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PTGI: veja como é feito o diagnóstico

Por Dra. Cristiane Pacheco

As patologias do trato genital inferiorPTGI — se referem a um conjunto de lesões displásicas (com alterações celulares significativas persistentes) que afetam a região genital externa da mulher, incluindo a vulva, a vagina e o colo do útero. Essas condições são geralmente causadas por alguns tipos de vírus do papiloma humano (HPV).

Os sintomas associados a essas patologias variam, — com muitos casos sendo completamente assintomáticos. Quando se manifesta, a PTGI pode causar prurido, dor, irritação, corrimento anormal e alterações na aparência da pele na área genital.

É importante destacar que algumas dessas condições podem aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de colo do útero (câncer cervical). Por isso, é fundamental acompanhamento ginecológico regular para a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado.

Como veremos, o diagnóstico da patologia do trato genital inferior feminino é geralmente realizado por meio do exame clínico, da colposcopia e de biópsias. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe até o final!

Quais são as patologias do trato genital inferior feminino (PTGI)?

Neoplasia intraepitelial cervical (NIC)

Essa patologia surge devido a alterações nas células do colo do útero, que, sem tratamento, podem evoluir para o câncer de colo do útero invasor. A prevalência da NIC é maior em mulheres entre 25 e 35 anos, apesar de a condição ocorrer em qualquer faixa etária.

O principal fator de risco para as NIC é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), que é sexualmente transmissível. Existem cerca de 200 tipos de HPV capazes de infectar a pele humana, sendo que 40 deles podem atingir os órgãos reprodutivos. Alguns deles são oncogênicos, isto é, causam lesões que podem evoluir lenta e progressivamente para tumores malignos.

A NIC é classificada em três graus, de acordo com a extensão das alterações celulares e o risco de evolução para uma lesão maligna:

  • NIC 1 (displasia de baixo grau): caracteriza-se por alterações celulares leves e geralmente resolve-se espontaneamente sem a necessidade de tratamento;
  • NIC 2 (displasia moderada ou grau intermediário): envolve alterações celulares mais pronunciadas, sendo mais provável que persista ou progrida para um estágio mais avançado;
  • NIC 3 (carcinoma in situ) apresenta alterações celulares mais significativas, representando um tumor maligno em estágio inicial, — não invasivo. Apresenta grandes chances de cura caso seja tratado precocemente.

A detecção precoce da NIC é fundamental para prevenir a evolução para o câncer cervical invasivo. Isso é geralmente feito por meio do exame de Papanicolau, que avalia microscopicamente as células do colo do útero para identificar possíveis alterações. Além disso, a vacinação contra o HPV é uma medida importante na redução do risco de NIC e câncer cervical, assim como o uso de preservativos.

Neoplasia intraepitelial vulvar (NIV)

A vulva é formada por diversas estruturas, como:

  • Grandes lábios;
  • Pequenos lábios;
  • Clitóris;
  • Púbis;
  • Períneo.

A displasia vulvar é a PTGI que acomete a pele da vulva. Quando essa displasia é de alto grau, ela é chamada de neoplasia intraepitelial vulvar, que pode ser classificada em dois grupos:

  • NIV usual, cujos principais fatores de risco são a infecção por HPV, o tabagismo e o imunocomprometimento;
  • NIV diferenciada, que se relaciona com o líquen escleroso, um transtorno dermatológico crônico na região vulvar. As principais características do líquen escleroso são as manchas brancas e finas, principalmente em mulheres idosas.

Neoplasia intraepitelial vaginal (NIVA)

A NIVA é a sigla utilizada para a displasia no epitélio da parede vaginal, que pode ser classificada em:

  • Leve;
  • Moderada;
  • Grave.

Assim como as lesões cervicais, elas também podem apresentar uma evolução lenta para câncer, pois também estão relacionadas às mutações causadas pelo HPV. Nesse sentido, as lesões graves podem ser consideradas pré-cancerosas.

O câncer da vagina é relativamente raro em comparação a outras neoplasias malignas ginecológicas. Ele ocorre em todas as faixas etárias, mas é mais frequente em mulheres entre 40 e 60 anos.

Como é feito o diagnóstico?

Avaliação clínica

  • Anamnese: o médico geralmente faz perguntas sobre a história médica, histórico sexual e sintomas do paciente para obter informações relevantes;
  • Exame clínico: ele também pode examinar a área genital em busca de lesões, feridas, verrugas ou outras anormalidades.

Papanicolaou e colposcopia

O principal objetivo do papanicolaou é detectar alterações nas células cervicais antes que se tornem cancerosas. Isso aumenta as chances de uma intervenção precoce, o que pode se traduzir em um tratamento mais eficaz.

As diretrizes médicas geralmente recomendam que mulheres iniciem a rotina de realização do papanicolaou a partir dos 21 a 25 anos de idade. Os dois primeiros exames são feitos com um intervalo de 1 ano, passando para o intervalo de 3 anos se os resultados forem negativos. Essa rotina é mantida até os 64 idade.

Durante o exame, o médico coleta uma pequena amostra de células do colo do útero e da área circundante. Isso pode ser feito durante um exame ginecológico de rotina. Nessa oportunidade, ele também pode coletar amostras de células da vulva e da vagina, caso haja suspeita de patologias nessas regiões.

A amostra é enviada para análise microscópica (citopatológica). Os resultados do Papanicolaou são frequentemente classificados em diferentes categorias, como as exemplificadas a seguir:

  • Normal: sem evidência de células anormais;
  • ASCUS (Atipias de Células Escamosas de Significado Indeterminado): células levemente anormais, sem clareza sobre o significado clínico;
  • LSIL (Lesão Intraepitelial de Baixo Grau): alterações leves nas células com baixo risco de invasão local;
  • HSIL (Lesão Intraepitelial de Alto Grau): alterações mais significativas nas células, sugerindo um risco maior de câncer cervical.

Se o Papanicolaou revelar células anormais, o médico pode indicar a realização de uma colposcopia (exame visual do colo do útero com um colposcópio) com biópsia para avaliar mais extensamente o tecido.

Portanto, as patologias do trato genital inferior feminino representam um conjunto de condições, como a neoplasia intraepitelial cervical (NIC), neoplasia intraepitelial vulvar (NIV) e neoplasia intraepitelial vaginal (NIVA), que afetam a região genital externa da mulher.

Causadas principalmente pelo vírus do papiloma humano (HPV), essas condições podem ser assintomáticas ou manifestar sintomas como prurido, dor e alterações na pele genital. A detecção precoce, realizada por meio do acompanhamento ginecológico regular, do Papanicolaou e da colposcopia, é fundamental para intervir antes que as alterações celulares evoluam para estágios mais avançados.

Quer saber mais sobre as PTGI? Toque aqui!

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