Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Mastite: como tratar?

A mastite é uma inflamação das mamas que é geralmente causada por uma infecção bacteriana, como o Staphylococcus aureus. Isso pode ocorrer quando os microrganismos entram no tecido mamário através de fissuras ou rachaduras nos mamilos. Também pode acontecer devido a um acúmulo de leite nos ductos mamários, conhecido como ingurgitamento. 

Os sintomas incluem dor, vermelhidão, inchaço na mama, febre e mal-estar. O tratamento pode envolver esvaziar a mama com frequência, compressas quentes e, em casos de infecção bacteriana, o uso de antibióticos. Quando não tratada, a mastite pode evoluir para complicações como abscessos mamários.

Durante a amamentação, o risco de mastite aumenta devido a vários fatores, como a dificuldade de o bebê realizar uma pega adequada, que pode causar lesões nos mamilos e abrir portas para infecções. Além disso, o esvaziamento incompleto da mama pode levar ao acúmulo de leite nos ductos, favorecendo a proliferação de bactérias e o desenvolvimento de inflamações. 

Nesse sentido, cuidados, como garantir uma boa técnica de amamentação e investigar rapidamente qualquer desconforto, podem reduzir significativamente esse risco. Quer saber mais sobre o tratamento e a prevenção da mastite? Acompanhe até o final!

Sintomas da Mastite

Os principais sintomas da mastite são:

  • Dor nas mamas;
  • Vermelhidão;
  • Inchaço na mama;
  • Febre;
  • Mal-estar.

O diagnóstico da mastite é geralmente feito com base nos sintomas clínicos apresentados pela paciente. Além disso, seu médico coletará a sua história clínica e obstétrica, além de realizar um exame físico detalhado das mamas. Na maior parte dos casos, a avaliação clínica será suficiente para iniciar o tratamento. 

Em alguns casos, porém, pode ser necessário realizar exames laboratoriais, como a cultura do leite materno, para identificar a espécie da bactéria e determinar o tratamento mais adequado. Isso é mais comum quando não há resposta ao tratamento inicial ou quando as infecções são recorrentes.

Tratamento da mastite

O melhor tratamento para a mastite durante a amamentação é garantir a técnica correta de amamentação. Para uma boa técnica de amamentação, é importante que a mãe e o bebê estejam confortáveis e bem-posicionados. 

A mãe deve segurar o bebê de forma que o corpo dele esteja alinhado com o dela, e a cabeça do bebê deve estar ligeiramente inclinada para trás. O bebê deve abocanhar não apenas o mamilo, mas também uma boa parte da aréola, formando um vácuo adequado que facilita a sucção e evita traumas nos mamilos.

A técnica da pega correta envolve os seguintes passos:

  • Posicionamento da mãe e do bebê: a mãe deve estar sentada ou deitada em uma posição confortável. Então, ela deve posicionar o bebê de frente para ela, com a barriga do bebê tocando a barriga dela;
  • Segurar a mama corretamente: a mãe deve formar um “C” com a mão livre, posicionando os dedos abaixo da aréola e o polegar acima. Isso ajuda a guiar o mamilo e a aréola para a boca do bebê;
  • Estimular o reflexo de busca: tocar levemente o lábio superior do bebê com o mamilo, até que ele abra bem a boca;
  • Abocanhar a aréola: quando o bebê abrir bem a boca, a mãe deve rapidamente aproximá-lo da mama, garantindo que a boca dele cubra não apenas o mamilo, mas também uma grande parte da aréola;
  • Verificar a sucção: observar se o bebê está sugando de forma suave e confortável. A mãe não deve sentir dor. Se houver dor, pode ser um sinal de que a pega não está correta e deve ser ajustada;
  • Retirar o bebê da mama: Se for necessário retirar o bebê da mama, a mãe deve evitar puxar diretamente, para não causar dor ou lesões. Em vez disso, ela deve inserir delicadamente o dedo mindinho no canto da boca do bebê e, então, afastar o bebê;
  • A técnica da pega correta ajuda a garantir que o bebê consiga mamar de forma eficiente e confortável, além de prevenir problemas como mastite, fissuras nos mamilos e baixa produção de leite.

Tratamento da mastite

Além da técnica correta de amamentação, o tratamento da mastite durante a amamentação pode incluir outras medidas importantes para aliviar os sintomas e promover a cura. Entre as principais abordagens estão:

  • Compressas: aplicar compressas quentes nas mamas pode ajudar a estimular o fluxo de leite, aliviar a dor e reduzir o inchaço e a inflamação;
  • Analgésicos e anti-inflamatórios: medicamentos para dor ser recomendados pelo médico para aliviar a dor e a inflamação. É fundamental somente tomar medicações indicadas por um médico, pois nem todas as medicações são seguras para uso durante a amamentação;
  • Antibióticos: em casos de mastite bacteriana, especialmente quando há sintomas importantes ou persistentes, o médico pode prescrever antibióticos para tratar a infecção.

Manter a amamentação regular é fundamental, mesmo durante episódios de mastite, pois a interrupção da amamentação pode agravar a condição. Se necessário, a mãe pode utilizar uma bomba de extração para garantir que o leite continue a ser removido de forma eficaz.

Portanto, a técnica correta de amamentação é importante não apenas para a nutrição e bem-estar do bebê, mas também para a saúde da mãe. Uma pega adequada pode ajudar a prevenir a mastite. Caso a mastite se instale, felizmente há tratamentos eficazes, os quais devem ser indicados por um médico.

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Sangramento durante a gestação: é normal? Quando procurar um médico?

Qualquer sangramento durante a gestação, por menor que seja, causa muita preocupação, não é mesmo? Sim, qualquer sangramento gestacional deve ser levado a sério. Contudo, isso não significa que você deve automaticamente pensar no pior, pois a maioria dos sangramentos é benigna (não causam complicações graves).

Ainda assim, um sangramento gestacional também não é algo que pode ser subestimado. Afinal, a gravidez é um período delicado e podem ocorrer complicações graves, mesmo em sangramentos aparentemente leves. Quer saber mais sobre o sangramento durante a gestação? Acompanhe até o final!

Sangramento na primeira metade da gestação: quando é normal?

No primeiro trimestre, pequenos sangramentos durante a gestação, os chamados “spotting, são muitocomuns. Eles acontecem em cerca de em até 50% dasgestações. Cerca de metade desses sangramentos são benignos e são causados por:

Sangramento de implantação: quando o óvulo fertilizado se fixa na parede do útero, você pode notar um pouco de sangramento leve. É um sinal discreto de que a gravidez começou. Trata-se de um corrimento rosado ou de uma pequena mancha de sangue que são liberados durante um ou dois dias. Ocorre cerca de 6 a 12 dias após a ovulação. Com isso, pode ser confundido com uma menstruação muito leve;
Sensibilidade cervical: durante a gravidez, mudanças hormonais aumentam o fluxo sanguíneo para o colo do útero. Atividades como relações sexuais ou, até mesmo, um exame ginecológico de rotina podem desencadear pequenos sangramentos. Esse tipo de sangramento durante a gestação é breve, não é intenso e geralmente não provoca dor;
Hemorragias subcoriônicas: pequenos derramamentos de sangue entre a placenta e o útero também podem causar sangramentos sem afetar diretamente o desenvolvimento do bebê.

Sangramento na primeira metade da gestação: o que não é normal?

Embora o spotting leve geralmente não seja motivo de preocupação no primeiro trimestre, há momentos em que um sangramento sinaliza uma complicação gestacional, como:

Abortamentos

O abortamento ocorre quando há expulsão do feto e dos produtos da concepção, como a placenta. Os principais sinais incluem sangramento vaginal leve a moderado. Geralmente, é acompanhado de dor abdominal tipo cólica. Os sintomas tendem a diminuir após a expulsão dos produtos da concepção.

Abortamento infectado

Ocorre quando há infecção dos produtos da concepção no útero, geralmente após um abortamento incompleto. Suas características incluem sangramento vaginal com odor fétido, febre, dor abdominal intensa e sensibilidade pélvica. É uma condição potencialmente grave que requer intervenção médica urgente com antibióticos e retirada dos produtos da concepção.

Gravidez ectópica

O embrião se implanta fora da cavidade uterina, mais comumente nas tubas uterinas. Se a gravidez ectópica não for interrompida, pode ser uma emergência médica. Sinais e sintomas mais comuns incluem sangramento vaginal leve, geralmente irregular e associado a dor pélvica. Dores intensas e aumento rápido do volume abdominal são sinais de alerta.

Mola Hidatiforme

É uma forma de doença trofoblástica gestacional caracterizada pelo crescimento anormal do tecido que origina os anexos embrionários. Resulta de embriões com anormalidades cromossômicas graves. Causa sangramento vaginal intermitente (“vai e volta”), que pode ser acompanhado pela expulsão de tecido “em cacho de uva”. Além disso, a paciente pode ter enjoosmais graves, hipertensão grave agudamente e aumento uterino desproporcional à idade gestacional.

Segunda metade da gestação: quando o sangramento é normal ou anormal?

Ainda é comum que haja sangramentos durante a gestação que são normais, geralmente devido à fragilidade do colo do útero ou à presença de pólipos uterinos. Contudo, diferentemente do primeiro trimestre, os sangramentos da segunda metade da gestação (a partir da 20ª semana) geralmente precisam de avaliação emergencial, pois podem colocar em risco tanto a mãe quanto o bebê.

Afinal, nessa fase, sangramentos normais ainda acontecem, mas se tornam menos frequentes. Assim, quando ocorrem, podem ser sinais de condições que exigem atenção imediata.

O que é um sangramento anormal na segunda metade da gestação?

Nesse sentido, é importante lembrar que não existe associação entre a quantidade do sangramento durante a gestação e a gravidade do quadro. Existem algumas condições em que o sangramento pode ser de pequeno volume, mas as complicações serem graves (se não tratadas):

Placenta prévia: ocorre quando a placenta está implantada total ou parcialmente sobre o segmento inferior do útero, cobrindo o orifício interno do colo uterino. O sangramento vaginal é leve e indolor, geralmente de início súbito, com sangue vermelho vivo, mas pode ser precipitado por atividade física ou relações sexuais;
Rompimento de vasa prévia: a vasa prévia ocorre quando os vasos sanguíneos fetais atravessam as membranas próximas ao orifício interno do colo uterino. Com isso, os vasos estão em maior risco de rompimento. O sangramento vaginal é vermelho vivo, sendo originado do organismo fetal. Por isso, é uma complicação grave, mesmo quando o volume de sangue perdido é pequeno.

Outras causas anormais de sangramento durante a gestação na segunda metade de gestação são:

Descolamento prematuro da placenta: é a separação da placenta antes do nascimento do feto. Trata-se de uma emergência obstétrica grave. O sangramento vaginal escuro é escuro e associado a dor abdominal intensa e rigidez uterina;
Rotura uterina: é uma complicação obstétrica grave, mais comum em mulheres com múltiplas cicatrizes uterinas prévias (como de cesarianas ou miomectomias). Resulta em uma dor abdominal súbita e intensa seguida de sangramento vaginal. O volume de sangue eliminado pela vagina pode ser mínimo ou ausente. Contudo, a hemorragia interna é quase sempre muito grave. Se não tratada com rapidez, pode levar ao óbito materno.

Portanto, nenhum sangramento durante a gestaçãodeve ser considerado completamente “normal” antes de uma avaliação médica. Entretanto, os sangramentos não precisam ser um motivo de pânico.

Quando ele ocorre, é importante que você busque seu obstetra para que ele oriente as medidas necessárias. Caso não consiga falar com ele rapidamente, não deixe de buscar um serviço de urgência obstétrica para investigar o sangramento.

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Líquido amniótico baixo durante a gestação: riscos e o que fazer

Diversos parâmetros da gestação são avaliados durante o pré-natal. Durante o acompanhamento obstétrico da gestação, realizamos avaliações médicas periódicas e exames para identificar fatores de risco para complicações gestacionais. 

Para isso, por exemplo, solicitamos testes para diagnóstico de infecções sexualmente transmissíveis, de infecção urinária, de infecções relacionadas a malformações fetais, de anemia, de diabetes mellitus, de sofrimento fetal e de problemas nos anexos embrionários.

Entre essas avaliações, está a avaliação da quantidade de líquido amniótico na bolsa gestacional, que é feita pela ultrassonografia obstétrica. Isso é fundamental, pois líquido amniótico excessivo (polidrâmnio) e líquido amniótico baixo (oligodrâmnio) podem causar complicações, como ruptura uterina e sofrimento fetal, respectivamente.

Além disso, alterações no líquido amniótico podem ser um sinal indireto de outras complicações gestacionais. Por exemplo, o polidrâmnio pode ser consequência de diabetes gestacional, enquanto o oligodrâmnio pode ser um sinal de uma síndrome cromossômica fetal, como a Síndrome de Down. Neste post, vamos falar sobre níveis baixos de líquido amniótico (oligodrâmnio). Ficou interessada? Acompanhe até o final!

O que é líquido amniótico, como ele se forma e função?

Durante a gestação, o feto permanece envolto por uma substância, o líquido amniótico. No primeiro trimestre de gestação, ele é formado principalmente por água, íons e moléculas, oriundas do âmnio, dos vasos placentários superficiais e pela pele do feto. A partir do segundo semestre, a urina do feto também será uma fonte importante de líquido amniótico, ao passo que ele perde menos líquidos por meio da pele. 

O líquido amniótico apresenta as seguintes funções:

  • Ajuda a manter uma temperatura adequada dentro do útero;
  • Protege contra traumas físicos;
  • Permite que o feto cresça e se movimente livremente, sem que tônus uterino cause deformações anatômicas e prejudique o desenvolvimento musculoesquelético;
  • Previne a compressão do cordão umbilical;
  • Contribui para o desenvolvimento e maturação dos pulmões e do sistema gastrointestinal.

Como acompanhar no pré-natal?

A principal forma de acompanhar o líquido amniótico é pela ultrassonografia obstétrica, que permite uma estimativa de seu volume e de sua consistência. Essa avaliação ultrassonográfica é feita rotineiramente em cada trimestre de gestação, independentemente de sinais e sintomas.

Em alguns casos, a alteração pode ser sintomática, com a paciente relatando menor movimentação do feto e perda de líquido amniótico pela vagina. Além disso, há sinais clínicos de oligodrâmnio, que podem ser percebidos por seu obstetra no exame físico feito em cada consulta de pré-natal, como:

  • Volume uterino pequeno para a idade gestacional, que pode ser causada também por outros fatores, como a restrição do crescimento fetal;
  • Palpação de partes do corpo do feto durante a avaliação do útero. 

O que é líquido amniótico baixo?

Líquido amniótico baixo se refere a uma quantidade insuficiente de líquido amniótico que causa riscos para a saúde maternofetal. É avaliado pela ultrassonografia a partir de parâmetros medidos para cada semana de idade gestacional. 

Para entender os riscos de um líquido amniótico baixo, é importante compreender que a regulação da quantidade de líquido amniótico é feita por diversos mecanismos, como:

  • Deglutição e excreção fetal: à medida que a gestação evolui, o feto deglute (“toma”) um volume cada vez maior de líquido amniótico. Ao final do terceiro trimestre, estima-se que ele reabsorva 750 mL de líquido amniótico todos os dias. Esse líquido é absorvido no sistema gastrointestinal. Depois disso, passa para a corrente sanguínea e é “filtrado” nos rins, onde se torna urina. Essa urina é liberada no próprio líquido amniótico em um volume de até 1 litro no terceiro trimestre;
  • Secreção pulmonar: após sua formação, os pulmões dos fetos produzem um líquido, cuja produção pode ultrapassar 350 mL nas últimas semanas de gestação. Parte desse líquido, é deglutida e liberada pela urina;
  • Absorção placentária: a concentração de substâncias dissolvidas no líquido amniótico é menor do que a concentração de substâncias dissolvidas no sangue da mãe e do feto. Isso faz com que os vasos da superfície placentária absorvam uma quantidade significativa de água do líquido amniótico com a evolução da gestação. 

Líquido amniótico baixo pode ocorrer devido a falhas em qualquer um dos mecanismos acima. 

Riscos de líquido amniótico baixo e o que pode ser feito?

Os riscos de líquido amniótico baixo dependem da idade gestacional:

  • Primeiro trimestre: maior risco de abortamento. É feito um acompanhamento mais próximo da gestante com consultas e ultrassonografias seriadas. Além disso, educamos sobre os sinais de abortamento para que ela busque um serviço de urgência obstétrica nessa situação;
  • Segundo trimestre: níveis ligeiramente mais baixos geralmente não causam complicações, sendo acompanhados com ultrassonografias periódicas até a estabilização do quadro. Casos de oligodrâmnio acentuado aumentam o risco de morte fetal ou óbito neonatal. Em situações de líquido amniótico persistentemente ou gravemente baixo, é fundamental identificar as possíveis causas do problema. A conduta dependerá da causa;
  • Terceiro trimestre: níveis baixos de líquido amniótico aumentam o risco de parto prematuro, de compressão do cordão umbilical, de insuficiência uteroplacentária, de malformações fetais e de aspiração de mecônio. Além disso, causa complicações no parto e no pós-parto, como necessidade de cesariana ou de indução do parto, baixo peso ao nascer, sofrimento neonatal medido pelo Apgar e necessidade de internação do bebê em UTI neonatal.

Além de aumentar o risco de complicações, um líquido amniótico baixo pode ser sinal de problemas de saúde da mãe e do feto: 

  • Disfunções placentárias causadas por doenças hipertensivas, por doenças renais, por trombofilia, descolamento ou trombose da placenta;
  • Anomalias congênitas, como malformações de órgãos e anomalias cromossômicas, que comprometem os sistemas pulmonar, gastrointestinal ou excretor. Em particular, malformações nos rins e nas vias urinárias estão entre as causas mais comuns de oligodrâmnio;
  • Desidratação materna;
  • Restrição do crescimento fetal;
  • Infecções ou ruptura nas membranas fetais.

Além do acompanhamento frequente do bem-estar fetal, da identificação e da correção das causas (quando possíveis), o tratamento do líquido amniótico pode envolver a hidratação materna e a antecipação do parto, se necessários. Portanto, é fundamental realizar o pré-natal de forma adequada para receber um diagnóstico precoce e um tratamento individualizado para minimizar os riscos.

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ISTs na gestação: quais são os cuidados que precisamos ter?

As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) oferecem diversos riscos em todas as fases da gestação, desde o planejamento até o pós-parto. Nas fases iniciais da gestação, algumas ISTs podem causar malformações fetais. 

À medida que a gestação evolui, algumas também podem predispor a abortamentos, a partos prematuros e a complicações gestacionais (como ruptura prematura das membranas). No parto e no pós-parto, podem ser transmitidas para o feto, causando problemas que podem se tornar crônicos.

Essas questões afetam tanto mulheres que contraíram a doença antes da gestação quanto depois. Por isso, é fundamental falar sobre a prevenção das ISTs durante a gestação. Afinal, como não há mais risco de engravidar, algumas mulheres podem negligenciar a importância do uso de preservativos e realizar relações sexuais desprotegidas. No entanto, essa é uma medida fundamental para uma gestação saudável.

O que são ISTs?

Infecções sexualmente transmissíveis, as ISTs, são condições causadas por microrganismos (como vírus, bactérias e fungos), que se caracterizam pelo fato de poderem ser transmitidas durante as relações sexuais orais, genitais e anais. A transmissão pode ocorrer por:

  • Contato com fluidos sexuais (sêmen e corrimento vaginal);
  • Contato pele a pele;
  • Contaminação por solução de continuidade devido a lesões visíveis ou microscópicas que ocorrem durante a relação sexual.

Com isso, os preservativos (camisinhas) são o único método de prevenção. 

As ISTs podem causar quadros sintomáticos ou assintomáticos. Ou seja, a pessoa está infectada pelo microrganismo, mas não sabe. Entretanto, mesmo assim, esses microrganismos podem causar danos silenciosos nos órgãos maternos e fetais.

Quais ISTs oferecem mais risco durante a gestação?

A seguir, você poderá entender a transmissão, as complicações e o tratamento das principais ISTs que podem prejudicar as gestações:

Sífilis

É uma infecção causada por uma bactéria, sendo transmitida pelo contato com fluidos e com a pele contaminada. A sífilis pode permanecer pouco sintomática ou assintomática por vários anos. Na gestação, a espiroqueta pode conseguir passar pela placenta e infectar o bebê, mesmo nesses casos. 

A transmissão congênita aumenta o risco de complicações, como abortamento espontâneo, natimortalidade e parto prematuro. Além disso, quando adquirida antes ou no primeiro trimestre de gestação, ela pode causar a síndrome da sífilis congênita no feto, que é caracterizada por deformações ósseas, surdez e problemas neurológicos.

O tratamento é feito com penicilina, que é altamente eficaz para combater a sífilis. Contudo, o tratamento não reverte os danos já causados nos órgãos e estruturas da mãe e do bebê.

HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana)

A infecção pelo HIV, quando não tratada, leva à síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), que é potencialmente fatal. É uma infecção que permanece assintomática por vários anos, mas pode ser transmitida para o bebê, especialmente no parto e na amamentação.

A infecção pelo HIV é tratada com terapia antirretroviral, que controla a multiplicação do vírus, mas não cura a infecção. Seu uso durante a gravidez pode reduzir a transmissão congênita para 1% das gestações. Além disso, é preciso que o parto seja uma cesárea e a mulher não pode amamentar, pois o vírus infecta o leite materno.

Hepatite B (HBV)

Trata-se de uma infecção que também é assintomática por muito tempo, mas que pode ser transmitida para o bebê durante o parto. No pós-parto, pode causar comprometimento grave do fígado com complicações, como cirrose e câncer de fígado, que são potencialmente fatais.

O tratamento da mãe é feito com antivirais. Caso seja identificada, o bebê deve receber vacinação imediata e “soro” com anticorpos contra o vírus da hepatite B. 

Herpes genital

Transmitida facilmente pelo contato pele a pele nas relações sexuais, a herpes genital causa lesões bolhosas na região genital. Se a doença estiver ativa durante o parto normal, o bebê pode apresentar herpes neonatal, uma infecção grave que causa danos neurológicos. Com isso, pode levar ao óbito, além de poder provocar déficits cognitivos e motores crônicos nos sobreviventes.

Gonorreia

É uma infecção causada por uma bactéria, sendo geralmente assintomática. Ela oferece os seguintes riscos quando contraída anteriormente ou durante a gestação:

  • Conjuntivite neonatal: quando a infecção é transmitida pelo parto, o bebê pode apresentar um quadro de infecção grave nos olhos, a qual pode resultar em cegueira;
  • Abortamento espontâneo;
  • Parto prematuro;
  • Baixo peso ao nascer.

O tratamento da mãe e do bebê é feito com antibióticos.

Clamídia

Também é uma infecção bacteriana frequentemente assintomática. Ela pode causar a doença inflamatória pélvica e complicações gestacionais, como:

  • Parto prematuro;
  • Baixo peso ao nascer;
  • Além disso, pode ser transmitida ao bebê durante o parto, causando conjuntivite neonatal e pneumonia.

O tratamento também é feito com antibióticos.

Sintomas que merecem atenção especial durante a gestação

Como vimos, a maior parte das ISTs pode ser assintomática durante a gestação. Ou seja, podem causar danos para o bebê sem que você note nenhum sintoma. Por isso, é muito mais importante prevenir do que esperar que algum sintoma chame a atenção da paciente. 

A prevenção é feita primariamente com o uso de preservativos nas relações sexuais. Secundariamente, a prevenção envolve identificar a doença precocemente com a testagem rotineira de ISTs no pré-natal.

Mesmo assim, não deixe de consultar o seu obstetra o quanto antes caso tenha sintomas, como:

  • Nódulos na região genital ou anal, mesmo que eles não sejam dolorosos. A sífilis pode aparecer como um pequeno “caroço” que não causa dor;
  • Bolhas;
  • Corrimento vaginal anormal (com cheiro, consistência ou cor diferente da habitual durante a gestação);
  • Sangramento vaginal durante a gestação.

Diagnóstico e importância do pré-natal

O diagnóstico e o tratamento precoces são fundamentais para evitar diversas complicações. Em geral, o diagnóstico é feito pelos sintomas ou pelo rastreio de rotina. As consequências das ISTs durante a gestação podem ser tão graves que, na rotina de pré-natal, a mulher passa pela testagem de diversas ISTs em todos os trimestres de gestação. 

Ainda que muitas ISTs sejam tratáveis, elas podem comprometer gravemente a saúde do bebê, com sequelas que permanecem por toda vida. Portanto, a prevenção com o uso de preservativos nas relações sexuais é fundamental e não deve ser negligenciada, mesmo que você tenha uma parceria fixa.

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Puerpério: há diferenças entre parto normal e cesariana?

A escolha do tipo de parto é uma das decisões mais importantes do pré-natal. Na hora de considerar qual a melhor opção, a mulher deve ter as informações necessárias para tomar uma decisão consciente em relação às vantagens e desvantagens de cada tipo de parto, considerando os curto, médio e longo prazos. 

Neste post, vamos falar sobre as diferenças entre a cesariana e o parto normal em relação ao puerpério. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe até o final!

Parto normal

O parto normal é aquele que ocorre pela via vaginal, podendo ser feita de duas formas:

  • Natural: não é feita nenhuma intervenção médica medicamentosa, instrumental ou cirúrgica;
  • Com assistência médica: a assistência médica pode envolver a indução do parto, a aplicação de anestesia para controle de dor e realização de procedimentos obstétricos, como a episiotomia e o uso de fórceps. 

A grande maioria dos trabalhos de parto normais ocorre de forma espontânea, mas, quando há riscos de complicações maternofetais, ele pode ser induzido. A aplicação de anestesia é geralmente uma opção da paciente caso deseje sentir menos dor durante o parto normal, não sendo obrigatória. 

Procedimentos invasivos são reservados para situações específicas, principalmente quando há riscos para a mãe ou para o feto. A realização de intervenções médicas no parto normal tende a aumentar o risco de complicações. 

Cesariana

A cesariana (cesárea) é um parto cirúrgico, feito com uma incisão (corte) na região pélvica da mulher e no útero. Isso cria um canal artificial por onde o bebê pode passar. As cesarianas podem ser:

  • Eletivas: o parto é marcado e agendado conforme a disponibilidade do médico e da paciente;
  • De urgência: feitas quando riscos significativos para a saúde materno-fetal são identificados e é prudente esperar pelo parto normal.  

As cesarianas podem ocorrer antes ou durante o trabalho de parto. 

Há diferenças entre o puerpério após um parto normal e uma cesariana?

Sim, há diferenças importantes entre o puerpério de um parto normal e o puerpério de uma cesariana. Antes de explicar as principais distinções, é importante compreender o mecanismo por que elas ocorrem.

O parto normal é um processo fisiológico. Ele é a forma natural do parto. Por isso, nosso corpo apresenta múltiplos mecanismos para se recuperar depois dele. Além disso, o parto normal geralmente resulta em um trauma físico menor.

Por isso, quando parto normal não envolve intervenções mais invasivas (como a episiotomia e o fórceps), a recuperação tende a ser rápida. A maioria das mulheres consegue retornar às atividades habituais em poucos dias. 

Já a cesariana é uma cirurgia e, como tal, ela resulta em um trauma cirúrgico com maiores chances de trazer repercussões negativas para o corpo humano. Afinal, envolve cortes extensos e a manipulação de diversas camadas de tecido do corpo. No processo de cicatrização e recuperação dessas lesões, a paciente pode apresentar complicações pós-operatórias gerais, como infecções do sítio operatório e trombose.

Dor

No parto normal, a dor puerperal mais comum é na região perineal, geralmente sentida como uma queimação. Ela ocorre devido à distensão do assoalho pélvico e dos ligamentos perineais durante a passagem do bebê. Nas cesarianas, a dor é mais comum nas cicatrizes, sendo causada pelo processo inflamatório que antecede a cicatrização das feridas.

Em ambos os partos, a paciente sentirá também cólicas uterinas devido a contrações uterinas que ocorrem para que esse órgão retorne ao tamanho normal. Essa dor tende a ser mais leve em mulheres que passaram pelo parto normal.

Na cesariana, a dor no puerpério pode ser mais intensa e prolongada por causa da inflamação causada pela incisão uterina e pela manipulação cirúrgica dos órgãos pélvicos. Por exemplo, é comum que pacientes com cesariana recente relatem dores desencadeadas por atividades simples, como tossir ou carregar o bebê. 

O desconforto geralmente é passageiro, mas, em casos raros, pode se tornar crônico devido a complicações pós-operatórias de longo prazo, como as aderências pélvicas. 

Amamentação

Alguns estudos mostram que a cesariana pode atrasar o início da amamentação no puerpério, principalmente quando é feita eletivamente. Afinal, ela geralmente é feita sem que o corpo tenha passado pelo trabalho de parto. 

Com isso, não ocorrem diversos eventos hormonais e anatômicos importantes para preparar o corpo para a amamentação após o nascimento. No parto normal, o processo progressivo de preparação do organismo para o nascimento do bebê é facilitado pelos hormônios liberados no trabalho de parto.

Riscos de complicações

As complicações imediatas (nas primeiras horas e dias após o parto) são mais frequentes na cesariana, pois a cirurgia oferece riscos adicionais, como:

  • Infecção das cicatrizes;
  • Infecção na cavidade pélvica;
  • Hemorragias;
  • Abertura de pontos (deiscências);
  • Formação de trombos;
  • Enjoos e dores de cabeça devido à anestesia.

A maior parte das cesarianas evolui com complicações leves, mas sem complicações graves no pós-parto imediato. Além disso, as cesarianas apresentam maiores chances de apresentar complicações em longo prazo, como:

  • Formação de aderências pélvicas;
  • Ruptura uterina (principalmente se a mulher passar por 3 ou mais cesarianas);
  • Infertilidade.  

Por fim, é importante ressaltar que a escolha do tipo de parto é sempre individualizada, considerando as condições de cada gestação e os desejos da paciente. Em alguns casos, o risco de complicações puerperais na cesariana é muito menor do que os riscos de realizar um parto normal. Assim, quando bem indicada, a cesariana é um procedimento que salva vidas e promove a saúde das mulheres.

Contudo, em gestações de baixo risco ou não complicadas, a conveniência e a expectativa de menor dor podem não compensar os riscos adicionais de um procedimento cirúrgico. A dor pode até ser maior durante o parto normal, mas, nas cesarianas, ela tende a durar mais tempo no puerpério. A aparente praticidade inicial das cesarianas pode resultar em complicações que demandam tratamentos médicos longos e custosos.

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Medição do colo do útero durante a gestação: por que é importante?

O colo do útero é uma estrutura que conecta o canal vaginal com a cavidade uterina. Ele é formado pela parte inferior do útero, cuja parede se estreita e forma um tubo muscular. Esse tubo apresenta um canal revestido por células glandulares, que produzem muco. Inferiormente, o colo do útero é revestido pelas células de revestimento presentes no canal vaginal, que são resistentes ao atrito e a danos mecânicos.

Assim, desempenha um papel importante no sistema reprodutor feminino ao controlar o fluxo entre o útero e o ambiente vaginal. O muco produzido por ele atua como uma barreira protetora contra infecções causadas por microrganismos, pois apresenta fatores químicos e físicos que impedem a proliferação e a ascensão de microrganismos para a cavidade uterina. Devido à variação de consistência ao longo do ciclo menstrual, o muco apresenta função contraceptiva fora do período fértil.

O colo do útero é essencial durante a gravidez e o parto. Na gestação, ele se contrai fortemente e permanece fechado, ajudando na manutenção do feto dentro do útero. Já no momento do parto, o colo muda suas características: ele se torna mais fino e frouxo. Isso faz com que ele se dilate progressivamente e permite que o bebê passe pelo canal cervical.

Em alguns casos, porém, o colo do útero pode apresentar disfunções durante a gestação. Por isso, uma das medidas mais importantes do pré-natal é a medida do colo do útero. Quer saber mais sobre a medição do colo do útero? Acompanhe até o final!

Pré-natal e medição do colo do útero

O monitoramento do comprimento do colo uterino durante o pré-natal é uma das medidas utilizadas para avaliar o risco de abortamento tardio e de parto prematuro. Afinal, diversos estudos mostraram que existe uma correlação muito significativa entre o tamanho do colo e as chances desses desfechos.

Ou seja, eles identificaram que havia uma frequência muito maior de parto prematuro no grupo de mulheres com um colo uterino mais curto. O tamanho do colo do útero varia de acordo com a idade gestacional, sendo considerados valores normais:

1º trimestre: colo do útero entre 3,5 e 5 centímetros;
2º e 3º trimestre: colo do útero maior do que 2,5 centímetros.

Atualmente, a ultrassonografia transvaginal é considerada a técnica padrão-ouro para medir o comprimento do colo uterino no contexto do pré-natal. Com a medição cervical ultrassonográfica, seu médico pode identificar se você apresenta maior risco de parto prematuro e implementar intervenções preventivas.

O rastreamento rotineiro do comprimento do colo uterino, especialmente antes de 24 semanas de gestação, está associado a uma redução significativa nos partos prematuros espontâneos. Por exemplo, este estudo feito aqui no Brasil sugere que a medição ultrassonográfica transvaginal do comprimento do colo uterino deve fazer parte dos exames pré-natais de rotina no segundo trimestre.

Com o diagnóstico precoce, intervenções (suplementação de progesterona vaginal ou cerclagem cervical) podem ser indicadas para ajudar a sustentar a gestação até o momento certo para o parto.

O que fazer quando ocorre a medição do colo do útero mostra um encurtamento?

Diversas intervenções podem ser indicadas para trataro encurtamento do colo uterino:

Cerclagem Cervical: a cerclagem cervical é uma sutura cirúrgica (“ponto”) feito ao redor do colo uterino para evitar sua dilatação prematura. Em mulheres que já tiveram colo curto em outras gestações, pode ser realizada preventivamente entre 12 e 14 semanas de gestação. Em novos diagnósticos, a cerclagem deve ser feita o quanto antes após o diagnóstico;
Pessário Cervical: o pessário cervical é dispositivo de silicone endovaginal. Ele serve como apoio estrutural ao colo do útero, além de modificar sua posição, a fim de aliviar a pressão uterina. Como não há muitos estudos que comprovem a eficácia do pessário cervical, ele é empregado apenas quando outras intervenções mais seguras são contraindicadas;
Progesterona: a administração de progesterona reduz a atividade uterina e ajuda a manter a integridade cervical. Esse tratamento hormonal, realizadogeralmente com supositórios vaginais, pode ser recomendado para mulheres com colo curto que não podem utilizar a cerclagem cervical. Também é indicado em complemento às intervenções anteriores;
Alterações no Estilo de Vida: além de intervenções médicas, as alterações no estilo de vida são fundamentais. A paciente deve limitar as atividades cotidianas e esportivas que aumentam a pressão abdominal, como levantar cargas mais pesadas.

O que fazer para e nas próximas possíveis gestações?

A cerclagem cervical preventiva é indicada para mulheres com colo curto em gestações prévias, podendo ser realizada entre 12 e 14 semanas de gestação. Isso deve ser feito mesmo que a medição na gestação atual apresente valores normais. Afinal, os estudos mostram uma chance muito elevada de abortamento e de parto prematuro em mulheres com colo curto em gestações anteriores.

Além disso, as medidas de alteração de estilo de vida também continuam indicadas. O papel do uso precoce de progesterona ainda é debatido, mas é uma opção que pode ser discutida com o seu médico.

Portanto, a medição do colo do útero durante o pré-natal é uma medida importante para avaliar o risco de abortamento e de parto prematuro. Com intervenções precoces, é possível reduzir o risco de desfechos negativos e aumentar as chances de um nascimento saudável.

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Como tratar a diástase abdominal depois do parto?

A diástase abdominal é um defeito da parede abdominal caracterizado pela separação do músculo reto abdominal. O reto abdominal é o músculo relacionado à definição muscular do abdômen, o famoso “tanquinho”. Ele apresenta duas faixas de músculos, uma de cada lado do corpo. Essas duas porções laterais do músculo reto abdominal são unidas por uma faixa de tecido conjuntivo (aponeurose), conhecida pelo nome de linha alba.

O reto abdominal, junto com outros músculos abdominais, forma a parede abdominal. Além disso, ele tem como função a flexão do tronco, permitindo que a parte superior do corpo se mova em direção à pelve. Ele também é essencial para estabilizar a coluna, comprimir os órgãos abdominais durante esforços físicos e garantir uma postura adequada e o suporte interno dos órgãos.

Na diástase abdominal, o músculo e a linha alba ficam mais frouxos, aumentando o espaço entre as porções laterais do músculo reto abdominal. A diástase abdominal é comum em mulheres grávidas, visto que a parede abdominal precisa se distender bastante para acomodar o crescimento da barriga. Quer saber mais sobre como tratar a diástase abdominal após uma gestação? Acompanhe nosso post até o final!

Como tratar a diástase abdominal depois do parto?

O plano terapêutico para a diástase abdominal é individualizado de acordo com as características de cada caso, como a gravidade da separação, os aspectos funcionais e os desejos da paciente. Podemos dividir as intervenções terapêuticas para a diástase abdominal em duas categorias:

  • Medidas conservadoras: são tratamentos, como a fisioterapia e a redução do peso, que não envolvem procedimentos invasivos cirúrgicos. São indicadas geralmente para casos leves e moderados;
  • Medidas cirúrgicas: o procedimento mais utilizado é a plicatura do músculo reto abdominal. Nela, realiza-se uma sutura na aponeurose para aproximar as faixas laterais do músculo reto. As medidas cirúrgicas são reservadas para casos graves e para diástases abdominais que não melhoraram significativamente com o tratamento conservador. 

A seguir, vamos detalhar cada uma das medidas que podem ser utilizadas no tratamento da diástase abdominal

Papel da perda de peso na diástase abdominal

O sobrepeso e a obesidade aumentam a pressão abdominal. Com isso, aumentam-se as chances de agravamento da diástase abdominal. Uma ação que contribui para a perda de peso é a amamentação. Contudo, para algumas mulheres, ela não será suficiente para o retorno ao peso normal. Então, outras medidas de perda de peso, como a dieta, podem ser utilizadas sob supervisão médica. 

Fisioterapia e medidas de reabilitação do core abdominal

A fisioterapia para a diástase abdominal vai utilizar diversas intervenções para melhorar os fatores que levam à diástase abdominal:

  • Fortalecimento do “core”: exercícios para força e hipertrofia abdominal podem ajudar a reduzir o tamanho da diástase abdominal e prevenir seu agravamento. Para que essa medida seja mais eficaz, é fundamental trabalhar tanto os músculos superficiais quanto os músculos abdominais profundos, como o transverso abdominal. Ou seja, não é qualquer abdominal que ajuda a aliviar a diástase, visto que a maioria dos programas de abdominais para motivos estéticos aborda principalmente os músculos superficiais;
  • Correção postural: nossa postura influencia na pressão abdominal, aumentando a distensão do músculo reto abdominal. Assim, o fisioterapeuta vai trabalhar para corrigir desvios posturais, como a inclinação anterior da pelve ou a lordose lombar excessiva;
  • Técnicas de respiração diafragmática: na respiração, ocorre a contração e a distensão do músculo reto abdominal. Alguns padrões de respiração podem fazer com que a barriga se projete mais intensamente para a frente. Na fisioterapia, você aprenderá técnicas de respiração diafragmática que reduzem a pressão intra-abdominal e promovem o fortalecimento dos músculos abdominais;
  • Ergonomia: durante nossas atividades cotidianas, podemos fazer movimentos e posturas que aumentam bastante a pressão abdominal. Na fisioterapia, você aprenderá quais atividades devem ser evitadas e como fazer movimentos que não distendem excessivamente os músculos abdominais;
  • Uso de cintas: a fisioterapia também pode indicar cintas que oferecem um suporte adicional para o abdômen e contrabalançam a pressão abdominal. 

Cirurgia de plicatura do reto abdominal

A plicatura dos músculos retos do abdômen é um procedimento de sutura dos músculos retos do abdômen para restaurar sua anatomia normal. Ela diminui a largura da linha alba e reaproxima as faixas do músculo reto abdominal. 

Ela geralmente é realizada por cirurgiões especializados em parede abdominal, cirurgiões ginecológicos ou cirurgiões plásticos. Quando feita por cirurgiões plásticos, ela pode ser associada à abdominoplastia, incluindo a lipoescultura da região abdominal. 

Ela não apresenta apenas resultados estéticos, sendo também eficaz na reabilitação funcional, como a melhora da postura e da estabilidade do core. Contudo, é um procedimento invasivo que apresenta riscos intrínsecos e pode requerer um período significativo de recuperação.

A diástase abdominal é uma condição comum após as gestações. Ela pode prejudicar tanto a funcionalidade quanto a estética do core abdominal. Por isso, merece atenção, principalmente no período pós-gestacional. O tratamento é individualizado para cada caso de acordo com a gravidade do caso e os desejos da paciente. Assim, pode envolver desde medidas conservadoras, como fisioterapia e perda de peso, até intervenções cirúrgicas, como a plicatura do músculo reto abdominal.

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O que é sangramento uterino anormal?

O útero é um órgão constituído por três camadas: o endométrio (mais interna), o miométrio (intermediária) e o perimétrio (mais externa). Em um ciclo menstrual regular, o endométrio é estimulado a se desenvolver pelos hormônios estrogênio e progesterona a fim de receber um embrião.

Nos estágios iniciais da gestação, ele fornece nutrição e abrigo até a formação da placenta. Se não houver concepção, os níveis hormonais sexuais diminuem, provocando a menstruação. Portanto, a menstruação marca o surgimento de um novo ciclo menstrual devido à redução dos níveis de estrogênio e de progesterona. Quer saber mais sobre as alterações no ciclo menstrual, o sangramento uterino anormal (SUA)? Acompanhe até o final!

O que é sangramento uterino anormal?

O sangramento uterino anormal (SUA) é uma condição ginecológica comum que afeta entre 14% e 25% das mulheres em idade reprodutiva. É uma das principais queixas em consultórios ginecológicos, sendo frequentemente relatada, como “fluxo aumentado” ou “menstruação prolongada”.

Contudo, o termo SUA foi criado para substituir os diversos termos que utilizávamos para se referir a alterações menstruais, como:

  • Hipermenorreia: sangramento menstrual prolongado ou de um volume excessivo;
  • Menorragia: excesso de sangramento vaginal;
  • Hipomenorreia: fluxo menstrual que dura menos do que o normal ou com pouco volume;
  • Polimenorreia: ciclos menstruais com frequência menor que 24 dias;
  • Oligomenorreia: ciclos menstruais com intervalos superiores a 35 dias;
  • Metrorragia: sangramento uterino que acontece fora do período normal da menstruação;
  • Menometrorragia: sangramento aumentado no período menstrual acompanhado de sangramento fora do período menstrual.

Nos últimos anos, alguns estudos mostraram que esses termos não são tão úteis para o diagnóstico e levam a confusões. Com isso, a terminologia foi alterada. Então, sangramento uterino anormal pode se referir a qualquer uma dessas condições.

Tipos de SUA

O sangramento uterino anormal pode ser dividido em duas apresentações principais:

  • Sangramento anormal agudo, que se caracteriza por um volume elevado de perda sanguínea em pouco tempo. Por isso, geralmente, requer tratamento urgente para reposição do sangue perdido;
  • Sangramento anormal crônico se refere a alterações que ocorrem na maioria dos meses nos últimos seis meses. Ocorre em menor intensidade do que o agudo e, por isso, o corpo consegue se adaptar parcialmente à perda de sangue. A anemia pode ocorrer, mas geralmente não precisa ser tratada com urgência. 

Quando o sangramento uterino é considerado anormal?

Um ciclo menstrual regular ocorre a cada 24 a 38 dias. Já a menstruação dura geralmente de 5 a 9 dias com um volume de sangue total entre 5 ml e 80 ml. Ou seja, o termo descreve mudanças na frequência, regularidade, duração e volume do fluxo menstrual.

O sangramento uterino anormal pode ocorrer em qualquer idade, e os que é considerado normal ou anormal varia de acordo com a faixa etária da paciente. Por exemplo, na adolescência e logo antes da menopausa, é comum que os ciclos sejam mais irregulares. Em uma mulher adulta, a irregularidade pode ser considerada SUA e merecer uma investigação mais aprofundada.

Antigamente, o que era considerado anormal se baseava principalmente em números. Por exemplo, o sangramento era excessivo quando ultrapassava 80 milímetros em um ciclo menstrual. Entretanto, hoje, além dos valores numéricos, os parâmetros podem ser individualizados. Então, se uma paciente considerar que seu padrão de sangramento está diferente do que costumava ser, ele pode ser considerado como SUA.

Portanto, considera-se o sangramento uterino anormal quando:

  • Presença de sangramento ou manchas entre os períodos menstruais;
  • Sangramento após as relações sexuais;
  • Percepção de menstruação mais intensa que o normal;
  • Sangramento após a menopausa;
  • Os ciclos menstruais são mais longos ou mais curtos que o habitual para a paciente;
  • Períodos de sangramentos mais curtos ou longos do que o habitual para a paciente.

Causas do sangramento uterino anormal

A Federação Internacional de Obstetrícia e Ginecologia (FIGO) propôs a classificação PALM-COEIN para facilitar o reconhecimento das principais causas de SUA fora da gestação. O termo PALM se refere às causas estruturais:

Já o COEIN abrange condições não estruturais, como:

É importante enfatizar que o sangramento uterino anormal pode ser causado por mais de uma dessas condições acima. Portanto, além de diagnosticar o SUA, o diagnóstico precisa ser bastante criterioso. 

Diagnóstico e tratamento

A principal etapa do diagnóstico é a realização de uma anamnese (histórico médico) e de um exame físico completos. Isso é essencial para guiar uma escolha individualizada dos exames complementares, que podem incluir:

  • Ultrassonografia, ressonância magnética e outros exames de imagem para identificar causas estruturais;
  • Avaliação hormonal para identificar condições, como a síndrome dos ovários policísticos e falência ovariana prematura;
  • Hemograma para identificar se a paciente está com anemia ou se há sinais de infecção;
  • Coagulograma;
  • Dosagem dos hormônios da tireoide;
  • Papanicolaou (especialmente se a paciente não estiver com a rotina em dia). 

O tratamento do SUA dependerá da causa de base, mas geralmente envolve a supressão da menstruação por um determinado período. Se for identificada anemia na paciente, ela pode receber suplementação de ferro. 

Portanto, o sangramento uterino anormal é um termo que abrange diversas irregularidades no ciclo menstrual, classificadas como agudas ou crônicas. Ele é uma condição que pode prejudicar a qualidade de vida das mulheres, afetando aspectos físicos, emocionais, sexuais e profissionais. Por isso, se você notar alterações na sua menstruação ou apresentar sangramentos em momentos em que ele não é esperado, não deixe de procurar um médico.

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Saco gestacional e desenvolvimento da gestação

O saco gestacional apresenta uma função importante no início da gestação. Afinal, é a primeira estrutura visível durante o desenvolvimento embrionário. Sua presença e características fornecem informações importantes para o diagnóstico e acompanhamento da gravidez. Quer saber mais sobre as funções do saco gestacional ao longo do desenvolvimento da gestação, desde sua formação até a transição de protagonismo para outras estruturas mais complexas? Acompanhe nosso post até o final!

O que é saco gestacional?

O saco gestacional é a cavidade preenchida por líquido que contém o embrião. Portanto, é uma estrutura muito importante nas primeiras semanas de uma gestação. Entretanto, com o avanço da gravidez, outras estruturas assumem uma relevância clínica maior e a tendência é que a expressão “saco gestacional” seja menos usada no pré-natal. Veja, a seguir, um resumo do que acontece com o saco gestacional com o desenvolvimento da gestação:

  • Entre 3ª e 4ª semanas: sinal precoce de uma possível gestação;
  • Entre 5ª e 6ª semanas: formação da vesícula vitelina;
  • A partir da 10ª semana: o saco gestacional passa a ser formado pelas membranas embrionárias. Então, a partir desse momento, a paciente passa a ouvir menos o termo “saco gestacional”, pois os médicos e os exames tenderão a usar a expressão membranas embrionárias.

Com isso, é importante ressaltar que a idade do embrião não coincide com a idade gestacional. A idade gestacional é calculada a partir da data de início da última menstruação. No entanto, a fertilização geralmente ocorre entre 10 e 15 dias após esse marco. Então, o embrião é aproximadamente duas semanas mais novo do que a idade gestacional. 

3ª e 4ª semanas: momento de protagonismo do saco gestacional

Após a fecundação, forma-se um zigoto, que inicialmente é uma única célula embrionária. Depois disso, essa célula embrionária indiferenciada começa a se dividir rapidamente (clivagem). Por volta do quarto e do quinto dia após a fecundação, essa massa celular indiferenciada começa a se diferenciar em dois tecidos distintos: o embrioblasto e o trofoblasto. O trofoblasto dará origem a diversos anexos embrionários fundamentais para a evolução normal de uma gestação. 

Após sua formação, o trofoblasto começa a liberar secreções, criando uma cavidade no interior do embrião. À medida que as células trofoblásticas produzem essas secreções, ocorre uma expansão da cavidade do blastocisto, que cresce cerca de 1 milímetro por dia. Além de proteger o embrião, isso fornece um espaço adequado para o desenvolvimento do embrião e dos anexos embrionários. 

Com o crescimento da cavidade do blastocisto, é possível visualizar, na ultrassonografia, uma região com uma massa de células preenchida por líquido. Contudo, o saco gestacional não é essa cavidade do blastocisto, o saco gestacional é todo o espaço preenchido por líquido que contém o embrião. 

A ultrassonografia transvaginal pode detectar o saco gestacional por volta de 4,5 a 6 semanas de gravidez. Nesse exame, o saco gestacional apresentará as seguintes características:

  • Seu interior é uma região muito escura, que é chamada de anecoica (ausência de eco). Isso significa que ela apresenta uma grande quantidade de líquido;
  • O entorno do saco gestacional é um anel hiperecoico, ou seja, que reflete bastante as ondas de ultrassom. Com isso, aparece branca, o que significa que há uma alta densidade de células no local.

Por ser formado precocemente, o saco gestacional é geralmente a primeira estrutura que pode ser identificada no útero pela ultrassonografia. Assim, a visualização do saco gestacional dentro do útero é reconhecida como um dos primeiros sinais de confirmação de uma gestação intrauterina. Se o saco gestacional é identificado nas tubas uterinas ou em outra estrutura pélvica, dizemos que é uma gestação ectópica, a qual não tem chance de evoluir e precisa ser interrompida.

Entre 5ª e 6ª semanas: a formação da vesícula vitelina

Entre 5 e 6 semanas de gestação, a ultrassonografia deve ser capaz de identificar também o saco vitelino e o embrião dentro do saco gestacional. Portanto, a partir desse período, um saco gestacional normal na ultrassonografia deve apresentar um embrião em seu interior. Além disso, nesse período, já é comum que possamos identificar os batimentos cardíacos fetais pela ultrassonografia.

A partir desse momento, pode-se diagnosticar problemas gestacionais, como:

  • Gravidez anembrionária: é a ausência de vesícula vitelina ou de embrião no interior do saco gestacional após a 6ª semana de gestação;
  • Saco gestacional pequeno para a idade gestacional: esse sinal pode significar algum problema de desenvolvimento embrionário;
  • Abortamento precoce: é a presença de um saco gestacional com um feto, mas sem identificação de batimentos cardíacos após o período em que o coração já deveria ter se formado.

A partir da 7ª a 10ª semana: o saco gestacional perde o protagonismo

À medida que o embrião se desenvolve, estruturas mais complexas surgem. Então, as estruturas mais primitivas perdem seu protagonismo no acompanhamento da gestação:

  • A função da vesícula vitelina começa a ser substituída pela placenta, que se torna responsável nutrição do feto;
  • As membranas embrionárias passam a receber mais atenção, e o saco gestacional perde sua relevância funcional. 

Portanto, o saco gestacional apresenta uma grande importância funcional e clínica. Ele oferece um ambiente seguro para o desenvolvimento do embrião e é o primeiro sinal a ser identificado em uma ultrassonografia. Com o avanço das semanas gestacionais, sua relevância clínica diminui à medida que estruturas como a placenta e as membranas embrionárias assumem funções essenciais no suporte do feto.

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O que é candidíase vulvovaginal?

O sistema reprodutor feminino pode ser dividido de diferentes formas. Uma das mais comuns é a divisão entre sistema reprodutor feminino superior e inferior. A porção superior é aquela que não pode ser visualizada durante o exame físico ginecológico, sendo formada pelo útero, pelas tubas uterinas, pelos ligamentos uterinos e pelos ovários. Já a porção inferior é formada pelo colo uterino, pela vagina e pela vulva, que são estruturas que podem ser examinadas durante a inspeção visual ginecológica.

O sistema reprodutor feminino inferior apresenta uma porção que pode ser vista a olho nu, sem o auxílio de instrumentos médicos, a genitália externa (vulva). Entre as estruturas que fazem parte da vulva, estão os grandes lábios, os pequenos lábios, o clítoris e o introito vaginal. 

Contudo, uma região do sistema reprodutor feminino inferior apenas pode ser examinada com o uso do espéculo. Esse instrumento expande a abertura do introito vaginal, permitindo que o ginecologista possa visualizar as paredes da vagina e o colo do útero.

A candidíase vulvovaginal é uma infecção fúngica que acomete tanto a genitália externa (vulva) quanto a vagina, podendo causar sintomas bastante incômodos para a mulher. Quer saber mais sobre essa condição? Acompanhe nosso post até o fim!

O que é candidíase vulvovaginal?

O termo “candidíase” faz referência ao tipo de fungo que está relacionado ao quadro. Eles pertencem ao gênero Candida. Algumas espécies desse fungo habitam naturalmente o microbioma (“flora microbiana”) da mucosa vulvovaginal, sendo importantes para a proteção do sistema reprodutor feminino. 

Em até 92% dos casos, a candidíase vulvovaginal é causada pela Candida albicans, que faz parte do microbioma vaginal normal, estando presente de forma controlada e sem causar desconforto clínico. Então, o que faz com que esse fungo mude seu comportamento?

Causas da candidíase vulvovaginal

O nosso corpo apresenta alguns mecanismos para controlar o crescimento da Candida albicans, como:

  • pH vaginal – Naturalmente, a vagina apresenta um ambiente mais ácido, ou seja, um pH mais baixo do que o pH da pele;
  • Controle imunológico – o sistema imunológico produz células e moléculas que respondem eficaz e rapidamente à proliferação excessiva da Candida, evitando a permanência de sua proliferação.

A multiplicação excessiva da Candida albicans geralmente está associada a mudanças no pH (nível de acidez) da vagina. Portanto, a candidíase pode surgir quando:

  • O ambiente vaginal se torna menos ácido, isso pode facilitar a proliferação dos microrganismos que vivem nela;
  • O sistema imunológico fica enfraquecido. 

Esses fenômenos podem ocorrer devido a fatores, como:

  • Gravidez: mudanças hormonais e um leve enfraquecimento do sistema imunológico que ocorre naturalmente durante a gravidez;
  • Diabetes mellitus: níveis elevados de açúcar no sangue podem enfraquecer o sistema imunológico;
  • Uso de antibióticos: os antibióticos podem eliminar bactérias benéficas, que liberam substâncias que deixam o pH da vagina mais ácido;
  • Imunossupressão: um sistema imunológico enfraquecido reduz a capacidade do corpo de conter a Candida de forma eficaz;
  • Práticas de higiene podem desestabilizar o pH vaginal, como o uso de duchas vaginais. 

Na tentativa de compensar essa resposta insuficiente de controle da Candida, o sistema induz a inflamação, que, na região vulvovaginal, causa sintomas, como:

  • Coceira;
  • Ardência;
  • Vermelhidão;
  • Dor durante as relações sexuais;
  • Secreção vaginal alterada, geralmente espessa e branca.

Infecções de repetição 

Algumas mulheres desenvolvem uma forma da doença caracterizada pela recorrência das infecções. A candidíase vulvovaginal recorrente é definida por pelo menos quatro episódios de candidíase vulvovaginal por ano. Os mecanismos exatos que levam à candidíase de repetição não estão totalmente compreendidos. Presume-se que essa síndrome seja causada por uma combinação de:

  • Fatores genéticos: algumas mulheres apresentam mutações genéticas hereditárias relacionadas a uma dificuldade imunológica de combater a Candida albicans
  • Fatores de virulência: são mecanismos que deixam os microrganismos mais resistentes. Por exemplo, as espécies de Candida podem formar biofilmes na mucosa vaginal, protegendo-se do sistema imunológico e dos tratamentos antifúngicos;
  • Fatores ambientais: os mais comuns são o uso de imunossupressores e a persistência no uso de duchas vaginais; 
  • Fatores adquiridos: o mais frequente é a diabetes mellitus descontrolada, que, por reduzir a eficiência do sistema imunológico, predispõe a um maior número de infecções. 

Exames e diagnóstico

Quando não é de repetição, a candidíase vulvovaginal é uma condição facilmente diagnosticada e tratada. Geralmente, o diagnóstico é feito por meio de exame físico, no qual podem ser observados sinais inflamatórios que explicamos acima (inchaço, vermelhidão e corrimento característico).

Em alguns casos, pode ser necessária a análise das secreções vaginais para identificar o tipo exato de fungo, a fim de determinar o tratamento mais adequado. Isso é especialmente importante em infecções recorrentes (de repetição), pois há uma alta probabilidade de envolvimento de espécies de Candida não albicans ou de cepas de Candida resistente aos antifúngicos.

O tratamento é indicado apenas quando há manifestação dos sintomas. Em outras palavras, com raras exceções, não é necessário tratar a candidíase assintomática. O plano terapêutico é elaborado de forma individualizada, de acordo com a gravidade e a frequência dos episódios. Ele geralmente consiste no uso de medicamentos antifúngicos tópicos ou orais, que são muito eficazes no combate à infecção. Em casos crônicos, as mulheres podem precisar de tratamento prolongado ou até mesmo de um programa de manutenção. 

Por fim, é fundamental que o tratamento da candidíase vulvovaginal seja acompanhado por um médico e que você siga as instruções dele com cuidado. Afinal, um dos fatores que podem levar à recorrência dos sintomas é o tratamento inadequado.

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