Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Papanicolaou: exame fundamental para todas as mulheres

O médico ginecologista-obstetra participa ativamente da manutenção da saúde e do bem-estar da mulher desde muito cedo. Portanto, assim que a puberdade chega, é importantíssimo que esse acompanhamento especializado seja realizado rotineiramente. O objetivo desse cuidado é principalmente preventivo com a realização de avaliações e exames, como o papanicolaou, e do planejamento reprodutivo.

As mulheres estão predispostas a várias doenças potencialmente graves, mas com bom prognóstico caso sejam diagnosticadas precocemente. Esse é o caso dos cânceres de mama e de colo de útero, os quais podem ser identificados em estágios iniciais pela mamografia e pela citologia cervical oncótica.

Quer entender melhor? Acompanhe!

O que é o Papanicolau?

O câncer do colo de útero é o tumor maligno ginecológico mais frequente entre as mulheres, sendo importante causa de mortalidade precoce nesse grupo. Majoritariamente, ele é causado por uma infecção viral pelo HPV (papilomavírus humano).

Alguns de seus subtipos são oncogênicos, isto é, podem desencadear o câncer em algumas regiões. Inicialmente, eles não provocam nenhuma lesão visível, mas podem danificar o código genético das células do colo do útero.

Já a evolução para o câncer de colo de útero é relativamente lenta e previsível. Com isso, os ginecologistas têm a oportunidade de interromper esse processo. Portanto, a identificação (rastreamento) precoce de alterações celulares sem a queixa de sintomas é essencial.

Para tal, deve-se analisar a estrutura do colo uterino citologia oncótica do colo uterino (papanicolaou). Esse exame demanda a coleta de células dessa região com instrumentos específicos para análise microscópica.

O que a citologia oncótica do colo uterino avalia?

Ele avalia as características das células da região externa do colo uterino (tecido escamoso) e do orifício interno (tecido glandular). Nelas, a infecção pelo HPV pode provocar lesões pré-cancerígenas, chamadas de displasias. Elas são subdivididas em muito leves, leves, moderadas e severas.

Sem tratamento, elas podem evoluir para uma lesão cancerígena superficial (carcinoma in situ). Até esse estágio, a doença seja identificada e tratada adequadamente, as chances de sobrevivência em 5 anos são maiores do que 92%. À medida que o câncer começa a invadir as camadas mais profundas do colo uterino, o prognóstico se torna cada vez pior.

O papanicolaou não é um exame diagnóstico do câncer de colo uterino. Ele é usado para rastreamento, isto é, com a finalidade preventiva de identificar mulheres com alterações celulares (atipia) que sejam sugestivas de displasia ou câncer. Se ele vier positivo, ainda não significa que a mulher tem câncer.

Como ele é feito?

Periodicamente, serãocoletadas células do colo uterino da mulher para que elas sejam analisadas microscopicamente. Como o colo uterino fica no fundo da vagina, é preciso utilizar alguns instrumentos para chegar até o local de coleta. O mais utilizado é o espéculo, que apresenta cerca de 10 a 12 centímetros. Ele é inserido no canal vaginal e aberto progressivamente.

Depois disso, o primeiro passo será a inspeção visual do ginecologista-obstetra à procura de lesões visíveis a olho nu. Então, o ginecologista utiliza uma espátula para esfoliar levemente as células da região mais externa do colo uterino e uma pequena escova para a coleta de material do orifício externo dessa região.

Então, o material é colocado em lâminas de vidro ou tubos de ensaio para a análise laboratorial. Por fim, as células são avaliadas por um médico patologista, que elabora um laudo com a descrição e a classificação das lesões. Será esse parecer que auxiliará o ginecologista na tomada de decisão.

Por que é importante fazê-lo de rotina?

Por ser preventivo, precisa ser feito rotineiramente – antes que as lesões evoluam para um câncer invasivo. Há, entretanto, alguns critérios para a indicação do papanicolaou:

  • mulheres que já tiveram relações sexuais com penetração;
  • idade entre 25 e 64 anos.

Com relação à frequência, os dois primeiros exames deverão ser feitos com o intervalo de um ano. Se ambos vierem negativos, a repetição será a cada três anos caso não haja alterações.

Quais são os possíveis resultados e encaminhamentos?

Como explicamos, o Papanicolaou é um exame de rastreio. Então, dependendo do seu resultado, a paciente é encaminhada para um exame mais preciso, a colposcopia por um ginecologista-obstetra experiente. Ele utilizará um microscópio para avaliar diretamente a lesão, realizar a biópsia das lesões para investigação e decidir a sua conduta.

Células atípicas de significado indeterminado

Caso encontrem células atípicas escamosas (parte externa do colo) possivelmente benignas (ASC-US), será necessário repetir o exame nos seguintes intervalos de acordo com a idade da paciente:

  • 3 anos – < 25 anos;
  • 12 meses (idade entre 25 e 29 anos);
  • 6 meses – idade acima de 30 anos.

Se não for possível excluir a hipótese de mais avançadas (ASC-H) ou se as células com atipias indeterminados forem glandulares (AGS), será preciso realizar a colposcopia.

Lesões de baixo grau (LSIL)

Aqui, o exame deve ser repetido em 6 meses nas mulheres acima de 25 anos e em 3 anos abaixo dessa idade. Na maioria dos casos, esse tipo de lesão regride espontaneamente.

Caso o segundo exame venha alterado, será preciso realizar a colposcopia. Se ela confirmar a lesão de baixo grau, é feito o tratamento com ácidos tópicos ou procedimentos minimamente invasivos.

Lesões de alto grau (HSIL), carcinoma in situ e tumores invasivos

Em todos esses três casos, será preciso realizar a colposcopia para confirmar o diagnóstico. Pelas características da lesão, o tratamento pode envolver cirurgias e a quimioterapia, isoladas ou associadas.

Felizmente, surgiram vacinas eficazes, disponíveis nas redes públicas e privadas. Apesar desse importante instrumento preventivo, não podemos dispensar o acompanhamento médico com realização do papanicolaou e outros exames preventivos.

Outro papel importante do ginecologista é o planejamento de um parto mais humanizado para as gestantes? Confira nosso post sobre o tema!

Cesariana: conheça tudo o que envolve essa forma de nascimento

Nas últimas décadas, houve uma tendência de as gestantes optarem pela cesariana por diversos motivos. Por ser um procedimento eletivo, ele pode ser agendado, permitindo que a mulher planeje melhor o fim da gestação.

A via vaginal é mais imprevisível, e o trabalho de parto pode durar várias horas. Além disso, há uma ansiedade muito grande em relação ao parto natural devido às dores. Apesar disso, por ser natural e fisiológico, esse processo traz benefícios para a mãe e o bebê.

Contudo não existe uma regra para todas as gestações. Quando bem indicada, a cesariana também é importante para garantir a saúde da mãe e do bebê. Por isso, é importante que você considere todas as opções de acordo com o que é melhor para ambos.

Quer entender melhor? Acompanhe o nosso post!

Cesariana e parto normal: as diferenças

O parto normal é aquele que é realizado pelo canal vaginal da mulher como resultado de diversos estímulos neuro-hormonais, que provocam os seguintes fenômenos:

  • aumento da frequência e da intensidade das contrações uterinas;
  • abertura gradual do colo uterino;
  • incremento da lubrificação do canal vagina;
  • aumento da flexibilidade e dilatação da pelve, entre outros.

Esses eventos, associados à força voluntária feita pela mãe no abdômen, são capazes de promover o nascimento do bebê e a eliminação dos anexos embrionários. Caso não ocorra naturalmente, esse processo pode ser induzido por medicamentos no ambiente hospitalar.

Já a cesariana é um procedimento médico invasivo, uma cirurgia. Após a anestesia da metade inferior do corpo, é feita uma incisão na pele e na parede do útero. Com isso, cria-se uma via artificial para a passagem do feto.

Portanto, apresenta todas as complicações comuns aos atos cirúrgicos ginecológicos e ao período pré-operatório, além de outros riscos:

  • infertilidade devido ao processo inflamatório, o qual pode resultar em aderências que prejudicam os processos ovulatórios;
  • ocorrência de defeitos placentários, prematuridade e abortos nas próximas gestações;
  • internações hospitalares prolongadas e, consequentemente, de eventos trombóticos e infecções;
  • desenvolvimento de asma e de obesidade na criança;
  • comprometimento de neurônios cerebrais.

Isso não torna, entretanto, a cesariana uma vilã. Quando bem indicado, o parto cesáreo é um instrumento importantíssimo na medicina para:

  • reduzir as chances de morbidade e mortalidade neonatais devido a intercorrências durante o parto normal;
  • permitir um parto seguro em grávidas com características anatômicas pouco favoráveis à via vaginal;
  • antecipar o parto em caso de doenças maternas ou fetais mais graves;
  • evitar a contaminação do feto pelo vírus HIV nas gestações de mães soropositivas com carga viral detectável, entre outras situações.

Existe um tipo de parto que é melhor em qualquer situação?

Não! A cesariana recebeu bastante atenção nos últimos anos. Vários estudos mostraram que a proporção de partos cesáreos em comparação com os normais estava muito acima dos índices recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Com isso, surgiram debates sobre o impacto desse fator nos indicadores de adoecimento e mortalidade tanto das mães quanto dos bebês.

Pelo impacto social, o tema acabou ganhando bastante atenção na mídia. Isso acabou criando muitos mitos e uma polarização na mente de algumas gestantes. Com isso, não é raro que algumas gestantes se mostrem irredutíveis em considerar todas as opções.

Como vimos, em qualquer tipo de parto, há critérios para preservar a saúde materno-fetal e reduzir os riscos de complicações. Portanto, não existe um tipo de parto melhor ou pior, há indicações técnicas que devem levar em consideração:

  • as características do corpo da mãe;
  • o risco da gestação atual e as complicações identificadas no pré-natal;
  • história obstétrica e ginecológica prévia;
  • a autonomia da gestante, entre outros pontos.

Indicações absolutas e relativas da cesariana

O parto cesáreo é sempre recomendado (indicação absoluta) nas seguintes situações:

  • desproporção da circunferência da cabeça do bebê com o diâmetro do canal pélvico da mãe;
  • presença de cicatrizes uterinas por várias cesáreas prévias;
  • situação fetal transversa (bebê posicionado no eixo horizontal dentro do útero);
  • infecção por herpes genital ativa na mãe;
  • prolapso do cordão umbilical;
  • placenta prévia, causando a obstrução total do orifício do colo uterino;
  • morte materna com o feto vivo.

Já as indicações relativas exigem que o ginecologista-obstetra avalie os riscos e os benefícios da cesariana em cada situação. Elas são:

  • feto não reativo em trabalho de parto;
  • carga viral alta em gestante HIV positivo;
  • descolamento prematuro da placenta;
  • feto em apresentação pélvica;
  • alguns casos de gravidez gemelar e trigemelar;
  • feto muito grande (peso estimado em mais do 4500 gramas);
  • história de cesáreas prévias;
  • características do colo desfavoráveis para a indução do parto vaginal;
  • psicopatia materna.

A conversão de parto normal em cesariana

Durante o trabalho de parto natural, acontecem eventos que colocam em risco a saúde da mãe e do bebê. Então, é preciso interrompê-lo para a execução de uma cesárea com agilidade. A seguir, estão algumas possibilidades que levam à conversão:

  • abertura incompleta do colo uterino mesmo após a utilização de todas as medidas de indução de parto;
  • evidência de sofrimento fetal grave com insuficiência cardiorrespiratória;
  • comprometimento do estado geral e/ou redução do nível de consciência da gestante.

Por essas razões, o ginecologista-obstetra do acompanhamento pré-natal deve ter uma boa comunicação com a equipe da maternidade ou ser ele mesmo condutor do procedimento. Com isso, as informações coletadas durante o pré-natal serão utilizadas para uma planejar a fim de garantir a saúde da mãe e do bebê, – o que inclui a indicação de cesariana dentro dos critérios definidos pelas evidências médico-científicas.

Um parto humanizado busca que o momento do nascimento ofereça o máximo de bem-estar e segurança da mãe e do bebê, quer saber mais sobre ele? Confira este nosso post bem interessante!

Parto humanizado: as possibilidades de escolhas da futura mãe 

Apesar de ser cada vez mais discutido e desejado pelas gestantes, o parto humanizado ainda não é aplicado de forma ampla nos serviços de obstetrícia. Vários mitos foram difundidos, colocando a prática como uma negação do avanço da medicina. Isso ocorre pelo reducionismo que liga o conceito a algumas de suas possíveis técnicas, como parto no ambiente doméstico ou em banheiras.  

No entanto, o parto humanizado é justamente o contrário: ele utiliza objetivamente as melhores evidências científicas e consensos dos melhores especialistas para cuidar da gestante durante o parto de forma integral. Afinal, o parto não se trata apenas de fazer o bebê nascer com vida, é um momento importante para toda a família.  

Felizmente, as gestantes sabem cada vez mais sobre isso e sobre a importância de uma abordagem integral e multidisciplinar da saúde. Por esse motivo, independentemente da escolha da via de parto, o processo de preparo e execução deve ser guiado por alguns princípios de humanização. Quer saber mais sobre eles? Acompanhe! 

A segurança da medicina baseada em evidências científicas 

Esse é o alicerce do parto humanizado, que é o nome popular de uma abordagem técnica, a assistência ao nascimento baseado em evidências e no respeito. Infelizmente, alguns profissionais debocham de algumas técnicas dele como se fossem algo exótico. No entanto, as medidas indicadas têm amplo respaldo científico: 

  • a preferência pela via vaginal não é a busca pelo retorno a uma vida mais natural. Vários estudos mostram que ela traz menos complicações para a mãe, auxilia no desenvolvimento neural e a prevenção de doenças no recém-nascido nas primeiras horas e por toda sua vida; 
  • contato pele a pele da mãe com o bebê logo após o parto e sempre que possível nos primeiros dias de vida reduz a mortalidade pós-parto. Afinal, auxilia na manutenção de uma temperatura corporal mais equilibrada, prevenindo a hipotermia. 

O ginecologista-obstetra vai guiar suas decisões pelas orientações e informações dos estudos científicos mais sólidos e do consenso entre os colegas da área. Com isso, toda a sua conduta poderá trazer os melhores resultados com o máximo de segurança para a integridade física da gestante. Ele evitará, ao máximo, a realização de procedimentos que não tenham respaldo científico ou que tenham evidências de riscos para a mãe ou o bebê sem trazer nenhum benefício.  

Respeito à integridade física da mãe 

Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e o Ministério da Saúde chamam atenção para algumas ações que podem prejudicar a integridade física e psíquica da gestante durante o parto, como: 

  • deixar de informá-la sobre o procedimento e seus riscos quando essa ação for possível; 
  • escolher procedimentos com alto risco de sequelas permanentes sem que os riscos para a saúde da mãe e do bebê o justifiquem; 
  • deixar a mãe e seus familiares alheios ao processo de parto, um momento tão importante para eles; 
  • adotar uma técnica inadequada ou sem os cuidados que ela exigia. 

Portanto, todo o procedimento cirúrgico do seu médico vai buscar o mínimo de invasividade possível, preservando a anatomia e a fisiologia normais do corpo. As intervenções devem ser feitas dentro da medicina baseada em evidência. 

Por exemplo, deve-se evitar o uso de episiotomia (um pequeno corte para facilitar o parto) como rotina nos partos normais prevenindo sequelas na mãe com impacto em toda a sua vida. O procedimento deve ser feito apenas em casos selecionados. 

Adoção de medidas de conforto e de controle da dor 

Muitas gestantes ficam com bastante medo do parto normal, pois acreditam que ele é muito doloroso. No entanto, hoje em dia, há várias medidas que podem reduzir bastante o desconforto durante o parto, como: 

  • emprego de anestésicos nos momentos que antecedem a expulsão do bebê; 
  • uso de terapias não farmacológicas contra as dores do trabalho de parto. 

Além disso, as medidas de climatização e personalização do ambiente de parto permitem um maior conforto físico. Sempre que possível, o companheiro ou algum familiar importante poderá acompanhar o procedimento ao seu lado. Tudo isso reduz o estresse no parto, o que reflete em bem-estar para a mãe antes e depois dele.  

Participação da gestante nas tomadas de decisão 

Na perspectiva humanizada, o parto é um momento da gestante. O papel do médico é oferecer seu conhecimento técnico para garantir um nascimento seguro para a mãe e do bebê.  

Então, a menos que haja risco imediato para a vida e a integridade física da gestante, você vai participar de todas as decisões. Para isso, o médico explicará todos os benefícios e potenciais complicações de cada procedimento para que a decisão seja mais autônoma e consciente. 

Por esse motivo, parto humanizado não é sinônimo de parto normal. A humanização é aplicável a qualquer procedimento. Inclusive, a decisão pela via não deverá ser feita exclusivamente pelo profissional médico (salvo em casos de emergência), mas deverá ser compartilhada por você. Para ajudá-la, ele explicará os riscos e benefícios de cada situação. 

Afinal, apesar de ser o mecanismo mais fisiológico de parto, ainda ocorrem complicações, – principalmente por causa do excesso de pressão na pelve e no abdômen, como a incontinência urinária e prolapso de órgãos pélvicos. Já as vantagens são: 

  • estudos mostram que o contato do bebê com a microbiota vaginal durante o parto traz uma maior proteção natural contra doenças, especialmente as alergias. Na cesariana, o bebê é colonizado por outros micro-organismos que estão presentes na pele e no bloco cirúrgico; 
  • a recuperação da gestante é mais rápida, demandando um menor tempo de internação; 
  • acredita-se que os hormônios liberados durante o trabalho de parto natural fortalecem o vínculo da mãe com o bebê. 

Portanto, o parto humanizado é uma abordagem técnica e científica da medicina. Ao contrário de muitas visões preconceituosas sobre ele, seu objetivo é oferecer o melhor para a saúde da mãe e do bebê. Isso envolve colocar a gestante no centro da tomada de decisões, informá-la bem e preservar sua saúde integralmente, – com toda a sua complexidade física, psíquica e social. 

Quer saber mais sobre como aplicamos o parto humanizado aqui na nossa clínica? Confira aqui neste link!