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Parto normal dói muito?

Por Dra. Cristiane Pacheco

O parto normal é aquele que acontece pela via natural da mulher, o canal vaginal, sem a necessidade de cirurgias. Diversos estudos mostram que ele é muito benéfico tanto para a mãe quanto para o bebê, pois reduz os riscos de:

  • Sangramento, dor e infecções na gestante após o parto;
  • Problemas respiratórios e alérgicos na criança.

Diante disso, nunca deixe de considerá-lo como a principal opção, deixando o parto cirúrgico apenas se houver:

  • Contraindicações ao parto normal;
  • Indicação técnica para melhorar o prognóstico da sua saúde ou do bebê.

Quer entender melhor? Acompanhe este post!

Como é feito o parto normal?

O parto normal envolve as seguintes fases:

  • Latente: ocorre o aumento progressivo da frequência das contrações e da dilatação do colo uterino. Nela, pode ocorrer também a perda do tampão mucoso;
  • Ativa: as contrações se tornam muito fortes e mais próximas umas das outras (3 a 4 a cada 10 minutos). A dilatação do colo ultrapassa 6 centímetros. Nessa fase inicia a internação hospitalar para o acompanhamento da evolução;
  • Expulsivo: após 10 centímetros de dilatação começa a expulsão do bebê pelo canal vacinal. Nela, a gestante sente vontade de empurrar e fazer força. A duração varia de alguns minutos até horas;
  • Dequitação: após o nascimento a mulher ainda precisa eliminar os anexos gestacionais, como a placenta e a bolsa vazia de líquido amniótico. Essa fase é estimulada por contrações mais fracas.

Quais as modalidades de parto normal?

O parto normal pode ser conduzido pelo mecanismo natural do corpo da mulher ou receber intervenções médicas.

Natural

Não é programada nenhuma intervenção médica para o parto, exceto em situações que efetivamente colocam a integridade física e a saúde sua e do bebê em risco.

Isso não significa que é um parto desassistido, pois atualmente o Conselho Federal de Medicina reconhece apenas o nascimento em ambiente hospitalar. Com isso, garante-se o suporte estrutural e clínico necessários para atender à mãe e ao bebê, fundamental se houver alguma complicação no processo.

Um instrumento muito importante para qualquer tipo de parto, especialmente o natural, é o plano de parto. Nele, você pode deixar claras quais são as ocorrências em que você autoriza determinadas intervenções médicas.

Intervencionista

Apesar de não ser realizada nenhuma intervenção cirúrgica, o processo de parto é auxiliado por:

  • Medicamentos para a redução da dor;
  • Medicamentos para acelerar a dilatação do colo uterino;
  • Instrumentos para facilitar a passagem, como a fórceps e a vácuo.

Apesar de seguras essas medidas apresentam maiores riscos de complicações quando comparadas ao parto natural.

Quais as diferenças entre o parto normal e a cesariana?

Enquanto o parto normal é feito pela via natural (vagina), a cesariana é a principal técnica de parto cirúrgico, em que se cria um canal artificial. Com uma incisão desde a pelve até o útero o bebê é retirado por um cirurgião-obstetra. Todo esse processo é realizado sob anestesia regional ou geral (apenas em casos mais graves).

A cesariana é um método muito importante para situações específicas, como:

  • Reduzir as chances de transmissão de HIV em gestantes soropositivas;
  • Antecipar e aumentar a segurança do parto de mulheres com doenças gestacionais graves;
  • Realizar o parto em mulheres com canais vaginais estreitos;
  • Evitar o agravamento da incontinência urinária em pacientes com falhas do assoalho pélvico ou prolapso da uretra, entre outros.

Portanto, não deveria ser realizada rotineiramente com a finalidade de reduzir a dor do processo de parto ou de programar melhor. Afinal, apesar de parecer menos dolorosa, a cesariana está relacionada a dores pós-parto e a complicações:

  • Dor na ferida cirúrgica;
  • Processos inflamatórios que podem provocar dores pélvicas crônicas;
  • Períodos prolongados de internação, com maior risco de infecção hospitalar.

O parto normal dói?

Sim! Afinal, a dor é um importante guia para o processo ao auxiliar a mulher a descobrir a posição e o momento de empregar maiores esforços de expulsão. A intensidade geralmente varia de acordo com a sensibilidade à dor de cada pessoa. Por isso, o planejamento deve ser individualizado com a sua participação ativa.

No entanto, se a sua principal preocupação é a dor, é importante encarar o parto normal como um “investimento” de longo prazo. O incômodo pode ser maior durante o trabalho, mas, na recuperação, um fenômeno bastante interessante ocorre:

  • Há uma liberação maior de neurotransmissores e hormônios com efeito analgésico potente (resolução da dor);
  • Nessa complexa bioquímica pós-parto vaginal também são produzidas substâncias que reduzem os problemas de amamentação;
  • Tudo isso tem efeitos emocionais positivos, visto que as mulheres relatam mais satisfação geral com o processo de parto e uma melhor interação com o bebê quando comparadas àquelas que passaram pelo parto cesariano.

O que fazer para reduzir a dor?

Caso deseje um maior controle da dor, a gestante pode optar por estratégias. O objetivo não será eliminar completamente a sensação, mas deixá-la em níveis de intensidade toleráveis pela mulher.

O medo e a ansiedade alteram a química do sistema nervoso e aumenta a sensibilidade à dor. Algumas intervenções de relaxamento podem reduzir a dor:

  • Durante o processo de pré-natal, o(a) médico(a) podem conversar com você sobre a dor do parto para criar mecanismos psíquicos de enfrentamento;
  • Ambientação da sala de parto com elementos, como músicas e iluminação, que trazem maior aconchego;
  • A presença de um(a) acompanhante escolhido e de uma equipe em quem confia.

Físicos e mecânicas

Além disso, algumas técnicas não-intervencionistas melhoram a sensação de dor, como:

  • Respiração controlada e rítmica;
  • Banhos com água morna;
  • Adoção de posições para aumentar a força e a eficiência das contrações, assim como facilitar o posicionamento adequado do bebê no canal de parto.

Tanto as medidas físicas quanto cognitivo-comportamentais podem ser utilizadas também nos partos naturais.

Farmacológicas

O uso de medicamentos, porém, é a medida que as mulheres mais têm dúvidas. Sim, é possível utilizá-los em diversos tipos de partos:

  • Analgésicos: são substâncias que aliviam a dor;
  • Anestésicos: são capazes de bloquear diretamente a transmissão da dor para o cérebro.

A administração racional de doses diluídas e individualizadas de analgésicos pode fazer com o nascimento seja mais tranquilo e rápido. Apesar de ser uma ferramenta segura, há a possibilidade de alguns efeitos adversos.

Por isso, considere sempre o parto natural como a primeira opção quando ele puder ser indicado para o seu caso. O parto normal dói, mas é muito mais benéfico em curto e longo prazos.

Quer saber mais sobre o parto normal e seus benefícios para você e seu bebê? Confira esse post!

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