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Riscos da concepção: saiba mais sobre o assunto

Por Dra. Cristiane Pacheco

A gravidez é um momento que altera bastante o corpo da mulher. Portanto, é natural que haja alguns riscos da concepção. Na maior parte das vezes, porém, eles são bem baixos, principalmente quando há o acompanhamento adequado da gestação. Nesse sentido, é muito importante entender que os cuidados devem começar preferencialmente antes de você engravidar. As consultas preconcepcionais são ações muito importantes nesse sentido.

Nelas, acolhemos o casal que deseja ter filhos e entendemos melhor a sua história. Então, fazemos uma avaliação tanto do homem quanto da mulher para encontrar fatores que podem comprometer a fertilidade ou aumentar os riscos gestacionais. Durante esse período, a mulher receberá informações sobre as mudanças que ocorrem no seu corpo durante o processo de gravidez.

Os riscos da concepção e da gestação significam que há uma maior chance de ocorrer alguns eventos que podem comprometer a saúde ou a vida do feto ou da mulher. Isso não significa que há uma certeza de que essas complicações vão ocorrer. Trata-se apenas de uma maior probabilidade em relação às gestações habituais.

Esses riscos podem se dever a inúmeros fatores, como idade, história gestacional prévia, doenças crônicas da paciente e a condição fetal. Quer entender melhor o assunto? Acompanhe!

Quais são os riscos da concepção e da gravidez de forma geral?

Afinal, os riscos estão aumentados em relação a quais problemas? Durante uma gestação, podem ocorrer complicações para o feto e a evolução da gravidez, como:

  • Abortamento, que é a perda gestacional antes da 24ª semana de gestação;
  • Malformações fetais (alterações na anatomia dos órgãos e estruturas do bebê);
  • Defeitos no neurodesenvolvimento (os quais podem trazer deficiências intelectuais, cognitivas e motoras para a vida do filho;
  • Morte intrauterina, a qual acontece quando o feto perde os sinais vitais ainda dentro do útero após a 24ª semana;
  • Parto prematuro, que é o parto entre a 25ª e a 36ª semana de gestação. Isso aumenta as chances de o bebê ir à óbito, ter problemas de desenvolvimento ou condições médicas adversas;
  • Parto cesariana. Apesar de ser feito eletivamente em muitas mulheres, trazem mais riscos de complicação para a mulher e para o bebê. Por isso, idealmente, devem ser reservados para situações de impossibilidade do parto normal, sendo vistos como uma complicação do parto.

A gestação também aumenta as chances complicações para a mulher, como:

  • Comprometimento da funcionalidade de órgãos importantes devido a doenças da gravidez, como a eclâmpsia e a diabetes gestacional, ou a descompensação de doenças prévias;
  • Morte materna durante a gestação, no parto ou no puerpério.

Todas elas podem acontecer em qualquer gestação, mas há algumas condições que as tornam mais prováveis.

Por que é importante avaliar os riscos gestacionais antes da gestação e durante o pré-natal?

Os riscos da concepção e da gestação são determinados fatores que aumentam as chances de as complicações acima acontecerem. Muitos deles podem ser controlados mesmo antes de o casal tentar engravidar por meio das consultas preconcepcionais.

Histórico reprodutivo

Complicações em gravidezes anteriores, como doenças gestacionais e partos prematuros;

  • Abortos espontâneos, parto prematuro, cesariana e doenças gestacionais em gestações anteriores;
  • Doenças dos órgãos geniturinários (DIP, infecções urinárias, vaginoses, miomas uterinos pólipos endometriais, patologias do trato genital inferior e endometriose);
  • Infecções sexualmente transmissíveis, como a sífilis, a gonorreia e a clamídia, que frequentemente são assintomáticas. Elas podem levar à infertilidade, abortamentos, malformações fetais e partos prematuros, por exemplo.

Então, o acompanhamento preconcepcional envolve a investigação dessas doenças e o controle antes de iniciar as gestações.

Histórico médico

Condições crônicas não-ginecológicas também podem aumentar o risco de complicações. Veja algumas delas:

  • Hipertensão arterial (pressão alta);
  • Diabetes mellitus;
  • Obesidade;
  • Disfunções da tireoide;
  • Transtorno emocionais e afetivos.

Quando identificadas e controladas antes da gestação, podemos evitar o surgimento ou a evolução de diversos problemas.

Histórico cirúrgico

As cirurgias, principalmente na região pélvica, podem deixar sequelas internas que dificultam a fertilidade ou a evolução normal de uma gestação. Por exemplo, elas podem causar aderências uterinas que obstruem a cavidade uterina ou distorcem a forma do útero.

Idade

Com o envelhecimento, a reserva ovariana cai progressivamente. A partir dos 35 anos, isso leva a um maior risco gestacional devido a:

  • estímulo insuficiente do endométrio, fazendo com que ele fique menos espesso para receber o embrião. Isso traz maiores chances de complicações gestacionais, como defeitos da implantação da placenta e abortamentos de repetição;
  • envelhecimento dos óvulos, que terão maior chance de alterações genéticas (síndrome do X frágil) ou cromossômicas (como a trissomia do cromossomo 21, que leva à síndrome de Down.

Quais são as condutas diante de determinados riscos?

O primeiro passo é fazer uma avaliação para rastrear os principais riscos de saúde com exames, como:

  • Avaliação da reserva ovariana (alguns casos, como na melhor com infertilidade ou no pré-menopausa);
  • Rastreio para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e para o HIV;
  • Dosagem dos níveis dos hormônios envolvidos na reprodução humana (alguns casos);
  • Tipagem sanguínea;
  • Avaliação da imunidade à rubéola, sarampo, varicela, à hepatite B e toxoplasmose;
  • Exame de urina;
  • Rastreio de doenças genéticas (se houver histórico familiar);
  • A conduta dependerá da condição identificada.

Por exemplo, no caso da maioria das infecções, é feito o tratamento curativo com o objetivo de eliminar os microrganismos do corpo da mulher. Se for uma condição crônica, busca-se controlá-la antes da gestação (atingir as metas terapêuticas de pressão arterial ou dos níveis de açúcar no sangue, por exemplo). Mulheres e homens podem receber vacinas se não tiverem imunidade para doenças preveníveis com imunizantes disponíveis.

Nesses e em outros casos, podem ser indicadas outras condutas, como:

  • Mudanças de hábitos de vida;
  • Cirurgias;
  • Reprodução assistida.

Por fim, é muito importante ressaltar que, em alguns casos, a mulher não pode gestar, pois isso traria riscos da concepção e da gestação muito elevados. A adoção e a barriga solidária podem ser opções nesses casos. Na consulta preconcepcional, portanto, podemos orientar todos os casais sobre as melhores condutas individualizadas à sua situação específica.

Quer entender melhor as consultas preconcepcionais? Confira este artigo!

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