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Versão cefálica externa: veja o que é

Por Dra. Cristiane Pacheco

Durante a gestação o bebê fica envolto por uma quantidade crescente de líquido amniótico. Com isso, a posição de seu corpo pode variar à medida que ele se movimenta, ganha peso e o útero da mãe se expande.

No segundo trimestre ele pode adotar várias posições. Contudo, nas semanas que antecedem a data provável do parto, é essencial que ele esteja de “cabeça para baixo” em relação à gestante. Caso contrário, um procedimento pode ser necessário, a versão cefálica externa.

Um dos estágios mais precoces da preparação do feto para o parto é a adoção da posição cefálica. Nela, a cabeça se encaixa na região mais inferior do útero, o istmo, de onde o bebê pode progredir pelo canal durante o período de expulsão.

Em outras posições não há o encaixe adequado. Antigamente isso levava à realização das cesarianas. Hoje em dia é possível fazer a correção manual da posição no ambiente hospitalar.

Ficou interessada? Entenda melhor no nosso post!

O que é a versão cefálica externa?

Conhecida como VCE, a versão cefálica externa é uma manobra manual que busca girar o corpo dos fetos em relação ao útero. Afinal, há algumas posições incompatíveis com o parto vaginal, como:

  • A transversa: o bebê se deita sobre o istmo do útero;
  • A pélvica: ele se senta sobre o istmo.

Quando executado por um obstetra, é um procedimento muito seguro e que pode evitar a necessidade de cesariana. Por isso, várias sociedades médicas recomendam que ele seja empregado se a gestação reunir todas as condições para o parto normal com boa evolução, com exceção da própria posição do bebê.

Evolução normal e alterada da posição do bebê durante a gestação

Por volta da 19ª semana de gestação o tamanho do bebê já é significativo em relação ao espaço disponível na cavidade do útero. Então, os movimentos fetais se tornam mais restritos e dizemos que o bebê adota uma posição. Antes desse momento, seu corpo pode se movimentar livremente e não há uma posição regular, ela varia constantemente.

Durante o segundo trimestre de gestação, ele pode estar em diversas apresentações sem que isso signifique um problema para um futuro parto. No entanto, a partir do terceiro trimestre há uma rotação gradual do feto provocada pelos seus próprios movimentos, por contrações suaves do útero e pela mudança da morfologia da cavidade.

Assim, a posição cefálica deve ocorrer para possibilitar o parto normal.

Motivos que levam a posições fetais que dificultam o parto normal

Não existe um fator único que leva às posições anormais, mas algumas condições podem estar associadas a elas, como:

  • Feto com alto peso para a idade gestacional;
  • Alterações anatômicas do útero, que podem ser congênitas ou adquiridas;
  • Baixa produção de líquido amniótico;
  • Baixa atividade fetal ou uterina.

Como a versão cefálica externa é feita pelo médico?

A técnica, apesar de relativamente simples, precisa de um médico experiente na condução:

  • A gestante será posicionada em um leito deitada de costas;
  • Uma das mãos do médico vai ser posta na região do abdômen em que está a cabeça do bebê, a outra fica onde está a pelve do feto;
  • O médico vai criar um movimento circular com as suas mãos, direcionando a cabeça para a região do istmo do útero e a pelve na direção contrária;
  • Recomenda-se um limite de 6 tentativas de versão cefálica externa. Se malsucedidas, deve ser programada a cesariana. Em caso de sucesso, será feito um parto normal habitual.

O procedimento deve ser realizado após a 36ª semana de gestação para reduzir os riscos de rompimento da placenta, o que levaria à cesariana de emergência. A partir dessa idade, o parto cirúrgico também é seguro diante de uma eventual complicação da versão cefálica externa.

No momento certo, o obstetra vai programar a realização do procedimento em um hospital. Ele deve ser sempre conduzido nesse ambiente para oferecer segurança à mãe e ao bebê. Assim, pode haver a monitorização ecográfica do feto e a avaliação do sofrimento fetal. Se acontecer qualquer evento adverso, haverá uma equipe médica de prontidão para realizar procedimentos de emergência.

Antes da realização do procedimento , alguns médicos podem utilizar medicamentos para inibir as contrações uterinas. Elas podem se intensificar durante a manipulação do útero e dificultar a versão da posição cefálica.

O grau de dor percebido pelas mulheres é muito variável, de leve a intenso. A anestesia e a analgesia com medicamentos geralmente não são utilizadas de rotina, sendo reservadas para as mulheres que apresentam dores mais fortes.

Quais são os riscos de não fazer a versão cefálica externa?

A versão cefálica externa é uma manobra com o objetivo de permitir os partos normais quando a posição fetal está incompatível com essa via de parto. Portanto, o principal risco de não a fazer será a necessidade de uma cesariana.

Nem sempre é possível evitar o parto cesáreo, porém., algumas contraindicações à correção manual são:

  • Evidência de suprimento de oxigênio inadequado para o feto (hipóxia);
  • Instabilidade clínica da gestante;
  • Fatores de contraindicação do parto vaginal;
  • Dilatação de membranas com dilatação do colo uterino;
  • Risco de prolapso do cordão umbilical ou de descolamento da placenta;
  • Quantidade baixa de líquido amniótico (oligoâmnio);
  • Malformações fetais;
  • Anomalias uterinas ou cervicais;
  • Existência de cicatrizes uterinas prévias.

Portanto, a versão cefálica externa é uma manobra pouco conhecida pelas gestantes, mas muito interessante. As posições anormais do feto são uma das principais causas de partos cesarianos. Se você deseja um parto normal e esse for o único empecilho, existe essa alternativa para garanti-lo.

Quer entender melhor o assunto? Então, não deixe de conferir outro artigo que complementa as informações que demos aqui!

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