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Spinning babies

Por Dra. Cristiane Pacheco

Spinning babies é um método que tem como proposta facilitar o trabalho de parto e o nascimento. Atua no preparo do corpo da mulher durante a gestação para otimizar a relação física entre ela e o bebê, auxiliando no alinhamento uterino e na liberação da pelve para que ele possa realizar o mecanismo de flexão e rotação, facilitando, dessa forma, o nascimento.

A proposta é oferecer às gestantes uma sequência de exercícios simples que podem ser realizados a partir da 24ª semana de gestação, semanalmente ou diariamente, com o auxílio do companheiro ou de uma doula, por exemplo.

No entanto, também pode ser utilizada quando a mulher já está no final da gestação e o bebê está em posição anormal, como a pélvica (sentado) e durante o trabalho de parto para auxiliar o bebê a flectir, girar e nascer.

Como o spinning babies funciona?

Em circunstâncias normais, à medida que o fim da gravidez se aproxima, a cabeça do bebê vai encaixando na pelve e, devido ao peso do corpo, curvando para a frente, na apresentação denominada vértice ou cefálica, de menor risco para o parto vaginal. A combinação mais comum e segura para o nascimento inclui:

  • Cabeça primeiro (apresentação de vértice ou cefálica);
  • Virado para trás;
  • Rosto e corpo angulados à direita ou à esquerda;
  • Pescoço curvado para a frente;
  • Queixo recolhido para dentro;
  • Braços dobrados sobre o peito

Se o bebê estiver em uma posição ou apresentação diferente, o processo pode se tornar mais difícil e talvez não seja possível o parto normal.

Essa é uma complicação comum ao trabalho de parto e, quando isso acontece, diversas intervenções podem ser realizadas, incluindo a versão cefálica externa (VCE), manobra usada para girar o bebê e o parto por cesariana. O método spinning babies, entretanto, é bem mais simples e tem demonstrado ser eficiente nessas situações.

Criado pela norte-americana Gail Tully, possibilita a definição da posição mais adequada de acordo com a localização do bebê em relação à pelve da mãe, a partir do mapeamento dos seus movimentos.

Para isso, o método combina uma série de exercícios baseados em três pilares: equilíbrio, gravidade e movimento. Veja a seguir:

  • Rebozo: técnica mexicana milenar que utiliza uma espécie de xale mais longo para estimular o trabalho de parto e ajudar a encaixar o bebê na pelve materna. Além disso, também contribui para aliviar as dores da contração e relaxamento muscular;
  • Inversão inclinada para a frente: a intenção é fazer com que o bebê se movimente no útero para posicionar-se de maneira correta, a partir do relaxamento e alinhamento dos músculos pélvicos: a mulher deve ficar de joelhos em uma poltrona ou sofá, apoiada nos antebraços no chão, deixando a cabeça relaxada;
  • Liberação lateral: um tipo de alongamento estático que ajuda a aumentar e suavizar temporariamente a abertura pélvica, a partir do alongamento dos músculos pélvicos. O efeito dura geralmente entre uma e quatro horas e o procedimento pode ser repetido, se necessário.

São exercícios que podem ser realizados durante a gravidez e não apenas no trabalho de parto. Durante a gravidez, inclusive, diminuem a probabilidade de precisar girar o bebê no trabalho de parto.

Ainda que na maioria dos casos os bebês geralmente estejam na posição adequada, muitas vezes não conseguem fazer o movimento de encaixar naturalmente por diferentes motivos, como malformações fetais ou uterinas, se o cordão umbilical for mais curto, restringindo o movimento, ou quando há excesso de líquido amniótico, levando, nesse caso, ao movimento excessivo do bebê, impedindo que ele se posicione adequadamente. Existem várias apresentações anormais, como:

  • Apresentação defletida: essa é a posição ou apresentação anormal que ocorre com mais frequência. Nela, a cabeça do feto se apresenta primeiro, mas o pescoço não está voltado para a frente e o queixo não está recolhido para a frente, em direção ao abdômen materno. Quando o feto está virado para cima, o pescoço em geral fica reto, em vez de curvado, e a cabeça precisa de mais espaço para passar pelo canal vaginal;
  • Apresentação pélvica: nessa posição, as nádegas ou, às vezes, os pés se apresentam primeiro. A apresentação pélvica é a segunda que ocorre com mais frequência. Os bebês nessa posição são mais propensos a lesões, quando comparados aos que se apresentam de cabeça. Embora represente alto risco para o bebê, as chances diminuem bastante quando é detectada antes do trabalho de parto ou do parto. Essa posição tem mais propensão de ocorrer se o trabalho de parto for prematuro, nos casos em que há distorção da anatomia uterina, congênita ou provocada por massas anormais, como miomas, e quando o bebê tem um defeito congênito;
  • Apresentação de face: o pescoço está curvado para trás, de modo que o rosto se apresenta primeiro;
  • Apresentação de testa: o pescoço está moderadamente curvado, de modo que a testa se apresenta primeiro;
  • Posição transversa: o feto está atravessado sobre o canal vaginal na posição horizontal e o ombro surge primeiro.

Os exercícios sugeridos pelo spinning babies possibilitam a correção da apresentação do bebê na maioria dos casos, principalmente quando iniciam precocemente, ainda durante a gravidez, evitando, dessa forma, intervenções mais invasivas ou cirúrgicas para que o nascimento ocorra, muitas vezes com riscos para mãe e para o bebê.

Atualmente, o método é utilizado em hospitais e clínicas especializadas em obstetrícia no mundo todo. No entanto, assim como outras técnicas alternativas, é mais adequado quando a gravidez é considerada de baixo risco. Por isso, é importante consultar seu obstetra antes de iniciar os exercícios, ainda que eles sejam acompanhados por um profissional treinado, como uma doula ou uma fisioterapeuta.

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