O que é candidíase vulvovaginal?
O sistema reprodutor feminino pode ser dividido de diferentes formas. Uma das mais comuns é a divisão entre sistema reprodutor feminino superior e inferior. A porção superior é aquela que não pode ser visualizada durante o exame físico ginecológico, sendo formada pelo útero, pelas tubas uterinas, pelos ligamentos uterinos e pelos ovários. Já a porção inferior é formada pelo colo uterino, pela vagina e pela vulva, que são estruturas que podem ser examinadas durante a inspeção visual ginecológica.
O sistema reprodutor feminino inferior apresenta uma porção que pode ser vista a olho nu, sem o auxílio de instrumentos médicos, a genitália externa (vulva). Entre as estruturas que fazem parte da vulva, estão os grandes lábios, os pequenos lábios, o clítoris e o introito vaginal.
Contudo, uma região do sistema reprodutor feminino inferior apenas pode ser examinada com o uso do espéculo. Esse instrumento expande a abertura do introito vaginal, permitindo que o ginecologista possa visualizar as paredes da vagina e o colo do útero.
A candidíase vulvovaginal é uma infecção fúngica que acomete tanto a genitália externa (vulva) quanto a vagina, podendo causar sintomas bastante incômodos para a mulher. Quer saber mais sobre essa condição? Acompanhe nosso post até o fim!
O que é candidíase vulvovaginal?
O termo “candidíase” faz referência ao tipo de fungo que está relacionado ao quadro. Eles pertencem ao gênero Candida. Algumas espécies desse fungo habitam naturalmente o microbioma (“flora microbiana”) da mucosa vulvovaginal, sendo importantes para a proteção do sistema reprodutor feminino.
Em até 92% dos casos, a candidíase vulvovaginal é causada pela Candida albicans, que faz parte do microbioma vaginal normal, estando presente de forma controlada e sem causar desconforto clínico. Então, o que faz com que esse fungo mude seu comportamento?
Causas da candidíase vulvovaginal
O nosso corpo apresenta alguns mecanismos para controlar o crescimento da Candida albicans, como:
- pH vaginal – Naturalmente, a vagina apresenta um ambiente mais ácido, ou seja, um pH mais baixo do que o pH da pele;
- Controle imunológico – o sistema imunológico produz células e moléculas que respondem eficaz e rapidamente à proliferação excessiva da Candida, evitando a permanência de sua proliferação.
A multiplicação excessiva da Candida albicans geralmente está associada a mudanças no pH (nível de acidez) da vagina. Portanto, a candidíase pode surgir quando:
- O ambiente vaginal se torna menos ácido, isso pode facilitar a proliferação dos microrganismos que vivem nela;
- O sistema imunológico fica enfraquecido.
Esses fenômenos podem ocorrer devido a fatores, como:
- Gravidez: mudanças hormonais e um leve enfraquecimento do sistema imunológico que ocorre naturalmente durante a gravidez;
- Diabetes mellitus: níveis elevados de açúcar no sangue podem enfraquecer o sistema imunológico;
- Uso de antibióticos: os antibióticos podem eliminar bactérias benéficas, que liberam substâncias que deixam o pH da vagina mais ácido;
- Imunossupressão: um sistema imunológico enfraquecido reduz a capacidade do corpo de conter a Candida de forma eficaz;
- Práticas de higiene podem desestabilizar o pH vaginal, como o uso de duchas vaginais.
Na tentativa de compensar essa resposta insuficiente de controle da Candida, o sistema induz a inflamação, que, na região vulvovaginal, causa sintomas, como:
- Coceira;
- Ardência;
- Vermelhidão;
- Dor durante as relações sexuais;
- Secreção vaginal alterada, geralmente espessa e branca.
Infecções de repetição
Algumas mulheres desenvolvem uma forma da doença caracterizada pela recorrência das infecções. A candidíase vulvovaginal recorrente é definida por pelo menos quatro episódios de candidíase vulvovaginal por ano. Os mecanismos exatos que levam à candidíase de repetição não estão totalmente compreendidos. Presume-se que essa síndrome seja causada por uma combinação de:
- Fatores genéticos: algumas mulheres apresentam mutações genéticas hereditárias relacionadas a uma dificuldade imunológica de combater a Candida albicans;
- Fatores de virulência: são mecanismos que deixam os microrganismos mais resistentes. Por exemplo, as espécies de Candida podem formar biofilmes na mucosa vaginal, protegendo-se do sistema imunológico e dos tratamentos antifúngicos;
- Fatores ambientais: os mais comuns são o uso de imunossupressores e a persistência no uso de duchas vaginais;
- Fatores adquiridos: o mais frequente é a diabetes mellitus descontrolada, que, por reduzir a eficiência do sistema imunológico, predispõe a um maior número de infecções.
Exames e diagnóstico
Quando não é de repetição, a candidíase vulvovaginal é uma condição facilmente diagnosticada e tratada. Geralmente, o diagnóstico é feito por meio de exame físico, no qual podem ser observados sinais inflamatórios que explicamos acima (inchaço, vermelhidão e corrimento característico).
Em alguns casos, pode ser necessária a análise das secreções vaginais para identificar o tipo exato de fungo, a fim de determinar o tratamento mais adequado. Isso é especialmente importante em infecções recorrentes (de repetição), pois há uma alta probabilidade de envolvimento de espécies de Candida não albicans ou de cepas de Candida resistente aos antifúngicos.
O tratamento é indicado apenas quando há manifestação dos sintomas. Em outras palavras, com raras exceções, não é necessário tratar a candidíase assintomática. O plano terapêutico é elaborado de forma individualizada, de acordo com a gravidade e a frequência dos episódios. Ele geralmente consiste no uso de medicamentos antifúngicos tópicos ou orais, que são muito eficazes no combate à infecção. Em casos crônicos, as mulheres podem precisar de tratamento prolongado ou até mesmo de um programa de manutenção.
Por fim, é fundamental que o tratamento da candidíase vulvovaginal seja acompanhado por um médico e que você siga as instruções dele com cuidado. Afinal, um dos fatores que podem levar à recorrência dos sintomas é o tratamento inadequado.
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