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Plano de parto: resgatando os sentidos do nascer

Por Dra. Cristiane Pacheco

O parto é um momento muito especial na vida da mulher. Portanto, ele deve ser sempre pensado para oferecer a melhor experiência para ela. Para isso, a humanização de toda a assistência ao parto é essencial, sendo o plano de parto um instrumento muito importante para garantir esse objetivo.

Esse documento é construído com a sua participação, — em um processo em que você conhece mais sobre o parto e suas possibilidades. Por si só, portanto, a confecção do plano de parto é uma experiência muito rica para a mulher.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

O que é o plano de parto?

O plano de parto é um documento que a mulher elabora junto com o médico que acompanha a sua gestação e com o obstetra que realizará o parto.

Portanto, idealmente, o plano de parto pode ser construído durante o pré-natal da gestante. Nesse acompanhamento, o profissional buscará identificar as características suas e da sua gestação, buscando a individualização biopsicossocial da assistência médica.

A comunicação é um ponto importante do processo, a partir da qual você conhecerá as possibilidades de parto individualizadas à sua gestação e entenderá o que acontece com o seu corpo durante desde o início do trabalho de parto.

Você é convidada a assumir o protagonismo do seu parto, a refletir calmamente sobre cada opção e terá a autonomia para tomar muitas decisões sobre o parto.

Com isso, o plano de parto tem muitas informações seja um momento principalmente seu, unindo segurança técnica e afetividade, como:

  • As características da mulher, do feto e da gestação;
  • O seu contexto cultural, social e familiar;
  • As suas emoções, perspectivas e expectativas em relação ao parto.

Um dos principais objetivos do plano de parto é a humanização desse momento. Ao longo dos anos, a medicina se tornou mais presente no parto. Isso teve resultados muito positivos, como a redução das complicações e da taxa de mortalidade materno-fetal.

Entretanto houve também alguns efeitos negativos devido ao excesso da intervenção médica no parto. Então, seu significado como um momento da mulher pode se perder, tornando-o um procedimento médico objetivo com pouca atenção à importância subjetiva para as pessoas.

Por isso, foi criado o conceito de parto humanizado, que preconiza:

  • O protagonismo da mulher — a gestante é convidada a expressar seus desejos em relação ao parto desde o pré-natal, compreendendo o que pode ocorrer a cada momento. Assim, ela tem autonomia para decidir, por exemplo, sobre o tipo de parto e a ambientação da sala, desde que as escolhas não tragam riscos para a ela e o bebê;
  • Individualidade biopsicossocial — respeito ao corpo, à mente e ao contexto da gestante;
  • Medicina baseada em evidências — você conhecerá as técnicas de assistência ao parto com eficácia reconhecida e as suas indicações, assim como os riscos e os benefícios individualizados ao seu caso.

O que a mulher pode pedir?

A mulher tem uma autonomia muito ampla no parto humanizado, mas é preciso entender que o bem-estar dela e do bebê estão acima de tudo. Nesse sentido, alguns procedimentos imprevistos no plano podem ser realizados para garantir esse objetivo.

Escolhendo o tipo de parto

Por exemplo, o parto normal pode ser executado com diferentes técnicas e formas:

  • na água;
  • de cócoras;
  • em pé;
  • tipo Leboyer, o qual é realizado preferencialmente fora de centros cirúrgicos em um ambiente com pouca luz e silencioso.

O parto normal também pode ser:

  • Natural — nessa modalidade, não há a intervenção médica nos fenômenos fisiológicos e anatômicos do parto, como procedimentos invasivos e administração de medicações. Contudo há ainda a assistência médica, que monitorará a evolução do parto e da saúde da mãe/bebê. Em caso de complicação, o parto natural pode ser convertido em parto;
  • Com intervenções médicas — você pode programar no seu parto algumas medidas interventivas, como a aplicação de analgésicos e anestésicos para reduzir a dor do trabalho.

Da mesma forma, você pode expressar se deseja que alguns procedimentos sejam reservados apenas para situações de necessidade clínica. Por exemplo, a episiotomia é um procedimento com algumas indicações técnicas, mas não apresenta benefícios se empregada indiscriminadamente.

Ações para que o parto seja um momento da gestante com seu bebê e sua família

Também, você poderá pedir determinadas medidas que deixam o momento do parto mais pessoal e afetivo, como:

  • espelho para ver o nascimento do seu bebê;
  • seu parceiro cortar o cordão umbilical;
  • contato imediato, pele a pele, com o bebê após o parto.

Essas medidas fortalecem o vínculo e resgatam também os sentidos originais do parto, que é principalmente o início de uma relação especial entre pessoas.

Ambientação do parto: estimulando os cinco sentidos

O objetivo da ambientação é estimular os sentidos da gestante para que o momento do parto se torne mais tranquilizante, afetuoso, pessoal e humano. Nesse sentido, você pode requerer:

  • Músicas suaves ou elaborar uma playlist pessoal para ser tocada na sala;
  • Itens que estimulam o tato e a motricidade, como as bolas de nascimento, os pufes e as cadeiras de parto;
  • Registro do evento por fotos ou vídeos;
  • Infusão de essências suaves.

Depois de finalizado, o seu plano de parto é revisado pelo obstetra que fará o parto e pactuado com o estabelecimento de saúde, no caso de partos hospitalares. Além disso, é importante saber que os partos são eventos muito dinâmicos. Portanto, no dia do parto, podem ocorrer imprevisibilidades que exigem alterações no plano. Então, deve-se manter certa flexibilidade.

Quer saber mais sobre o plano de parto? Confira nosso texto completo sobre o tema!

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