Cardiotocografia: quando fazer?
A cardiotocografia é um exame não invasivo indicado para avaliar a saúde fetal durante a gravidez e o parto. Ela monitora três fatores principais: os batimentos cardíacos fetais (BCF), a movimentação fetal e as contrações uterinas.
Isso ajuda a identificar se o feto está recebendo oxigênio suficiente ou se seu metabolismo está sob estresse. Por exemplo, se a frequência cardíaca fetal é muito baixa ou alta, pode ser um sinal de que feto está em sofrimento. Já a avaliação das contrações uterinas pode ajudar a identificar o estágio do parto e se o feto está lidando bem com o estresse do parto.
Os dados obtidos a partir da cardiotocografia são visualizados em um gráfico, que deve ser interpretado por um médico especializado. Com isso, o exame permite que intervenções necessárias possam ser feitas no melhor momento.
No entanto, é importante lembrar que a interpretação dos resultados é complexa, devendo ser associada com as informações clínicas da paciente. Portanto, não é o único fator a ser considerado ao tomar decisões sobre o manejo do trabalho de parto. Quer saber mais sobre o tema?
Como é feita a tocografia?
O exame é um exame não invasivo simples de fazer e é totalmente seguro, sem nenhum risco para a mãe ou o bebê. Ele é feito com uma máquina especial chamada cardiotocógrafo. Ela tem dois sensores que medem a frequência cardíaca do bebê e a atividade do útero. Além disso, conta com um dispositivo que registra se o bebê está se mexendo ou não.
Todos esses componentes serão colocados sobre a pelve da gestante no local mais próximo ao dorso do feto. A gestante será colocada em uma posição semideitada ou sentada, ficando inclinada levemente de um de seus lados. O exame inicialmente dura 20 minutos. Se o resultado for negativo, a paciente é liberada. Se houver sinal de alteração, é necessário um tempo extra de até 30/40 minutos.
Isso aumenta a capacidade de identificar os sinais mais sutis de estresse fetal. Por ser tão sensível, um resultado negativo geralmente pode ser interpretado como um sinal de bem-estar fetal, visto que os resultados falso-positivos também são raros.
Quando utilizar a cardiotocografia?
A avaliação pela cardiotocografia pode ser realizada em dois momentos: antes do parto (também chamada de cardiotocografia basal ou anteparto) e durante o parto (intraparto). A primeira parte é usada para acompanhar a saúde do bebê durante a gravidez. A segunda parte é usada para monitorar o bem-estar do bebê durante o parto.
Antes do parto
O papel da cardiotocografia na rotina dos pré-natais de baixo risco é controverso. Afinal, há evidências de que o excesso de indicação geral desse exame está relacionado a taxas mais altas de intervenção médica.
Apesar disso, ainda não existe consenso em relação ao tema. Por isso, nesse contexto, a recomendação do exame vai variar de acordo com a prática de cada médica. Em outras palavras, alguns médicos indicam a CTG como parte do cuidado pré-natal de rotina para avaliar a evolução final da gestação, enquanto outros reservam o esse exame para situações específicas do pré-natal de baixo risco.
Isso ocorrerá, por exemplo, na suspeita de complicações gestacionais, como:
- Redução dos movimentos fetais;
- Ruptura prematura das membranas;
- Crescimento fetal restrito;
- Dilatação prematura do colo uterino.
Nos casos de gravidez de alto risco, a situação é um pouco diferente. Devido a uma chance maior de sofrimento fetal, o exame é geralmente indicado de forma rotineira, especialmente a partir do terceiro trimestre.
As principais condições que classificam uma gestação como alto risco são:
- gestação múltipla;
- presença de condições médicas maternas, como pré-eclâmpsia ou diabetes gestacional);
- problemas com a placenta;
- malformações fetais.
Durante o parto
A cardiotocografia contínua é o exame complementar mais usado na monitoração durante o parto. Entretanto, o uso rotineiro desse exame em partos de gestações de baixo risco tem sido associado a um aumento nas cesarianas, sem melhorar os resultados do parto.
Mesmo assim, quando disponível, recomenda-se considerar a monitorização contínua nas situações em que há um maior risco de o bebê ter falta de oxigênio ou acidose (excesso de ácido no corpo do bebê). Alguns exemplos desse tipo de indicação são:
- Rompimento da bolsa há mais de 24 horas;
- Fase ativa do parto com duração maior do que 12 horas;
- Fase expulsiva do parto com duração superior a 1 hora;
- Paciente com história de cesariana prévia;
- Gravidez prematura ou pós-termo;
- Crescimento intrauterino tardio;
- Sangramento antes do parto;
- Gestação múltipla;
- Presença de febre durante o parto;
- Doenças maternas que influenciem na gestação (diabetes, síndromes hipertensivas, doenças na tireoide, entre outras).
Em todo caso, é muito importante que o exame seja avaliado por um médico experiente e cauteloso, o qual interpretará os resultados do exame de acordo com as características da gravidez, os sintomas da gestante e com outros indicadores de saúde fetal.
Portanto, assim como outros métodos que acessam o bem-estar do concepto, o principal objetivo da CTG é identificar o sofrimento fetal em tempo hábil para realizar medidas preventivas. Isso ajuda a fim de evitar sequelas neurológicas e o óbito fetal devido à exposição prolongada a baixos níveis de oxigênio do sangue.
Quer saber mais sobre a cardiotocografia e como ela é feita? Confira nosso artigo completo sobre o tema!