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Cesariana: conheça tudo o que envolve essa forma de nascimento

Por Dra. Cristiane Pacheco

Nas últimas décadas, houve uma tendência de as gestantes optarem pela cesariana por diversos motivos. Por ser um procedimento eletivo, ele pode ser agendado, permitindo que a mulher planeje melhor o fim da gestação.

A via vaginal é mais imprevisível, e o trabalho de parto pode durar várias horas. Além disso, há uma ansiedade muito grande em relação ao parto natural devido às dores. Apesar disso, por ser natural e fisiológico, esse processo traz benefícios para a mãe e o bebê.

Contudo não existe uma regra para todas as gestações. Quando bem indicada, a cesariana também é importante para garantir a saúde da mãe e do bebê. Por isso, é importante que você considere todas as opções de acordo com o que é melhor para ambos.

Quer entender melhor? Acompanhe o nosso post!

Cesariana e parto normal: as diferenças

O parto normal é aquele que é realizado pelo canal vaginal da mulher como resultado de diversos estímulos neuro-hormonais, que provocam os seguintes fenômenos:

  • aumento da frequência e da intensidade das contrações uterinas;
  • abertura gradual do colo uterino;
  • incremento da lubrificação do canal vagina;
  • aumento da flexibilidade e dilatação da pelve, entre outros.

Esses eventos, associados à força voluntária feita pela mãe no abdômen, são capazes de promover o nascimento do bebê e a eliminação dos anexos embrionários. Caso não ocorra naturalmente, esse processo pode ser induzido por medicamentos no ambiente hospitalar.

Já a cesariana é um procedimento médico invasivo, uma cirurgia. Após a anestesia da metade inferior do corpo, é feita uma incisão na pele e na parede do útero. Com isso, cria-se uma via artificial para a passagem do feto.

Portanto, apresenta todas as complicações comuns aos atos cirúrgicos ginecológicos e ao período pré-operatório, além de outros riscos:

  • infertilidade devido ao processo inflamatório, o qual pode resultar em aderências que prejudicam os processos ovulatórios;
  • ocorrência de defeitos placentários, prematuridade e abortos nas próximas gestações;
  • internações hospitalares prolongadas e, consequentemente, de eventos trombóticos e infecções;
  • desenvolvimento de asma e de obesidade na criança;
  • comprometimento de neurônios cerebrais.

Isso não torna, entretanto, a cesariana uma vilã. Quando bem indicado, o parto cesáreo é um instrumento importantíssimo na medicina para:

  • reduzir as chances de morbidade e mortalidade neonatais devido a intercorrências durante o parto normal;
  • permitir um parto seguro em grávidas com características anatômicas pouco favoráveis à via vaginal;
  • antecipar o parto em caso de doenças maternas ou fetais mais graves;
  • evitar a contaminação do feto pelo vírus HIV nas gestações de mães soropositivas com carga viral detectável, entre outras situações.

Existe um tipo de parto que é melhor em qualquer situação?

Não! A cesariana recebeu bastante atenção nos últimos anos. Vários estudos mostraram que a proporção de partos cesáreos em comparação com os normais estava muito acima dos índices recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Com isso, surgiram debates sobre o impacto desse fator nos indicadores de adoecimento e mortalidade tanto das mães quanto dos bebês.

Pelo impacto social, o tema acabou ganhando bastante atenção na mídia. Isso acabou criando muitos mitos e uma polarização na mente de algumas gestantes. Com isso, não é raro que algumas gestantes se mostrem irredutíveis em considerar todas as opções.

Como vimos, em qualquer tipo de parto, há critérios para preservar a saúde materno-fetal e reduzir os riscos de complicações. Portanto, não existe um tipo de parto melhor ou pior, há indicações técnicas que devem levar em consideração:

  • as características do corpo da mãe;
  • o risco da gestação atual e as complicações identificadas no pré-natal;
  • história obstétrica e ginecológica prévia;
  • a autonomia da gestante, entre outros pontos.

Indicações absolutas e relativas da cesariana

O parto cesáreo é sempre recomendado (indicação absoluta) nas seguintes situações:

  • desproporção da circunferência da cabeça do bebê com o diâmetro do canal pélvico da mãe;
  • presença de cicatrizes uterinas por várias cesáreas prévias;
  • situação fetal transversa (bebê posicionado no eixo horizontal dentro do útero);
  • infecção por herpes genital ativa na mãe;
  • prolapso do cordão umbilical;
  • placenta prévia, causando a obstrução total do orifício do colo uterino;
  • morte materna com o feto vivo.

Já as indicações relativas exigem que o ginecologista-obstetra avalie os riscos e os benefícios da cesariana em cada situação. Elas são:

  • feto não reativo em trabalho de parto;
  • carga viral alta em gestante HIV positivo;
  • descolamento prematuro da placenta;
  • feto em apresentação pélvica;
  • alguns casos de gravidez gemelar e trigemelar;
  • feto muito grande (peso estimado em mais do 4500 gramas);
  • história de cesáreas prévias;
  • características do colo desfavoráveis para a indução do parto vaginal;
  • psicopatia materna.

A conversão de parto normal em cesariana

Durante o trabalho de parto natural, acontecem eventos que colocam em risco a saúde da mãe e do bebê. Então, é preciso interrompê-lo para a execução de uma cesárea com agilidade. A seguir, estão algumas possibilidades que levam à conversão:

  • abertura incompleta do colo uterino mesmo após a utilização de todas as medidas de indução de parto;
  • evidência de sofrimento fetal grave com insuficiência cardiorrespiratória;
  • comprometimento do estado geral e/ou redução do nível de consciência da gestante.

Por essas razões, o ginecologista-obstetra do acompanhamento pré-natal deve ter uma boa comunicação com a equipe da maternidade ou ser ele mesmo condutor do procedimento. Com isso, as informações coletadas durante o pré-natal serão utilizadas para uma planejar a fim de garantir a saúde da mãe e do bebê, – o que inclui a indicação de cesariana dentro dos critérios definidos pelas evidências médico-científicas.

Um parto humanizado busca que o momento do nascimento ofereça o máximo de bem-estar e segurança da mãe e do bebê, quer saber mais sobre ele? Confira este nosso post bem interessante!

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