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Qual é a função da placenta durante a gestação?

Por Dra. Cristiane Pacheco

A gravidez é um período extraordinariamente complexo na vida de uma mulher, cheio de mudanças físicas, emocionais e fisiológicas. Envolve o desenvolvimento de um novo organismo desde uma única célula até um bebê totalmente formado, um processo que exige uma orquestração precisa de eventos biológicos.

No nível físico, o corpo da mulher passa por mudanças significativas para acomodar o feto em crescimento. Isso inclui o alargamento do útero, o aumento dos seios e a mudança na postura para acomodar o peso adicional. Além disso, o corpo deve criar uma placenta inteiramente nova, um órgão complexo que fornece oxigênio e nutrientes ao feto.

Quer saber mais sobre esse tema? Acompanhe!

O que é a placenta?

A placenta é um órgão que só existe durante a gravidez, sendo fundamental para o desenvolvimento do bebê e para uma gravidez saudável. O processo de formação da placenta começa quando o blastocisto, uma estrutura formada no início do desenvolvimento embrionário, se implanta no revestimento do útero materno (o endométrio) no sexto dia após a fertilização.

Isso acontece quando uma camada de células do blastocisto (chamada trofoblasto) penetra no endométrio, criando uma ponte entre a circulação da mãe e do bebê. A partir do quarto mês de gravidez, a placenta já está completamente formada.

Quais as funções da placenta?

A placenta tem vários papéis importantes durante a gravidez. Principalmente, ela ajuda na troca de gases entre mãe e feto, fornece nutrientes para o bebê, elimina resíduos produzidos pelo feto e ainda produz hormônios e enzimas.

Ponte entre a mãe e o bebê

A placenta funciona como uma espécie de ponte, permitindo a passagem de oxigênio e nutrientes da mãe para o feto. Ela também permite a saída de dióxido de carbono e de produtos do metabolismo fetal.

A placenta é um órgão fascinante, executando essas funções por meio de diferentes mecanismos. Para que você perceba a complexidade e a eficiência da placenta, vamos mostrar como esse transporte de substâncias é feito de uma maneira extremamente inteligente para garantir a saúde do feto.

Gases, como oxigênio e dióxido de carbono, além de água e a maioria dos eletrólitos, passam através da placenta por difusão simples. Em outras palavras, a placenta permite que essas substâncias fluam espontaneamente do local de maior concentração para o local de menor concentração.

A glicose é transportada por difusão facilitada. Esse é um processo de transporte passivo semelhante ao da difusão simples. No entanto, ele é facilita por canais de proteínas presentes nas células da placenta, é como se esses canais fosse um túnel que melhora o fluxo de substâncias importantes para o bebê. Isso permite a passagem de substâncias que normalmente não conseguiriam atravessar a membrana sozinhas.

Já as vitaminas utilizam transporte ativo. Ou seja, há proteínas transportadoras na superfície das células da placenta. Elas queimam energia para que as vitaminas fluam o organismo do bebê.

Já as proteínas são absorvidas por endocitose. Esse é um processo pelo qual a célula engloba e absorve partículas ou substâncias do seu ambiente externo, criando uma “bolsa” a partir da membrana celular.

Esse processo só acontece quando a substância é considerada segura pelas células da placenta. Isso é fundamental para proteger o bebê, pois evita que toxinas, vírus e microrganismos consigam entrar no organismo do bebê.

Produção hormonal

Durante a gravidez, muitas mudanças hormonais acontecem. Grande parte delas é devido à alta produção de estrogênios, progesterona e um hormônio chamado gonadotrofina coriônica humana (hCG), produzidos em conjunto pelo feto e pela placenta.

Os estrogênios desempenham um papel crucial durante a gravidez:

  • aumentam o fluxo sanguíneo para o útero e a placenta;
  • estimulam o crescimento e a multiplicação das células do revestimento uterino;
  • aumentam as contrações uterinas;
  • estimulam o desenvolvimento da mama.

Nas últimas semanas de gravidez, o corpo da mulher produz uma quantidade enorme de estrogênios. A quantidade produzida em um único dia nesse período é cerca de mil vezes maior do que a quantidade presente no período de ovulação de uma mulher.

A progesterona tem uma função importante durante a gestação. Logo após a fertilização, ela ajuda a preparar o útero para a gravidez. Ao longo de toda a gestação, ela mantém as contrações do útero controladas e suprime uma eventual reação do sistema imunológico contra o feto. Ao longo da gestação, os níveis de progesterona no sangue podem ser de 10 a 5.000 vezes mais altos do que quando a mulher não está grávida.

Outro hormônio, a gonadotrofina coriônica humana (hCG), é essencial no início da gravidez. Sua principal função é ajudar a manter o corpo lúteo, que é a parte do folículo que permanece no ovário após a ovulação.

Nos primeiros dias da gravidez, os níveis deste hormônio no sangue dobram a cada dois ou três dias, alcançando um pico entre as 8 e 12 semanas de idade gestacional. Como esse hormônio não é produzido significativamente fora da gravidez, ele pode ser medido para diagnosticar as gestações.

A placenta é um órgão incrivelmente importante que se desenvolve no útero durante a gravidez. Ela atua como uma interface entre a mãe e o feto, permitindo a troca de nutrientes, gases e resíduos. A placenta fornece ao feto oxigênio e nutrientes essenciais provenientes do sangue materno, enquanto remove dióxido de carbono e outros resíduos do sangue fetal.

Além disso, a placenta produz hormônios cruciais para a manutenção e progressão da gravidez, incluindo progesterona e estrogênio. Após o nascimento, a placenta é expelida, pois não é mais necessária.

Você sabe o que é placenta prévia, uma complicação possível nas gestações? Não?! Então, não deixe de ler nosso post sobre o tema!

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