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Papanicolau: quando fazer e o que ele pode detectar

Por Dra. Cristiane Pacheco

O Papanicolau é um dos exames preventivos mais importantes para a saúde da mulher. Ele identifica lesões precursoras do câncer de colo do útero, assim como tumores malignos em estágios iniciais. Ele ocupa o terceiro lugar no ranking de mortalidade por câncer em mulheres, tendo sido responsável por 6,1% dos óbitos por causas oncológicas na população feminina. Felizmente, ele pode ser prevenido com diversas medidas, reduzindo tanto sua ocorrência quanto as suas complicações.

Quer saber mais sobre quando o Papanicolau deve ser feito e o que ele pode detectar? Acompanhe até o final!

O que ele pode detectar?

O Papanicolau é um exame que tem o objetivo de rastrear lesões que podem evoluir para câncer de colo do útero e tratá-las antes que se tornem câncer. Também pode rastrear o carcinoma in situ do colo do útero, permitindo um tratamento precoce. Em alguns casos, ele pode detectar vaginoses e outras infecções, mas esse não é indicado com essa finalidade.

Mais de 90% dos casos de câncer de colo do útero são causados por infecções prévias com tipos de alto risco do papilomavírus humano (HPV). Portanto, para entender por que e quando fazer o Papanicolau, é preciso entender como ocorre a infecção pelo HPV e a evolução para lesões mais preocupantes.

O Papanicolau coleta células do colo do útero. Ele não detecta a presença do HPV em si, mas as alterações celulares indicativas de lesões causadas por esse vírus. Essas células são obtidas por meio de uma leve raspagem da parte externa (ectocérvice) e interna (endocérvice) do colo do útero, utilizando uma espátula e uma escovinha.

A amostra coletada é enviada para um laboratório especializado, onde é analisada por um profissional para identificar possíveis alterações celulares que possam indicar lesões pré-cancerosas ou cancerosas.

O HPV é um vírus transmitido principalmente pelo contato da pele infectada com a pele saudável. Geralmente, as infecções no trato genital são causadas pelo contato íntimo durante as relações sexuais. Apesar de o sistema imunológico naturalmente combater a infecção na grande maioria das mulheres, ela pode persistir em alguns casos.

Em algumas mulheres, esses vírus podem causar infecções persistentes que causam alterações progressivas no DNA das células do colo do útero. Inicialmente, essas alterações são leves e causam lesões com baixo risco de evolução para o câncer (displasia de baixo grau). Caso não sejam tratadas, elas podem se transformar em lesões pré-malignas (displasia de alto grau), isto é, com risco elevado de evolução para o câncer.

A displasia de alto grau pode evoluir para o carcinoma in situ, um pequeno tumor que ainda não invadiu camadas mais profundas da mucosa do colo do útero. Sem tratamento, o carcinoma in situ pode evoluir para um tumor invasivo, que está relacionado a taxas mais elevadas de mortalidade.

Quando fazer o Papanicolau?

A evolução da infecção para displasias e para o câncer do colo de útero é lenta, ocorrendo progressivamente ao longo de muitos anos. Por esse motivo, o Papanicolau não é necessário para mulheres nos primeiros anos da vida sexual. Também não é indicado para mulheres que nunca tiveram relações sexuais nem heterossexuais nem homossexuais.

Idade para começar a fazer o Papanicolau

O Ministério da Saúde recomenda o início do rastreio com 25 anos de idade. No entanto, algumas sociedades médicas indicam o início do rastreio aos 21 anos de idade. Portanto, há médicos que podem indicar o começo do rastreio em diferentes idades.

Fazer o rastreio antes dos 21 anos de idade não é recomendado. Afinal, os estudos mostram que essa medida traz mais malefícios do que risco. Como a evolução das lesões até o câncer é lenta, dificilmente seriam identificadas lesões de alto risco. Fazer o exame muito precocemente pode levar a intervenções médicas invasivas desnecessárias.

Frequência de realização

Os dois primeiros exames são realizados com intervalo de um ano entre si. Depois disso, caso ambos resultados forem negativos, a frequência do exame é a cada três anos. Esse intervalo será mantido se os resultados forem sempre negativos.

Contudo, se os resultados indicarem alguma alteração ou tiverem significado indeterminado, a conduta muda. Se forem lesões menos preocupantes, indica-se a realização do Papanicolau com maior frequência. Caso as lesões sejam mais preocupantes, encaminha-se a paciente para um exame mais avançado, a colposcopia.

Idade para parar de fazer o Papanicolau

O rastreio pode ser interrompido quando a mulher após os 64 anos desde que a mulher preencha os seguintes critérios:

  • Se a mulher não tiver história prévia de neoplasia pré-invasiva e tiver dois exames negativos nos últimos cinco anos, ela está dispensada;
  • Se a mulher estiver com a rotina de rastreio irregular aos 64 anos, ela deve realizar um ou dois exames para que a condição anterior seja alcançada. Com resultados negativos, ela está dispensada do rastreio periódico;
  • Se a mulher não tiver feito nenhum Papanicolau antes dos 64 anos, serão indicados dois exames com intervalo de três anos entre eles. Caso os resultados sejam negativos, ela não precisa fazer mais nenhum exame preventivo.

Portanto, o Papanicolau permite identificar lesões pré-cancerosas e cancerosas no colo do útero em estágios iniciais, quando ainda não apresentam sintomas. Isso possibilita o tratamento precoce, aumentando as chances de cura e reduzindo a mortalidade por essa doença.

Quer saber mais sobre o Papanicolau e como ele é feito? Toque aqui!

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