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É possível fazer a reversão da laqueadura tubária?

Por Dra. Cristiane Pacheco

A laqueadura tubária, também conhecida como ligadura das tubas uterinas, é um procedimento cirúrgico utilizado para a esterilização permanente em mulheres. Durante esse procedimento, as tubas uterinas são cortadas ou bloqueadas para evitar a passagem dos óvulos para o útero, impedindo, assim, a gravidez.

A laqueadura é uma forma eficaz de contracepção. A taxa de falha é de apenas 0,1% quando a paciente segue as recomendações médicas no pós-cirúrgico. No entanto, é importante lembrar que a laqueadura é um procedimento cirúrgico irreversível e pode apresentar riscos, como infecção, sangramento e lesão dos órgãos internos.

Apesar de a reversão da laqueadura tubária (um procedimento cirúrgico) ter evoluído bastante, ela ainda não garante o retorno da fertilidade. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

Quem pode fazer uma laqueadura?

A laqueadura é um procedimento muito conhecido no Brasil e que voltou aos “holofotes” devido às mudanças na Lei de Planejamento Familiar em 2022, como:

  • Redução da idade mínima: a idade mínima para a realização da laqueadura foi reduzida de 25 para 21 anos;
  • Liberação para pessoas sem filhos: pessoas sem filhos agora podem realizar a laqueadura, independentemente da idade;
  • Fim da exigência do consentimento do cônjuge: o consentimento do cônjuge não é mais exigido para a realização da laqueadura.

Essas modificações são consideradas um avanço no direito à saúde sexual e reprodutiva das mulheres, aumentando a sua autonomia em relação ao próprio corpo. No entanto, uma decisão livre envolve não apenas o direito de fazer o procedimento, mas também a compreensão de seus riscos e benefícios.

É possível reverter a laqueadura?

Sim, é possível fazer a reversão da laqueadura tubária. O procedimento, também conhecido como reanastomose tubária, consiste na reconexão das tubas uterinas, permitindo que os espermatozoides alcancem os óvulos e ocorra a fecundação.

A reversão da laqueadura tubária é um procedimento cirúrgico, que pode ser realizado por:

  • Laparoscopia — um procedimento menos invasivo, que é realizado por meio de pequenas incisões no abdômen;
  • Laparotomia — um procedimento mais invasivo, que é realizado por meio de uma incisão maior no abdômen.

O sucesso da reversão da laqueadura tubária depende de vários fatores, incluindo:

  • Idade: a taxa de sucesso da reversão da laqueadura tubária diminui com a idade da mulher;
  • Presença de outros fatores de infertilidade: se você tiver outros fatores de infertilidade, como endometriose ou pólipos uterinos, a reversão da laqueadura tubária pode não ser suficiente para restaurar sua fertilidade;
  • Técnica utilizada para realizar a laqueadura: técnicas que envolvem a retirada de uma porção maior das tubas são mais difíceis de reverter;
  • O tempo decorrido desde a laqueadura: quanto mais antiga for uma laqueadura, menores são as chances de sucesso da reversão.

Em geral, as taxas de sucesso da reversão da laqueadura tubária são de até 70% a 80%. No entanto, é importante ressaltar que, mesmo com o sucesso do procedimento, a mulher pode não engravidar.

Se a reversão da laqueadura tubária não for uma opção viável, a FIV pode ser considerada. Nesse caso, os óvulos são coletados, fertilizados em laboratório e os embriões resultantes são transferidos para o útero.

Por que preferir métodos reversíveis?

Os métodos reversíveis de contracepção permitem que a mulher mude de ideia sobre o planejamento familiar no futuro. Se a mulher decidir engravidar, ela pode remover o método reversível sem dificuldade. A laqueadura tubária, por outro lado, é um procedimento definitivo cuja reversão apresenta resultados incertos.

Alguns exemplos de métodos reversíveis de contracepção são:

  • DIU: um pequeno dispositivo que é inserido no útero e pode prevenir gestações por mais de 5 anos;
  • Implante contraceptivo: um pequeno bastão que é inserido sob a pele do braço e libera hormônios para prevenir a gravidez;
  • Injeção contraceptiva: uma injeção de contraceptivos hormonais que é administrada a cada 3 meses;
  • Pílula anticoncepcional: comprimidos hormonais que devem ser tomados diariamente.

A vida é dinâmica, e as circunstâncias pessoais podem mudar ao longo do tempo. Optar por métodos reversíveis permite que as pessoas se adaptem às mudanças nos relacionamentos, na carreira, na situação financeira e nos objetivos familiares. Como as chances de recuperação da fertilidade pela reanastomose tubária são limitadas e os procedimentos de reprodução assistida são caros para muitas pacientes, a laqueadura não é a melhor opção para controle da fertilidade.

Segurança

Os métodos reversíveis de contracepção são geralmente mais seguros do que os métodos definitivos, como a laqueadura tubária. A laqueadura tubária é uma cirurgia invasiva que envolve o corte ou a obstrução das tubas uterinas. Como qualquer cirurgia, ela pode apresentar riscos, como infecção, sangramento e lesão dos órgãos internos.

Menor impacto emocional

A laqueadura tubária é um procedimento cirúrgico permanente e, em alguns casos, o processo de reversão pode ser desafiador. Passar por uma cirurgia adicional pode demandar bastante da mulher emocional e fisicamente. Muitos métodos reversíveis envolvem uma decisão simples, como parar de tomar a pílula ou as injeções trimestrais. Mesmo métodos mais duradouros, como o DIU, são facilmente retirados por um ginecologista experiente no próprio consultório médico.

Portanto, a recomendação atual é que a mulher evite a laqueadura sempre que possível. Em alguns casos, o procedimento pode ser a melhor opção, como para mulheres que apresentam contraindicação absoluta a uma gestação por motivos médicos. Nos demais casos, métodos contraceptivos reversíveis de longa duração oferecem a flexibilidade de escolha e a comodidade de não precisar utilizar o método todos os dias ou meses. Afinal, a fertilidade nem sempre se recupera após a reversão da laqueadura tubária.

Quer saber mais sobre os métodos contraceptivos? Toque aqui!

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