Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

HPV: diagnóstico e tratamento

Por Dra. Cristiane Pacheco

HPV é uma sigla em inglês para se referir ao papilomavírus humano, um grupo de vírus capaz de infectar a pele e as mucosas do corpo humano. Existem mais de 200 tipos de HPV e a maioria deles causa lesões benignas nos seres humanos. No entanto, a grande preocupação com o HPV se deve ao fato de alguns tipos serem oncogênicos, isto é, podem causar lesões pré-cancerosas, principalmente no colo do útero. Em menor proporção, esses microrganismos também estão relacionados com o câncer no ânus, no pênis e na garganta.

O câncer do colo de útero é um dos tumores malignos mais frequentes entre as mulheres. Com isso, é responsável por uma boa parcela dos óbitos precoces na população feminina. Felizmente, contudo, é uma doença que pode ser evitada em grande parte com diversas estratégias de prevenção e tratamento precoce de lesões causadas pelos tipos oncogênicos do HPV.

Quer saber mais sobre como diagnosticar as lesões causadas pelo HPV e como tratá-las? Acompanhe nosso post até o final!

Quais são os sinais e sintomas do HPV?

Aproximadamente 40 tipos de HPV conseguem infectar a pele e a mucosa da região genital do homem e da mulher. Contudo, há alguns tipos que são muito mais frequentes do que os outros. Por exemplo, os tipos 6 e 11 são os principais agentes relacionados a verrugas genitais benignas, que podem se manifestar de diferentes formas.

Na maior parte dos casos, elas surgem como saliências isoladas ou agrupadas (aspecto de couve-flor) na região genital. Essas verrugas podem variar de tamanho, de lesões pequenas e de difícil visualização até condilomas volumosos e facilmente evidentes no exame ginecológico. Em alguns casos, as lesões podem ser planas, o que dificulta a identificação pelo paciente. Além disso, podem causar sangramento, dor e coceira na região afetada.

Por sua vez, os principais tipos oncogênicos de HPV são o 16 e o 18, os quais são geralmente assintomáticos. Em outras palavras, as lesões dos tipos mais preocupantes de HPV são mais discretas ou imperceptíveis a olho nu. Por esse motivo, suas alterações podem não ser identificadas no exame ginecológico, sendo necessário exames adicionais para identificar alterações, como o papanicolaou.

Como o HPV é diagnosticado?

As lesões de HPV são diagnosticadas a partir de critérios clínicos e laboratoriais. Por esse motivo, o diagnóstico se inicia com um exame ginecológico e/ou urológico minucioso. O médico vai examinar a região anogenital em busca de verrugas genitais, lesões planas, alterações na coloração, hemorragias e outros sinais que podem evidenciar que um tecido não está saudável. Para facilitar a visualização de lesões microscópicas, o profissional pode utilizar também aparelhos de ampliação óptica para a inspeção.

No entanto, muitas lesões podem não ser identificadas, mesmo com essa avaliação detalhada. Elas são chamadas de lesões subclínicas. Para diagnosticá-las, são indicados exames para complementar a avaliação clínica. Os mais frequentemente são:

  • papanicolaou (citopatológico de rotina);
  • colposcopia;
  • peniscopia;
  • anuscopia.

Rastreamento de lesões por HPV

Como o HPV é a causa de mais de 90% dos casos de câncer de colo do útero, é feita prevenção ativa das lesões com o Papanicolaou em mulheres entre 25 e 59 anos. Esse exame é feito independentemente da suspeita ou não de lesão.

A partir dos 25 anos, toda mulher deve fazer seu primeiro papanicolaou, o qual é repetido em um ano. Caso esses dois primeiros resultados sejam negativos, a frequência passa a ser a cada três anos. Essa frequência será mantida, a menos que alguma alteração seja identificada. A seguir, listamos os principais resultados alterados e a conduta adotada em relação a cada um deles:

  • células escamosas atípicas de significado indeterminado, possivelmente não-neoplásicas (ASC-US) — em mulheres entre 25 e 29 anos com esse resultado, é necessário repetir o papanicolaou em 12 meses. Acima dos 30 anos de idade, um novo exame é feito em 6 meses;
  • lesão de baixo grau — repete-se o papanicolaou em 6 meses para todas as mulheres com 25 anos ou mais.

Os casos acima são considerados mais leves e, portanto, necessitam de um seguimento mais próximo com o papanicolaou. Contudo, o exame pode ainda indicar alguns tipos de lesões potencialmente mais preocupantes, como:

  • células escamosas atípicas de significado indeterminado, não podendo afastar lesão de alto grau;
  • células glandulares atípicas de significado indeterminado (AGC);
  • células atípicas de origem indefinida (AOI);
  • lesão intraepitelial de alto grau, não podendo excluir microinvasão;
  • carcinoma escamoso invasor;
  • adenocarcinoma in situ (AIS) ou invasor.

Essas lesões demandam a realização da colposcopia, um exame mais detalhado e que envolve uma biópsia do tecido afetado.

Como é feito o tratamento?

O tratamento das lesões causadas pelo HPV (Vírus do Papiloma Humano) varia de acordo com a localização, o tipo de lesão e a gravidade. Não existe tratamento específico para o vírus em si, mas sim para as lesões que ele pode causar.

Verrugas genitais (condilomas)

Essas são as lesões causadas pelo HPV mais comuns e podem ser tratadas de várias maneiras:

  • tratamento tópico, que podem ser aplicados diretamente nas verrugas. É geralmente o tratamento inicial no caso de lesões benignas;
  • crioterapia, que utiliza nitrogênio líquido para congelar e destruir as verrugas;
  • eletrocauterização cirúrgica, a qual envolve queima da verruga, pode ser feita com uma pequena cirurgia.

Lesões pré-cancerosas e cancerosas

Já as lesões subclínicas apresentam maior risco de malignidade, sendo tratadas com a remoção da área doente. As opções de tratamento incluem:

  • crioterapia: assim como para as verrugas, o nitrogênio líquido pode ser usado para congelar e destruir as lesões;
  • conização: procedimento cirúrgico que remove uma porção em formato de cone do colo do útero;
  • eletrocauterização em alça (LEEP): usa uma alça elétrica para remover o tecido doente;
  • remoção total ou parcial do colo do útero.

A escolha depende principalmente do estadiamento da lesão (invasão local, acometimento de linfonodos e metástases).

Por tudo que vimos, o HPV representa um desafio significativo na área da saúde devido à sua capacidade de causar lesões variadas, desde verrugas genitais benignas até lesões pré-cancerosas e cancerosas. A detecção precoce com o acompanhamento ginecológico é crucial, especialmente para os tipos oncogênicos, que frequentemente não apresentam sintomas visíveis.

Quer saber mais sobre o HPV? Toque aqui!

Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments