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Ultrassom do segundo trimestre para medição do colo uterino

Por Dra. Cristiane Pacheco

O colo do útero é um órgão localizado entre a vagina e o útero, conectando esses dois órgãos femininos. Ele mede cerca de 2 a 4 cm de comprimento fora das gestações. Ele é constituído de tecido conjuntivo e músculo liso, que são cobertos por células de revestimento (epitélio) e células glandulares.

Durante o segundo trimestre das gestações, a medição do colo uterino é um indicador importante para avaliar o risco de parto prematuro. Quer entender melhor o tema? Acompanhe!

O que é o colo uterino?

O colo uterino pode ser dividido em 2 partes principais:

  • Endocérvice — ele reveste o canal que conecta a vagina ao útero (canal endocervical), sendo formado por células secretoras de muco;
  • Ectocérvice — é a parte externa do colo do útero, localizando-se no fundo da vagina. Células escamosas revestem a ectocérvice e a vagina. Elas são planas e finas, parecendo escamas de peixe ao microscópio.

Durante uma gravidez, o colo uterino passa por diversas transformações. Próximo ao final da gestação, seu comprimento diminui e seu orifício dilata. No entanto, ele também pode encurtar precocemente, o que aumenta o risco de trabalho de parto prematuro.

Em outras palavras, o colo curto aumenta as chances de que o trabalho de parto comece entre 24 semanas e 36 semanas e 6 dias de gravidez.

Funções do colo uterino

Durante a gravidez, a principal função do colo do útero é sustentar o peso do feto e da bolsa amniótica a fim de mantê-los dentro do útero. Para isso, durante a maior parte da gestação, os músculos lisos desse órgão estão fortemente contraídos. Além disso, o órgão se torna mais espesso e endurecido.

À medida que o momento do parto se aproxima, o colo do útero amolece, encurta e dilata, preparando-se para a saída do feto. Essas modificações são uma das primeiras evidências que seu obstetra terá para identificar que o momento do parto está próximo.

Em algumas mulheres, no entanto, o amadurecimento cervical pode acontecer precocemente (ainda no segundo trimestre) e levar a abortamentos ou partos prematuros.

Ultrassonografia do segundo semestre

No primeiro trimestre de gestação, a principal preocupação é a avaliação da morfologia do bebê para avaliar malformações congênitas. Já no segundo trimestre, à medida que o bebê cresce e a gestação avança, passamos também a investigar fatores que podem levar a um parto prematuro. Nesse sentido, a medida da espessura do colo uterino pela ultrassonografia transvaginal é fundamental.

Ela permite o diagnóstico de condições que acometem até 8% das gestantes: uma possível incompetência istmocervical e o colo curto. Na literatura médica, já está bem estabelecido que esses dois fatores estão relacionados a uma maior chance de partos após 20 a 24 semanas de idade gestacional.

A ultrassonografia transvaginal é o método mais preciso para a medição do colo uterino. Ela é feita com a introdução de uma “sonda” fina na vagina com a paciente em posição ginecológica. Entre as suas vantagens em relação ao ultrassom abdominal, estão:

  • pode avaliar precisamente outros fatores cervicais, como o posicionamento;
  • maior sensibilidade para avaliar se a paciente tem um colo curto. Em outras palavras, ele tem uma maior capacidade de identificar o colo curto em pacientes que realmente tem a condição.

A Sociedade de Medicina Materno-Fetal (SMFM), por exemplo, recomenda medir comprimento cervical tanto em pacientes de alto quanto de baixo risco. A principal finalidade desse exame é a prevenção de parto prematuro, que é mais comum em mulheres com colo curto (comprimento menor do que 25 milímetros, que equivalem a 2,5 centímetros.

A medição do comprimento cervical ao longo do pré-natal é feita com a ultrassonografia transvaginal (USTV). Apesar de ser importante para grande parte das gestantes, ela é fundamental para pacientes com história de parto prematuro espontâneo em uma gravidez anterior. Afinal, essa complicação pode ter ocorrido devido a uma predisposição.

No entanto, existem alguns casos em que a medida do colo uterino pode ser contraindicada, como:

  • pacientes com cerclagem cervical;
  • presença de gestação múltipla;
  • placenta prévia.

A medida do comprimento cervical pelo ultrassom pode mostrar que o comprimento do colo do útero é:

  • menor do que 2,5 centímetros (25 mm). Com isso, pode ser necessária uma intervenção médica, como a aplicação de progesterona na vagina ou a cerclagem (um procedimento invasivo) e dependendo da idade gestacional pode se utilizar um pessário também;
  • menor que 29 milímetros, mas maior que 25 milímetros. Assim seu médico pode recomendar ultrassonografias mais frequentes para monitorar o comprimento cervical;
  • maior do que 3,0 centímetros, que é o tamanho de colo normal.

Em gestações múltiplas, contudo, a medida do comprimento cervical não é o melhor indicador de maior risco de parto prematuro. Nesse caso, o melhor critério é a dilatação do canal cervical maior do que 1,0 centímetro.

Tratamento

A aplicação de progesterona vagina é uma intervenção menos invasiva, mas eficaz em diversos casos de colo curto. Os estudos mostram que ela reduz o risco de parto prematuro em pacientes que preenchem todos os seguintes critérios:

  • assintomáticas;
  • gravidez única (um único feto);
  • gestação sem complicações atualmente;
  • sem história prévia de perdas gestacionais no segundo trimestre;
  • comprimento cervical menor ou igual a 25 milímetros.

A cerclagem, que é a aplicação de suturas para fechar mecanicamente o colo uterino, é indicada quando a paciente tem colo curto, associado a um dos seguintes critérios:

  • história de perda gestacional espontânea no segundo trimestre;
  • história de cerclagem prévia;
  • dilatação cervical perceptível no exame físico do pré-natal do segundo trimestre;
  • dilatação cervical maior do que 1,0 centímetros em gestações múltiplas.

Portanto, em um pré-natal humanizado, fazemos uma avaliação individualizada dos indicadores que podem mostrar uma potencial evolução desfavorável da gestação, inclusive a medição do colo uterino.

A partir disso, podemos indicar intervenções baseadas em evidências científicas a fim de reduzir esse risco. Em cada etapa, você será informada sobre tudo o que está acontecendo e participará de cada decisão, mantendo seu protagonismo durante todo o processo.

Quer saber mais sobre os exames realizados em cada trimestre de gestação? Confira este artigo completo sobre o tema!

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