Eclâmpsia: o que é?
Os cuidados com a saúde da mulher devem ser redobrados durante a gestação. Afinal, seu corpo passa por diversas mudanças. Na maioria das vezes, o corpo da gestante se adapta sem complicações. No entanto, em alguns casos, podem surgir as doenças gestacionais, como a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia.
Essas condições estão dentro do grupo das doenças hipertensivas gestacionais, que apresentam um espectro de gravidade. A eclâmpsia é a mais grave de todas elas, apresentando um elevado risco para a saúde da mãe e do bebê. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!
Quais são as doenças hipertensivas gestacionais? O que é a eclâmpsia?
A eclâmpsia é a ocorrência de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou de coma em mulheres diagnosticadas previamente com uma das seguintes condições:
- Hipertensão arterial crônica (não é uma doença gestacional, estando presente antes da 20ª semana de idade gestacional;
- Pré-eclâmpsia, incluindo também um de seus agravamentos, a síndrome HELLP;
- Hipertensão gestacional. Neste caso, possivelmente a HG é possivelmente um diagnóstico inicial ou temporário para uma paciente que evoluiu para a eclâmpsia antes de ter preenchidos os critérios para a pré-eclâmpsia.
Portanto, podemos dizer que a eclâmpsia como o estágio conclusivo e mais grave dentro do amplo espectro das doenças hipertensivas na gestação. Ela evidencia um comprometimento orgânico significativo da mulher.
O que é a pré-eclâmpsia?
Em pacientes sem hipertensão arterial prévia, a pré-eclâmpsia é definida como:
- hipertensão que surge após as 20 semanas de gestação;
- proteinúria, isto é, níveis elevados de proteína na urina.
Em casos de doença trofoblástica gestacional ou hidropsia fetal, porém, a pré-eclâmpsia pode ser diagnosticada com o aumento dos níveis pressóricos antes de 20 semanas.
Ademais, na ausência de proteínas na urina, pode ser feito o diagnóstico presuntivo da pré-eclâmpsia quando a hipertensão é acompanhada de:
- cefaleia;
- distúrbios visuais;
- dor abdominal;
- plaquetopenia;
- aumento de enzimas hepáticas.
Em pacientes com hipertensão arterial crônica, a pré-eclâmpsia pode ser diagnosticada diante da elevação significativa em relação aos níveis pressóricos prévios ou evidência de proteinúria após a 20ª semana.
Pré-eclâmpsia grave
A classificação da gravidade da pré-eclâmpsia também é muito importante para o seu diagnóstico. Pelas recomendações do Ministério da Saúde, a pré-eclâmpsia é grave quando houver uma ou mais das seguintes alterações:
- “Pressão arterial diastólica igual/maior que 110 mmHg;
- Proteinúria igual/maior que 2,0g em 24 horas ou 2+ em fita urinária;
- Oligúria (menor que 500ml/dia, ou 25ml/hora);
- Níveis séricos de creatinina maiores que 1,2mg/dL;
- Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e distúrbios visuais);
- Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito;
- Evidência clínica e/ou laboratorial de coagulopatias;
- Plaquetopenia (<100.000/mm3);
- Aumento de enzimas hepáticas (AST ou TGO, ALT ou TGP, DHL) e de bilirrubinas;
- Presença de esquizócitos em esfregaço de sangue periférico;
Outros sinais que podem sugerir o diagnóstico são:
- Acidente vascular cerebral;
- Sinais de insuficiência cardíaca ou cianose;
- Presença de RCIU (restrição de crescimento intrauterino) e/ou oligohidrâmnio.
O que leva à eclâmpsia?
Ao contrário do que muitas gestantes acreditam, a pré-eclâmpsia grave não é sinônimo de eclâmpsia. São duas condições diferentes! A principal característica da eclâmpsia são as convulsões do tipo tônico-clônicas, que não estão presentes na pré-eclâmpsia nem leve nem grave.
De acordo com as definições do Manual Técnico da Gestação de Alto Risco, a eclâmpsia se caracteriza por:
- “presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadas por epilepsia ou qualquer outra doença convulsiva. Pode ocorrer na gravidez, no parto e no puerpério imediato”.
Essa definição é importante para desfazer alguns mitos sobre a eclâmpsia:
- A paciente não precisa ter pré-eclâmpsia para que desenvolva a eclâmpsia. A condição pode estar relacionada a outros distúrbios hipertensivos, como a hipertensão gestacional e hipertensão arterial crônica;
- A eclâmpsia pode ocorrer mesmo depois do parto, no puerpério imediato (1º ao 10º dia pós-parto).
Pródomos da eclâmpsia
A eclâmpsia geralmente é antecedida por alguns sinais e sintomas (pródromos) em pacientes diagnosticadas previamente com distúrbios hipertensivos, como:
- Dor de cabeça (cefaleia) persistente, geralmente frontal ou occipital, ou em trovoadas;
- Alterações visuais variadas, como escotomas, perda de visão, embaçamento, diplopia, defeitos no campo visual e fotofobia;
- Dor na região estomacal ou no quadrante superior direito do abdômen;
- Por esse motivo, a ocorrência de alguma dessas manifestações nesse grupo de gestantes é considerada uma urgência obstétrica.
Em aproximadamente um quarto dos casos, porém, as crises convulsivas não são antecedidas por nenhum sintoma. Pelo motivo acima, a identificação da pré-eclâmpsia e de distúrbios hipertensivos é um passo muito importante para a prevenção da eclâmpsia e das suas complicações.
Eclâmpsia e o parto
A eclâmpsia é uma condição de extrema gravidade, trazendo elevado risco de morte materna. Por esse motivo, independentemente da idade gestacional, a antecipação do parto é uma conduta muito importante. Seus preparativos devem ser realizados após a estabilização da gestante.
De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, deve-se dar preferência à realização do parto normal. A cesariana está indicada especialmente em situações de:
- instabilidade clínica que contraindique ou impossibilite a realização de esforços extenuantes;
- previsão de um trabalho de parto prolongado ou que não pode ser efetuada em um período razoável de também.
A técnica de indução dependerá da idade gestacional, de forma individualizada. Todo o processo deve seguir os princípios do parto humanizado.
O acompanhamento pré-natal adequado é a medida mais importante para a prevenção da eclâmpsia. Além de serem tomadas condutas para a estabilização das doenças hipertensivas, os exames realizados rotineiramente permitem o diagnóstico precoce. Diante da evidência de agravamento dessas condições, é possível iniciar uma monitorização mais próxima da gestante, inclusive em ambiente hospitalar.
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