Percentil fetal: o que significa?
É fundamental avaliar como está o desenvolvimento de um bebê durante o pré-natal, pois isso permite que possamos fazer um plano de cuidado personalizado para as necessidades de cada gestação. Felizmente, com o avanço da tecnologia, hoje temos muitas ferramentas para isso, como a ultrassonografia obstétrica e outros exames complementares.
No ultrassom gestacional, um dos fatores mais importantes a serem avaliados é o peso estimado do feto. Com isso, podemos identificar potenciais problemas, como a restrição do crescimento fetal ou a macrossomia (elevado peso fetal). Para esse tipo de avaliação, utilizamos o percentil fetal, uma comparação estatística do peso do bebê. Quer entender melhor como ela funciona? Acompanhe o nosso post!
O que é percentil fetal?
O percentil fetal é uma medida utilizada na ultrassonografia obstétrica para avaliar o crescimento fetal durante a gestação. Ele indica a posição do peso fetal em relação aos fetos de mesma idade gestacional.
Por exemplo, se um feto está:
- no percentil 50, isso significa que 50% dos fetos têm um peso menor do que o dele e 50% maior do que ele;
- no percentil 10, isso indica que seu peso é menor do que 90% dos fetos na mesma idade gestacional. Da mesma forma, 10% dos fetos têm um peso menor do que o dele;
- no percentil 90, indica que seu peso é maior do que 90% dos fetos na mesma idade gestacional. Por sua vez, apenas 10% dos fetos são mais pesados do que ele.
Mas como chegamos a esses valores? Para fazer as curvas do percentil fetal, foram feitos estudos com centenas de milhares de bebês, levando a criação de uma estimativa bastante confiável.
O percentil fetal é uma ferramenta importante na detecção de possíveis problemas no desenvolvimento fetal, como:
- restrição de crescimento intrauterino (RCIU), caracterizada por um feto com um percentil abaixo de 10;
- ou macrossomia fetal, diagnosticada quando o feto está acima do percentil 90.
Isso pode ajudar a determinar a necessidade de intervenções médicas para garantir a saúde da mãe e do bebê.
No entanto, o percentil fetal deve ser sempre avaliado por um médico, visto que a interpretação não é feita apenas com base nos números. Podem ocorrer falsos positivos e falso negativos, por exemplo.
Além disso, serão necessários outros exames para verificar o que pode estar causando a alteração. Nesse sentido, é importante identificar uma anomalia na placenta ou no cordão umbilical pela ultrassonografia com Doppler.
Como é feito o cálculo?
Calcular o peso de um feto não é tão simples dentro do útero não é tão simples. Afinal, não é possível colocá-lo em cima de uma balança. Então, a estimativa de seu peso é feita com base nas dimensões de seu corpo obtidas pela medição na ultrassonografia. Os principais parâmetros são:
- diâmetro biparietal (DBP);
- circunferência abdominal (CA);
- o comprimento do fêmur (CF).
Essas medidas podem ser, então, comparadas com curvas obtidas em estudos com grande número de fetos, como a curva de Lubchenco. Entretanto, atualmente, o mais comum é que os próprios equipamentos façam essa estimativa de forma automatizada.
O que ele pode indicar e quando merece atenção?
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os riscos gestacionais são maiores quando o percentil fetal está abaixo de 10 (restrição ao crescimento fetal) ou acima de 90 (macrossomia fetal).
Restrição do crescimento fetal
A restrição do crescimento fetal (RCF) é uma condição em que o feto não cresce adequadamente durante a gestação. Isso pode ser causado por vários fatores, como má nutrição materna, doenças maternas, problemas na placenta ou no cordão umbilical, entre outros.
Na RCF, o feto apresenta um peso abaixo do esperado para a idade gestacional, o que pode levar a complicações graves, como sofrimento fetal, prematuridade, hipoxia fetal (falta de oxigênio), entre outras. Além disso, a RCF também está associada a um aumento do risco de morte fetal.
O tratamento da RCF depende da causa subjacente e pode incluir medidas como monitoramento fetal mais frequente, suplementação nutricional, indução do parto ou cesárea. O acompanhamento pré-natal regular é fundamental para identificar precocemente a RCF e prevenir possíveis complicações para a mãe e o feto.
Macrossomia fetal
A macrossomia fetal é uma condição em que o feto tem um peso acima do percentil 90 para idade gestacional. A macrossomia fetal está associada a um aumento do risco de complicações tanto para o feto quanto para a mãe, como:
- dificuldade na progressão do trabalho de parto;
- distocia de ombro (quando o ombro do feto fica preso na pelve materna);
- trauma fetal;
- necessidade de uma cesariana, entre outros.
Além disso, o feto macrossômico tem um risco aumentado de desenvolver hipoglicemia neonatal (baixo nível de açúcar no sangue) e icterícia (amarelamento da pele e dos olhos).
Algumas das principais causas incluem a diabetes gestacional, a obesidade materna, o ganho excessivo de peso durante a gestação, entre outras. Por isso, o tratamento da macrossomia fetal pode envolver medidas como o controle da glicemia materna, a indução do parto normal induzido ou cesárea, dependendo das circunstâncias e da avaliação individualizada da paciente por seu obstetra.
Portanto, o percentil fetal é uma medida muito importante para que seu obstetra avalia o desenvolvimento do bebê dentro do útero. Caso seja encontrada alguma alteração, ele poderá fazer um pré-natal com mais consultas ou indicar alguma intervenção para corrigir as causas do problema.
Quer saber mais sobre a importância dos exames de rotina em cada trimestre do pré-natal? Confira nosso artigo sobre o tema!