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Colposcopia: quando fazer?

Por Dra. Cristiane Pacheco

Um exame de rotina é aquele realizado periodicamente em pessoas assintomáticas, com o objetivo de rastrear precocemente doenças. Entre os exames de rotina femininos mais comuns, estão o Papanicolaou (citologia cervical), a mamografia e a densitometria óssea em determinadas faixas etárias.

A colposcopia, por sua vez, não faz parte dessa rotina de rastreamento para mulheres que nunca tiveram uma lesão no trato genital inferior (vulva, vagina e colo do útero). Afinal, ela é solicitada apenas quando há indicações específicas, como alterações citológicas ou sintomas sugestivos de lesões no trato genital inferior.

Quer saber mais sobre a colposcopia? Acompanhe nosso post até o final!

O que é colposcopia?

A colposcopia é um exame ginecológico que permite visualizar detalhadamente o colo do útero, a vulva e a vagina. Ela utiliza um aparelho chamado colposcópio, que funciona como um par de lentes de aumento acopladas a uma fonte de luz. Geralmente realizado em ambiente ambulatorial, o exame dura de dez a vinte minutos e, na maioria das vezes, é bem tolerado, com desconforto leve e eventuais sangramentos leves que se resolvem em poucos dias.

Ela é indicada principalmente quando o exame de Papanicolaou apresenta alterações ou quando o médico detecta alguma anormalidade durante o exame pélvico de rotina. Durante o procedimento, a paciente fica em posição ginecológica, um espéculo é inserido para abrir as paredes vaginais.

Com isso, o profissional pode observar as mucosas da vagina e do colo do útero através das lentes do colposcópio. Caso identifiquem áreas suspeitas, pode-se colher um fragmento de tecido para biópsia, o que ajuda a confirmar se existe displasia (lesão precursora do câncer), câncer do colo do útero, verrugas de HPV ou inflamação no colo uterino.

Quando e por que a colposcopia é solicitada?

A colposcopia pode ser solicitada em casos, como:

  • Citologia anormal (Papanicolau alterado): investigação de resultados de citologia cervical com ASC-US persistente, LSIL, HSIL, ASC-H ou AGC. Essa é a situação em que a colposcopia é mais frequentemente indicada;
  • Teste positivo para HPV de alto risco: os testes para a investigação da presença de HPV de alto no trato genital inferior não são tão populares no Brasil, mas têm sido cada vez mais realizados na saúde privada. Quando detectada HPV oncogênico sem anormalidade citológica evidente, pode ser solicitada a colposcopia;
  • Sangramento pós-coito ou intermitente: presença de sangramento fora do período menstrual ou após relação sexual com suspeita possível lesão cervical;
  • Sinais de patologias do trato genital inferior ao exame clínico: identificação de áreas com nódulos, ulcerações, eritemas (vermelhidões) ou outras alterações visíveis na vulva, na vagina ou no colo do útero;
  • Monitoramento após o tratamento de lesão no trato genital inferior: o controle pós-tratamento pode ser indicado após conização, crioterapia ou cauterização de lesões;
  • Avaliação de alterações pélvicas inexplicadas: queixas como dor pélvica crônica ou corrimento anormal sem causa aparente em exames iniciais comumente solicitados para investigar esses sintomas.

A colposcopia é considerada o exame diagnóstico padrão-ouro para lesões do trato genital inferior. Afinal, ela permite uma visualização amplificada dos tecidos cervical, vaginal e vulvar. Assim, é possível identificar alterações morfológicas sutis que não seriam percebidas a olho nu.

Além disso, a aplicação de soluções de ácido acético e lugol durante o procedimento realça áreas de alteração celular ou displasia, permitindo biópsias direcionadas com precisão, o que torna a colposcopia fundamental para a confirmação diagnóstica de neoplasias e lesões pré-neoplásicas.

A principal indicação da colposcopia é um resultado anormal do exame de Papanicolaou. Por isso, vamos explorar melhor esse tema a seguir.

A colposcopia é sempre indicada após resultados alterados no Papanicolaou?

A conduta após os resultados do Papanicolaou dependerá de fatores, como o tipo de lesão e a idade da paciente. Em alguns casos, será requisitada a colposcopia e em outros, não. Entenda melhor a seguir:

  • Células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US): recomenda-se repetir a citologia em três anos nas pacientes com menos de 25 anos, em 12 meses naquelas entre 25 e 29 anos e em seis meses nas com 30 anos ou mais. Contudo, se o laudo não afasta a possibilidade de lesão de alto grau (ASC-H), encaminhamento para colposcopia será feito na mesma consulta em que o médico está avaliando seu exame;
  • Células glandulares atípicas de significado indeterminado (AGC): mesmo quando possivelmente não cancerosas, se houver a impossibilidade de descartar lesão de alto grau, a paciente deve ser encaminhada diretamente para colposcopia para investigação diagnóstica;
  • Células atípicas de origem indefinida (AOI): pelo caráter inespecífico e pelo risco de lesão significativa, a conduta inicial consiste em encaminhamento para colposcopia;
  • Lesão de baixo grau (LSIL): em mulheres com menos de 25 anos recomenda-se repetir o exame citológico apenas em três anos, enquanto naquelas com 25 anos ou mais a repetição deve ocorrer em seis meses com o objetivo de monitorar regressão ou progressão da lesão;
  • Lesão de Alto Grau (HSIL): são as lesões pré-malignas de câncer de colo do útero. O achado de HSIL no citopatológico leva à indicação direta da colposcopia, dado o elevado risco de neoplasia cervical significativa;
  • Lesão intraepitelial de alto grau sem exclusão de microinvasão: diante da possibilidade de microinvasão, a realização rápida de uma colposcopia é fundamental para confirmar extensão e iniciar o tratamento precocemente, caso necessário;
  • Carcinoma escamoso invasor e adenocarcinoma in situ (AIS) ou invasor: a confirmação citológica de carcinoma invasor também exige encaminhamento imediato para colposcopia.

A colposcopia não é indicada como exame de rotina para as mulheres em geral, mas é fundamental quando há achados clínicos ou laboratoriais que sugerem lesões preocupantes no trato genital inferior. Por meio da visualização dos tecidos dessa região, ela permite um diagnóstico definitivo que contribui para determinar qual é o melhor tratamento para cada paciente.

Quer entender melhor como a colposcopia é feita? Toque aqui!

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