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Sangramento uterino anormal: causas

Por Dra. Cristiane Pacheco

A menstruação é o sangramento que ocorre no início de um ciclo menstrual devido à descamação de androgênios. Ela ocorre ao final do ciclo devido à queda dos níveis de estrogênio e progesterona para manter o endométrio mais espesso. A menstruação normal dura de 3 a 7 dias dentro de ciclos de 26 a 35 dias. Alterações na duração, na quantidade e no intervalo dos sangramentos são consideradas formas de sangramento uterino anormal.

O SUA acomete até 25% das mulheres em idade reprodutiva, representando uma das queixas mais frequentes em consultórios. Em alguns casos, impacta significativamente a qualidade de vida, trazendo repercussões físicas, emocionais, sexuais, profissionais e afetivas.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é o SUA?

Os ciclos menstruais podem variar bastante. Nem todos os ciclos de uma mesma mulher serão iguais entre si. Da mesma forma, há muita variação de uma mulher para outra. Nesse sentido, existem variações normais, — pequenas, que não estão relacionadas a processos patológicos.

Em outras casos, há uma alteração mais significativa, como:

  • Sangramento após a menopausa;
  • Pequenos escapes de sangue no período entre as menstruações;
  • Aumento ou diminuição do volume do fluxo menstrual;
  • Prolongamento do período de sangramento menstrual, entre outras possibilidades.

Quais são as causas de sangramento uterino anormal?

Como explicado anteriormente, o SUA não é uma doença ou um sintoma específico. Ele abrange uma série de alterações menstruais, as quais podem estar relacionadas a diversas condições ginecológicas.

Por isso, é muito importante entender as afecções médicas que podem causá-lo. Para facilitar o diagnóstico pelos profissionais, a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) criou o acrônimo PALM-COIEN, que resume as condições que mais frequentemente levam ao SUA.

A primeira parte do acrônimo (PALM) indica as causas estruturais (anatômicas e morfológicas) desse sintoma:

  • P —pólipos;
  • A — adenomiose;
  • L — leiomioma;
  • M — malignidade.

A segunda parte, por sua vez, descreve as demais causas, como:

  • C — Coagulopatia;
  • O — Ovulatória;
  • E — Endometrial;
  • I — Iatrogênica, isto é, relacionado a intervenções médicas (uso de medicações, dispositivos uterinos, entre outras possibilidades);
  • N — Não classificado de outra forma.

No entanto, é muito importante que você entenda que o sangramento uterino anormal pode estar relacionado a mais de uma das condições acima. É comum que ele seja multifatorial (desencadeado por distúrbios comórbidos).

Pólipos endometriais

Os pólipos uterinos são uma das principais causas de sangramento, pois acometem entre 7% e 20% das mulheres. Eles são lesões geralmente benignas que se originam de proliferações endometriais bem localizadas, que podem ser únicas ou múltiplas.

Apesar de a maioria dos pólipos serem assintomáticos, a alta prevalência na população faz com que seja diagnosticado em entre 7% e 34% das mulheres com SUA.

Eles podem se manifestar, como o sangramento com as seguintes características:

  • entre os períodos menstruais;
  • após a menopausa;
  • que provoca aumento do fluxo menstrual;
  • que ocorre após as relações sexuais.

Adenomiose

É a invasão do miométrio por células do endométrio. Isso provoca um estado inflamatório nessa importante camada do útero. Assim, pode surgir diversos sintomas, como o fluxo menstrual aumentado, o sangramento após a menopausa e após as relações sexuais.

Leiomioma

São tumores benignos que surgem quando as células musculares do endométrio se proliferam excessivamente. Eles podem crescer em direção à cavidade do útero ou à cavidade pélvica. Quanto mais ele penetrar na camada endometrial, maior a chance de o sangramento uterino anormal se desenvolver.

Afinal, a presença da lesão causa uma reação inflamatória no endométrio normal, fazendo com que ele se torne mais vascularizado. Então, a paciente pode manifestar aumento do fluxo menstrual e entre os períodos menstruais.

Malignidade

São os tumores malignos do endométrio, que são um tipo menos comum de câncer ginecológico. Ainda assim, eles precisam ser acompanhados com bastante atenção. Eles ocorrem quando as células endometriais se multiplicam excessivamente e começam a invadir os demais tecidos sem nenhum controle.

Coagulopatias

O endométrio é um órgão muito vascularizado. Dessa forma, quando a paciente tem algum distúrbio que facilita a coagulação, ela pode apresentar um sangramento mais intenso ou duradouro em comparação a mulheres saudáveis.

Ovulatória

São os problemas causados pelas disfunções nos ciclos dos folículos ovarianos, geralmente devido a condições hormonais. A síndrome dos ovários policísticos é uma das principais causas de SUA ovulatório. Ela é causada pelo excesso de hormônios masculinos, os quais impedem que os folículos cheguem ao estágio final de maturação.

Endometrial

São outras condições de origem do endométrio, mas que não se enquadram nas categorias anteriores.

Iatrogênica

São as intervenções médicas relacionadas ao SUA,

  • DIU de cobre;
  • Anticoagulantes;
  • Vasodilatadores sistêmicos, entre outros.

Não classificados anteriormente

Apesar de as condições anteriores abrangerem grande parte das causas de SUA, existem etiologias para o sangramento uterino anormal.

O diagnóstico das causas de sangramento uterino anormal é feito com a avaliação clínica de um médico, que pode ser complementada por exames de laboratório e de imagem. Nem sempre as causas serão diagnosticadas com os primeiros exames requisitados. Em alguns casos, o processo de investigação pode ser mais extenso. O tratamento dependerá da condição de base, mas, se nenhuma for encontrada, o uso de medicações antiestrogênicas e de progestágenos vêm sendo recomendado.

Quer saber mais sobre o sangramento uterino anormal, seu diagnóstico e tratamento? Confira nosso artigo institucional!

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