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Método contraceptivo: como escolher após o parto?

Atualmente, existem dezenas de métodos contraceptivos, como as camisinhas, as pílulas hormonais e o DIU. No entanto, nem todos eles podem ser usados por mulheres que estão amamentando, pois podem prejudicar a produção de leite ou prejudicarem a saúde do bebê.

Além disso, a fertilidade da mulher fica naturalmente reduzida nos primeiros meses de lactação. Existe uma crença popular de que não é possível engravidar amamentando, mas esse nem sempre é o caso.

Com isso, é muito frequente que as mulheres fiquem com a dúvida de como devem evitar gestações após o parto. Vamos explicar esse assunto a seguir. Acompanhe!

Por que devemos considerar um método especial durante o pós-parto?

A contracepção no pós-parto é muito importante, mesmo para mulheres que desejam engravidar em um curto intervalo de tempo.

É muito comum as mulheres pensarem que a gestação acaba logo depois do parto. No entanto, seus efeitos vão muito além. Por esse motivo, a Organização Mundial de Saúde recomenda que o acompanhamento com o ginecologista continue após o parto (que se conclui com o descolamento da placenta) até os seis meses depois.

Apesar de não haver consenso sobre o tema, parte da literatura médico-científica recomenda um intervalo mínimo de 18 meses entre as gestações. Desse modo, o corpo pode se recuperar inteiramente. Antes disso, pode haver um maior risco de complicações para a próxima gestação, como:

  • Bebê com baixo peso ao nascer ou com paralisia cerebral;
  • Parto prematuro;
  • Ruptura prematura das membranas (da bolsa amniótica);
  • Endometrite puerperal (uma infecção na camada de revestimento do útero no pós-parto);
  • Sangramento vaginal pós-parto ou puerperal, que podem levar à anemia.

Portanto, um dos temas abordados nessas consultas ginecológicas nos primeiros meses pós-parto é a contracepção. A amamentação traz alguns cuidados específicos para a escolha do método contraceptivo, pois não pode ser feita da maneira habitual, pois:

  • Algumas substâncias podem passar do leite para o bebê, como o estrogênio, prejudicando o seu desenvolvimento;
  • Alguns métodos hormonais também podem interferir na liberação da prolactina. Esse hormônio estimula a produção de leite pelas glândulas mamárias.

Apesar de muitas mulheres conhecerem o efeito contraceptivo da amamentação, mas muitas não têm informação suficiente sobre o método. Ele somente é efetivo quando se toma alguns cuidados específicos.  Portanto, apesar de reduzir significativamente as chances de uma gestação, a amamentação por si só não geralmente é suficiente para evitar gestações.

Quais são os métodos contraceptivos que podem ser utilizados?

Método da amenorreia lactacional

Muitas mulheres sabem que a lactação tem um efeito anticoncepcional e contam com ele para evitar gestações nos primeiros meses pós-parto. Isso acontece devido à relação entre a regulação da prolactina e dos hormônios sexuais que atuam nos ciclos férteis da mulher.

A prolactina inibe a secreção do hormônio liberador das gonadotrofinas, o GnRH. Quando os níveis de GnRH aumentam, há um estímulo para a produção do hormônio folículo estimulante, o qual atua nos ovários e leva ao desenvolvimento dos folículos.

Quando os folículos crescem, eles liberam níveis cada vez maiores de estrogênio. Outras substâncias entram em ação e levam à ovulação, a liberação do óvulo nas tubas uterinas. Esse processo é fundamental para que haja a fertilização. Se não há ovulação, não há como um espermatozoide se encontrar com o óvulo para gerar um embrião.

Ao mesmo tempo, o estrogênio e os demais hormônios atuam no endométrio. Isso faz com que ele se torne mais espesso. Quando não há gestação, a mulher menstrua. Portanto, a menstruação é uma evidência de que possivelmente houve ovulação em um ciclo.

Se o método da amenorreia lactacional se baseia na inibição natural que a prolactina realiza sobre os ciclos menstruais, ele não mais é eficaz para mulheres que já tiveram o retorno da menstruação na fase da lactação. Contudo, se a lactante ainda não menstruou, ele pode ser utilizado.

Mas é preciso bastante cuidado, pois sua eficácia depende da intensidade e da frequência de sucção. Portanto, somente é efetivo quando:

  • A amamentação ocorre em intervalos regulares. Nenhum deles pode ser maior do que 4 horas durante o dia e do que 6 horas durante a noite;
  • A amamentação deve ser exclusiva. Se outros alimentos e a água representarem mais do que 5% a 10% da alimentação do bebê, o efeito contraceptivo se reduz devido à menor intensidade da lactação;
  • A mulher está sem menstruar.

Seguindo esses cuidados, a eficácia é de até 98% nos primeiros 6 meses e de até 94% até o final do primeiro ano. No entanto, por ser um método que exige uma rigidez muito grande e não funciona sem uma rotina muito restrita, ele não deve ser utilizado isoladamente. É muito importante associá-lo com outra forma de prevenção.

Métodos de barreira

São os métodos que impedem que os espermatozoides consigam passar através do canal do colo do útero. Os principais são:

  • O preservativo (camisinha), que impedem o contato do sêmen com a vagina. Além de protegerem contra as gestações, evitam a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis, como o HIV, a clamídia, a sífilis e a gonorreia;
  • Diafragma, o qual é um método de barreira menos efetivo e que não protege contra infecções sexualmente transmissíveis.

Dispositivo intrauterino (DIU) de cobre

É um dispositivo que é implantado dentro do útero e traz uma proteção de até 10 anos contra gestações não planejadas. É um método reversível: a fertilidade da mulher retorna com a retirada do DIU.

Ele provoca alterações uterinas leves e discretas. Assim, o endométrio, o muco cervical e as tubas uterinas ficam mais hostis aos espermatozoides e os processos da fertilidade. Por isso, é um método contraceptivo muito eficaz (com uma taxa de falha de 0,7%, aproximadamente).

Os métodos contraceptivos durante a lactação devem ser escolhidos com bastante cuidado. Deve-se evitar, ao máximo, estratégias que podem prejudicar a produção de leite e a saúde do bebê. Além disso, devem garantir uma proteção até que o corpo da mulher se recupere completamente, o que ocorre em 18 meses após o parto aproximadamente. Preferencialmente, a mulher deve programar a nova gestação com seu ginecologista em consultas de acompanhamento preconcepcional.

Quer saber mais sobre os métodos contraceptivos durante a amamentação? Confira este artigo bem completo sobre o tema!

Depressão pós-parto: sintomas

A depressão pós-parto é uma condição muito mais comum do que as pessoas imaginam. Ela pode atingir de 10% a 15% das puérperas. Mesmo assim, as pesquisas mostram que apenas 25% das mulheres têm acesso ao seu tratamento e mais de 50% dos casos podem ficar sem um diagnóstico oportuno.

Parte desses desafios se deve ao estigma que envolve a doença. Por isso, é muito importante ter uma visão realista da maternidade e conscientizar a mulher de que complicações físicas e psíquicas podem, sim, fazer parte do processo.

Em muitos casos, a depressão pós-parto é confundida com o baby blues, uma alteração de humor normal depois do parto. O baby blues é uma resposta às mudanças hormonais e às adaptações significativas que a vinda de um bebê necessita.

Ele também apresenta sintomas depressivos e alterações do humor, mas é passageiro. Se as alterações durarem mais do que 30 a 45 dias, é preciso acender o alerta para um quadro depressivo, que pode trazer um grande impacto na qualidade de vida da mulher e do bebê. Quer entender melhor o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é depressão pós-parto?

A depressão pós-parto é um transtorno do humor que pode surgir nas primeiras semanas após o parto. Ele é caracterizado pela persistência de sintomas depressivos por mais de 2 a 4 semanas. Ela pode se estender por todo o primeiro ano pós-parto e evoluir para um transtorno depressivo maior se não for tratada.

A seguir, veja como você pode identificar os sintomas dessa doença.

Alteração no humor

Quando as pessoas pensam em depressão, o humor deprimido é o sintoma que primeiro vem à mente. Mas o que ele é exatamente? É uma redução do ânimo da pessoa. Ela fica para baixo, mais pessimista e com pensamentos de desesperança. As pacientes podem ter crises de choro e, em alguns episódios, sem motivo nenhum.

Outra alteração muito comum é a anedonia, isto é, a perda de interesse em atividades que eram consideradas prazerosas anteriormente. Por exemplo, a mulher pode falar: “nossa, antes eu adorava ver filmes. Mas, agora, eu vejo e não faz diferença nenhuma”. Essa manifestação atinge praticamente todos os aspectos da vida dela, inclusive o relacionamento com a parceria e os familiares.

Além disso, a irritabilidade aumentada pode surgir, fazendo com que a puérpera expresse raiva em situações cotidianas. Essa emoção pode ser direcionada a ela mesma ou a outras pessoas, como o bebê e o companheiro.

Com esse quadro, podem surgir também falas e sentimentos de:

  • Inutilidade (“não sirvo nem para cuidar do meu próprio filho”);
  • Vergonha (“ninguém deveria ter que ver a péssima mãe que eu sou”);
  • Culpa (“por que eu prejudico tanto as pessoas à minha volta?”);
  • Inadequação (“nunca vou servir para ser mãe”).

Negligência no cuidado consigo e com o bebê

É normal ter algum nível de dificuldade para cuidar do bebê. Afinal, é um ser que precisa de muito cuidado. Por exemplo, a mãe precisa acordar diversas vezes durante a noite para atender aos choros do bebê. As noites mal dormidas podem resultar em um maior cansaço durante o dia. Assim, surgem esquecimentos eventuais de trocar uma frauda, mas nada que possa prejudicar a saúde do bebê.

Na depressão pós-parto, pode haver uma negligência maior, expondo o bebê a más condições de higiene e de nutrição. Em resposta, a criança fica mais chorosa e irritada. No entanto, não é um desmazelo em relação ao filho. A própria mulher também passa por dificuldades para cuidar de si.

Mudanças de hábitos

Com a depressão, o comportamento da mulher também muda bastante. Ela pode começar a se afastar do parceiro, de familiares e de amigos. Esse sintoma pode ser muito sutil, visto que a paciente pode associar o isolamento com uma necessidade de cuidar da saúde do bebê e dela mesma.

Alterações nos hábitos alimentares também são comuns e podem se manifestar tanto como falta de apetite quanto como alimentação compulsiva. Consequentemente, podem surgir mudanças de peso. Também pode haver problemas no comportamento do sono, como sonolência excessiva durante o dia e insônia à noite.

Problemas para execução de tarefas no dia a dia

A depressão também altera a cognição e as funções executivas da mulher, resultando em dificuldade para fazer e se manter em tarefas habituais. Isso ocorre devido a manifestações, como:

  • Dificuldades de concentração;
  • Memória reduzida;
  • Indecisão constante;
  • Insegurança excessiva em relação à maternidade;
  • Dificuldade para inibir comportamentos.

Sintomas graves da depressão pós-parto

Alguns sintomas devem gerar mais preocupação, pois indicam um quadro mais grave. Com eles, há um maior risco de a gestante colocar em risco a sua integridade física e a do bebê. Veja alguns exemplos:

  • Delírios e alucinações;
  • Paranoia (sem motivo real, acredita que alguém quer fazer mal a ela ou ao bebê);
  • Pensamentos de agressão a ela própria e ao bebê;
  • Negligência às necessidades do bebê, deixando de amamentá-lo ou trocá-lo frequentemente;
  • Pensamentos persistentes de suicídio, que podem ir desde uma vontade de morrer até um planejamento de como ela pode tirar a própria vida;
  • Pensamentos obsessivos em relação ao bebê;
  • Distúrbios severos do sono;
  • Agitação psicomotora e confusão mental intensas.

Por tudo isso, é fundamental se atentar aos sintomas da depressão pós-parto. Afinal, é uma condição relativamente frequente e que pode prejudicar bastante a qualidade de vida das mulheres.

Quer saber mais sobre o tratamento da depressão pós-parto? Confira este texto em que explicamos tudo sobre o tema!

Não consigo amamentar: quais são as possibilidades?

O aleitamento materno é muito importante, tendo diversos benefícios para a mãe e o bebê. No entanto, em alguns casos, a mulher não pode oferecer o próprio leite para a criança por um problema de saúde ou por não produzir quantidades suficientes. Assim surge uma pergunta muito comum no consultório: não consigo amamentar, doutora, o que eu faço agora?

Primeiramente, entenda que há algumas alternativas para a mulher que não pode aleitar seu bebê. Quando indicadas por um médico e seguidas corretamente, elas também proporcionam um desenvolvimento saudável e normal.

Alguns exemplos são as doações de bancos de leite materno e o uso de fórmulas que têm uma composição especial para as necessidades de crescimento em cada fase da primeira infância.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe o nosso post!

Não consigo amamentar, quais as possibilidades?

Algumas mulheres não podem amamentar por motivos, como:

  • Não produzem o leite;
  • Têm contraindicação materna ao aleitamento (como no caso de portadoras do HIV, usuárias de quimioterapia e de outras substâncias);
  • São mães adotivas.

Em todos os casos, elas podem ficar tranquilas. Não poder amamentar não vai prejudicar o desenvolvimento do bebê nem o vínculo afetivo. Vamos falar sobre as alternativas ao aleitamento materno a seguir.

O que não deve ser feito para substituir o aleitamento materno?

Uma das práticas que não deve ser feita é colocar seu filho para amamentar no seio de outra mulher ou receber leite materno doado fora dos bancos de sangue. Se a doadora do leite não estiver saudável, o leite poderá transmitir diversos microrganismos e toxinas para o bebê e prejudicar a saúde dele. Essa prática é conhecida como amamentação cruzada e não deve ser realizada em hipótese alguma.

Por exemplo, a Organização Mundial de Saúde já conduziu estudos que mostraram que a amamentação cruzada pode transmitir microrganismos do HIV, da HTLV e da Hepatite B. Todas essas doenças são graves e podem comprometer a saúde em curto e em longo prazos.

Outra prática não recomendada é o uso de leite animal. As necessidades nutricionais dos filhotes de vaca e de cabra, por exemplo, são muito diferentes da humana. Então, são leites que não suprem as demandas do desenvolvimento de uma pessoa.

Quais são as formas saudáveis de substituir o aleitamento materno?

Nesse sentido, quais são as alternativas saudáveis para a mãe que não consegue amamentar? São duas:

  • A doação feita em bancos de leite;
  • O uso de fórmulas específicas para bebês.

No Brasil, existem mais de 218 bancos de leite e eles estão presentes em todos os Estados. Muitos deles fazem, inclusive, a entrega do leite na casa das mães que não podem se locomover até o centro de doação.

Qual a diferença entre o leite desses bancos e aquele doado por outra mulher que está amamentando ou de uma ama? Nos bancos, o leite humano passa por um tratamento muito rigoroso. Ele é testado para a identificação de patógenos e, depois disso, passa por processos de eliminação de microrganismos e toxinas (pasteurização). Assim, não há risco de transmissão de doenças.

E qual a diferença entre o leite em pó tradicional e as fórmulas infantis? A primeira opção é feita com leite de vaca e, portanto, não contém todos os nutrientes necessários para o bebê. As fórmulas infantis são elaboradas para atender as necessidades das crianças em cada fase de desenvolvimento dos 0 aos 36 meses de vida.

Então, tem todos os carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e sais minerais necessários para o bebê. No entanto, é preciso de muito cuidado na hora de dá-las para o bebê.

A diluição em água deve ser feita sempre na medida recomendada na lata. Diluir demais vai causar desnutrição na criança. Sempre deve ser utilizada a água filtrada, que deve ser fervida e esfriada antes de ser misturada ao pó. As fórmulas podem ser adquiridas gratuitamente pelo SUS ou compradas em farmácias.

Portanto, em relação à nutrição do bebê, você pode ficar tranquila, pois as alternativas ao aleitamento materno são suficientes para garantir o crescimento saudável do seu filho.

Os aspectos psicológicos da dificuldade para amamentar

Ter um filho geralmente envolve muitas expectativas, principalmente em relação ao próprio desempenho. É comum e saudável a mulher sonhar com uma situação ideal. Porém, em geral, a realidade traz desafios para o que foi planejado.

Então, a mãe com dificuldade para amamentar pode enfrentar muitas emoções difíceis, como:

  • Culpa por algum problema que pode ter causado a impossibilidade de aleita;
  • Insuficiência, uma sensação de não ser tão mulher ou mãe;
  • Ansiedade e medo de não poder prejudicar o bebê.

No entanto, se esses pensamentos vierem, você não precisa se sentir mal. Em situação de estresse, é normal sentir essas emoções negativas. Por outro lado, apegar-se e fixar-se demais nesses sentimentos faz mal.

Nesse sentido, busque aceitar a realidade e a sua reação a ela. Não há nada de errado com isso. Agora, o mais importante é que você siga os valores mais valiosos para você, como:

  • oferecer uma vida saudável para seu bebê;
  • dar afeto e estar presente com o seu filho. O carinho e o amor são nutrientes para a alma do bebê, podendo ser transmitidos em diversos momentos para além do ato de amamentar;
  • vivenciar a sua experiência da maternidade. Ser mãe é algo único para cada mulher. Cada uma delas enfrentará suas próprias dificuldades e desafios. O processo não é perfeito, é um aprendizado contínuo e diário;
  • cuidar de si mesma, da saúde física e mental. Mantenha uma rotina de autocuidado, alimentação saudável e sono.

Portanto, se você está pensando: “não consigo amamentar, e agora?” Um primeiro passo é procurar os médicos que a acompanham (ginecologista do seu puerpério e o pediatra do bebê) para se informar do que pode ser feito para lidar com a dificuldade de amamentar. Se estiver enfrentando conflitos emocionais persistentes, procure também o auxílio de psicólogos e psiquiatras.

Quer saber mais sobre a amamentação? Confira este artigo bem explicativo sobre o tema!

O que é DIP?

O corpo da mulher apresenta muitas especificidades e está sujeito a inúmeras condições médicas, principalmente aquelas localizadas no aparelho reprodutor. Por esse motivo, existe uma especialidade dedicada à saúde feminina, focada na promoção da saúde, na prevenção e na reabilitação de doenças. Uma das condições ginecológicas mais comuns é a doença inflamatória pélvica, a DIP.

A DIP é um processo inflamatório que se estende pelos órgãos e estruturas do sistema reprodutor feminino. Ela pode ocorrer devido a diversas doenças de base, sendo comumente relacionada a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Contudo, também pode ser causada por microrganismos presentes em infecções esporádicas do trato genital.

Na DIP, diversos órgãos podem ser afetados, como o útero, as tubas uterinas e os ovários. A infecção, inclusive, pode ter começado em outro local, como a vagina. Quando o patógeno consegue ultrapassar as barreiras do colo uterino, ele ascende e coloniza estruturas do trato genital feminino superior.

Na maior parte dos casos, as pacientes com DIP são completamente assintomáticas. Assim, o diagnóstico pode ser dificultado. Infelizmente, mesmo as mulheres assintomáticas podem sofrer com as complicações da doença, como a infertilidade e as aderências pélvicas.

Quer saber mais o que é a DIP e como identificá-la? Acompanhe nosso post!

O que é DIP?

Vamos, primeiramente, entender o que cada palavra dessa expressão significa na prática:

  • Doença, ou seja, é um processo desencadeado por alguma causa conhecida, geralmente uma bactéria;
  • Inflamatória — em resposta à infecção, o corpo envia o sistema imunológico para inflamar o local. Isso ajuda a controlar os invasores, mas a reação imune pode sair de controle e afetar a funcionalidade dos órgãos locais;
  • Pélvica — os órgãos localizados na região mais baixa do abdômen são mais acometidos. Ali, estão principalmente as vias urinárias, o útero, os ovários e as tubas uterinas.

Causas da DIP

Dentre as causas de DIP, duas infecções sexualmente transmissíveis são mais frequentes:

  • A clamídia;
  • A gonorreia.

Ambas apresentam muitas características em comum, como o fato de causarem infecções usualmente assintomáticas. A latência entre a infecção e o desenvolvimento da DIP pode durar vários meses. Afinal, ela resulta da persistência da inflamação devido à incapacidade de controle dos patógenos e da permanência da infecção.

Caso o patógeno seja eliminado naturalmente pelo corpo, a DIP tende a não se manifestar ou regredir. No entanto, em mulheres diagnosticadas com ela, o tratamento será essencial.

Fatores de risco para DIP

Um dos principais fatores de risco para a DIP é o comportamento sexual da mulher, pois aumenta as chances de entrar em contato com algum microrganismo causador de doença, que se multiplica no sistema reprodutor feminino.

A vida sexual ativa, por si só, já é um fator de risco. Ou seja, mulheres que não praticam sexo são menos expostas à DIP. Isso não significa que você deve ver as relações sexuais como algo ruim. Pelo contrário, é muito importante se cuidar na hora de realizá-las, utilizando sempre os preservativos, que previnem contra as ISTs.

Veja alguns outros comportamentos de risco a seguir:

  • Relação sexual desprotegida;
  • Multiplicidade de parcerias sexuais;
  • Ter relações sexuais com pessoas com múltiplos parceiros;
  • História prévia de infecções sexualmente transmissíveis;
  • Uso regular de ducha íntima, uma prática comum e vista como higiênica por muitas pessoas, mas que prejudica a saúde da mulher.

Sintomas mais comuns da DIP e diagnóstico

É muito importante entender que a DIP é uma doença assintomática e silenciosa. Portanto, muitas mulheres demoram a suspeitar da inflamação.

Quando expressa sintomas, os mais frequentes são:

  • Dor leve a grave na parte baixa do abdômen;
  • Alterações no corrimento vaginal, como secreção com odor intenso;
  • Sangramento uterino anormal, que pode ocorrer inclusive durante as relações sexuais;
  • Dor durante a relação sexual (dispareunia), especialmente à penetração profunda;
  • Sintomas sistêmicos, como febre, calafrios, náuseas e vômitos;
  • Dor ao urinar;
  • Incontinência urinária.

O diagnóstico é feito com base na consulta clínica, preferencialmente com um ginecologista experiente. Primeiramente, ele vai colher a sua história clínica, com especial atenção ao comportamento sexual, a características dos sintomas, presença de fatores de risco e de problemas reprodutivos. É um acolhimento humanizado, feito sem julgamentos morais.

Depois disso, ele faz o exame físico ginecológico, que pode revelar alterações, como:

  • Ultrassonografia pélvica;
  • Exames de sangue e urina;
  • Videolaparoscopia com biópsia endometrial em casos mais graves, como a presença de aderências significativas e abscessos.

Tratamento da DIP e a gravidez

A DIP é tratada usualmente com medicamentos que eliminam os agentes infecciosos. Por exemplo, para a gonorreia, podem ser utilizados alguns antibióticos orais ou injetáveis. É preciso utilizá-los exatamente da forma prescrita pelo médico até o último dia indicado por ele.

Muitas pessoas deixam de tomar a medicação quando os sintomas melhoram, mas isso faz a doença ressurgir em muitos casos. O parceiro sexual também é tratado para evitar o risco de reinfecção.

Após três meses, é feito o controle de cura e, se houver sinais de recidiva ou falha terapêutica, reiniciamos o tratamento. A abordagem cirúrgica é reservada para situações mais graves, como a presença de abscessos. Portanto, é muito importante que o tratamento da DIP seja individualizado para aumentar as chances de sucesso e evitar maiores complicações.

Quer saber mais sobre esse e outros temas? Confira este artigo bem completo!

Riscos da concepção: saiba mais sobre o assunto

A gravidez é um momento que altera bastante o corpo da mulher. Portanto, é natural que haja alguns riscos da concepção. Na maior parte das vezes, porém, eles são bem baixos, principalmente quando há o acompanhamento adequado da gestação. Nesse sentido, é muito importante entender que os cuidados devem começar preferencialmente antes de você engravidar. As consultas preconcepcionais são ações muito importantes nesse sentido.

Nelas, acolhemos o casal que deseja ter filhos e entendemos melhor a sua história. Então, fazemos uma avaliação tanto do homem quanto da mulher para encontrar fatores que podem comprometer a fertilidade ou aumentar os riscos gestacionais. Durante esse período, a mulher receberá informações sobre as mudanças que ocorrem no seu corpo durante o processo de gravidez.

Os riscos da concepção e da gestação significam que há uma maior chance de ocorrer alguns eventos que podem comprometer a saúde ou a vida do feto ou da mulher. Isso não significa que há uma certeza de que essas complicações vão ocorrer. Trata-se apenas de uma maior probabilidade em relação às gestações habituais.

Esses riscos podem se dever a inúmeros fatores, como idade, história gestacional prévia, doenças crônicas da paciente e a condição fetal. Quer entender melhor o assunto? Acompanhe!

Quais são os riscos da concepção e da gravidez de forma geral?

Afinal, os riscos estão aumentados em relação a quais problemas? Durante uma gestação, podem ocorrer complicações para o feto e a evolução da gravidez, como:

  • Abortamento, que é a perda gestacional antes da 24ª semana de gestação;
  • Malformações fetais (alterações na anatomia dos órgãos e estruturas do bebê);
  • Defeitos no neurodesenvolvimento (os quais podem trazer deficiências intelectuais, cognitivas e motoras para a vida do filho;
  • Morte intrauterina, a qual acontece quando o feto perde os sinais vitais ainda dentro do útero após a 24ª semana;
  • Parto prematuro, que é o parto entre a 25ª e a 36ª semana de gestação. Isso aumenta as chances de o bebê ir à óbito, ter problemas de desenvolvimento ou condições médicas adversas;
  • Parto cesariana. Apesar de ser feito eletivamente em muitas mulheres, trazem mais riscos de complicação para a mulher e para o bebê. Por isso, idealmente, devem ser reservados para situações de impossibilidade do parto normal, sendo vistos como uma complicação do parto.

A gestação também aumenta as chances complicações para a mulher, como:

  • Comprometimento da funcionalidade de órgãos importantes devido a doenças da gravidez, como a eclâmpsia e a diabetes gestacional, ou a descompensação de doenças prévias;
  • Morte materna durante a gestação, no parto ou no puerpério.

Todas elas podem acontecer em qualquer gestação, mas há algumas condições que as tornam mais prováveis.

Por que é importante avaliar os riscos gestacionais antes da gestação e durante o pré-natal?

Os riscos da concepção e da gestação são determinados fatores que aumentam as chances de as complicações acima acontecerem. Muitos deles podem ser controlados mesmo antes de o casal tentar engravidar por meio das consultas preconcepcionais.

Histórico reprodutivo

Complicações em gravidezes anteriores, como doenças gestacionais e partos prematuros;

  • Abortos espontâneos, parto prematuro, cesariana e doenças gestacionais em gestações anteriores;
  • Doenças dos órgãos geniturinários (DIP, infecções urinárias, vaginoses, miomas uterinos pólipos endometriais, patologias do trato genital inferior e endometriose);
  • Infecções sexualmente transmissíveis, como a sífilis, a gonorreia e a clamídia, que frequentemente são assintomáticas. Elas podem levar à infertilidade, abortamentos, malformações fetais e partos prematuros, por exemplo.

Então, o acompanhamento preconcepcional envolve a investigação dessas doenças e o controle antes de iniciar as gestações.

Histórico médico

Condições crônicas não-ginecológicas também podem aumentar o risco de complicações. Veja algumas delas:

  • Hipertensão arterial (pressão alta);
  • Diabetes mellitus;
  • Obesidade;
  • Disfunções da tireoide;
  • Transtorno emocionais e afetivos.

Quando identificadas e controladas antes da gestação, podemos evitar o surgimento ou a evolução de diversos problemas.

Histórico cirúrgico

As cirurgias, principalmente na região pélvica, podem deixar sequelas internas que dificultam a fertilidade ou a evolução normal de uma gestação. Por exemplo, elas podem causar aderências uterinas que obstruem a cavidade uterina ou distorcem a forma do útero.

Idade

Com o envelhecimento, a reserva ovariana cai progressivamente. A partir dos 35 anos, isso leva a um maior risco gestacional devido a:

  • estímulo insuficiente do endométrio, fazendo com que ele fique menos espesso para receber o embrião. Isso traz maiores chances de complicações gestacionais, como defeitos da implantação da placenta e abortamentos de repetição;
  • envelhecimento dos óvulos, que terão maior chance de alterações genéticas (síndrome do X frágil) ou cromossômicas (como a trissomia do cromossomo 21, que leva à síndrome de Down.

Quais são as condutas diante de determinados riscos?

O primeiro passo é fazer uma avaliação para rastrear os principais riscos de saúde com exames, como:

  • Avaliação da reserva ovariana (alguns casos, como na melhor com infertilidade ou no pré-menopausa);
  • Rastreio para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e para o HIV;
  • Dosagem dos níveis dos hormônios envolvidos na reprodução humana (alguns casos);
  • Tipagem sanguínea;
  • Avaliação da imunidade à rubéola, sarampo, varicela, à hepatite B e toxoplasmose;
  • Exame de urina;
  • Rastreio de doenças genéticas (se houver histórico familiar);
  • A conduta dependerá da condição identificada.

Por exemplo, no caso da maioria das infecções, é feito o tratamento curativo com o objetivo de eliminar os microrganismos do corpo da mulher. Se for uma condição crônica, busca-se controlá-la antes da gestação (atingir as metas terapêuticas de pressão arterial ou dos níveis de açúcar no sangue, por exemplo). Mulheres e homens podem receber vacinas se não tiverem imunidade para doenças preveníveis com imunizantes disponíveis.

Nesses e em outros casos, podem ser indicadas outras condutas, como:

  • Mudanças de hábitos de vida;
  • Cirurgias;
  • Reprodução assistida.

Por fim, é muito importante ressaltar que, em alguns casos, a mulher não pode gestar, pois isso traria riscos da concepção e da gestação muito elevados. A adoção e a barriga solidária podem ser opções nesses casos. Na consulta preconcepcional, portanto, podemos orientar todos os casais sobre as melhores condutas individualizadas à sua situação específica.

Quer entender melhor as consultas preconcepcionais? Confira este artigo!