Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Nova vacina contra HPV: conheça!

Por Dra. Cristiane Pacheco

O papilomavírus humano — o HPV — é um grupo com mais de 200 vírus. A maioria deles é inofensivo para as pessoas, causando apenas doenças benignas na pele e nas mucosas (verrugas e papilomas). Alguns tipos de HPV, contudo, causam infecções que precisam de maior atenção, pois podem causar complicações graves, como o câncer do colo de útero e o câncer de garganta.

Isso acontece, pois eles causam mudanças progressivas no DNA das células afetadas. Ao longo dos anos, essas mutações podem levar à proliferação excessiva e invasiva (câncer) dessas células, fazendo com que elas invadam tecidos saudáveis.

Felizmente, isso acontece apenas com alguns tipos de HPV. Os principais deles são o 16 e o 18, os quais estão associados com aproximadamente 70% dos casos de câncer do colo do útero. Outros tipos oncogênicos de HPV incluem: 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 66 e 68.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é HPV?

Os HPVs são vírus, isto é, microrganismos que precisam infectar células de um hospedeiro para se multiplicar. No caso do HPV, ele geralmente se multiplica nas células da pele e das mucosas dos seres humanos.

A transmissão geralmente ocorre no contato da pele/mucosa infectada com a pele/mucosa saudável. Nos casos dos HPVs que podem causar câncer, isso acontece durante as relações sexuais desprotegidas, nas quais há um contato íntimo e prolongado entre os indivíduos.

Após entrar em contato com a pele ou a mucosa, o vírus vai invadir as células desse tecido. Dentro delas, eles vão liberar o seu material genético para fazer com que a célula produza novos vírus. Nesse processo, o material genético viral pode se combinar com o material genético humano e causar mutações. Isso pode levar a lesões benignas e malignas.

Na maior parte dos casos, o sistema imunológico da pessoa infectada é capaz de eliminar a infecção viral sem dificuldades. Em outros, porém, a infecção pode persistir e causar mutações cada vez maiores a ponto de predispor à pessoa ao câncer.

Como é feita a prevenção do HPV?

A prevenção do HPV envolve:

  • reduzir o contato íntimo pele a pele durante as relações sexuais por meio de preservativos de barreira (camisinhas masculina e feminina);
  • fortalecer o sistema imunológico para a produção de anticorpos contra os tipos mais perigosos do HPV. Isso é feito por meio da vacinação.

As vacinas contra o HPV

As vacinas ativam o sistema imunológico a produzir mais anticorpos contra um determinado microrganismo. Os anticorpos são proteínas que se ligam aos invasores (antígenos), sinalizando a infecção para o sistema imunológico. Eles também impedem que os vírus entrem nas células.

A grande eficiência dos anticorpos está no fato de eles serem bastante específicos para cada tipo ou espécie de microrganismo. Por esse motivo, entretanto, é necessário que a imunização seja feita para cada tipo de HPV. Geralmente, a vacina contra um tipo não imuniza contra um outro de forma eficaz.

As duas vacinas disponíveis, até agora, no Brasil eram a bivalente e a tetravalente. A primeira protegia apenas contra os tipos 16 e 18. Já a tetravalente oferecia imunidade adicional para os tipos 6 e 11, que estão associados a lesões benignas (verrugas genitais).

A nova vacina contra HPV, a nonavalente (Gardasil 9)

Recentemente, chegou a nova vacina do HPV, a nonavalente (Gardasil 9). Além de proteger contra os tipos 6, 11, 16 e 18, ela também combate os tipos 31, 33, 45, 52 e 58 (todos eles oncogênicos). Com isso, ela pode evitar ainda mais casos de câncer cervical.

Eficácia da nova vacina

De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações, os estudos com a nonavalente mostraram que ele apresenta eficácia semelhante à quadrivalente na proteção contra os HPVs 6, 11, 16 e 18.

Em relação às lesões causadas pelos subtipos 31, 33, 45, 52 e 58, a eficácia da vacina foi de 96% a 96,7%. No entanto, ainda são necessários mais estudos para identificar qual será o impacto disso na redução do risco do colo de útero.

Como esse tipo de investigação leva cerca de 10 anos para ser feito, ainda não há nenhuma conclusão. Os dados parciais, por sua vez, mostram que ainda não houve registro de doenças pré-neoplásicas associadas aos HPV 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58 na população do estudo.

Reações adversas

Mais de 90% dos eventos adversos identificados nos estudos foram leves a moderados, o que torna a vacina muito segura para a população geral:

  • Muito comuns: dor, inchaço e vermelhidão no local da injeção, além de dor de cabeça;
  • Comuns: urticária, coceira, náuseas vômitos, hematoma e febre;
  • Incomuns: tontura e dor nas extremidades do corpo;
  • Raras: broncoespasmo.

Os efeitos colaterais locais foram mais frequentes na vacina nonavalente em comparação à quadrivalente e à bivalente. Isso possivelmente se deve ao fato de ela ter mais tipos de vírus e provocar uma reação inflamatória mais intensa por esse motivo.

Portanto, a nova vacina contra o HPV é mais uma ferramenta que temos para prevenir o câncer do colo de útero, uma das principais causas de morte precoce entre as mulheres. A vacinação com a nonavalente está indicada para homens e mulheres de 9 a 45 anos. Não deixe de tomá-la se tiver a oportunidade.

Quer saber mais sobre a infecção do HPV e seus riscos? Confira nosso artigo sobre o tema!

Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments