Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

O que é mastite?

A amamentação, embora seja um processo natural e importante para a saúde do bebê e da mãe. Nesse sentido, cada experiência de amamentação é única e, felizmente, muitas dificuldades (como a mastite) que aparecem podem ser superadas com orientação profissional e suporte adequado. Com isso, apesar dos contratempos, muitas mulheres relatam bastante satisfação ao final do processo de amamentação, reconhecendo-a como uma jornada recompensadora.

A amamentação é especialmente difícil nas primeiras semanas após o parto, em especial para mães de primeira viagem. Nos primeiros dias ou semanas, muitas mulheres experimentam dor nos mamilos ou desconforto durante a amamentação. Em alguns casos, pode ocorrer o ingurgitamento mamário, condição em que mamas ficam excessivamente cheias de leite, causando desconforto e dificultando a amamentação.

Caso persista e não seja tratado adequadamente, o ingurgitamento pode levar a problemas como mastite. A mastite é uma inflamação dolorosa da mama, geralmente causada por uma infecção bacteriana. Ela pode ocorrer também fora do contexto da amamentação e em lactantes sem ingurgitamento mamário, mas é menos comum.

A mastite pode ser bastante desconfortável para as mães que estão amamentando, mas geralmente pode ser tratada com sucesso por um médico. Por esse motivo, o acompanhamento ginecológico-obstétrico durante o puerpério e a amamentação é tão importante.

Quer saber mais sobre o que é a mastite, seus sintomas, como preveni-la e tratá-la? Acompanhe até o final!

O que é mastite?

A mastite é a inflamação das mamas, um problema comum que afeta principalmente mulheres que estão amamentando, durante o puerpério. No entanto, também pode ocorrer em mulheres que não estão amamentando e até mesmo em homens.

Causas da mastite

A principal causa da mastite é o acúmulo de leite nos ductos mamários, o que facilita a proliferação bacteriana. O ingurgitamento mamário pode ocorrer por diversos fatores, como:

  • Mamadas espaçadas ou irregulares;
  • Pega incorreta do bebê ao seio;
  • Fissuras mamárias, as quais também aumentam o risco de mastite;
  • Compressão dos seios por roupas apertadas.

Em alguns casos, o acúmulo de leite pode levar à proliferação de bactérias nos ductos mamários, causando a mastite infecciosa. As bactérias podem entrar pelas fissuras nos mamilos ou pelos ductos mamários. O uso de bombas tira-leite e conchas também são fatores de risco para mastite, pois esses objetos podem ser facilmente colonizados por bactérias.

Os principais microrganismos envolvidos nesse tipo de infecção são o Staphylococcus aureus e o Staphylococcus epidermidis, os quais estão presentes na flora microbiana da pele da maioria das mulheres.

Sintomas da mastite

Os principais sintomas de mastite são:

  • Dor na mama: é o principal sintoma da mastite, usualmente ocorre em apenas uma mama, descrita como uma sensação de queimação que piora com o toque e a amamentação;
  • Sinais inflamatórios: a mama afetada pode ficar inchada, quente ao toque e apresentar vermelhidão;
  • Febre e calafrios: em casos de mastite infecciosa, a mulher pode apresentar febre, calafrios, mal-estar e fadiga;
  • Alterações no leite materno: o leite materno pode apresentar grumos, espessamento ou coloração amarelada ou avermelhada.

A dor da mastite, comprometendo a capacidade de a mulher amamentar. Por esse motivo, precisa ser tratada rapidamente e com bastante atenção para não comprometer a experiência da mulher com a amamentação.

Diagnóstico da mastite

Em geral, o diagnóstico é clínico, isto é, com base nos sinais e sintomas da paciente identificados durante o exame médico. O médico começará avaliando os sintomas relatados pelo paciente, como dor, vermelhidão, inchaço e febre. Um exame físico cuidadoso da mama afetada será realizado para verificar sinais de inflamação, como calor e sensibilidade.

Tratamento da mastite

Se a mastite for causada por uma infecção bacteriana, o tratamento principal é o uso de antibióticos. O médico prescreverá um antibiótico adequado com base na suspeita clínica e nos resultados dos exames. É essencial completar o curso completo de antibióticos conforme prescrito pelo médico, mesmo que os sintomas melhorem antes do término do tratamento.

Caso o tratamento inicial não tenha o efeito desejado, podem ser requisitados outros exames, como:

  • Ultrassonografia para avaliar a presença de complicações, como o abscesso mamário;
  • Cultura de secreção mamilar com antibiograma para identificar se a infecção é causada por bactérias resistentes aos antibióticos usados no tratamento usual.

Por que amamentar é tão importante?

Se a mastite ocorrer durante a amamentação, é fundamental continuar amamentando na mama não afetada para prevenir o ingurgitamento dela. A mama afetada pode ser ordenhada regularmente para esvaziá-la e evitar complicações maiores. Isso também ajuda na recuperação. Para aliviar a dor, você pode aplicar compressas no local conforme indicado pelo médico. O uso de analgésicos deve ser feito sob orientação médica.

Continuar a amamentar, quando possível, é importantíssimo. Afinal, por meio do leite materno, a mãe oferece ao seu filho o alimento ideal para seu desenvolvimento físico, emocional e intelectual:

  • Nutrição completa: o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento do bebê nos primeiros seis meses de vida;
  • Fortalecimento do sistema imunológico: o leite materno é rico em anticorpos, células de defesa e outras substâncias que protegem o bebê contra infecções respiratórias, intestinais e até mesmo otite (infecção de ouvido);
  • Desenvolvimento da inteligência: o leite materno contém nutrientes importantes para o neurodesenvolvimento do bebê, como ácidos graxos ômega-3 e colina, que contribuem para a cognição, memória e aprendizado;
  • Formação de um vínculo afetivo único: a amamentação promove o contato pele a pele entre mãe e bebê, fortalecendo o vínculo afetivo entre eles.

Para a mãe, alguns benefícios são:

  • Recuperação pós-parto: a amamentação ajuda na involução do útero, diminuindo o risco de sangramento e acelera a recuperação da mãe;
  • Efeitos contraceptivos: a amamentação reduz o risco de uma nova gestação nos primeiros seis meses de lactação;
  • Redução do risco de ingurgitamento mamário: a maioria das mães que não amamentam continuam produzindo leite. Se esse leite não é liberado, ele se acumula nas mamas, aumentando o risco de ingurgitamento, o qual pode evoluir para a mastite.

Portanto, é importante procurar atendimento médico assim que os sintomas de mastite surgirem para receber um diagnóstico adequado e iniciar o tratamento precocemente. Isso geralmente resulta em uma recuperação mais rápida e completa da mastite.

Assim, você pode voltar a amamentar normalmente. Caso se sinta insegura para esse retorno, converse com seu médico para que ele a acolha e dê orientações para ajudá-la durante as mamadas.

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Dilatação: importância para o parto normal humanizado

O colo do útero é a parte inferior do útero que se projeta na vagina. Ele tem formato cilíndrico com cerca de 3 a 5 cm de comprimento e de 2,5 cm de diâmetro. No centro do colo do útero, encontramos o canal cervical, o qual conecta a cavidade uterina à vagina. Durante o parto normal, esse canal cervical se dilata para permitir a passagem do bebê.

A dilatação do colo do útero é um fenômeno fundamental no trabalho de parto, sendo medida constantemente pelos obstetras para identificar a evolução do parto. Nesse sentido, compreender esse processo é importante para as futuras mães se prepararem para o parto. Afinal, dentro dos princípios do parto humanizado, o protagonismo da mulher é muito valorizado e o conhecimento correto é uma parte fundamental desse objetivo.

Nesse sentido, a dilatação do colo do útero é um dos dados que uma gestante vai ouvir mais frequentemente durante o trabalho de parto normal. Ao entendê-la, podemos empoderar você a tomar decisões mais seguras a respeito do próprio parto. Além disso, saber o que está acontecendo no próprio corpo e entender a linguagem médica reduz medos e dúvidas, proporcionando uma experiência mais tranquila.

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O que é dilatação?

A dilatação é o aumento gradual do diâmetro do canal do colo uterino. O processo de dilatação do colo do útero é avaliado de acordo com três fases distintas do parto, cada uma com suas características e duração:

Fase latente

Marcada por contrações irregulares e leves, como cólicas menstruais. O colo do útero começa a se amolecer e afinar, um processo conhecido como “apagamento cervical”. Esse processo é mais comum em mães de primeira viagem (primíparas) e pode não ocorrer em mulheres que já tiveram outros partos (multíparas). Ao final da fase latente, a dilatação inicial geralmente é de 1 a 3 cm. Esse processo tem duração variável, podendo durar algumas horas ou até dias.

Fase ativa

As contrações se tornam mais intensas, frequentes e regulares, geralmente a cada 3 a 5 minutos. Com isso, estima-se que a dilatação aumenta de 1 a 2 centímetros a cada hora da fase ativa do parto. Isso estimula o colo do útero a se dilatar de forma rápida e progressiva, atingindo de 3 a 10 cm no final do processo. A duração média é de 4 a 6 horas em primíparas (primeiro parto) e 2 a 3 horas em multíparas (partos subsequentes).

Nesse período, é muito comum você ouvir a equipe obstétrica falar sobre o tamanho da dilatação do colo, visto que esse é um parâmetro muito importante. Em geral, isso não significa nenhum problema durante o parto.

Fase expulsiva

Com o colo do útero totalmente dilatado (10 cm), a mulher entra na fase expulsiva do parto. As contrações assumem um novo padrão, com a mulher sentindo a necessidade de empurrar o bebê para fora.

A duração dessa fase varia, mas geralmente dura até 3 horas em primíparas e 1 hora em multíparas. Nessa fase, a mulher recebe orientação da equipe obstétrica sobre as técnicas de empurrão e de respiração mais adequadas. Desse modo, você poderá fazer um esforço mais eficaz, reduzindo o risco de esgotamento durante o processo.

Essa fase pode ser acompanhada de bastante desconforto para algumas gestantes. Por isso, dentro dos princípios do parto humanizado, buscamos deixá-la o mais confortável possível tanto física quanto emocionalmente.

Assim, a mulher pode utilizar diversas técnicas para aliviar a dor, como banho morto, bolo suíça, exercícios pélvicos e técnicas de respiração profunda. Caso deseje, também pode receber uma analgesia apropriada para o parto. O apoio da equipe obstétrica e de familiares também é fundamental para encorajar e tranquilizar a mulher.

Dilatação no parto induzido humanizado

Existem dois marcos principais de dilatação que os obstetras observam no parto normal:

  • Colo uterino com dilatação de mais de 4 centímetros (maior do que duas polpas digitais), que é um dos sinais que indica a fase ativa do parto;
  • Um colo uterino com dilatação de aproximadamente 10 centímetros, que ajuda a indicar o início da fase expulsiva do parto.

Em alguns casos, a mulher não atinge esses marcos espontaneamente no momento adequado, o que pode causar sofrimento fetal ou esgotamento materno. Então, podem ser necessárias intervenções médicas.

Um princípio fundamental do parto humanizado é o uso das melhores evidências científicas, que devem ser individualizadas para cada gestante. Portanto, essas intervenções serão realizadas quando houver evidências de que o procedimento oferece mais benefícios do que riscos, sendo necessário para a evolução saudável do parto. Para isso, podem ser utilizadas medicações indutoras do parto, como a ocitocina.

Dilatação na cesariana

Na maior parte dos casos, a cesariana é realizada de forma eletiva sem que a mulher tenha entrado em trabalho de parto. Nesse sentido, o colo uterino não está dilatado no momento do parto. Contudo, existem as cesarianas intraparto, quando elas acontecem durante um trabalho de parto desfavorável e ocorre a necessidade do desfecho cirúrgico. Ainda assim, o parto deve seguir todos os princípios da humanização.

A dilatação no parto humanizado

O parto humanizado é uma abordagem centrada na mulher e em suas necessidades emocionais, físicas e sociais durante o trabalho de parto. Os princípios fundamentais do parto humanizado incluem:

  • Protagonismo da mulher: o respeito à autonomia da mulher, possibilitando que ela tome decisões informadas e participe ativamente do processo de parto;
  • Individualização biopsicossocial: promove o cuidado personalizado e individualizado, garantindo que a mulher seja tratada com dignidade e respeito por todo o pessoal envolvido no parto;
  • Obstetrícia baseada em evidências científicas: o parto humanizado também valoriza a redução de intervenções desnecessárias, utilizando procedimentos com indicações baseadas nas melhores evidências científicas.

Várias decisões médicas durante o parto são individualizadas de acordo com a dilatação e evolução que a gestante apresenta. Portanto, saber o que cada etapa significa pode ajudar você a ter mais tranquilidade e autonomia durante o trabalho de parto. Assim, é possível ter uma experiência mais positiva, contribuindo para o bem-estar tanto de você quanto do bebê, o que representa o grande objetivo do parto humanizado.

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Colo do útero: saiba mais sobre o que acontece durante a gestação

O colo do útero é uma estrutura muscular em forma de tubo que conecta o útero à vagina. Ele está localizado na parte inferior do útero, na extremidade superior da vagina. Em mulheres não grávidas, o colo do útero tem cerca de 2,5 a 3 cm de comprimento com superfície lisa e consistência firme.

Ele serve como um canal de passagem para o esperma durante a relação sexual e para o bebê durante o parto. Além disso, o colo do útero produz muco que atua como uma barreira de proteção contra infecções.

Esse muco pode ser mais ou menos espesso, dependendo da fase do ciclo menstrual. Quando está mais espesso, ele oferece proteção contra gestações. Durante a ovulação, o muco cervical se torna mais fino e elástico para facilitar a passagem dos espermatozoides em direção ao útero.

Por sua vez, durante a gravidez, o colo do útero permanece fechado para manter o feto no útero até o momento do parto. Ele também produz um tampão de muco que protege o ambiente intrauterino de infecções. Já no trabalho de parto, o colo do útero se dilata para permitir a passagem do bebê através do canal vaginal.

Quer saber sobre as mudanças pelas quais o colo do útero antes, durante e depois da gestação? Acompanhe até o final!

Mudanças no colo uterino ao longo da gestação

O colo do útero também se torna mais macio e flexível, perdendo a consistência firme que tinha antes da gravidez. Com a gestação, ele começa a amolecer, o que é resultado da reabsorção do colágeno, proteína que dá firmeza aos tecidos. Inclusive, um dos sinais que podem ajudar a diagnosticar uma gestação é o amolecimento do colo do útero, que fica com uma consistência parecida à dos lábios ao toque vaginal. Essa alteração é chamada de “regra de Goodell”.

O colo também passa por um processo de afinamento e encurtamento devido ao peso do bebê. Essa mudança é sutil no início da gravidez, mas se torna mais evidente à medida que as semanas de gestação passam.

Formação do tampão mucoso — Nas primeiras semanas de gravidez, um tampão mucoso se forma no canal cervical, bloqueando a entrada do útero. Esse tampão é composto por muco e células, e sua função principal é proteger o bebê de infecções.

O tampão mucoso geralmente é espesso e pegajoso, podendo apresentar uma coloração esbranquiçada ou levemente amarelada. Ele permanece no colo do útero durante a maior parte da gravidez. Ele geralmente apenas se desprende perto do parto, o que pode ser um sinal de que o trabalho de parto está começando.

Transformações do colo uterino em cada semestre de gestação

No primeiro trimestre de gestação, o colo uterino apresenta um tamanho entre 3 e 5 centímetros. No segundo trimestre, ele sofre uma pequena encurtada devido à pressão exercida pelo peso do bebê. Contudo, considera-se o colo curto quando mede menos do que 2,5 centímetros na ultrassonografia obstétrica do segundo trimestre. Nessa situação, pode ser necessária alguma intervenção médica para evitar partos prematuros ou perdas gestacionais.

No terceiro trimestre, à medida que o parto se aproxima, o comprimento do colo diminui até que não seja possível diferenciar o orifício interno do orifício externo. Esse fenômeno é conhecido como o apagamento cervical. É mais pronunciado em mulheres primíparas (nunca tiveram um parto), preparando-o para o parto. Essa mudança, contudo, é menos evidente em multíparas (mulheres que passaram por mais de um parto).

As mudanças do colo uterino durante o trabalho de parto

Enquanto o apagamento é a mudança no comprimento do colo do útero, a dilatação é o processo de abertura do colo do útero durante o trabalho de parto, sendo geralmente precedida pela perda do tampão mucoso. Ela é causada pelas contrações uterinas, que pressionam o colo do útero contra as paredes da vagina.

À medida que a fase ativa do trabalho de parto se inicia, o colo do útero começa se dilatar em um ritmo aproximado de 1 a 2 centímetros por hora, em média. No entanto, até 50% das mulheres podem passar por uma dilatação mais lenta.

Portanto, o processo de dilatação tende a ser lento e gradual, levando várias horas. A fase expulsiva do trabalho de parto geralmente ocorre quando a dilatação cervical atinge cerca de 10 cm. Com isso, há espaço suficiente para que o bebê para que o bebê possa nascer. Quando esse processo não ocorre espontaneamente, pode ser necessário induzir a dilatação.

Pós-parto e novas gestações

No pós-parto, o colo do útero passa por uma série de mudanças para voltar ao seu estado pré-gravidez. Esse processo é influenciado pela involução uterina, que geralmente leva de 6 a 8 semanas para ser concluído. As principais alterações que ocorrem no puerpério são:

  • Diminuição do tamanho: logo após a última fase do trabalho de parto (dequitação), o colo do útero começa a se contrair e diminuir de tamanho. No entanto, o fechamento completo ocorre gradualmente nos dias seguintes ao parto, podendo demorar algumas semanas para ser concluído;
  • Retorno à consistência pré-gravidez: ele se torna mais firme à medida que o processo de involução avança.

Essas mudanças são parte importante do processo de recuperação pós-parto. Por isso, o exame do colo uterino é uma medida importante nas consultas de puerpério.

Portanto, o colo do útero recupera grande parte de suas características pré-gravídicas no pós-parto. Com os cuidados adequados, a maioria das mulheres se recupera completamente e não apresenta nenhum problema a longo prazo.

A maioria das alterações mais prolongadas é benigna. Por exemplo, a cada parto normal que uma mulher tem, as chances de um apagamento e uma dilatação mais rápida aumentam (mas isso não é uma regra).

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O que é core abdominal?

O core abdominal é um conjunto de músculos que ajudam na sustentação e na estabilidade das estruturas que fazem parte do abdômen. A maior parte desses músculos forma a parede abdominal. Outra parte forma a base de sustentação da pelve, o assoalho pélvico. Em conjunto, eles apresentam as seguintes funções:

  • Estabilização do corpo: o centro de gravidade do corpo geralmente está no abdômen. Então, os músculos do core se movem para nos ajudar a equilibrar em movimentos;
  • Manutenção de uma postura ereta e estável;
  • Transferência de força entre os membros inferiores e superiores: isso é necessário em atividades, como levantar um objeto do chão;
  • Suporte da coluna: uma parte significativa dos músculos do core abdominal se insere na coluna. O tônus deles ajuda a estabilizar a coluna.

Nesse sentido, os músculos do core abdominal são fundamentais durante a gestação e o parto, pois ajudam o corpo da mulher a se adaptar ao peso crescente do bebê em desenvolvimento. Quer saber mais sobre o tema

O que é core abdominal?

O core abdominal é um conjunto de músculos que formam a parede e a base do abdômen:

  • Transverso abdominal: é o músculo mais profundo do abdômen. Ele se fixa nos ossos que delimitam o abdômen. Posteriormente, fixa-se na coluna vertebral. Superiormente, fixa-se nas costelas. Inferiormente, fixa-se na pelve. Com isso, pode ser considerado como um “espartilho” interno, sendo responsável por comprimir os órgãos internos e estabilizar a coluna vertebral;
  • Oblíquos abdominais internos: estão localizados nas laterais do abdômen. No lado direito, origina-se na crista ilíaca, ligamento inguinal e fáscia toracolombar. No lado esquerdo, origina-se na crista ilíaca, fáscia toracolombar e os três quartos superiores da crista ilíaca. Suas principais funções estão relacionadas a flexionar, girar e estabilizar o tronco;
  • Oblíquos abdominais externos: o músculo oblíquo externo tem origem nas costelas inferiores e na fáscia toracolombar. Atuam em movimentos, como flexão lateral do tronco e rotação do tronco para o lado oposto;
  • Reto abdominal: o reto abdominal é o responsável pela forma conhecida popularmente como “tanquinho”. Ele é o principal músculo que realiza a flexão do tronco. Apesar de estar na face oposta à coluna vertebral, é um dos músculos mais importantes para estabilizá-la. Quando estão enfraquecidos, fazem com que a coluna torácica se projete para frequente e a coluna lombar se retifique;
  • Quadrado lombar: é um músculo mais interno, estando localizado na face posterior do abdômen. Ele se inicia na última costela e se prolonga até a crista ilíaca (borda superior da pelve). O quadrado lombar atua principalmente na estabilização da coluna lombar durante atividades que envolvem movimentos do tronco, como inclinação lateral e extensão.

A porção interior do core abdominal é composta pelos músculos do assoalho pélvico, que sustentam os órgãos pélvicos e ajudam a controlar a continência urinária e a continência fecal. Os principais músculos do assoalho pélvico são:

  • Isquiocavernosos: são músculos localizados na região do períneo. São responsáveis por ajudar a manter a ereção do clitóris;
  • Bulbocavernosos: Os músculos bulbocavernosos estão localizados no períneo. Contrair os bulbocavernosos ajuda a aumentar a pressão no corpo esponjoso do clitóris, além de auxiliar na ereção e na expulsão de urina;
  • Transversos Superficial e Profundo do Períneo: o transverso superficial está localizado mais superficialmente, enquanto o transverso profundo está mais profundamente no períneo. Esses músculos auxiliam na sustentação dos órgãos pélvicos e participam no controle da micção e defecação;
  • Esfíncter Anal Externo: O esfíncter anal externo é um músculo localizado ao redor do ânus, sendo responsável por controlar a abertura do ânus e permitir o controle voluntário da defecação.

Core abdominal e gestação

O corpo feminino passa por diversas modificações fisiológicas durante a gestação, e os músculos do core abdominal não são exceção. Essas alterações são causadas por processos, como:

  • Aumento Uterino: o crescimento gradual do útero para abrigar o feto aumenta a pressão sobre os órgãos abdominais, incluindo os músculos do core. Isso pode levar ao estiramento muscular, especialmente à medida que a gravidez avança. Essa pressão pode resultar na diástase dos retos abdominais, caracterizada pela separação desses músculos na região da linha média do abdômen. Os músculos do assoalho pélvico também podem ser afetados, aumentando as chances de sintomas, como a incontinência urinária;
  • Postura alterada: o aumento da proeminência abdominal e o deslocamento do centro de gravidade da mulher grávida podem levar a alterações posturais, como lordose (excessiva curvatura da coluna lombar) e cifose (excessiva curvatura da coluna torácica). Essas alterações posturais podem tensionar os músculos do core e aumentar o risco de lombalgia;
  • Aumento do Peso: O ganho ponderal durante a gestação impõe sobrecarga adicional aos músculos do core, exigindo maior força e resistência para manter a estabilidade do tronco.

Parto

O parto, seja normal seja cesárea, representa um grande desafio físico para o corpo da mulher. Durante o processo, os músculos do core são intensamente solicitados, podendo sofrer estiramentos, lacerações e enfraquecimento. Assim, após o parto, os músculos abdominais podem levar algum tempo para se recuperar do estiramento. Por isso, podem ser indicados exercícios específicos de fortalecimento do core abdominal, especialmente para pacientes sintomáticas.

Como fortalecer os músculos do core abdominal?

Os principais exercícios utilizados para o fortalecimento do core abdominal durante a gestação são:

  • Exercícios de fortalecimento da parede abdominal: são exercícios abdominais adaptados, como pranchas, levantamentos laterais de pernas e inclinações pélvicas. Contudo, não são como os exercícios feitos normalmente na academia. Eles são adaptados para mulheres grávidas. Então, são realizados com a coluna em posição neutra, isto é, sem arquear ou estender excessivamente as costas. Também não envolvem um aumento significativo da pressão abdominal;
  • Exercícios de Kegel: são exercícios específicos para que envolvem a contração e o relaxamento dos músculos do assoalho pélvico, que, por serem mais internos, são mais difíceis de mobilizar em exercícios comuns.

Esses exercícios podem também ser praticados durante o puerpério para potencializar a recuperação dos músculos do core abdominal no pós-parto.

Fortalecer os músculos do core abdominal durante e após a gestação pode ajudá-la a lidar melhor com as mudanças do corpo, aliviar dores nas costas, melhorar a postura, preparar-se para o parto e evitar algumas complicações pós-parto (como a diástase abdominal e o prolapso genital).

Esses exercícios sempre devem ser indicados e supervisionados por um médico ou um obstetra de forma individualizada para cada mulher. Portanto, fazê-los por conta própria pode trazer malefícios em vez de benefícios.

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Gravidez: é obrigatória a suplementação de ferro?

Garantir uma ingestão adequada de ferro por meio da dieta é essencial para manter a saúde e o bem-estar do corpo humano, especialmente durante o desenvolvimento fetal. Por isso, frequentemente é necessária a suplementação do ferro na gravidez.

Afinal, ele é um componente fundamental da hemoglobina, uma proteína presente nos glóbulos vermelhos do sangue. A hemoglobina se liga ao oxigênio nos pulmões e o transporta para os tecidos do corpo, onde é necessário para produzir energia. Sem ferro suficiente, a capacidade do sangue de transportar oxigênio é comprometida, levando à anemia.

O ferro também é um componente essencial de outras proteínas e enzimas envolvidas em várias reações metabólicas no corpo. Essas proteínas e enzimas desempenham papéis vitais no metabolismo energético, na produção de DNA e na função imunológica.

Devido ao crescimento e desenvolvimento acelerado de uma nova vida dentro do corpo da mulher, a demanda de ferro cresce bastante. Quer saber mais sobre a suplementação de ferro? Acompanhe até o final!

Por que a necessidade de ferro aumenta na gestação?

O ferro é imprescindível durante a gestação devido ao aumento da demanda por esse mineral a fim de para sustentar o desenvolvimento saudável do feto e para atender às necessidades da mãe.

Produção de hemoglobina

Durante a gravidez, o volume sanguíneo da mulher aumenta para fornecer oxigênio e nutrientes ao feto em crescimento, o que requer uma maior produção de glóbulos vermelhos. O volume de sangue da mulher aumenta em até 50%, e o ferro é necessário para a produção de mais hemoglobina, a fim de garantir o transporte adequado de oxigênio para a mãe e para o bebê em desenvolvimento.

Desenvolvimento fetal

Por estar envolvido na multiplicação celular, o ferro é essencial para a formação dos órgãos, tecidos e ossos do feto, além de contribuir para a produção de glóbulos vermelhos do próprio bebê.

 

Desenvolvimento neurológico

O ferro é essencial para o desenvolvimento cerebral e neurológico do bebê, sendo necessário para a produção de mielina, uma substância que reveste os nervos. A carência de ferro no desenvolvimento fetal pode aumentar o risco de déficits motores e cognitivos nos primeiros anos de vida do bebê.

Prevenção de complicações gestacionais

A deficiência de ferro durante a gravidez pode resultar em complicações sérias, como parto prematuro, baixo peso ao nascer e aumento do risco de mortalidade materna e infantil.

Reserva para o Parto e Amamentação

Devido à importância do ferro, o nosso organismo tem diversos mecanismos para armazená-lo. Durante o parto, as reservas de ferro do corpo da mãe podem ser utilizadas. Caso a paciente não ingira uma quantidade adequada de ferro durante a amamentação e as reservas estejam baixas, o bebê pode sofrer com carência de ferro, pois o leite materno é frequentemente seu único alimento.

A suplementação de ferro é obrigatória?

A suplementação de ferro durante a gestação não é obrigatória, mas é fortemente recomendada pelas principais autoridades de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde do Brasil e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

A suplementação de ferro pode ser feita com diferentes finalidades durante a gestação:

  • Suplementação profilática geral (preventiva), isto é, para todas as mulheres saudáveis com ou sem risco para anemia;
  • Suplementação profilática para mulheres com risco aumentado de anemia (preventiva);
  • Suplementação terapêutica, indicada como tratamento para mulheres com anemia diagnosticada.

Nesse sentido, todas as gestantes, mesmo sem anemia, podem receber a indicação de suplementação oral de ferro elementar, iniciando o mais precocemente possível, preferencialmente no primeiro trimestre. A suplementação oral pode ser mantida por até 3 meses após o parto (ou aborto) para repor as reservas de ferro da mulher. Gestantes com anemia ferropriva podem precisar de doses maiores de ferro ou de outras formas de suplementação, como ferro intravenoso.

 

Suplementação de ferro nos primeiros anos de vida da criança

A suplementação profilática também está indicada para todas as crianças nos primeiros anos de vida. Para bebês nascidos a termo, em aleitamento materno exclusivo e sem risco de anemia, indica-se a suplementação a partir do 6º mês de vida até os 2 anos de idade. Para bebês com fatores de risco de anemia, as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria são:

Situação Recomendação
Recém-nascidos a termo, peso adequado para a idade gestacional, em aleitamento materno exclusivo Suplementação de ferro a partir dos 3 meses de vida até o bebê completar 2 anos de idade
Recém-nascidos a termo, peso adequado para a idade gestacional, independentemente do tipo de alimentação Suplementação de ferro a partir dos 3 meses de vida até o bebê completar 2 anos de idade
Recém-nascidos a termo com peso inferior a 2.500 g. Suplementação de ferro a partir de 1 mês de vida até o bebê completar 2 anos de idade.

 

Portanto, a suplementação de ferro é uma medida importantíssima para a prevenção e o tratamento da anemia ferropriva na mãe e no feto. O fato de ela não ser obrigatória não reduz sua importância. Siga sempre as recomendações do seu obstetra para garantir a sua saúde e a de seu bebê.

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Analgesia no parto normal: como é feita?

A analgesia no parto normal (controle da dor) é um tema muito relevante, visto que muitas mulheres têm medo de sentir dor durante o trabalho de parto. Ela ainda é confundida com a anestesia, que é uma das formas de controlar a dor. A anestesia se refere à perda total ou parcial da transmissão nervosa da dor, o que pode afetar sensações dolorosas, táteis, térmicas e proprioceptivas.

Ela pode envolver o uso de agentes anestésicos locais, regionais ou gerais. Os anestésicos locais são aplicados apenas na região onde se sente a dor, bloqueando todas as sensações. As regionais são aplicadas dentro da coluna vertebral e reduzem a sensibilidade de todo um segmento do corpo, como os membros inferiores. A anestesia geral age no sistema nervoso central, geralmente levando a pessoa a um estado de inconsciência. No parto, quando anestésicos são utilizados, eles são regionais.

A analgesia, por sua vez, refere-se especificamente ao controle específico da dor. Uma das estratégias de analgesia é a aplicação de anestésicos. Contudo, há outras técnicas de analgesia, e a analgesia não necessariamente envolve a perda de outras sensações além da dor. Isso é muito importante no contexto do parto normal, pois é importante que a mulher mantenha a sensibilidade. Quer saber mais sobre a analgesia no parto normal? Acompanhe até o final!

O que é parto normal humanizado?

O parto normal humanizado é o parto realizado através do canal vaginal, seguindo os seguintes princípios:

  • Protagonismo da mulher: a mulher é vista como a protagonista do seu próprio parto. Ela é encorajada a participar ativamente das decisões relacionadas ao seu cuidado, tendo voz e autonomia para escolher as melhores opções para si e para seu bebê. Nesse sentido, sempre que possível, é ela que escolhe a posição de parto, o método de analgesia (se desejar), a presença de acompanhante na sala de parto, entre outros pontos;
  • Individualização biopsicossocial: reconhece-se que cada mulher é única e possui suas próprias necessidades físicas, emocionais, sociais e culturais. Portanto, o cuidado durante o parto é personalizado, levando em consideração não apenas aspectos médicos, mas também o contexto global da mulher. Com base no suporte médico individualizado, a mulher elabora um plano de parto que reflita suas preferências e prioridades, que serve como guia para a equipe médica durante o trabalho de parto, assegurando o respeito aos seus desejos;
  • Técnicas baseadas em evidências científicas: o parto normal humanizado busca utilizar práticas baseadas em evidências científicas, priorizando intervenções que são comprovadamente seguras e benéficas para a saúde da mãe e do bebê. Isso envolve evitar intervenções desnecessárias, respeitando o processo fisiológico e natural do parto sempre que possível.

Nesse sentido, no parto normal humanizado, uma das decisões que a gestante pode tomar é em relação às técnicas de controle da dor.

Como é feita a analgesia no parto normal?

Dentro dos princípios do parto humanizado, as preferências da mulher são sempre consideradas nas decisões do parto. Então, você pode escolher, por exemplo, se deseja ou não utilizar a anestesia durante o parto.

No entanto, a escolha do tipo de analgesia no parto normal é mais complexa, envolvendo uma equipe com obstetras, neonatologistas e anestesistas. Para manter seu protagonismo, a equipe poderá conversar a respeito dos tipos de anestesia, citando os riscos e os benefícios de cada um deles.

Depois de acolher suas preferências, o tipo de anestesia utilizado dependerá também de outros fatores, como da avaliação clínica da equipe médica e da disponibilidade de recursos no local do parto. Ou seja, no parto normal considerado humanizado, busca-se sempre um equilíbrio entre o protagonismo da mulher e a segurança maternofetal. Veja, a seguir, as opções:

Anestesia

Os principais tipos de anestesia utilizados na obstetrícia são:

  • Raquianestesia: a raquianestesia envolve a administração de anestésicos diretamente no líquido cefalorraquidiano (espaço subaracnóideo) da coluna vertebral, resultando em um bloqueio mais rápido e eficaz da dor. No entanto, a raquianestesia isolada é mais comumente usada para cesarianas, pois causa um bloqueio maior da sensibilidade;
  • Epidural: a analgesia epidural é uma técnica amplamente utilizada para alívio da dor durante o trabalho de parto. Envolve a inserção de um cateter na região epidural, que fica fora da membrana que envolve a medula espinhal. A aplicação de um anestésico nessa região bloqueia a transmissão das sensações de dor da região da pelve. No entanto, pode estar associada a efeitos colaterais, como o enfraquecimento das contrações uterinas, o que pode prolongar o trabalho de parto em algumas situações;
  • Duplo bloqueio (o mais indicado na atualidade): após a aplicação de uma raquianestesia com doses menores de anestésicos, um cateter epidural é inserido na mesma região e usado para administrar doses adicionais de anestésico conforme necessário para manter o alívio da dor ao longo do trabalho de parto. Além disso, pode permitir uma redução da dose total de anestésico local necessária, potencialmente diminuindo o risco de efeitos colaterais. Entre seus benefícios, portanto, estão um menor bloqueio motor e uma dilatação mais rápida do colo uterino.

Outras estratégias

  • Respiração diafragmática: essa técnica ajuda a controlar a ansiedade e a reduzir a percepção da dor;
  • Visualização: criar imagens mentais positivas pode auxiliar no relaxamento e no manejo da dor;
  • Caminhar, agachar-se e ajoelhar-se: Facilitam o trabalho de parto e podem aliviar a dor;
  • Bola: auxilia na mudança de posições e no relaxamento muscular;
  • Banho de imersão em água morna: Relaxa os músculos e diminui a percepção da dor.

Além das estratégias não medicamentosas, podem ser empregados também analgésicos endovenosos ou intramusculares para redução da dor.

Portanto, o parto é uma experiência única e transformadora. A escolha da analgesia no parto normal deve ser feita de forma individualizada, com foco no protagonismo da mulher e nas melhores evidências científicas, pesando os riscos e os benefícios para cada situação.

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Violência obstétrica: quais são as situações que caracterizam essa agressão contra a mulher?

A violência obstétrica é um tema que deve ser sempre discutido. Afinal, é ainda um problema frequente e, em muitos casos, é tão sutil que a paciente pode não o perceber. Suas consequências podem ser graves, resultando em traumas emocionais e memórias negativas. Ela também pode dificultar que a paciente desfrute de um momento tão importante para ela, o nascimento de um filho.

Para combater a violência obstétrica, é preciso humanizar o pré-natal e o parto. Ou seja, é fundamental colocar a mulher no centro da experiência, reconhecendo-a como protagonista. Nesse sentido, ela tem também o direito de que o parto seja feito de acordo com as melhores evidências científicas, considerando também os riscos e os benefícios de cada intervenção de forma individualizada.

Essa mudança de paradigma vai além da medicalização excessiva, valorizando o parto como um processo natural e fisiológico. A mulher é vista como um ser integral, com necessidades físicas, emocionais e sociais, que devem ser respeitadas durante todo o processo.

Com isso, exceto em situações de risco, ela tem autonomia para tomar decisões sobre seu corpo, seu bebê e seu parto. Portanto, a violência obstétrica abrange não apenas lesões físicas, mas também o despeito à autonomia e à saúde psíquica da paciente. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe até o final!

O que é violência obstétrica?

Violência obstétrica é um termo utilizado para descrever situações em que mulheres enfrentam violência física, verbal ou psicológica durante o parto ou o período perinatal. Ela pode ser cometida por qualquer profissional de saúde envolvido na atenção à gestante, como médicos, enfermeiros, técnicos e profissionais da equipe multidisciplinar. Além disso, ela pode incluir práticas médicas abusivas, como procedimentos invasivos desnecessários ou realizados sem o consentimento informado da paciente.

Situações que são caracterizadas como violência

Violência Verbal

A violência verbal ocorre quando a equipe realiza comportamentos, como:

  • Humilhação e xingamentos: a gestante se torna alvo de deboches, comentários desnecessários e tratamento rude, sofrendo constrangimento e desvalorização;
  • Discriminação: comentários negativos a respeito de alguma condição individual da gestante, como cor, sexualidade, classe social, religião, entre outros;
  • Violência moral: comentários negativos sobre a anatomia da gestante, como volume da região íntima e presença de pelos íntimos.

A violência verbal também não ocorre apenas no que é dito, ela também pode acontecer pela ausência de diálogo, fazendo com que a paciente se sinta ignorada pela equipe:

  • Desconsideração das necessidades e desejos: a mulher não é consultada sobre decisões importantes, como a posição para o parto ou o uso de analgesia;
  • Falta de comunicação e informações: a equipe médica não fornece informações claras sobre os procedimentos, gerando insegurança e medo na mulher.

Violência física

Uma das situações mais frequentes de violência física é a realização de procedimentos desnecessários, isto é, sem justificativa médica baseada em evidências médicas consistentes. Isso pode acontecer em intervenções, como:

Uma das bases da ética médica é não causar malefícios, considerando os riscos e os benefícios de cada intervenção.

Assim, a realização de procedimentos pode configurar violência obstétrica quando a equipe obstétrica:

  • Realiza intervenções na ausência de evidências científicas que justificam sua realização;
  • Poderia usar técnicas e meios menos agressivos;
  • Usa o procedimento para acelerar o parto em situações fora de risco ou para reduzir o custo do parto;
  • Realiza a intervenção sem explicar para a gestante o procedimento e como ele é feito;
  • Desconsidera o plano de parto da paciente sem uma justificativa razoável.

Nesse sentido, não é violência obstétrica quando o procedimento é necessário para reverter uma situação de risco iminente para a vida da gestante ou do bebê, além de ter sido realizado com o consentimento informado da gestante e com todo o cuidado necessário para reduzir complicações.

Algumas situações comuns em que a violência física pode ocorrer são:

  • Realização da manobra de Kristeller, pressionando a barriga da mulher contra sua vontade, causando dor intensa e sofrimento. Esse procedimento é considerado uma violência obstétrica em qualquer situação, visto que as evidências científicas não demonstraram nenhum benefício de sua utilização;
  • Realização de cesariana sem o consentimento da mulher, retirando da mulher o seu direito de escolha sobre seu corpo e parto;
  • Realização de episiotomia fora das indicações médicas ou sem a técnica adequada (incisões grandes ou descuidadas).

Violência psicológica

  • Negação do acompanhante de sua escolha, privando-a de apoio emocional durante o parto;
  • Imposição ou sugestão de procedimentos invasivos e desconfortáveis para causar medo ou constrangimento na gestante;
  • Ambiente hostil e frio no hospital, desumanizando a experiência da mulher;
  • Separação de seu bebê logo após o nascimento, sem qualquer explicação ou justificativa.

Violência sexual

  • Toque vaginal sem consentimento, violando a integridade física e sexual da mulher;
  • Realização de procedimentos íntimos sem explicação clara e respeito à sua autonomia;
  • Laqueadura sem consentimento, privando a paciente do direito de decidir sobre sua vida reprodutiva.

A prevenção da violência obstétrica passa pela humanização do parto, fortalecendo o protagonismo das gestantes. As mulheres devem conhecer seus direitos durante a gestação, parto e pós-parto. Isso inclui a realização de um plano de parto pela gestante, um documento com força legal, em que a paciente expressa seus desejos e necessidades. Por força de lei, a equipe médica deve segui-lo a menos que haja riscos justificáveis.

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O que é diástase abdominal?

O abdômen é uma região do corpo humano localizada entre o tórax e a pelve, abrigando diversos órgãos responsáveis pela digestão, pela reprodução humana e pela excreção de substâncias tóxicas. Anatomicamente, o abdômen é sustentado por músculos e faixas de tecido conjuntivo, que trabalham juntos para fornecer suporte, estabilidade e movimento ao tronco.

Os principais músculos do abdômen incluem o reto abdominal, os oblíquos e o transverso do abdômen. A diástase abdominal é uma disfunção que acomete um desses músculos, o reto abdominal.

Durante a gestação, o abdômen materno passa por diversas mudanças significativas para acomodar o crescimento do feto, que causa um aumento progressivo do abdômen, resultando em uma protuberância que se torna mais visível à medida que a gravidez avança.

Na maior parte das mulheres, essas mudanças são passageiras, e os músculos se recuperam após parto. Em outras, porém, pode surgir a diástase abdominal. Quer saber mais sobre ela? Acompanhe até o final!

O que é diástase abdominal?

A diástase abdominal é caracterizada pelo afastamento anormal dos músculos retos do abdômen. A principal função desse músculo é a flexão do tronco, o que significa que ele é responsável por curvar a parte superior do corpo em direção à pelve.

Além disso, o reto abdominal desempenha um papel importante na estabilização da coluna vertebral e na compressão dos órgãos abdominais durante atividades físicas. Portanto, a funcionalidade do músculo reto abdominal é importante para uma postura adequada, a estabilização do tronco e o suporte dos órgãos internos.

Esse músculo, localizado na parte frontal do abdômen, apresenta duas porções simétricas: uma direita e uma esquerda. Elas se unem no centro do abdômen por uma faixa de tecido conjuntivo chamada linha alba. Na diástase, essa linha se enfraquece, e as duas porções do músculo se distanciam, podendo criar uma cavidade na pele da pessoa afetada.

No entanto, ainda não existe um consenso a respeito de qual distância de separação pode ser considerada normal para o músculo reto abdominal. Em geral, contudo, pode-se adotar as seguintes medidas:

  • Uma separação de até uma polpa digital e meia (cerca de 2 cm) pode ser considerada normal para a maioria das pessoas;
  • Uma distância entre 2 e 3 dedos (2 a 3 cm) pode ser considerada diástase leve, especialmente se não causar sintomas;
  • Quando a separação ultrapassa 3 dedos (mais de 3 cm), isso geralmente indica diástase moderada ou grave.

No entanto, mais importante que a medida da distância, é a avaliação das repercussões da diástase abdominal na vida da paciente. Ou seja, se você está sentindo algum sintoma ou complicação, como dor lombar, incontinência urinária e protuberância abdominal.

Causas

As principais causas de diástase abdominal estão relacionadas com o estiramento do músculo reto abdominal e da linha alba, isto é, um alongamento excessivo de suas fibras. Isso pode ocorrer em situações como:

  • Gravidez, que representa a principal causa da diástase abdominal;
  • Obesidade: o excesso de peso abdominal aumenta a pressão intra-abdominal, o que pode esticar o músculo e a linha alba excessivamente. Essa causa tem se tornado cada vez mais comum à medida que a frequência de obesidade aumenta na população brasileira e mundial;
  • Cirurgias abdominais: durante cirurgias abdominais, como a cesariana, pode ser necessário afastar as duas porções do músculo reto abdominal ou fazer uma incisão na linha alba. A maioria das pacientes se recupera sem diástase, mas outras podem apresentar essa complicação;
  • Fraqueza muscular: músculos abdominais fracos podem ser mais propensos a se separar.

Diástase abdominal na gravidez

Durante a gestação, a separação e o relaxamento do músculo reto abdominal ocorrem naturalmente para acomodar o crescimento do útero e do feto. No entanto, após o parto, o organismo materno volta progressivamente para o seu estado anterior à gestação. Assim, o músculo reto abdominal aumenta o seu tônus e as fibras da linha alba se reorganizam. Por esse motivo, grande parte das mulheres não apresenta diástase abdominal após uma gravidez.

Alguns fatores de risco parecem contribuir para que a paciente desenvolva a diástase após a gestação, como:

  • Peso fetal elevado ao nascimento;
  • Gravidez de gêmeos;
  • Realização de uma cesariana;
  • Idade materna elevada;
  • Assoalho pélvico enfraquecido antes da gestação.

Os sintomas da diástase abdominal após a gravidez podem incluir uma protuberância na região abdominal, especialmente durante a contração dos músculos, fraqueza abdominal, dor nas costas e até incontinência urinária.

Recuperação pós-parto

Para reduzir o risco de desenvolver a diástase abdominal pós-parto, a paciente pode realizar exercícios de fortalecimento do reto abdominal e do assoalho pélvico antes de engravidar. Em relação às medidas para a correção da diástase abdominal após o parto, inicialmente, recomenda-se:

  • Realização de exercícios de fortalecimento abdominal após o parto;
  • Perda de peso: apesar de não ter um efeito imediato de reduzir o tamanho da diástase, essa medida pode reduzir seu agravamento e amenizar os impactos funcionais.

Se não houver melhora funcional ou estética com a realização do tratamento conservador, a paciente pode realizar cirurgia de plicatura do músculo reto abdominal. Nesse procedimento, é feita uma sutura para aproximar as porções do músculo.

Caso você suspeite que está com diástase abdominal, procure um obstetra para avaliá-la. O profissional palpará a região abdominal para verificar a presença de uma abertura entre os músculos retos abdominais. Em alguns casos, pode ser necessário realizar exames de imagem, como ultrassom abdominal, para confirmar o diagnóstico. A partir disso, ele poderá indicar um plano terapêutico individualizado adequado para o seu caso.

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Pólipo endometrial: saiba mais sobre o tratamento

Pólipos endometriais são lesões que se formam no endométrio do útero. O endométrio é o tecido que reveste a parede interna do útero, desempenhando um papel fundamental no ciclo menstrual e na fertilidade feminina. Durante o ciclo menstrual, o endométrio passa por mudanças cíclicas em resposta aos hormônios sexuais (principalmente o estrogênio e a progesterona).

Na primeira parte do ciclo menstrual, sob estímulo do estrogênio, as células endometriais se multiplicam rapidamente. Depois da ovulação, sob a ação da progesterona, o endométrio amadurece e passa a produzir substâncias que são essenciais para o desenvolvimento inicial de um futuro embrião. Se a concepção não ocorrer, o endométrio é eliminado durante o período menstrual.

Se a concepção ocorrer, o endométrio desempenha um papel fundamental, pois é nele que o embrião se implanta e desenvolve as primeiras conexões com o organismo da mãe. Se a implantação no endométrio não é bem-sucedida, a gestação não evolui. Quer saber mais sobre os pólipos endometriais e como tratá-los? Acompanhe até o final!

O que é pólipo endometrial?

Diversas condições podem acometer o endométrio, o que causa bastante confusão nas pacientes. O pólipo endometrial é um crescimento anormal e localizado do endométrio. Em outras palavras, apenas uma parte desse tecido se prolifera excessivamente. Portanto, é diferente do que ocorre em outras condições, como:

  • Hiperplasia endometrial: todo endométrio fica mais espesso, e não uma região específica;
  • Adenomiose: além do espessamento de todo o endométrio, as células endometriais passam a invadir o miométrio, a camada intermediária do útero.

É geralmente benigno (não canceroso). Uma paciente pode ter um único ou múltiplos pólipos endometriais, que são variáveis em tamanho, podendo medir de alguns milímetros a vários centímetros. É mais comum em mulheres na pré-menopausa, mas pode ocorrer em qualquer idade.

Sintomas e diagnóstico dos pólipos uterinos

Os principais sintomas dos pólipos endometriais são:

  • Sangramento uterino anormal: sangramento entre as menstruações, sangramento menstrual intenso ou prolongado;
  • Sangramento após a menopausa;
  • Dor pélvica crônica, dismenorreia (cólicas menstruais) e dor durante a relação sexual;
  • Dificuldade em engravidar e abortamento espontâneo.

A investigação inicial envolve uma avaliação ginecológica criteriosa (anamnese e exame físico) e a ultrassonografia transvaginal. Caso lesões sejam identificadas, indica-se a histeroscopia com biópsia das lesões para obter um diagnóstico definitivo.

O tratamento dos pólipos endometriais

O tratamento dos pólipos endometriais depende de diversos fatores, como:

  • Desejo de engravidar: a retirada dos pólipos endometriais aumenta as chances de a paciente engravidar e reduz os riscos de complicações gestacionais. No entanto, como a infertilidade pode ser multifatorial, algumas mulheres que desejam engravidar podem precisar de um tratamento específico para aumentar a fertilidade;
  • Idade da paciente: o tratamento de mulheres assintomáticas em idade reprodutiva geralmente é conservador, isto é, apenas o acompanhamento dos pólipos endometriais e o tratamento dos sintomas. Apesar de pólipos endometriais malignos serem raros, a biópsia é importante para descartar as chances de tumor maligno nas mulheres no pós-menopausa, pois o risco de câncer endometrial é maior nessa fase;
  • Sintomas: se a paciente apresenta sangramento anormal ou outros sintomas, a remoção do pólipo é indicada;
  • Tamanho do pólipo: pólipos endometriais maiores que 1 cm geralmente exigem remoção.

Tratamento expectante

O tratamento expectante é aquele em que nenhuma intervenção é feita para tratar as lesões, que geralmente regridem espontaneamente. Ainda assim, o acompanhamento é fundamental, sendo feito por ultrassonografias periódicas para monitorar o crescimento das lesões. Caso algum comportamento suspeito seja identificado, o tratamento poderá ser indicado.

Tratamento medicamentoso

Em algumas pacientes com sintomas (exceto sangramento uterino anormal e infertilidade), podem ser prescritos medicamentos para ajudar a reduzi-los, como dor pélvica crônica e a dismenorreia.

Tratamento cirúrgico

A remoção dos pólipos endometriais geralmente é realizada por meio de histeroscopia, um procedimento no qual um pequeno instrumento é inserido no útero através da vagina e do colo do útero.

Os pólipos endometriais são removidos usando diferentes meios, como ressecção com cortes ou cauterização. A escolha depende do número e do tamanho dos pólipos endometriais, devendo-se colher algumas lesões inteiras para avaliação de suas características microscópicas (histologia).

Antigamente, utilizava-se a curetagem para o tratamento dos pólipos endometriais. Contudo, devido à ampla disponibilidade da histeroscopia atualmente, a curetagem tem se tornado mais rara, pois apresenta maior taxa de complicações.

O tratamento cirúrgico dos pólipos endometriais está indicado para casos, como:

  • Pacientes com sangramento uterino anormal;
  • Paciente no pós-menopausa;
  • Pacientes com risco elevado de hiperplasia endometrial ou de câncer endometrial;
  • Pacientes com pólipos endometriais maiores do que 1,5 centímetros, com pólipos endometriais prolapsados (que se projetam para dentro do canal cervical) ou com pólipos endometriais múltiplos.

A cirurgia de pólipos endometriais também deve ser considerada em casos de infertilidade, pois podem interferir na implantação do embrião.

A remoção cirúrgica dos pólipos endometriais pode ajudar a restaurar a receptividade normal do endométrio, proporcionando um ambiente mais receptivo para a gravidez. Além disso, a presença de pólipos endometriais pode estar associada a distúrbios hormonais e inflamação local, que também podem afetar a fertilidade.

A cirurgia é recomendada mesmo se a paciente planeja utilizar métodos de reprodução assistida. A remoção dos pólipos endometriais pode não apenas melhorar as chances de concepção natural, mas também aumentar a eficácia dessas técnicas, como a fertilização in vitro (FIV). No entanto, é fundamental que o tratamento seja individualizado e que outras causas potenciais de infertilidade também sejam investigadas e abordadas, em colaboração com profissionais de saúde especializados em fertilidade.

Portanto, o plano terapêutico para os pólipos endometriais, como qualquer conduta médica, deve ser elaborado, considerando os seus fatores individuais e as suas preferências. É importante entender os riscos e os benefícios de cada conduta. Afinal, apesar de a maioria dos pólipos uterinos ser benigna e assintomática, algumas lesões podem ser pré-cancerosas, cancerosas ou impactar a sua funcionalidade.

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Endometriose, anemia e gestação: saiba mais sobre essa relação

O monitoramento da anemia e da endometriose na gestação é importante para garantir a saúde da mãe e do bebê. A anemia, caracterizada pela deficiência de glóbulos vermelhos, pode comprometer o desenvolvimento fetal. Já a endometriose, uma doença caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do útero, pode causar sintomas incômodos e, em alguns casos, complicações na gravidez.

O acompanhamento médico pré-natal permite o acompanhamento e o tratamento adequado de ambas as condições. Por meio das consultas clínicas, dos exames de sangue e de ultrassons, é possível identificar a presença de anemia e endometriose e determinar as medidas terapêuticas mais adequadas para cada caso. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe até o final!

O que é anemia?

Nosso sangue é composto por diversas células, como:

  • as hemácias (glóbulos vermelhos), que transportam oxigênio para os mais diversos tecidos do corpo;
  • os leucócitos (glóbulos brancos), que são nossas células de defesa;
  • as plaquetas (glóbulos amarelos), as quais são responsáveis pela coagulação.

As hemácias são de cor vermelha, pois armazenam hemoglobina, uma proteína que contém ferro e é responsável por transportar oxigênio para os tecidos do corpo. A anemia é caracterizada pela diminuição dos níveis de hemoglobina no sangue. Ela é diagnosticada por meio de um exame de sangue, o hemograma, o qual conta o número de hemácias e mede a concentração de hemoglobina no sangue.

Anemia e seus impactos na gestação

A anemia é uma condição bastante comum na gestação, afetando cerca de 20% das gestantes, mas não deve ser normalizada. Afinal, a condição está associada a diversos riscos gestacionais, como:

Os principais sintomas da anemia na gestação são:

  • Fadiga;
  • Falta de ar;
  • Tontura;
  • Palidez;
  • Dor de cabeça;
  • Falta de concentração;
  • Batimentos cardíacos acelerados;
  • Feto pequeno para a idade gestacional.

Causas de anemia em gestantes

Por ser um problema frequente, uma das ações das consultas de pré-natal é prevenir, investigar e tratar a anemia, aumentando as chances de uma gestação saudável para a mãe e para o bebê. As principais causas da anemia na gestação:

  • Aumento da demanda de ferro: na gestação, o bebê também precisa produzir seus próprios glóbulos vermelhos. Então, para se desenvolver, ele usa os estoques de ferro da mãe;
  • Deficiência de ferro: a causa mais comum, especialmente no segundo e terceiro trimestres, quando a demanda por ferro aumenta;
  • Deficiência de ácido fólico: esse nutriente também é importante para a formação do tubo neural do bebê;
  • Deficiência de vitamina B12;
  • Doenças inflamatórias crônicas.

Anemia e endometriose

Diversas doenças ginecológicas podem causar anemia devido a diferentes motivos:

  • Menstruação abundante — é o mecanismo mais comum de anemia por deficiência de ferro em mulheres em idade fértil, pois, durante o sangramento menstrual, a mulher perde hemácias e ferro. As principais doenças que causam sangramento uterino anormal são os miomas uterinos, a adenomiose e os pólipos uterinos. Quando a menstruação excessiva é a causa da anemia, os níveis de ferro caem nos exames de sangue;
  • Doenças inflamatórias crônicas — a inflamação persistente pode fazer com que os níveis de eritropoetina, um hormônio que estimula a produção de glóbulos vermelhos, caia. Além disso, a inflamação crônica aumenta a hemólise (destruição de glóbulos vermelhos) e reduz o ferro disponível para a produção de hemoglobina. Apesar da anemia, a quantidade de ferro armazenado no corpo pode ser normal ou até mesmo alta, devido à dificuldade do corpo em utilizá-lo para produzir glóbulos vermelhos.

A endometriose é caracterizada pelo crescimento de tecido endometrial fora do útero. Seus principais sintomas são:

  • Dor pélvica crônica;
  • Dismenorreia (cólicas menstruais);
  • Dificuldade para engravidar;
  • Dor durante as relações sexuais;
  • Disfunções urinárias e intestinais.

O sangramento uterino anormal, por sua vez, não é um sintoma frequente na endometriose. Assim, essa doença pode predispor a paciente à anemia devido à inflamação crônica, a qual interfere na produção de glóbulos vermelhos na medula óssea, levando à anemia.

Endometriose, anemia e gestação

Em muitos casos, os sintomas da endometriose podem melhorar durante a gravidez devido às alterações hormonais que ocorrem naturalmente. Ainda assim, os estudos vêm apontando que a inflamação pélvica causada pela endometriose pode estar relacionada ao aumento do risco de complicações gestacionais, como:

  • Abortamento espontâneo;
  • Gravidez ectópica;
  • Parto prematuro;
  • Descolamento prematuro da placenta;
  • Aderências pélvicas, que podem dificultar o parto normal.

Pelo conhecimento científico atual, não é possível determinar se a endometriose pode aumentar o risco de endometriose em gestantes. Portanto, quando a gestante apresenta anemia, vamos investigar as causas mais frequentes primeiramente, como a deficiência nutricional e a presença de focos ocultos de hemorragia.

Por isso, é importante que as mulheres grávidas realizem a investigação da anemia durante o pré-natal para detectar a anemia e outras condições. Além disso, a suplementação de ferro preventiva é indicada para todas as gestantes, independentemente dos resultados do hemograma.

Se diagnosticada, a anemia na gestação geralmente é tratada com doses mais altas de suplementos de ferro e, às vezes, suplementos de ácido fólico ou vitamina B12, conforme necessário. Caso os exames apontem que a anemia possa ser causada por doença crônica, a suplementação de ferro pode ser insuficiente. Quando possível, deve-se tratar essa doença de base.

Porém, o tratamento da endometriose durante a gestação é complexo. Alguns medicamentos para tratar a endometriose podem não ser seguros durante a gestação. Por exemplo, a terapia hormonal e os medicamentos que diminuem os níveis de estrogênio, como os agonistas de GnRH, geralmente não são recomendados durante a gravidez devido ao potencial de efeitos colaterais no feto.

Portanto, em gestações sem complicações, pode ser apenas necessário monitorar os sintomas e a evolução da endometriose e da anemia. Se essas medidas não forem eficazes e os níveis de hemoglobina ficarem muito baixos, uma transfusão de sangue pode ser necessária.

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