extensa e radioterapia.

Portanto, o tratamento das PTGI deve ser cuidadosamente individualizado para o caso de cada paciente. Em todo caso, o acompanhamento oncoginecológico regular é fundamental antes e após o tratamento para identificar a evolução das lesões e a recorrência. Por isso, é fundamental que seja conduzido por um profissional especializado e experiente.

Quer saber mais sobre as PTGI, seus sintomas e como são diagnosticadas? Toque aqui!

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