Método contraceptivo: como escolher após o parto?
Atualmente, existem dezenas de métodos contraceptivos, como as camisinhas, as pílulas hormonais e o DIU. No entanto, nem todos eles podem ser usados por mulheres que estão amamentando, pois podem prejudicar a produção de leite ou prejudicarem a saúde do bebê.
Além disso, a fertilidade da mulher fica naturalmente reduzida nos primeiros meses de lactação. Existe uma crença popular de que não é possível engravidar amamentando, mas esse nem sempre é o caso.
Com isso, é muito frequente que as mulheres fiquem com a dúvida de como devem evitar gestações após o parto. Vamos explicar esse assunto a seguir. Acompanhe!
Por que devemos considerar um método especial durante o pós-parto?
A contracepção no pós-parto é muito importante, mesmo para mulheres que desejam engravidar em um curto intervalo de tempo.
É muito comum as mulheres pensarem que a gestação acaba logo depois do parto. No entanto, seus efeitos vão muito além. Por esse motivo, a Organização Mundial de Saúde recomenda que o acompanhamento com o ginecologista continue após o parto (que se conclui com o descolamento da placenta) até os seis meses depois.
Apesar de não haver consenso sobre o tema, parte da literatura médico-científica recomenda um intervalo mínimo de 18 meses entre as gestações. Desse modo, o corpo pode se recuperar inteiramente. Antes disso, pode haver um maior risco de complicações para a próxima gestação, como:
- Bebê com baixo peso ao nascer ou com paralisia cerebral;
- Parto prematuro;
- Ruptura prematura das membranas (da bolsa amniótica);
- Endometrite puerperal (uma infecção na camada de revestimento do útero no pós-parto);
- Sangramento vaginal pós-parto ou puerperal, que podem levar à anemia.
Portanto, um dos temas abordados nessas consultas ginecológicas nos primeiros meses pós-parto é a contracepção. A amamentação traz alguns cuidados específicos para a escolha do método contraceptivo, pois não pode ser feita da maneira habitual, pois:
- Algumas substâncias podem passar do leite para o bebê, como o estrogênio, prejudicando o seu desenvolvimento;
- Alguns métodos hormonais também podem interferir na liberação da prolactina. Esse hormônio estimula a produção de leite pelas glândulas mamárias.
Apesar de muitas mulheres conhecerem o efeito contraceptivo da amamentação, mas muitas não têm informação suficiente sobre o método. Ele somente é efetivo quando se toma alguns cuidados específicos. Portanto, apesar de reduzir significativamente as chances de uma gestação, a amamentação por si só não geralmente é suficiente para evitar gestações.
Quais são os métodos contraceptivos que podem ser utilizados?
Método da amenorreia lactacional
Muitas mulheres sabem que a lactação tem um efeito anticoncepcional e contam com ele para evitar gestações nos primeiros meses pós-parto. Isso acontece devido à relação entre a regulação da prolactina e dos hormônios sexuais que atuam nos ciclos férteis da mulher.
A prolactina inibe a secreção do hormônio liberador das gonadotrofinas, o GnRH. Quando os níveis de GnRH aumentam, há um estímulo para a produção do hormônio folículo estimulante, o qual atua nos ovários e leva ao desenvolvimento dos folículos.
Quando os folículos crescem, eles liberam níveis cada vez maiores de estrogênio. Outras substâncias entram em ação e levam à ovulação, a liberação do óvulo nas tubas uterinas. Esse processo é fundamental para que haja a fertilização. Se não há ovulação, não há como um espermatozoide se encontrar com o óvulo para gerar um embrião.
Ao mesmo tempo, o estrogênio e os demais hormônios atuam no endométrio. Isso faz com que ele se torne mais espesso. Quando não há gestação, a mulher menstrua. Portanto, a menstruação é uma evidência de que possivelmente houve ovulação em um ciclo.
Se o método da amenorreia lactacional se baseia na inibição natural que a prolactina realiza sobre os ciclos menstruais, ele não mais é eficaz para mulheres que já tiveram o retorno da menstruação na fase da lactação. Contudo, se a lactante ainda não menstruou, ele pode ser utilizado.
Mas é preciso bastante cuidado, pois sua eficácia depende da intensidade e da frequência de sucção. Portanto, somente é efetivo quando:
- A amamentação ocorre em intervalos regulares. Nenhum deles pode ser maior do que 4 horas durante o dia e do que 6 horas durante a noite;
- A amamentação deve ser exclusiva. Se outros alimentos e a água representarem mais do que 5% a 10% da alimentação do bebê, o efeito contraceptivo se reduz devido à menor intensidade da lactação;
- A mulher está sem menstruar.
Seguindo esses cuidados, a eficácia é de até 98% nos primeiros 6 meses e de até 94% até o final do primeiro ano. No entanto, por ser um método que exige uma rigidez muito grande e não funciona sem uma rotina muito restrita, ele não deve ser utilizado isoladamente. É muito importante associá-lo com outra forma de prevenção.
Métodos de barreira
São os métodos que impedem que os espermatozoides consigam passar através do canal do colo do útero. Os principais são:
- O preservativo (camisinha), que impedem o contato do sêmen com a vagina. Além de protegerem contra as gestações, evitam a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis, como o HIV, a clamídia, a sífilis e a gonorreia;
- Diafragma, o qual é um método de barreira menos efetivo e que não protege contra infecções sexualmente transmissíveis.
Dispositivo intrauterino (DIU) de cobre
É um dispositivo que é implantado dentro do útero e traz uma proteção de até 10 anos contra gestações não planejadas. É um método reversível: a fertilidade da mulher retorna com a retirada do DIU.
Ele provoca alterações uterinas leves e discretas. Assim, o endométrio, o muco cervical e as tubas uterinas ficam mais hostis aos espermatozoides e os processos da fertilidade. Por isso, é um método contraceptivo muito eficaz (com uma taxa de falha de 0,7%, aproximadamente).
Os métodos contraceptivos durante a lactação devem ser escolhidos com bastante cuidado. Deve-se evitar, ao máximo, estratégias que podem prejudicar a produção de leite e a saúde do bebê. Além disso, devem garantir uma proteção até que o corpo da mulher se recupere completamente, o que ocorre em 18 meses após o parto aproximadamente. Preferencialmente, a mulher deve programar a nova gestação com seu ginecologista em consultas de acompanhamento preconcepcional.
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