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Quando o sangramento uterino é anormal?

Por Dra. Cristiane Pacheco

As mulheres têm muitas dúvidas relacionadas à menstruação e precisam realmente ficar atentas. Contudo uma maior atenção com o próprio corpo não deve ser transformada em ansiedade. Afinal, existem muitas variações no ciclo menstrual de uma mesma pessoa, além de as diferenças individuais serem comuns.

Portanto, comparações com períodos anteriores ou com outras mulheres devem ser feitas com muito cuidado. Por isso, é muito importante entender o que é um sangramento uterino anormal.

Antigamente, havia vários termos para se referir a alterações na menstruação, como hipermenorreia (sangramento aumentado), hipomenorreia (diminuído) e diversos outros. Nos últimos anos, percebeu-se que esses conceitos são pouco exatos.

Afinal, as doenças ginecológicas podem se expressar de diferentes formas. Então, é melhor que os médicos e as pacientes sejam capazes de identificar quais são as características de um sangramento uterino anormal, — em qualquer idade e nas suas mais diversas manifestações. Quer entender melhor o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é o sangramento uterino anormal?

Um sangramento uterino anormal é todo aquele que foge do padrão médio habitual. Nem sempre isso vai significar uma doença, mas a investigação é importante para excluí-las.

Para isso, podem ser utilizados os seguintes parâmetros:

  • Idade da mulher — sangramentos na infância e no pós-menopausa merecem uma atenção maior;
  • Volume — que pode estar aumentado ou reduzido;
  • Momento — sangramento no período entre as menstruações (spotting) ou durante as relações sexuais;
  • Intervalo — aumento ou redução do intervalo entre as menstruações;
  • Duração do período de sangramento — que pode aumentar em algumas situações patológicas;
  • Aparência —aumento da presença de grumos ou coágulos no sangramento;
  • Regularidade — os ciclos geralmente ocorrem sempre dentro de um mesmo intervalo ou variam pouco. Uma maior variação entre os ciclos pode ser vista como anormal. Por exemplo, a mulher menstrual com trinta dias e, depois disso, fica 3 meses sem menstruar. Se esse padrão se repete ao longo do tempo, esse sintoma merece uma investigação.

Portanto, o sangramento uterino anormal pode ocorrer em qualquer idade. Porém é preciso individualizar para cada grupo ou mulher. Por exemplo, nos primeiros anos após a menarca e nos anos anteriores à menstruação, a irregularidade é normal.

Quando podemos considerar um sangramento uterino anormal?

Essa é uma questão complexa. Afinal, é muito difícil distinguir o que é um volume aumentado, por exemplo. Em geral, adota-se como normalidade uma perda sanguínea de 5ml a 80ml por ciclo, mas isso é muito difícil de medir no dia a dia.

Também não há um consenso estabelecido sobre:

  • A duração de um ciclo. Algumas fontes apontam um intervalo mínimo de 24 a 28 dias e máximo de 35 a 38 dias. Outras estabelecem critérios mais frouxos ou rígidos;
  • Da mesma forma, a duração do sangramento também não é um consenso. Em geral, adota-se um corte de 7 a 9 dias como normalidade.

No entanto, em uma parcela importante dos casos, existem mulheres saudáveis com valores fora dessas curvas. Por sua vez, algumas formas de SUA são mais fáceis de identificar, como o spotting e o sangramento durante as relações sexuais.

Então, a avaliação clínica do SUA é essencial e o autodiagnóstico deve ser evitado. O médico buscará analisar cada quadro em relação à comorbidades, uso de medicações, histórico obstétrico e outros dados clínicos importantes.

Além disso, a presença de outros sinais e sintomas é um indicativo de que uma alteração menstrual pode estar ligada a condições ginecológicas. As manifestações mais comuns associada ao SUA são:

  • Dismenorreia — dor menstrual, especialmente quando ela conta com características não habituais;
  • Dor pélvica crônica — dor persistente e não cíclica na região da pelve;
  • Dispareunia — dor durante as relações sexuais;
  • Infertilidade — dificuldade persistente para engravidar;
  • Hirsutismo — Presença de pelos em localizações incomuns para a mulher.

Além disso, a investigação do SUA geralmente é feita com alguns exames médicos, como a ultrassonografia transvaginal e o hemograma.

Em alguns casos, a paciente não apresenta nenhum sintoma, além do SUA. No entanto, ao realizar exames rotineiros, como o hemograma, ela recebe o diagnóstico de anemia. Uma das principais causas de anemia em mulheres é o sangramento uterino anormal.

Causas de sangramento uterino anormal

A Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras criou um acrônimo para ajudar na identificação das principais doenças relacionadas ao sangramento uterino anormal. É o PALM-COIEN:

  • PALM — A primeira parte descreve questões estruturais;
  • COEI abrange condições não estruturais, como as causas hormonais;
  • N é uma categoria guarda-chuva para os casos que não podem ser classificados nos quadros anteriores.

Veja agora o que significa cada letra:

  • P — Pólipo;
  • A — Adenomiose;
  • L — Leiomioma (miomas uterinos);
  • M — Malignas;
  • C — Coagulopatia;
  • O — Ovulatória (como a síndrome dos ovários policísticos);
  • E — Endometrial;
  • I — Iatrogênica (causas relacionadas a intervenções médicas, como uso de medicamentos, incluindo anticoagulantes, ou tratamento clínicos que podem resultar em SUA);
  • N — Não classificado de outra forma.

Dessas, os pólipos, a adenomiose, os miomas uterinos e as causas ovulatórias representam grande parte dos diagnósticos finais do SUA.

A mulher deve procurar um médico sempre que notar ou se preocupar com as alterações das características menstruais. Afinal, as consultas não têm apenas o objetivo de diagnosticar doenças, mas também para tranquilizar e tirar dúvidas. Alguns tipos de sangramento uterino anormal também são mais preocupantes, como aqueles que ocorrem em mulheres no pós-menopausa, os quais podem estar relacionados a neoplasias.

Quer saber mais sobre o sangramento uterino anormal? Confira nosso artigo institucional sobre o tema!

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