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Parto humanizado: as possibilidades de escolhas da futura mãe 

Por Dra. Cristiane Pacheco

Apesar de ser cada vez mais discutido e desejado pelas gestantes, o parto humanizado ainda não é aplicado de forma ampla nos serviços de obstetrícia. Vários mitos foram difundidos, colocando a prática como uma negação do avanço da medicina. Isso ocorre pelo reducionismo que liga o conceito a algumas de suas possíveis técnicas, como parto no ambiente doméstico ou em banheiras.  

No entanto, o parto humanizado é justamente o contrário: ele utiliza objetivamente as melhores evidências científicas e consensos dos melhores especialistas para cuidar da gestante durante o parto de forma integral. Afinal, o parto não se trata apenas de fazer o bebê nascer com vida, é um momento importante para toda a família.  

Felizmente, as gestantes sabem cada vez mais sobre isso e sobre a importância de uma abordagem integral e multidisciplinar da saúde. Por esse motivo, independentemente da escolha da via de parto, o processo de preparo e execução deve ser guiado por alguns princípios de humanização. Quer saber mais sobre eles? Acompanhe! 

A segurança da medicina baseada em evidências científicas 

Esse é o alicerce do parto humanizado, que é o nome popular de uma abordagem técnica, a assistência ao nascimento baseado em evidências e no respeito. Infelizmente, alguns profissionais debocham de algumas técnicas dele como se fossem algo exótico. No entanto, as medidas indicadas têm amplo respaldo científico: 

  • a preferência pela via vaginal não é a busca pelo retorno a uma vida mais natural. Vários estudos mostram que ela traz menos complicações para a mãe, auxilia no desenvolvimento neural e a prevenção de doenças no recém-nascido nas primeiras horas e por toda sua vida; 
  • contato pele a pele da mãe com o bebê logo após o parto e sempre que possível nos primeiros dias de vida reduz a mortalidade pós-parto. Afinal, auxilia na manutenção de uma temperatura corporal mais equilibrada, prevenindo a hipotermia. 

O ginecologista-obstetra vai guiar suas decisões pelas orientações e informações dos estudos científicos mais sólidos e do consenso entre os colegas da área. Com isso, toda a sua conduta poderá trazer os melhores resultados com o máximo de segurança para a integridade física da gestante. Ele evitará, ao máximo, a realização de procedimentos que não tenham respaldo científico ou que tenham evidências de riscos para a mãe ou o bebê sem trazer nenhum benefício.  

Respeito à integridade física da mãe 

Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e o Ministério da Saúde chamam atenção para algumas ações que podem prejudicar a integridade física e psíquica da gestante durante o parto, como: 

  • deixar de informá-la sobre o procedimento e seus riscos quando essa ação for possível; 
  • escolher procedimentos com alto risco de sequelas permanentes sem que os riscos para a saúde da mãe e do bebê o justifiquem; 
  • deixar a mãe e seus familiares alheios ao processo de parto, um momento tão importante para eles; 
  • adotar uma técnica inadequada ou sem os cuidados que ela exigia. 

Portanto, todo o procedimento cirúrgico do seu médico vai buscar o mínimo de invasividade possível, preservando a anatomia e a fisiologia normais do corpo. As intervenções devem ser feitas dentro da medicina baseada em evidência. 

Por exemplo, deve-se evitar o uso de episiotomia (um pequeno corte para facilitar o parto) como rotina nos partos normais prevenindo sequelas na mãe com impacto em toda a sua vida. O procedimento deve ser feito apenas em casos selecionados. 

Adoção de medidas de conforto e de controle da dor 

Muitas gestantes ficam com bastante medo do parto normal, pois acreditam que ele é muito doloroso. No entanto, hoje em dia, há várias medidas que podem reduzir bastante o desconforto durante o parto, como: 

  • emprego de anestésicos nos momentos que antecedem a expulsão do bebê; 
  • uso de terapias não farmacológicas contra as dores do trabalho de parto. 

Além disso, as medidas de climatização e personalização do ambiente de parto permitem um maior conforto físico. Sempre que possível, o companheiro ou algum familiar importante poderá acompanhar o procedimento ao seu lado. Tudo isso reduz o estresse no parto, o que reflete em bem-estar para a mãe antes e depois dele.  

Participação da gestante nas tomadas de decisão 

Na perspectiva humanizada, o parto é um momento da gestante. O papel do médico é oferecer seu conhecimento técnico para garantir um nascimento seguro para a mãe e do bebê.  

Então, a menos que haja risco imediato para a vida e a integridade física da gestante, você vai participar de todas as decisões. Para isso, o médico explicará todos os benefícios e potenciais complicações de cada procedimento para que a decisão seja mais autônoma e consciente. 

Por esse motivo, parto humanizado não é sinônimo de parto normal. A humanização é aplicável a qualquer procedimento. Inclusive, a decisão pela via não deverá ser feita exclusivamente pelo profissional médico (salvo em casos de emergência), mas deverá ser compartilhada por você. Para ajudá-la, ele explicará os riscos e benefícios de cada situação. 

Afinal, apesar de ser o mecanismo mais fisiológico de parto, ainda ocorrem complicações, – principalmente por causa do excesso de pressão na pelve e no abdômen, como a incontinência urinária e prolapso de órgãos pélvicos. Já as vantagens são: 

  • estudos mostram que o contato do bebê com a microbiota vaginal durante o parto traz uma maior proteção natural contra doenças, especialmente as alergias. Na cesariana, o bebê é colonizado por outros micro-organismos que estão presentes na pele e no bloco cirúrgico; 
  • a recuperação da gestante é mais rápida, demandando um menor tempo de internação; 
  • acredita-se que os hormônios liberados durante o trabalho de parto natural fortalecem o vínculo da mãe com o bebê. 

Portanto, o parto humanizado é uma abordagem técnica e científica da medicina. Ao contrário de muitas visões preconceituosas sobre ele, seu objetivo é oferecer o melhor para a saúde da mãe e do bebê. Isso envolve colocar a gestante no centro da tomada de decisões, informá-la bem e preservar sua saúde integralmente, – com toda a sua complexidade física, psíquica e social. 

Quer saber mais sobre como aplicamos o parto humanizado aqui na nossa clínica? Confira aqui neste link! 

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