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Pré-eclâmpsia: o que fazer nessa situação?

Durante as gestações, o organismo da mulher passa por diversas modificações. Na maior parte dos casos, esse processo é saudável, mas, em algumas mulheres, podem surgir doenças gestacionais. Nesse sentido, a pré-eclâmpsia é uma complicação gestacional grave que requer atenção cuidadosa durante o pré-natal.

Caracterizada pela presença de hipertensão arterial após a 20ª semana de gestação em mulheres previamente normotensas, essa condição é frequentemente acompanhada por proteinúria ou disfunções em órgãos vitais, como os rins e o fígado. O reconhecimento precoce e o controle adequado da pré-eclâmpsia são essenciais para prevenir a progressão para eclâmpsia, uma complicação potencialmente fatal.

Quer saber sobre o tema? Acompanhe até o final!

O que é pré-eclâmpsia?

A pré-eclâmpsia é uma doença gestacional que merece muita atenção durante o pré-natal. Ela é definida como a presença de hipertensão arterial a partir da 20ª semana em mulheres com pressão arterial normal previamente. Essa manifestação deve ser também acompanhada de uma das duas alterações a seguir:

  • Proteinúria, que é o excesso de proteínas na urina;
  • Disfunções de órgãos frequentemente acometidos por níveis elevados de pressão, como os rins e os olhos.

Eclâmpsia

O termo “pré” gera muita dúvida nas gestantes, pois sugere que a pré-eclâmpsia é algo que acontece antes da eclâmpsia. A eclâmpsia é uma complicação grave, em que ocorre uma crise convulsiva generalizada ou coma em gestantes acometidas pela pré-eclâmpsia. Felizmente, ela pode ser prevenida com um tratamento adequado da pré-eclâmpsia.

Causas da pré-eclâmpsia

Nos primeiros dias de vida, o embrião se nutre a partir das substâncias presentes na secreção da cavidade uterina. Contudo, à medida que ele se desenvolve, ele precisa de uma quantidade cada vez maior de nutrientes. Para isso, algumas células (células trofoblásticas) do embrião começam a invadir o endométrio uterino para se ligar à circulação da gestante.

Com isso, surge um órgão embrionário chamado de placenta. A placenta, além de intermediar as trocas entre a circulação materna e a circulação fetal, produz diversos hormônios que estimulam o corpo da mulher a se adaptar para garantir o desenvolvimento do feto. A pré-eclâmpsia surge quando a invasão das células trofoblásticas é insuficiente. Assim, a placenta produz substâncias que aumentam a pressão arterial materna e provocam outras alterações.

Como diagnosticar a pré-eclâmpsia?

A pré-eclâmpsia é uma condição investigada ativamente durante o pré-natal. Ou seja, mesmo que uma gestante não apresente sintomas, fazemos a investigação de sinais e alterações laboratoriais sugestivas de pré-eclâmpsia.

Mulheres sem hipertensão arterial

A principal conduta de rastreio é o monitoramento da pressão arterial em toda a consulta de pré-natal. A hipertensão arterial na gestante é definida como valores de pressão sistólica maior ou igual a 140 mmHg e/ou de pressão diastólica maior ou igual a 90 mmHg. Em linguagem popular, pode-se dizer que seria uma pressão maior do que 14 por 9.

Caso a hipertensão arterial seja identificada, será necessário realizar exames complementares para verificar se é um caso de hipertensão gestacional ou de pré-eclâmpsia. O aumento da quantidade de proteínas na urina é a alteração mais comum, indicando disfunção dos vasos renais. Além disso, são solicitados exames para investigar a função de órgãos-alvo, como:

  • Função hepática (fígado);
  • Função renal;
  • Hemograma com contagem de plaquetas.

Se houver alterações na ausculta dos pulmões ou queixas pulmonares, pode ser também solicitada uma radiografia de tórax. Em todo caso, o bem-estar fetal também deve ser monitorado com uma ultrassonografia obstétrica com ecodoppler.

Mulheres com hipertensão arterial prévia

A pré-eclâmpsia pode ocorrer também em mulheres com hipertensão arterial crônica, isto é, que apresentam níveis elevados de pressão arterial antes da 20ª semana de gestação. Nessa situação, o diagnóstico de pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão arterial crônica é feito quando a proteinúria ou a lesão de órgão-alvo surgem ou pioram após a 20ª semana de gestação.

O que fazer quando diagnosticada com pré-eclâmpsia?

A principal medida é o acompanhamento médico regular. Após o diagnóstico da pré-eclâmpsia, o pré-natal envolverá consultas mais frequentes com o médico que acompanha o pré-natal. Assim, poderão ser feitos um monitoramento mais próximo da pressão arterial e a realização de exames periódicos para avaliar lesões de órgão-alvo. Outras medidas são indicadas de forma individualizada, considerando a avaliação detalhada de cada gestante.

Anti-hipertensivos

São medicações utilizadas para reduzir os níveis de pressão arterial. Eles não são indicados para todas as gestantes com hipertensão leve ou moderada, sendo necessário avaliar os riscos e os benefícios em cada caso. Contudo, quando os níveis de pressão arterial estão muito elevados (hipertensão arterial grave), devem ser sempre utilizados.

Sulfato de magnésio

É um medicamento utilizado para prevenir e tratar convulsões relacionadas à eclâmpsia. Por isso, é indicado apenas para casos de iminência de eclâmpsia ou de eclâmpsia. A indicação dessa medicação deve ser feita exclusivamente por um médico. A suplementação com magnésio por conta própria é contraindicada, pois pode trazer efeitos muito negativos e não atingir os níveis necessários para prevenir a eclâmpsia.

Parto

O parto é o tratamento definitivo da pré-eclâmpsia, visto que a retirada da placenta elimina os estímulos hormonais que mantêm a pressão mais elevada. A seguir, está a indicação de conduta para o parto nos casos de eclâmpsia:

  • Pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade: parto com 37 semanas (a termo);
  • Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade e idade gestacional inferior a 24 semanas: a mortalidade neonatal nesses casos é superior a 80%, enquanto o adoecimento materno grave ou a morte materna ocorrem em 27% a 71% dos casos. Por isso, indica-se a finalização da gestação;
  • Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade e idade gestacional entre 24 e 34 semanas: busca-se manter a gestação até a 34ª semana, quando, então, a cesariana é realizada. Caso haja sinais de maior gravidade antes da 34ª semana, a cesariana é antecipada ainda mais;
  • Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade e idade gestacional após 34 semanas de gestação: realização de uma cesariana.

O controle adequado da pré-eclâmpsia é fundamental para garantir a segurança da gestante e do feto. Com um pré-natal adequado, é possível identificar precocemente os sinais de agravamento e intervir para evitar complicações mais sérias. Em casos mais graves, a antecipação do parto pode ser necessária para proteger a saúde da mãe e do bebê. Assim, o pré-natal desempenha um papel crucial na prevenção de complicações graves associadas à pré-eclâmpsia.

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Parto normal e parto natural: quais são as diferenças?

Na preparação para o nascimento do bebê, uma das questões mais ansiadas para a gestante é a escolha do tipo de parto. Atualmente, existem diversas modalidades de parto. Com a grande quantidade de informações disponíveis nas redes sociais e na internet, muitas futuras mães ficam com grande expectativa em escolher a melhor opção. Por isso, é importante conhecer os diferentes tipos em uma fonte confiável para ajudá-la a tomar uma decisão consciente.

De forma geral, podemos dividir os partos em dois grandes grupos: os partos por via vaginal e os partos por via cirúrgica. O parto por via cirúrgica mais utilizado e seguro é a cesariana. Nele, é feito um corte na área da pelve até a cavidade uterina, por onde o bebê é retirado. O parto por via vaginal é conhecido popularmente como parto normal.

Existem diferentes formas como o parto normal pode ser realizado. Por exemplo, ele pode ser induzido ou espontâneo, com ou sem analgesia, entre outras possibilidades. O parto natural é aquele em que nenhuma intervenção invasiva ou medicamentosa é realizada. Toda a progressão do parto, portanto, ocorre com os mecanismos fisiológicos (“naturais”) do corpo da mulher. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe até o final?

Parto normal

Parto normal é aquele que acontece pela vagina da mulher. Ele é chamado de normal, pois ele deve ser o tipo preferencial quando a mulher não tem nenhuma condição médica que justifique uma cesariana. Apesar do crescimento do número de partos cirúrgicos feitos eletivamente sem indicação, diversos estudos apontam que o parto normal é mais saudável para a mulher e para o bebê, exceto quando há algum risco para o nascimento pela via vaginal.

A partir do terceiro trimestre de gestação, o corpo da mulher e a posição do feto dentro do útero passam por diversas mudanças para se preparar para o parto. A seguir, estão as principais fases do parto normal:

  • Fase latente: podemos dizer que essa é a etapa de “treinamento” do útero para o parto. As contrações ainda são irregulares, isto é, não ocorrem em intervalos previsíveis. Elas aparecem, provocam incômodo, mas podem ficar ausentes em intervalos mais prolongados. À medida que o momento do parto avança, elas se tornam mais frequentes e coordenadas. Ao final da fase latente, que pode durar muitas horas, espera-se que o colo esteja com 3 a 4 centímetros de dilatação. Também pode ocorrer a perda do tampão mucoso, uma secreção consistente e clara que protege o colo do útero;
  • Fase ativa: nessa etapa, as contrações se tornam mais fortes e regulares. Em média, ocorrem 3 a 4 contrações a cada dez minutos. Isso faz com que o colo uterino se dilate ainda mais. A internação da gestante geralmente ocorre quando o colo atinge cerca de 6 centímetros de dilatação na fase ativa. Assim, podemos monitorar, de perto, a evolução do trabalho de parto e o bem-estar fetal;
  • Fase expulsiva: ao final da fase ativa, espera-se que o colo atinja uma dilatação de aproximadamente 10 centímetros. As contrações se tornam ainda mais fortes e direcionadas para expulsar o bebê da cavidade uterina através do colo do útero e da vagina. Além disso, a parturiente sente um impulso de fazer força e empurrar o bebê. Algumas mulheres também relatam sensações de calor e ardor na região ao redor da vagina à medida que o bebê começa a sair;
  • Fase de dequitação: alguns minutos após o nascimento do bebê, é o momento de o corpo expulsar os anexos embrionários que permaneceram no útero. Assim, contrações mais fracas estimulam o desprendimento da placenta e a expulsão desse órgão junto com a bolsa amniótica.

A duração de cada fase do parto normal varia muito de mulher para mulher. Existem alguns fatores, como ter tido gestações com partos normais previamente, que geralmente aceleram as etapas do parto. Apesar de algumas mulheres terem receio do parto normal devido à dor, ele apresenta várias vantagens em relação à cesariana, como:

  • Menor risco de complicações para a mãe e para o bebê;
  • Recuperação mais rápida;
  • Facilitação da amamentação;
  • Redução de risco de doenças respiratórias nos primeiros meses de vida do bebê;
  • Menor risco de complicações em gestações futuras.

Parto natural

O parto natural é um tipo de parto normal, ou seja, ele é feito pela via vaginal e todo o processo fisiológico ocorre de forma muito semelhante. Contudo, no parto natural, não são programadas intervenções médicas invasivas ou medicamentosas. Em outras palavras, não são utilizados analgésicos, anestésicos, indutores do parto, antieméticos e outros fármacos geralmente indicados para trazer mais conforto para a gestante. Além disso, não se empregam intervenções, como o fórceps e a episiotomia.

O parto natural é programado para ocorrer apenas com os mecanismos fisiológicos conferidos pela natureza. Assim, a mulher pode utilizar manobras e movimentos para facilitar a expulsão do bebê. Medidas não farmacológicas de controle de dor, como a banheira de água morna e bolas suíças, podem ser empregadas.

Ele pode ser indicado para mulheres com gestação de menor risco, devendo ser desaconselhado em situações, como:

  • Presença de doenças crônicas maternas;
  • História de cirurgias pélvicas anteriores;
  • História de complicações gestacionais na gravidez atual ou em gestações prévias;
  • Gravidez de gêmeos;
  • Uso de álcool e drogas durante a gestação.

O parto natural deve acontecer em ambiente hospitalar, onde há um ambiente preparado para eventuais complicações. Assim, caso seja necessário para a saúde da mãe e do bebê, intervenções médicas podem ser realizadas de forma segura.

O parto normal e o parto natural são partos vaginais, mas que diferem no nível de intervenção médica. O parto normal pode envolver intervenções, como analgesia, indução do trabalho de parto e episiotomia, enquanto o parto natural ocorre com mínima ou nenhuma intervenção médica.

O foco do parto natural é permitir que o corpo da mulher conduza o nascimento de forma espontânea. Em ambos os casos, os princípios do parto humanizado devem ser seguidos para manter o protagonismo da mulher, a individualização biopsicossocial e o respeito às evidências científicas.

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Diabetes gestacional: diagnóstico e conduta

A diabetes gestacional é uma condição que surge exclusivamente durante a gravidez, resultante das alterações metabólicas que ocorrem no corpo da gestante por volta da 24ª semana de gestação.

Embora temporária, essa forma de diabetes exige atenção especial, pois pode trazer complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. Além disso, mulheres diagnosticadas com diabetes gestacional estão em maior risco de desenvolver diabetes mellitus crônica no futuro.

Quer saber mais sobre o diagnóstico e o tratamento da diabetes gestacional? Acompanhe até o final!

O que é diabetes gestacional?

A diabetes gestacional é um tipo de diabetes mellitus. Existem diversos tipos de diabetes mellitus:

  • Gestacional: é a diabetes mellitus restrita ao contexto da gestação, ocorrendo devido às mudanças hormonais e sistêmicas necessárias para adaptar o corpo ao crescimento de um bebê. Geralmente, os níveis de glicemia retornam ao normal após o parto, durante o puerpério. No entanto, é importante enfatizar que gestantes com diabetes gestacional apresentam maior risco de desenvolver diabetes mellitus crônica ao longo da vida;
  • Crônica: é a diabetes mellitus desenvolvida ao longo da vida e que não tem cura definitiva. Ou seja, ela não é temporária, como é o caso da diabetes mellitus gestacional. Uma mulher pode ser diagnosticada com diabetes mellitus crônica durante a gestação caso ela apresente níveis de açúcar no sangue muito elevados.

Como é feito o diagnóstico de diabetes gestacional?

Um dos exames mais importantes do pré-natal é a glicemia de jejum. Ele é indicado desde a primeira consulta de pré-natal da gestante e tem o objetivo de medir os níveis de açúcar no sangue, a glicemia. Esse cuidado é fundamental, pois a diabetes mellitus é um dos principais fatores de risco de complicações para a mãe e para o bebê.

Como vimos, as gestantes podem ser diagnosticadas com dois tipos diferentes de diabetes mellitus: a gestacional e a não gestacional. A diabetes mellitus não gestacional é diagnosticada quando a glicemia de jejum apresenta um valor igual ou superior a 126mg/dL em qualquer momento da gestação. O diagnóstico da diabetes gestacional tem um fluxo mais complexo e não há um protocolo unificado de como realizá-lo. A seguir, apresentaremos o fluxo mais comumente indicado.

Como vimos, antes da 24ª semana de gestação, acompanhamos os níveis de açúcar da paciente com a glicemia de jejum. Caso ela esteja entre 92 mg/dL e 125 mg/dL, isso significa que a paciente apresenta um risco maior de desenvolvimento de diabetes gestacional. Então, é necessário repetir a glicemia de jejum após a 24ª semana. Se os valores estiverem novamente dentro dessa faixa, diagnostica-se a diabetes mellitus gestacional.

Caso a paciente tenha glicemias inferiores a 92 mg/dL antes da 24ª semana, é feita a investigação com um outro tipo de exame, o teste oral de tolerância à glicose. Nele, a gestante realiza uma glicemia em jejum. Depois disso, ela toma 75 gramas de glicose concentrada. A glicemia é medida uma e duas horas depois. A diabetes mellitus gestacional é diagnosticada se:

  • Entre 92-125 mg/dL na glicemia de jejum;
  • Igual ou maior a 180 mg/dL na glicemia de 1 hora;
  • Entre 153 e 199 mg/dL na glicemia de 2 horas.

Valores iguais ou maiores do que 200mg/dL na glicemia de 2 horas são interpretados como diabetes mellitus crônica.

Tratamento da diabetes gestacional

A conduta envolve medidas multifatoriais, como:

Dieta

O cuidado com a alimentação é fundamental para atingir um bom controle glicêmico. Alguns estudos apontam que até 85% das mulheres com diabetes gestacional podem atingir valores adequados de glicemia apenas com a restrição das calorias ingeridas diariamente.

  • Manutenção de um consumo moderado de calorias, individualizado de acordo com o índice de massa corporal de cada mulher e com o trimestre de gestação. Em média, recomenda-se um consumo de 1800 a 2200 calorias por dia;
  • Deve-se buscar fracionar a dieta em 6 maior número de refeições, evitando ingestas mais pesadas;
  • A alimentação diária deve conter entre 45% e 50% de carboidratos, principalmente aqueles de absorção lenta, como os presentes em alimentos integrais;
  • 30% a 35% de gorduras;
  • 15% a 20% de proteínas.

O cálculo das necessidades individuais deve ser feito por um profissional de saúde capacitado. Estimá-lo por conta própria pode levar a erros. A fim de atingir valores reduzidos de carboidratos, é importante reduzir o consumo de açúcar. Para isso, podem ser utilizados adoçantes, que são considerados seguros durante a gestação.

Atividades físicas

Exercícios físicos de intensidade leve, como caminhada e hidroginástica, são indicados durante a maioria das gestações, especialmente em mulheres com diabetes mellitus gestacional. Contudo, a liberação para a atividade física deve ser feita por um médico após avaliar se há contraindicações.

Com exceção da caminhada, os exercícios devem ser supervisionados por profissionais habilitados. Recomenda-se que sejam realizados por 30 minutos três vezes na semana. A atividade física é importante, pois reduz a resistência à insulina, o que melhora os níveis de glicemia.

Monitoração glicêmica

Uma parte importante do tratamento é o acompanhamento diário dos níveis de glicemia com fitas. A paciente utilizará o mesmo aparelho de glicemia indicado para diabéticos crônicos. Em sua casa, a paciente medirá a glicemia com o sangue colhido a partir de um pequeno furo na ponta dos dedos. Recomenda-se que essa medida seja feita entre 4 e 7 vezes por dia, que devem incluir:

  • Jejum;
  • Logo após o café da manhã, o almoço e o jantar;
  • Ao final do dia e, quando possível, na madrugada.

Medicamentos

Os medicamentos são prescritos quando as medidas anteriores não forem suficientes para manter níveis adequados de glicemia. Os fármacos mais comumente prescritos são a metformina e a insulina. Entretanto, eles jamais devem ser utilizados por conta própria, pois o uso incorreto pode trazer consequências gravíssimas.

O diagnóstico e o tratamento adequado da diabetes gestacional são fundamentais para garantir a saúde da gestante e do bebê. Desde o controle da alimentação e a prática de atividades físicas até a monitoração constante dos níveis de glicemia, cada etapa do tratamento visa aumentar as chances de uma gestação saudável. Com o devido acompanhamento pré-natal, a maioria das mulheres pode controlar a glicemia e ter uma gestação sem intercorrências.

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O que é analgesia no parto normal?

A escolha do tipo de parto é uma das preocupações que acompanha as mulheres durante o pré-natal. De forma geral, existem dois tipos de parto principais: o parto normal e a cesariana. O primeiro envolve a saída do bebê através da vagina, o canal de parto natural. O segundo envolve a criação de um canal de parto artificial com um corte na região da pelve da mulher.

A possibilidade de sentir dor durante o parto é um dos fatores que mais influenciam as mulheres na escolha. Muitas delas relatam que estão considerando a cesariana devido ao medo da dor no trabalho de parto.

Contudo, devido aos benefícios do parto normal, ele é a melhor opção para as mulheres sem contraindicação. Em relação à dor durante o trabalho de parto, ela pode ser aliviada com técnicas de analgesia no parto normal. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe até o final!

O que é analgesia?

Para entender o que é analgesia, é interessante entender a origem dessa palavra:

  • Algesia é um termo técnico que vem da expressão “álgesis”, do grego antigo, para dor. É utilizada na medicina para se referir à sensibilidade à dor de forma geral;
  • “An-” é uma expressão que colocamos no início da palavra para indicar a ideia de ausência ou de negação.

Portanto, literalmente, analgesia significaria ausência de dor. Na medicina, usamos analgesia para nos referirmos às mais diversas técnicas que utilizamos para reduzir a dor, mas não necessariamente para eliminá-la completamente.

Você já deve estar familiarizada com esse termo, pois já deve ter utilizado medicações analgésicas para aliviar dores de cabeça e cólicas menstruais. Contudo, poucas mulheres sabem que também é possível usar técnicas de analgesia para melhorar a dor no parto normal.

Essa é uma preocupação muito comum nas gestantes. Muitas delas citam que esse é um dos motivos pelos quais elas têm medo do parto normal.

Diferenças entre analgesia e anestesia

Tipos de analgesia no parto normal

Antes de aprofundarmos no tema, é preciso entender a diferença entre:

  • Analgesia: é a redução da sensibilidade à dor, que pode ser feita com ou sem a preservação dos outros sentidos, da mobilidade e da consciência;
  • Anestesia: é a redução da sensibilidade como um todo. Em outras palavras, na área anestesia, não será sentido praticamente nenhuma sensação, como pressão, calor ou dor. No caso de anestesias mais amplas, como a anestesia regional, também se elimina temporariamente a capacidade de movimentar os membros. Existe também a anestesia geral, que reduz a consciência por um tempo.

Existem diversas técnicas de analgesia, inclusive com a aplicação de anestésico. Por exemplo, na cesariana, utiliza-se a anestesia regional para bloquear as sensações abaixo da região do abdômen. Isso é necessário, pois são feitos cortes profundos para chegar à cavidade do útero. Contudo, no parto normal, bloquear excessivamente a dor e as sensações pode comprometer o trabalho de parto.

Técnicas analgésicas sem anestesia

A dor durante o trabalho de parto normal pode ser aliviada com o uso de medicações orais ou venosas, como opioides. Também podem ser empregadas técnicas não-medicamentosas, como:

  • Técnicas de respiração: a dor pode ser ampliada pela ansiedade. Então, podem ser utilizadas técnicas de respiração relaxantes para diminuir a sensibilidade aos estímulos dolorosos. Além disso, algumas técnicas de respiração ajudam as contrações uterinas a serem mais efetivas, facilitando a expulsão do bebê;
  • Hidroterapia: banhos de imersão e compressas de água podem ser utilizadas para provocar alterações sensoriais leves que reduzem a dor momentaneamente;
  • Massagem: as terapias manuais podem ajudar a reduzir dores relacionadas a contrações musculares intensas.

Técnicas analgésicas com anestesia

Além disso, a analgesia no parto normal pode ser feita com a aplicação de medicações anestésicas regionais em baixa dose. Assim, são medicações aplicadas entre as espinhas da coluna vertebral, onde estão localizadas as raízes nervosas e a medula vertebral, que transmitem os sinais do corpo até o cérebro.

Existem diferentes técnicas de anestesia regional que podem ser utilizadas no parto normal:

  • Analgesia epidural: é o padrão-ouro quando se trata de analgesia do parto normal. Nela, coloca-se um cateter ao redor do canal espinhal. Depois disso, ao longo do parto, é feita a administração de anestésicos ou opioides para reduzir a dor;
  • Analgesia com duplo-bloqueio espinhal-epidural: é a mais popular atualmente, pois reduz a dor sem dificultar significativamente os movimentos voluntários e automáticos. Ela também parece provocar uma dilatação mais rápida do colo uterino em comparação à analgesia

O uso de anestésicos pode causar repercussões na saúde materna e na saúde fetal. Por isso, a decisão sobre o tipo de analgesia anestésica deve ser tomada em conjunto com o obstetra, o anestesiologista e o neonatologista. Após falarem sobre os riscos e benefícios de cada opção, eles vão ajudá-la a entender se há alguma contraindicação ou outra consideração importante.

Considerações importantes para a analgesia no parto normal

Eliminar completamente a dor pode trazer dificuldades para o parto. Afinal, a dor tem uma função importante no trabalho de parto. Por exemplo, ela pode ajudar a paciente a perceber o melhor posicionamento para:

  • aumentar a eficiência das contrações;
  • aumentar a força de expulsão;
  • incentivar o melhor posicionamento no canal de parto;
  • aumentar a vontade de fazer força para a expulsão do bebê.

Nesse sentido, os estudos já mostraram que o uso de anestesia pode estar relacionado a efeitos colaterais, como:

  • Tempo de parto mais prolongado;
  • Maior risco de uso de intervenções, como rompimento forçado da bolsa, fórceps e vácuo extrator.

Esses problemas são reduzidos quando se aplica a anestesia de forma mais racional, buscando doses menores de anestésicos.

Portanto, a dor não precisa ser um motivo para evitar os partos normais. Afinal, há diversas técnicas que podem reduzi-la, trazendo mais conforto nesse momento. A analgesia no parto normal é bastante segura e traz menos riscos do que uma cesariana nos casos de mulheres sem contraindicação por via vaginal.

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Pré-natal: exames do 3º trimestre

O pré-natal é a rotina de cuidados e consultas médicas realizados durante a gestação para trazer mais saúde e bem-estar para a mãe e o bebê. Ele envolve diversas medidas importantes, como educar a mãe sobre o que está acontecendo em cada etapa da gravidez, prevenir doenças e planejar o parto. Para isso, são realizados exames periódicos que ajudam o seu médico a diagnosticar e a tratar precocemente doenças que podem causar complicações.

Assim como a gestação, o pré-natal é geralmente dividido em três trimestres, tendo em vista os principais marcos de desenvolvimento do feto e da gestação. Neste post, vamos focar nos exames pedidos no pré-natal do terceiro trimestre. Ficou interessada? Acompanhe até o final!

Quais exames são pedidos antes do 3º trimestre?

Exames do 1º trimestre

  • Papanicolaou, que é feito para rastreamento do câncer do colo uterino. Ele geralmente é repetido durante o pré-natal em mulheres sem contraindicações;
  • Tipagem sanguínea: identifica o tipo sanguíneo e o fator Rh, sendo essencial para prevenir reações imunológicas na mãe devido à interação de anticorpos maternos com o sangue do bebê;
  • Hemograma completo: usado principalmente para diagnosticar anemia. Também faz a contagem de glóbulos brancos (leucócitos, que são nossas células de defesa) e plaquetas, as quais são essenciais para a coagulação do sangue;
  • Glicemia de jejum: avalia a presença de diabetes pré-gestacional, além de ajudar a avaliar o risco de diabetes gestacional;
  • Sorologia para HIV: detecta anticorpos contra o HIV, o que ajuda a identificar mulheres que podem estar infectadas pelo vírus. Portanto, é crucial para prevenir a transmissão mãe-feto (vertical);
  • Detecção da Hepatite B e C, que são infecções que podem afetar a saúde materna e fetal;
  • Exames para detecção de infecções, como citomegalovírus (CMV), toxoplasmose, rubéola e sífilis, que podem causar malformações fetais;
  • Urina rotina com urocultura, que detecta infecções urinárias, as quais podem aumentar o risco de complicações na gravidez;
  • Fezes, que identifica parasitas intestinais que podem prejudicar a nutrição materna;
  • Ultrassonografia obstétrica transvaginal, que ajuda a confirmar a gravidez e a identificar se é única ou gemelar;
  • Ultrassonografia morfológica de primeiro trimestre: avalia a anatomia do feto e os riscos de doenças genéticas.

Além desses exames essenciais, o pré-natal pode envolver outros exames, indicados de forma individualizada, como:

  • Teste de sexagem: Determina o sexo do bebê a partir da oitava semana de gestação;
  • Marcadores bioquímicos maternos de primeiro trimestre: Estima o risco de anomalias genéticas, como síndrome de Down.

Exames do 2º trimestre

Repetem-se os seguintes exames feitos no primeiro trimestre:

  • Hemograma;
  • Sorologia para HIV;
  • Exames de detecção da hepatite B, da hepatite C, do citomegalovírus, da toxoplasmose e da rubéola;
  • Urina rotina com urocultura.

Além disso, são feitas as:

  • Ultrassonografia transvaginal do segundo trimestre. Um dado importante desse exame é a medição do colo uterino, a qual ajuda a avaliar o risco de parto prematuro;
  • Ultrassonografia morfológica do segundo trimestre, que, além de avaliar a morfologia fetal, analisa a posição placentária e o volume de líquido amniótico.

Exames do pré-natal do 3º trimestre

No pré-natal do terceiro trimestre, são repetidos os seguintes exames:

  • Hemograma;
  • Sorologia para HIV;
  • Detecção da toxoplasmose, da rubéola e das hepatites;
  • Urina rotina com urocultura.

Além disso, a rotina de exames do terceiro trimestre é importante para identificar doenças que surgem mais tardiamente na gestação e para planejar o parto.

Rastreio da diabetes gestacional

A diabetes gestacional é um tipo específico de diabetes que está limitada ao contexto de uma gravidez. Ela é caracterizada como o aumento dos níveis de glicose no sangue a partir da 24ª semana de gestação, que é um período marcado por um pico de resistência do corpo à ação da insulina (hormônio que ajuda a retirar a glicose do sangue).

Por isso, os exames usados para diagnosticá-la são requisitados geralmente entre a 24ª semana e a 28ª semana de gestação. Para isso, geralmente é requisitado o teste de tolerância à insulina. Nele, a paciente realiza um teste de glicemia em jejum. Depois disso, ela toma uma dose elevada de glicose concentrada, medindo-se novamente a glicemia 1h e 2h após essa sobrecarga.

Tratar a diabetes gestacional é fundamental, pois níveis elevados de glicose no terceiro trimestre estão associados a um risco aumentado de:

  • Macrossomia fetal, isto é, feto com mais de 4 quilos em qualquer momento da gestação ou com mais de 4,5 quilos no momento do parto;
  • Pré-eclâmpsia;
  • Distocia do ombro;
  • Necessidade de cesariana;
  • Morte fetal.

Ultrassonografia obstétrica com doppler

Assim como as ultrassonografias obstétricas do segundo trimestre, esse exame fornece informações importantes sobre a gestação, como:

  • Avaliação do peso, do perímetro cefálico e da anatomia do feto;
  • Medição do volume de líquido amniótico;
  • Avaliação da apresentação fetal, a qual é importante para a programação do parto;
  • Avaliação da placenta.

A novidade é a realização da técnica doppler, que mede a velocidade do sangue que entra e sai dos vasos sanguíneos. Ao avaliar o fluxo sanguíneo nos vasos da placenta e do bebê, esse exame é importante para avaliar o bem-estar fetal e a identificar precocemente malformações cardiovasculares fetais.

Ecocardiograma fetal

É um exame utilizado principalmente para avaliar a funcionalidade e a anatomia do coração do bebê. As anomalias cardíacas estão entre as malformações fetais mais frequentes. Identificá-las precocemente ajuda a preparar os cuidados neonatais para evitar complicações após o nascimento do bebê.

Detecção do estreptococo B

Diversos microrganismos estão presentes na flora vaginal e podem ser transmitidos ao bebê durante o parto normal. A maioria deles é inofensiva para o bebê e não causam nenhuma doença grave. Uma delas, o estreptococo B, está presente na flora de até 40% das mulheres e é mais preocupante. Afinal, ela está associada a um maior risco de meningite, pneumonia e sepse no período neonatal. Se ela for identificada no exame, o parto normal pode ser realizado com tranquilidade, mas será necessário administrar antibióticos antes do parto.

Portanto, o pré-natal do 3º trimestre é fundamental para a saúde da mãe e do bebê. Nele, serão realizados exames fundamentais para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de condições que podem prejudicar o bem-estar maternofetal. Além disso, ele ajuda no planejamento do parto e dos cuidados neonatais.

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Pólipo endometrial pode afetar a gestação?

A gestação é um fenômeno bastante complexo e que envolve a interação de diversas estruturas do corpo da mulher. O útero é um dos maiores protagonistas nesse processo. Com isso, doenças e lesões uterinas podem ter um impacto sobre as chances de sucesso de uma gravidez.

Nesse sentido, existem muitas condições que podem afetar uma gestação. Por esse motivo, existe uma especialidade médica, a obstetrícia, que se dedica a estudar e acompanhar a gravidez.

No entanto, é importante ressaltar que nem toda condição uterina leva a complicações gestacionais. Por isso, neste post, vamos falar sobre o pólipo endometrial e sua relação com as gestações. Ficou interessada? Acompanhe até o final!

O que é pólipo endometrial e quais são seus sintomas?

Pólipos endometriais são lesões bem localizadas que ocorrem quando há proliferação de células em uma região limitada do endométrio na cavidade uterina. O endométrio é o tecido que reveste a cavidade uterina, sendo essencial para a fertilidade e o crescimento saudável do embrião.

Diversas lesões podem acometer o endométrio, e os pólipos endometriais são uma das mais comuns. Os pólipos uterinos geralmente são benignos e assintomáticos. Quando surgem, as principais manifestações são:

  • Sangramento uterino anormal, que pode vir como aumento do fluxo menstrual, aumento do número de dias de menstruação ou sangramentos de pequeno volume no período entre as menstruações;
  • Dor durante o período menstrual (dismenorreia);
  • Sangramento uterino após relações sexuais.

Além disso, os pólipos endometriais podem reduzir as chances de gravidez, causando infertilidade, mesmo em mulheres assintomáticas. Eles também podem estar relacionados a menor taxa de sucesso em técnicas de reprodução assistida.

O pólipo endometrial pode afetar a gestação?

Não, de acordo com as evidências científicas atuais. Para saber se uma doença causa alguma alteração na gestação, é preciso que sejam conduzidos estudos que observem a frequência de complicações em mulheres com pólipos endometriais. Essas pesquisas podem ser feitas de diversas formas, como:

  • Dividir gestantes em dois grupos: um grupo acometido por pólipos endometriais e um outro sem essas lesões. Idealmente, deve-se buscar mulheres sem nenhuma outra condição que possa interferir na gestação. Depois disso, observar e coletar dados sobre complicações na gestação;
  • Coletar dados de registros médicos de pacientes que sofreram complicações gestacionais e identificar se elas foram diagnosticadas previamente com pólipos endometriais;
  • Fazer algum exame, como histeroscopia ou uma ultrassonografia, logo após a ocorrência de algum aborto ou parto prematuro.

O primeiro tipo de estudo é o melhor para ajudar a entender se os pólipos endometriais aumentam ou não o risco de complicações. Os dois últimos podem ter mais interferência de outros fatores.

Agora que já sabemos como são feitos os estudos para identificar a relação entre os pólipos e as complicações gestacionais, ficará mais fácil entender as evidências que temos no momento. Um estudo realizou histeroscopia diagnóstica em 151 mulheres que tiveram um abortamento retido (o feto permanece no útero após um período de 30 dias do óbito) e um abortamento incompleto (ainda há fragmentos da gestação no útero).

Esse estudo encontrou que 12 pacientes (7,9%) desse total de pacientes tinham pólipos endometriais. Contudo, quando análises estatísticas foram realizadas, não houve diferença significativa das mulheres com pólipos e mulheres saudáveis. Desse modo, os autores concluíram que não foi possível estabelecer uma correlação entre pólipos uterinos e abortamentos retidos ou incompletos.

Outro estudo, realizado no Brasil, selecionou 66 mulheres que tiveram 2 ou mais abortamentos consecutivos. Eles encontraram que 22 delas tinham algum tipo de alteração uterina, como:

  • 4 casos de útero arqueado;
  • 2 casos de septo uterino;
  • 1 caso de útero bicorno;
  • 7 casos de aderências uterinas;
  • 4 casos de pólipos endometriais;
  • 2 casos de miomas uterinos.

Esse estudo concluiu que a presença de lesões intrauterinas está correlacionada com uma maior chance de abortamento. Contudo, ele envolveu poucas pacientes e o modelo de estudo não permite inferir se há uma relação de causa/consequência.

Portanto, em resumo, não há evidências nem para confirmar nem para excluir que os pólipos endometriais aumentam a chance de abortamento em comparação com mulheres sem esse tipo de lesão. Entretanto, a ciência está em constante evolução e o entendimento pode mudar com o tempo.

Diagnóstico e tratamento do pólipo endometrial

A investigação inicial dos pólipos uterinos é feita pela ultrassonografia transvaginal ou pela histerossonografia, uma ultrassonografia que envolve o preenchimento da cavidade uterina com soro fisiológico. A confirmação do diagnóstico é feita pela histeroscopia ambulatorial, mas ela somente é necessária em casos mais específicos e é contraindicada durante a gestação.

Em geral, recomenda-se a retirada dos pólipos endometriais antes de engravidar para aumentar as chances de sucesso da fertilização natural ou assistida. Contudo, as principais sociedades de reprodução humana internacionais, como a Sociedade Europeia e a Associação Americana, informam que não há evidência de que a retirada dos pólipos reduza o risco de abortamentos recorrentes ou de complicações gestacionais.

Portanto, se você tem pólipo endometrial e está grávida, não há motivo para se preocupar excessivamente. Mantenha seu pré-natal normalmente conforme as orientações de um obstetra. Se você está planejando engravidar, converse com um médico sobre a necessidade de realizar a retirada dos pólipos antes de tentar conceber.

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Miomas: sintomas

Miomas são tumores benignos que crescem no miométrio do útero. O miométrio é a camada mais espessa do útero, sendo constituído de células musculares e tecido conjuntivo. Assim, é ele que permite as contrações uterinas necessárias para o trabalho de parto e para a expulsão da menstruação. A contração das células do miométrio também é a responsável pelas cólicas menstruais e pela dor no trabalho de parto.

Normalmente, as células musculares do miométrio se multiplicam lentamente. Contudo, devido a mutações genéticas, elas podem se reproduzir mais rapidamente e isso leva a formação de tumores. Quando o crescimento da lesão é descontrolado e invade outros tecidos, falamos que é um tumor maligno chamado de leiomiossarcomas. Felizmente, ele é muito raro, acometendo cerca de 4 a cada 1.000.000 de mulheres.

A maioria dos tumores miometriais são miomas, isto é, lesões benignas. Ou seja, elas se multiplicam de forma mais limitada. Apesar de poderem se tornar grandes, com mais de 4 centímetros de diâmetro, eles formam massas que não invadem outros tecidos. Mesmo que causem sintomas incômodos em algumas mulheres, geralmente não representam um risco para a vida. Quer saber mais sobre os sintomas dos miomas? Acompanhe até o final!

Quais são os sintomas dos miomas?

Os miomas são lesões muito comuns. Estima-se que eles possam estar presentes em até um quarto das mulheres em idade reprodutiva. A frequência dos miomas aumenta com a idade e, por isso, frequentemente são diagnosticados em exames de rotina de mulheres na menopausa.

Os miomas são geralmente assintomáticos. Quando surgem, os sintomas dos miomas podem ser divididos em três grupos principais:

Contudo, antes de falarmos sobre cada um deles, é preciso entender os diferentes tipos de miomas. Afinal, os sintomas geralmente estão associados com o tipo de lesão. Os miomas podem ser classificados, de forma simplificada, em três tipos:

  • Miomas submucosos, que são miomas com contato maior com a mucosa uterina, o endométrio. Apesar de não se originarem na mucosa, eles crescem em direção a ela;
  • Como veremos, quanto maior o contato com a mucosa, maiores são as chances de sintomas reprodutivos e de sangramento uterino anormal;
  • Miomas intramurais, que têm grande parte do seu volume limitado ao miométrio;
  • Miomas serosos, os quais crescem em direção à camada mais externa do útero. Com isso, tem maior contato com outros órgãos e podem causar mais sintomas de compressão, como incontinência urinária.

Sangramento uterino anormal

O sintoma mais frequente do mioma é o aumento do fluxo menstrual e do número de dias de menstruação. Além disso, podem ocorrer sangramentos no período intermenstrual e no pós-menopausa.

O tamanho da lesão e a localização das lesões influenciam a ocorrência e o volume de sangramento em mulheres com miomas:

  • Miomas submucosos são os mais frequentemente associados a sangramentos intensos devido à proximidade com o endométrio, mas os intramurais também podem causar esse sintoma;
  • Quanto maior a lesão, maior a chance de sangramentos mais intensos, pois distorcem mais a mucosa;
  • Sangramentos são mais raros nos casos de miomas

O sangramento uterino anormal causado pelos miomas deve ser investigado com atenção. Afinal, a perda prolongada de sangue, mesmo que em pequenos volumes, pode causar o risco de anemia por deficiência de ferro. Um estudo mostrou que mulheres com miomas apresentam maior risco desse tipo de anemia.

Sintomas causados pela compressão

À medida que os miomas crescem, eles podem pressionar estruturas ao seu redor e trazer disfunções. Isso é mais comum em miomas subserosos e miomas intramurais de grande volume. As manifestações mais comuns são:

  • Dor ou sensação de pressão no abdômen;
  • Incontinência urinária com aumento da frequência urinária ou urgência urinária;
  • Dificuldade para urinar;
  • Sensação de que o esvaziamento da bexiga não foi completo;
  • Constipação (em caso de lesões próximas ao reto).

Problemas de fertilidade

Os miomas estão relacionados com uma maior dificuldade para engravidar. Alguns estudos apontaram ainda que essas lesões podem aumentar o risco de abortamentos, mas isso pode estar relacionado ao fato de miomas se tornarem mais frequentes com a idade (o que reduz o prognóstico reprodutivo a partir dos 35 anos).

Além disso, as sociedades médicas indicam que o risco de infertilidade não é igual para todo o tipo de lesão. Ele é maior em mulheres com miomas submucosos ou com miomas maiores do que 4 centímetros de diâmetro, independentemente da localização.

Alguns estudos mostram ainda que os miomas podem estar relacionados com problemas de implantação placentária, restrição ao crescimento fetal e parto prematuro. Contudo, ainda são necessárias mais evidências para confirmar essa associação.

O diagnóstico dos miomas é feito com uma avaliação médica detalhada e confirmado com a ultrassonografia transvaginal. Em alguns casos, pode ser necessário realizar exames mais detalhados, como uma ressonância magnética ou histeroscopia, para excluir outras causas dos sintomas.

O tratamento pode envolver o acompanhamento periódico das lesões, medicações hormonais, a retirada dos miomas e, em casos graves, a retirada do útero.

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Endometriose: o que acontece com a doença no pós-parto?

O útero é o órgão que abriga as gestações, sendo composto por três camadas. A mais interna é o endométrio, no qual o embrião se implanta no início da gravidez. A camada intermediária é o miométrio, que é composto por células musculares que ajudam nas contrações durante o parto. A mais externa é o perimétrio, o qual protege o útero contra o atrito com outros órgãos.

O endométrio é o tecido que se descama como menstruação caso um ciclo menstrual não tenha resultado em gravidez. Ele normalmente é encontrado apenas na cavidade do útero e sua presença fora do útero geralmente é indicativo de uma doença chamada de endometriose.

Quer saber mais sobre a endometriose e se ela pode melhorar no pós-parto? Acompanhe até o final!

O que é endometriose?

A endometriose é uma condição ginecológica que surge quando lesões de tecido semelhante ao endométrio se implantam em órgãos fora do útero. As principais estruturas afetadas são:

  • Ovários;
  • Peritônio;
  • Bexiga;
  • Intestino grosso;
  • Tubas uterinas;
  • Ligamentos uterinos.

Na tentativa de eliminar o tecido endometrial fora do lugar, o sistema imunológico gera uma inflamação crônica, que, em geral, não tem cura. Felizmente, o controle dos sintomas da endometriose pode ser atingido com o tratamento médico, fazendo com que a mulher volte a ter mais qualidade de vida.

Causas da endometriose

As causas exatas da endometriose ainda não foram completamente esclarecidas. Sabemos hoje que:

  • O endométrio ectópico se comporta de forma semelhante ao endométrio normal da cavidade do útero, principalmente em relação à ação hormonal. O estrogênio é um hormônio que estimula a proliferação do endométrio, fazendo com que suas células se multipliquem mais rapidamente. A ação do estrogênio é contrabalanceada pela da progesterona, que estimula o amadurecimento do endométrio e reduz a multiplicação celular;
  • As lesões da endometriose são dependentes do estrogênio, ou seja, precisam desse hormônio para se manter. Quando os níveis desse hormônio caem, as lesões tendem a regredir e os sintomas se aliviam;
  • Níveis elevados de progesterona ajudam a controlar a endometriose. Por esse motivo, os sintomas melhoram em situações em que os níveis da progesterona naturalmente se tornam aumentados no organismo, como na gravidez e na amamentação.

Sintomas, diagnóstico e tratamento da endometriose

Os principais sintomas da endometriose são:

  • Dor pélvica crônica, que é definida como a dor pélvica não cíclica presente por mais de 3 a 6 meses. Em outras palavras, é uma dor que está presente fora do período menstrual, persistindo por diversas semanas, mesmo que não esteja presente todos os dias;
  • Dismenorreia, que é a dor pélvica no período menstrual. As cólicas da endometriose podem se diferenciar das cólicas fisiológicas por sua intensidade e frequência;
  • Dificuldade para engravidar (infertilidade) por mais de 6 meses (mulheres acima de 35 anos) ou de 12 meses (mulheres abaixo de 35 anos) de tentativas sem uso de contraceptivos;
  • Dor durante a penetração profunda nas relações sexuais (dispareunia de profundidade);
  • Dor ou sangramento cíclicos durante a evacuação ou a micção.

A endometriose é uma doença com um quadro clínico muito variado. Há mulheres que são assintomáticas ou apresentam poucos sintomas, enquanto outras apresentam cinco ou mais sintomas em intensidade elevada.

O diagnóstico se inicia com uma consulta médica com uma anamnese completa e um exame físico criterioso. Depois disso, podem ser solicitadas a ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética para identificar os focos das lesões. O tratamento depende do quadro de cada paciente e pode envolver o uso de medicações sintomáticas, terapia hormonal contínua ou cirurgia para retirada das lesões.

Endometriose no pós-parto

É comum pacientes relatarem que amigas ou conhecidas disseram que os sintomas da endometriose melhoraram bastante no pós-parto. É importante ressaltar que isso não é um mito, é algo que realmente acontece para muitas mulheres. A explicação para isso está relacionada com o comportamento das lesões diante das variações hormonais.

Durante toda a gestação, os níveis de progesterona se mantêm elevados. Isso pode fazer com que a atividade das lesões de endometriose se reduza e leve a um controle das lesões. Esse benefício pode ser mantido a longo prazo em alguns casos com uma melhora significativa dos sintomas mesmo após o parto. No entanto, deve-se lembrar que nem todas as mulheres apresentam esse benefício e algumas mantêm sintomas da endometriose durante e após as gestações.

Nos trinta primeiros dias de pós-parto, os níveis de progesterona e estrogênio se mantêm mais elevados, caindo progressivamente a cada dia. Durante esse período, há um menor risco de sintomas da endometriose devido à ação da progesterona. No entanto, depois disso, os níveis de progesterona e de estrogênio caem. Caso a paciente mantenha a amamentação exclusiva, a supressão do estrogênio se mantém, o que ajuda no controle dos sintomas.

A amamentação é um método contraceptivo por si e muitas mulheres ficam sem menstruar nesse período. Ficar sem menstruar geralmente significa que os níveis de estrogênio estão baixos. Para aumentar a eficácia contraceptiva da amamentação, é possível utilizar as pílulas de progesterona, as minipílulas, que atuam também no controle dos sintomas da endometriose.

Portanto, a endometriose é uma doença inflamatória crônica que pode reduzir a qualidade de vida das mulheres. Devido a mudanças hormonais, os sintomas da doença podem melhorar no pós-parto, mas isso não acontece com todas as pacientes. Em alguns casos, a melhora pode persistir após a amamentação, mas, em outros, não. Nesse sentido, é fundamental que você mantenha um bom acompanhamento ginecológico durante esse período.

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Cesarianas sucessivas têm riscos?

A cesariana é uma intervenção cirúrgica utilizada para o nascimento do bebê. Essa técnica envolve uma incisão na parede abdominal e no útero da mãe para a retirada do bebê. Embora a cesariana seja uma operação comum e segura quando realizada em condições adequadas, ela não é isenta de riscos de complicações, como hemorragias.

Por isso, idealmente, ela deveria ser indicada em situações em que o parto normal não é possível ou seguro tanto para a mãe quanto para o feto.

Após uma avaliação individualizada de cada gestante, algumas das situações que podem justificar a realização de um cesariana incluem: distocia funcional ou falha na progressão do trabalho de parto, má posição fetal, desproporção cefalopélvica, várias cesarianas prévias, sinais de alteração da vitalidade fetal, descolamento prematuro de placenta (DPP), placenta prévia total e acretismo placentário, vasa prévia, prolapso de cordão umbilical, macrossomia fetal, gestação gemelar com gêmeo 1 em apresentação anômala, ruptura uterina, gestante soropositiva para HIV com alta carga viral e herpes-simples com lesão ativa no momento do parto.

Quer saber mais sobre o risco de cesarianas sucessivas? Acompanhe até o final!

O que são cesarianas sucessivas?

A cesariana é um procedimento cirúrgico muito utilizado atualmente. Devido à sua comodidade (pode ser planejada para um dia exato) e à ausência de dor, tem se tornado a opção de grande parte das mulheres. No entanto, o ideal seria que as cesarianas fossem realizadas apenas nos casos em que há indicação, isto é, que os benefícios superem os riscos.

O termo “cesarianas sucessivas” serve para se referir à repetição desse procedimento. Afinal, assim como outras cirurgias pélvicas, há um aumento de risco de complicações a cada vez que a pelve é manipulada de forma invasiva.

Riscos relacionados a cesarianas sucessivas

Um dos maiores estudos feitos sobre cesarianas sucessivas encontrou a seguinte frequência de complicações em mulheres que realizaram cesarianas sucessivas:

Número de partos cesáreos Placenta acreta (%) Histerectomia (%) Transfusão (%) Cistostomia (%) Lesão intestinal (%)
1 0,24 0,65 4,05 0,13 0,11
2 0,31 0,42 1,53 0,09 0,06
3 0,57 0,90 2,26 0,28 0,13
4 2,13 2,41 3,65 1,17 0,34
5 2,33 3,49 4,26 1,94 0,00
6 6,74 8,99 15,73 4,49 1,12

 

Hemorragias

A hemorragia durante a cesariana é uma complicação séria que pode ocorrer devido a vários fatores. Elas são o principal fator de risco para a necessidade de transfusão sanguínea e de histerectomia durante o parto.

As principais causas de hemorragias nas cesarianas são:

  • Atonia uterina: falha do útero em contrair adequadamente após o parto. Portanto, nesse caso, o sangramento tende a ocorre após o nascimento do bebê;
  • Lesões Vasculares: danos aos vasos sanguíneos durante a incisão ou manipulação do útero. Felizmente, são eventos raros;
  • Descolamento prematuro da placenta: Separação da placenta do útero antes do nascimento completo do bebê;
  • Placenta prévia e placenta acreta.

Disfunções placentárias

A frequência de problemas placentários aumenta significativamente à medida que novas cesarianas são realizadas. Um artigo científico que reuniu diversos estudos apresentou os seguintes resultados nesse sentido:

  • Placenta prévia — é uma condição em que a placenta se implanta na parte inferior do útero, cobrindo parcial ou totalmente o colo do útero. A proporção de placenta prévia de placenta prévia foi de 10 em 1000 partos em mulheres com apenas uma cesariana, comparado a 28 em 1000 partos de mulheres que já tinham realizado três ou mais cesarianas;
  • Placenta acreta: é uma condição em que a placenta se adere anormalmente à parede uterina. É considerada uma condição mais grave do que a placenta prévia, podendo também estar associada a ela. Considerando todas as pacientes que tiveram placenta prévia, a frequência de placenta acreta foi de 3% a 4% em mulheres sem cesarianas anteriores. Já em mulheres com quatro ou mais cesarianas, a prevalência variou de 50% a 67%.

Esses transtornos placentários aumentam significativamente as chances de hemorragia, necessidade de transfusão de sangue e histerectomia.

Aderências pélvicas

Aderências pélvicas são faixas de tecido cicatricial que podem se formar entre órgãos e estruturas na cavidade pélvica. Essas aderências podem se fixar em órgãos, como útero, ovários, tubas uterinas, intestinos e bexiga. Elas geralmente são causadas por processos inflamatórios na região pélvica. Com isso, entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de aderências pélvicas, estão:

  • Traumas;
  • Cirurgias abdominais;
  • Infecções.

Apesar de ser um procedimento de baixo risco, a cesariana ainda é uma cirurgia pélvica e está sujeita às complicações dessa intervenção.

Ainda não se sabe exatamente o tamanho do aumento do risco de aderências a cada cesariana, pois são necessárias mais pesquisas científicas para estabelecer uma conclusão. Contudo, um estudo identificou que apenas 7% das pacientes apresentavam aderências no primeiro parto cesáreo. Por sua vez, após o terceiro parto, a frequência aumentava para até 68%.

As aderências são um motivo de preocupação, pois elas trazem impactos funcionais significativos para as mulheres, como:

  • A presença de aderências densas dificulta os partos e aumenta o risco de hemorragias, de lesão na bexiga ou no intestino grosso;
  • Ocorre um aumento de risco de obstrução intestinal no pós-operatório;
  • O risco de subfertilidade aumenta com a formação das aderências e a cada nova cesariana. Acredita-se que o principal mecanismo dessa disfunção seja a distorção na anatomia das tubas uterinas.

Portanto, a prevenção de cesarianas sucessivas é de extrema importância devido aos riscos crescentes associados a múltiplas intervenções cirúrgicas no parto. Cada cesariana adicional aumenta a probabilidade de complicações, como aderências, lesões em órgãos internos e problemas placentários em gestações futuras. Com isso, a recuperação pós-operatória tende a ser mais prolongada e complicada, impactando negativamente a saúde da mãe e do recém-nascido.

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Os desafios da amamentação: fissuras e empedramento do leite

A amamentação oferece diversos benefícios tanto para o bebê quanto para a mãe, mas pode apresentar diversos desafios. Entre os principais obstáculos, estão as dificuldades iniciais de pega, as dores mamilares, as fissuras e o empedramento de leite, que podem gerar frustração e ansiedade nas mães.

Neste post, vamos falar sobre essas duas últimas dificuldades, as quais podem comprometer a experiência da amamentação. Quer saber mais sobre as fissuras mamárias e o empedramento de leite? Acompanhe até o final!

Fissuras mamárias durante a amamentação

As fissuras são pequenos cortes e feridas que podem atingir os mamilos ou as aréolas das mamas durante o período de amamentação. Apesar de ser uma das complicações mais comuns da amamentação, deve ser tratada com bastante atenção e cuidado. Afinal, podem provocar uma dor significativa na mãe, comprometendo a experiência de amamentar.

A principal causa de fissuras mamárias é a técnica incorreta de amamentar, isto é, problemas na pega e no posicionamento do bebê. Com isso, podem ocorrer dificuldades, como:

  • O bebê pode precisar fazer mais pressão para sugar o leite;
  • O mamilo pode atritar mais intensamente com o céu da boca (palato duro) e a língua do bebê;
  • O bebê pode acidentalmente morder a aréola.

Os principais sintomas das fissuras são:

  • Feridas na região mamária;
  • Dor, vermelhidão e inchaço leve na região das mamas;
  • Ansiedade devido à expectativa de dor no momento de amamentar.

A presença de pus, de febre e de inflamação mais intensa geralmente indica uma infecção secundária.

O diagnóstico das fissuras mamárias é relativamente simples e não demanda geralmente a realização de exames complementares. A partir dos sintomas da paciente e a identificação de fissuras durante o exame físico das mamas, o médico pode estabelecer o diagnóstico.

Nesse sentido, tão importante quanto diagnosticar as fissuras é diagnosticar a qualidade das mamadas. Assim, o médico possivelmente fará diversas perguntas sobre a técnica de amamentação. Além disso, ele poderá avaliar também o bebê para identificar se ele tem alguma anomalia estrutural oral, pois, apesar de ser mais raro, é possível que as fissuras sejam precipitadas por problemas na anatomia bucal do bebê.

O tratamento tem o objetivo de auxiliar na cicatrização das fissuras atuais e de prevenir o surgimento de novas feridas, incluindo:

  • Educação sobre a técnica adequada de mamada;
  • Evitar o uso de produtos irritantes na região;
  • Fazer o esvaziamento mamário de forma periódica (se necessário) de acordo com as indicações médicas;
  • Deixar as mamas ao ar livre após a amamentação;
  • Evitar roupas que atritem com os mamilos;
  • Curativos e pomadas devem ser usados apenas conforme indicação médica.

Empedramento de leite

O empedramento de leite ocorre quando o leite fica parado dentro dos dutos lactíferos. Com isso, algumas proteínas e substâncias presentes no leite formam um pequeno cristal (“pedrinha”) que entope os dutos. Isso faz com que o leite produzido não seja liberado e fique acumulado no interior das mamas. Então, pode ocorrer a distensão das mamas e uma resposta inflamatória local.

Assim como nas fissuras, a principal causa do empedramento do leite é a técnica incorreta de amamentação. Outros fatores de risco são usar roupas muito justas na região da mama, amamentar sem variar a posição do bebê, amamentar sem variar a mama e não esvaziar as mamas com leite em excesso.

Os principais sintomas do empedramento são:

  • Palpação de uma massa na região das mamas devido ao acúmulo de leite dos dutos lactíferos. Geralmente, a região afetada fica sensível ao toque;
  • Dor, que pode ser constante ou intermitente (vai e volta);
  • “Bolha de leite”, que é a formação de uma pequena bolha branca ou amarelada no mamilo afetado.

O tratamento envolve:

  • Melhorar a técnica de amamentação;
  • Não interromper a amamentação (a não ser que seu médico recomende);
  • Usar compressas quentes e massagem manual eleve;
  • Usar analgésicos prescritos pelo médico em caso de desconforto;
  • Fazer a expressão manual do leite.

Caso o empedramento não se resolva, ele pode evoluir para a galactocele, um cisto de leite. Nessa situação, é necessária a drenagem do cisto por aspiração.

Técnica correta de amamentação

A melhora da técnica de amamentação é fundamental para o tratamento e a prevenção das fissuras mamárias e do empedramento de leite. A técnica da trava é considerada uma das melhores para garantir uma amamentação correta, envolvendo as seguintes etapas:

  • Posicionar o bebê de frente para a mãe, que deve estar em uma posição estável, segurando o bebê com confiança;
  • Com a mão livre, aproxime o mamilo ao lábio inferior do bebê. Isso estimula o reflexo de abrir a boca;
  • Insira o mamilo acima da língua do bebê. Todo o mamilo e a maior parte da aréola devem permanecer dentro da boca dele. A trava acontece quando os lábios superior e inferior estão ao redor do mamilo;
  • Caso a trava não tenha ocorrido adequadamente e o bebê não estiver sugando com um ritmo leve, você pode inserir o mindinho suavemente entre as gengivas para parar a mamada. Então, você pode começar o processo novamente até alcançar uma amamentação que seja confortável para você e para ele.

Além disso, uma boa amamentação envolve também as seguintes medidas:

  • É importante alimentar o bebê sempre que ele tiver fome, pois isso evita que eles suguem com maior intensidade. Não se deve apressar o bebê: deixe que cada amamentação dure cerca de 10 a 20 minutos em cada mama;
  • Você deve cuidar da sua postura para se sentir confortável durante todo o processo de amamentação;
  • Experimente diversas posições do bebê até encontrar aquelas que são melhores para você e para ele. Varie as posições ao longo do tempo para evitar lesões devido ao atrito repetido em uma região da mama.

Portanto, se você tiver fissuras mamárias e empedramento de leite, não deixe de procurar um médico para avaliar seus sintomas e tratar as suas queixas. É fundamental entender que sentir dor na amamentação não é normal e que algumas medidas podem ser feitas para ajudá-la nesse sentido.

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