Ocitocina no parto normal: conheça os detalhes
O trabalho de parto geralmente ocorre em quatro estágios (latente, ativa, expulsiva e dequitação), cada um com seu próprio conjunto de eventos físicos, hormonais e emocionais. A ocitocina é um hormônio que desempenha um papel essencial nesse processo.
Durante o trabalho de parto, quando o feto (geralmente a cabeça) pressiona o colo do útero, são enviados sinais neurais ao cérebro. Isso estimula a liberação de ocitocina pela hipófise, uma glândula conectada ao sistema nervoso central. Então, esse hormônio estimula as contrações do útero, intensificando e acelerando as contrações uterinas.
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O que é ocitocina?
A ocitocina é um hormônio, ou seja, uma substância que age como moléculas mensageiras circulando pela corrente sanguínea para enviar instruções aos órgãos, músculos e outros tecidos do corpo. Esses sinais permitem que seu corpo saiba quais ações tomar e quando fazê-las.
No caso da ocitocina, ela regula componentes essenciais dos sistemas reprodutores feminino e masculino, como trabalho de parto e lactação e certos comportamentos humanos. Por esse motivo, as formas sintéticas da ocitocina podem ser utilizadas para a indução do trabalho de parto.
Funções da ocitocina
A ocitocina tem duas funções principais no corpo:
- estimular a contração do útero durante o trabalho de parto;
- ajudar na liberação de leite materno, fazendo com que as glândulas dos seios se contraiam para ejetar o leite.
Além disso, a ocitocina estimula a produção de prostaglandinas, outro grupo de hormônios que promovem o trabalho de parto e tornam as contrações ainda mais poderosas. Em partos bem-sucedidos, essa coordenação hormonal é fundamental para que o trabalho de parto progrida além do nascimento do bebê.
Apesar de outras funções da ocitocina não serem bem estabelecidas. Acredita-se que ela tem uma grande influência em muitos comportamentos humanos, como:
- aumentar a excitação sexual;
- gerar sentimentos de confiança;
- auxiliar na formação de fortes laços entre pais e filhos.
Indução do parto normal com ocitocina
A ocitocina é o método mais utilizado para induzir o parto normal quando a gestante tem um colo favorável e a gestação é viável. Quando o caso não preenche esses dois requisitos, podemos utilizar outros métodos de indução do trabalho.
Por exemplo, em partos com colo desfavorável, entretanto, preferimos a utilização das prostaglandinas. No entanto, caso as prostaglandinas não estejam disponíveis ou haja contraindicação a seu uso, a ocitocina pode ser empregada como alternativa.
A ocitocina é comumente administrada por via endovenosa lentamente. Durante o período de infusão, monitoramos a resposta uterina e a frequência cardíaca fetal. Além disso, o médico estará todo o tempo atento ao parto para evitar complicações. Veja, a seguir, algumas das indicações da ocitocina para a indução do parto.
Ruptura prematura de membranas
A ruptura prematura de membranas (PROM) a termo é a ruptura de membranas corioamnióticas (“bolsa”) que ocorre antes do início do trabalho de parto, mas depois de 37 semanas de gestação. Está presente em até 8% dos partos a termo. Apesar de geralmente não causar nenhuma complicação grave, deve ser manejada com cuidado, pois pode levar à corioamnionite e ao prolapso do cordão umbilical.
O diagnóstico não exige nenhum exame, sendo feito com base nos sinais e sintomas que você relata ao médico. Em geral, os mais comuns são o escape e o acúmulo de um líquido claro na vagina da mulher. Alguns testes bioquímicos, realizados com tiras reagentes, podem ser feitos para ajudar no diagnóstico.
Depois disso, realizamos uma avaliação, que inclui:
- uma ultrassonografia transvaginal para identificar a apresentação fetal;
- avaliação das condições fetais, como a frequência cardíaca;
- avaliação materna com medição da pressão arterial, exame especular e monitoramento da atividade uterina (tocografia).
Os estudos mostram que ruptura prematura de membranas a termo é uma das condições com melhores evidências de benefício de indução do parto com ocitocina. Em geral, os estudos sobre parto nos mostram que esperar o processo natural do parto traz mais benefícios do que a intervenção médica.
Se a apresentação do bebê estiver favorável, seu médico pode intervir precocemente com a indução do parto pela ocitocina. O ideal é que isso ocorra dentro de 24 horas após a ruptura. Isso pode ser melhor do que aguardar a evolução do trabalho de parto espontaneamente, principalmente no caso de você estar colonizada por bactérias relacionadas a infecções maternofetais pós-parto.
Distocia
Distocia é um termo médico usado para descrever o trabalho de parto difícil ou prolongado. Pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo:
- tamanho ou posição fetal desfavoráveis;
- insuficiência das contrações uterinas;
- colo uterino com dilatação inadequada.
Pacientes com distocia associada a sinais de esgotamento materno ou sofrimento fetal podem precisar da ocitocina para fornecer uma ajuda adicional durante o trabalho de parto. Isso pode evitar, por exemplo, a conversão de um parto normal em cesariana.
Outras situações
Após uma avaliação individualizada, outras situações podem levar ao uso da ocitocina, como:
- Gravidez pós-termo;
- Pré-eclâmpsia, eclâmpsia, síndrome HELLP, hipertensão gestacional, hipertensão crônica;
- Diabetes gestacional;
- Restrição do crescimento fetal;
- Corioamnionite;
- Oligoidrâmnio;
- Colestase da gravidez;
- Aloimunização com anemia fetal;
- Gravidez de gêmeos.
Portanto, o trabalho de parto deve ser induzido com ocitocina apenas em situações em que os benefícios superem os riscos de aguardar a evolução natural do processo. Em partos não complicados, sugere-se que as mulheres evitem a indução do parto sem necessidade médica. Afinal, isso aumenta as chances de prolongamento do trabalho de parto e de uma cesariana.
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