Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Quando a adolescente deve ir ao ginecologista?

Quando a adolescente deve ir ao ginecologista? — Essa é uma pergunta muito comum entre responsáveis que procuram o auxílio de um médico para entender como deve ser feito o cuidado com as meninas em transição para a idade fértil. Esse questionamento também é uma busca frequente das próprias adolescentes no Google e nas redes sociais, por exemplo.

Essa pergunta ser feita atualmente já é um bom sinal, pois mostra uma preocupação em ver o início da idade fértil como uma questão de saúde. Antigamente, havia muito estigma com as consultas ginecológicas em pacientes jovens. Por isso, ao contrário do que ocorre em outros países, ainda não está tão enraizado na nossa cultura a importância do acompanhamento ginecológico de adolescentes.

Muitos médicos ouvem dos responsáveis que há um receio em iniciar precocemente essa medida, pois acreditam que poderiam desencadear um início precoce da vida sexual das adolescentes. No entanto, essa visão é baseada em um preconceito que não se baseia em nenhuma evidência. Até hoje, nenhum estudo demonstrou essa relação.

Pelo contrário, o que algumas pesquisas indicam é que as consultas para aconselhamento e acompanhamento das adolescentes podem reduzir o risco de gestações precoces e de infecções sexualmente transmissíveis. Por exemplo, a vacinação contra o HPV deve preferencialmente ser completada antes do início da vida sexual, protegendo a adolescente contra as consequências de uma infecção.

Quer saber mais sobre o tema e entender por que é tão importante abandonar o preconceito das consultas ginecológicas das adolescentes? Acompanhe nosso post!

Quando é feita a transição da pediatria para a ginecologia?

Primeiramente, é importante enfatizar que não é feita uma transição completa. A ginecologia é uma especialidade que cuida da saúde da mulher, com foco especial nas condições relacionadas ao sexo. Por sua vez, a pediatria cuida de outras questões importantes, como a puericultura e o acompanhamento de doenças sistêmicas.

Então, em grande parte dos casos, a adolescente será acompanhada pelos médicos das duas especialidades. À medida que o organismo da mulher amadurece, o acompanhamento da pediatria é substituído pela clínica médica do adulto. Na fase de transição, existe também o hebiatra, que cuida das questões ligadas à adolescência especificamente. Mesmo nesses casos, o ginecologista também acompanha a mulher.

Quando a adolescente deve ir ao ginecologista?

Essa é uma dúvida muito comum entre os pais e responsáveis. É muito importante entender que não existe uma idade ou um marco que indique essa necessidade. Nesse sentido, é essencial que a decisão seja individualizada. Em muitos casos, o pediatra pode ser um parceiro importante para ajudar na decisão.

A adolescência é a transição entre a infância e a idade adulta. O principal marco da transição para essa fase é a primeira menstruação, a menarca, ocorrendo geralmente entre os 12 e os 16 anos de idade.

Essa faixa etária é uma média com base no que é mais comum na população. Entretanto a puberdade pode se iniciar precocemente ou, mesmo, tardiamente. No entanto, diversas mudanças físicas podem ocorrer antes, na pré-puberdade, entre os 8 e 9 anos (em geral). Por exemplo, o crescimento dos brotos mamários que precedem a menarca, indicando o início do processo de maturação da função reprodutiva da mulher.

A menarca define o início dos ciclos menstruais, nos quais ocorrem a ovulação, que determina a fertilidade. Inicialmente, na adolescência, os ciclos menstruais ainda são irregulares. Portanto, nem todos os meses levam os ovários a liberar um óvulo para ser fecundado.

Mesmo assim, já é possível engravidar. A gravidez na adolescência deve ser uma preocupação importante, visto que pode trazer riscos físicos e sociais para a mulher em formação. Por isso, o aconselhamento de planejamento familiar é importante, podendo ser conduzido por um ginecologista.

Muitas vezes, os responsáveis definem a primeira menstruação como um indicador da necessidade de consultar um ginecologista. Contudo, não há uma regra que determine o momento ideal da primeira consulta ao ginecologista. A consulta especializada poderá ocorrerá se:

  • a menstruação tiver alguma anormalidade;
  • o desenvolvimento da maturidade sexual prejudicar a qualidade de vida da adolescente;
  • ele vier acompanhada de alguma outra dificuldade.

Também pode ser feito caso a própria adolescente expresse querer ir a um ginecologista ou o pediatra indicar que essa consulta pode ser necessária. Caso contrário, não há um motivo real para consultar um ginecologista.

Vínculo ginecologista-adolescente

Um dos motivos para uma adolescente consultar um ginecologista na adolescência é conhecer melhor o próprio corpo e as mudanças pelas quais ele passará no futuro. Afinal, a puberdade envolve muitas mudanças e é importante saber mais sobre os órgãos sexuais externos e internos.

Durante o treinamento do ginecologista, ele aprende também as habilidades necessárias para comunicar e educar as adolescentes sobre isso, além de engajá-las no autocuidado. Tudo é feito com bastante empatia e acolhimento, visto que podem surgir muitas ansiedades nessa fase da vida.

Na primeira consulta, é possível esclarecer diversas dúvidas. Dessa forma, a adolescente pode se preparar para enfrentar esse período de tantas transformações. Portanto, é um vínculo baseado no respeito, na empatia, no acolhimento e na educação em saúde. Depois disso, uma rotina será estabelecida para que a relação médico-paciente seja aprofundada e fortalecida com confiança e respeito. Então, além de saber quando a adolescente deve ir ao ginecologista, é essencial também entender a importância da qualidade desse contato.

Quer saber mais sobre esse e outros temas da ginecologia da adolescência? Confira nosso post sobre quando deve acontecer a primeira consulta com um ginecologista!

Gestação e idade: riscos e cuidados

Gestação e idade: atualmente, passamos por uma transformação cultural em relação à fertilidade das mulheres. Elas progressivamente estão escolhendo gestar em idades cada vez mais avançadas. Há algumas décadas, a situação era oposta: a gravidez precoce, na adolescência, era muito comum.

Ambos os casos, porém, estão relacionados a riscos aumentados de desenvolvimento de complicações antes e após as gestações. Quer entender melhor o tema? Acompanhe o nosso post!

Qual a relação entre gestação e idade?

No Manual da Gestação de Alto Risco, o Ministério da Saúde aponta que, potencialmente, há um risco aumento de complicações nas seguintes faixas etárias:

  • mulheres com menos de 17 anos; ou
  • mais de 35 anos de idade.

No entanto, a relação não é de causa e consequência direta. Na verdade, a maioria das mulheres com gestações nesses extremos de idade são capazes de gerar nascimentos vivos e saudáveis. Portanto, a idade apenas não é um motivo para a classificação de uma gestação de alto risco.

Gestação e idade: riscos e cuidados associados a gestações tardias, depois dos 35 anos

A fertilidade da mulher começa declinar a partir da terceira década de vida. A partir desse corte de idade, existe um aumento progressivo do risco de complicações gestacionais.

Contudo os estudos mostram que mesmo mulher com mais de 45 a 50 anos apresentam gestações geralmente saudáveis. Por isso, sempre quando falamos em risco gestacional e idade materna avançada, é preciso ter bastante cautela. Não existe uma relação causa e consequência.

A gestações em mulheres após os 35 estão sim associadas a riscos aumentado de complicações da gravidez, como:

  • Nas fases iniciais da gestação —aborto espontâneo, gravidez ectópica e anomalias cromossômicas fetais;
  • No desenvolvimento das gestações Anomalias congênitas, diabetes gestacional, placenta prévia e pré-eclâmpsia;
  • No parto, pode haver uma maior chance de evolução para partos cesarianos e partos prematuros;
  • Após o nascimento, pode haver também um leve aumento de risco de mortalidade perinatal.

Contudo alguns desses riscos estão mais ligados às doenças cuja frequência aumenta a partir dessa idade, como a hipertensão arterial e a diabetes mellitus tipos 2. Outros, porém, estão diretamente relacionados à idade, como uma maior chance de bebês com anomalias cromossômicas. Isso ocorre principalmente devido ao envelhecimento dos óvulos.

Mesmo assim, é muito importante que elas melhorem suas condições de saúde com medidas, como:

  • Controle de doenças crônicas que impactam na gestação, como a hipertensão arterial (pressão alta) e a diabetes;
  • Tratamento de infecções no aparelho geniturinário;
  • Imunização;
  • Redução do índice de massa corporal (IMC) caso estejam com obesidade;
  • Cessação de maus hábitos, tais quais o uso de drogas, o tabagismo e o alcoolismo.

Todas essas medidas podem ser orientadas em uma consulta preconcepcional com um ginecologista. Nesse momento, o profissional vai explicar todas as medidas que poderão impactar na sua gestação.

Gestação e idade: riscos e cuidados associados a gestações precoces, antes dos 17 anos

A gestação antes dos 17 anos é conhecida popularmente como gravidez na adolescência. Isso traz riscos muito complexos, pois extrapolam as questões orgânicas apenas. Uma das grandes questões nas gestações precoces é a saúde mental, por exemplo. As adolescentes apresentam um risco aumentado de desenvolver depressão pós-parto.

Há também questões que vão além dos riscos físicos. As adolescentes com filhos têm menor chance de concluir o ensino médio, por exemplo. Alguns estudos apontam que elas podem ser mais vulneráveis à violência por um parceiro.

Os estudos americanos mostram que 15% das gestações diagnosticadas em adolescentes evoluem para abortamentos espontâneos. Além disso, as adolescentes são mais propensas a tentar uma interrupção provocada da gravidez. Assim, podem sofrer lesões graves, intoxicar-se com substâncias ou, em um ponto extremo, suicidarem-se.

As crianças de mães mais novas também parecem ser afetadas, tendo:

  • Maior risco de desenvolvimento de transtornos cognitivos;
  • Maior chance de apresentar problemas escolares;
  • Maior risco de negligência.

Além disso, filhas de gestações precoces apresentam uma maior probabilidade de terem também uma gravidez na adolescência.

O acompanhamento da gestação por um médico pode ajudar a prevenir esses problemas. Afinal, o papel do profissional pode ir muito além de tratar as condições físicas. Está também em acolher a adolescente — sem julgamentos —, abordar todas as questões da gravidez nessa faixa etária e educar para evitar a efetivação dos riscos encontrados.

A idade, por si só, não é um fator que leva a uma gestação de alto risco. No entanto, para identificar ameaças precocemente, é essencial que o pré-natal seja adequado, com consultas periódicas, e que haja um acolhimento completo e empático da mulher com um gravidez em extremos de idade.

Se possível, o processo de aconselhamento da gestação deve ocorrer antes mesmo da fecundação. As consultas pré-concepcionais e de planejamento familiar são um instrumento que a ginecologia e a obstetrícia têm para melhorar o prognóstico da fertilidade da mulher e do desenvolvimento de uma gestação. Lá, ela terá um espaço dela para tirar as dúvidas (inclusive sobre gestação e idade), conversar sobre suas emoções e compreender seu estado de saúde.

Quer mais sobre as gestações de alto risco? Então, confira nosso artigo sobre o assunto!

Gestação de alto risco: quando considerar essa situação?

As gestações de alto risco são aquelas em que o médico identifica um ou mais fatores relacionados a uma maior chance de ocorrência de uma complicação. Com isso, é necessário mudar a rotina dos cuidados pré-natais para melhorar o prognóstico de saúde da mãe e do bebê.

Portanto, passar pelo pré-natal de alto risco não significa que algum evento negativo vai ocorrer. Significa que todas as precauções médicas humanizadas, individualizadas e baseadas em evidências serão tomadas para trazer mais segurança materna e fetal. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe este post!

O que é uma gestação de alto risco?

Uma gestação é considerada de alto risco quando ela apresenta fatores que aumentam as chances de alguma complicação para a mãe e/ou o bebê. Em alguns casos, o risco está relacionado a fatores biológicos relacionados a uma maior frequência de:

  • Morte ou adoecimento materno devido à gravidez ou ao parto;
  • Abortamentos;
  • Partos prematuros;
  • Malformação do feto;
  • Óbito fetal antes, durante ou após o parto;
  • Complicações no puerpério, como a depressão pós-parto.

No entanto, não são apenas os fatores físicos que aumentam o risco dessas complicações,

  • Dificuldade para a aceitação;
  • Violência psicológica ou física;
  • Falta de suporte social adequado;
  • Condições financeiras inadequadas;
  • Dificuldade para compreender os cuidados necessários para uma gestação saudável.

Tudo isso pode exigir um acompanhamento mais próximo, intenso e frequente em comparação às gestações habituais. Portanto, recebem a classificação de gestação de “alto risco”.

Quais são os fatores que levam a uma gestação de alto risco?

Diversos fatores podem levar à necessidade de um acompanhamento pré-natal de alto risco. Em alguns casos, a presença de apenas um critério é suficiente para demandar esse cuidado. Em outros, a classificação é devido à associação de dois ou mais fatores.

De qualquer modo, é muito importante que você entenda que a decisão é sempre individualizada para cada mulher e para cada gestação.

Idade materna

Há maior risco de complicações gestacionais nos dois extremos da vida reprodutiva de uma mulher. A gravidez precoce (antes dos 17 anos de idade) traz mais riscos devido à imaturidade do corpo, especialmente do sistema reprodutor feminino.

Por sua vez, após 35 anos de idade, a produção de hormônios sexuais da mulher está reduzida, o que impacta na receptividade do endométrio, por exemplo. Além disso, o envelhecimento dos gametas aumenta o risco de os óvulos apresentarem algum defeito genético. Então, há uma maior chance de ocorrerem abortamentos e malformações congênitas.

Fatores sociais e pessoais

Há também algumas características que estão ligadas a um maior risco para a mulher e a gestação, como:

  • “Altura menor que 1,45 m;
  • Peso pré-gestacional menor que 45 kg e maior que 75 kg (IMC30);
  • Anormalidades estruturais nos órgãos reprodutivos;
  • Situação conjugal insegura;
  • Conflitos familiares;
  • Baixa escolaridade;
  • Dependência de drogas lícitas ou ilícitas;
  • Hábitos de vida – fumo e álcool;
  • Exposição a riscos ocupacionais, como esforço físico, carga horária, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse”.

Condições médicas pré-existentes

Algumas condições médicas presentes antes da gravidez impactam o prognóstico de uma gestação saudável. As principais são:

  • Hipertensão arterial sistêmica;
  • Doenças pulmonares (pneumopatias), renais (nefropatias) e cardíacas (cardiopatias) que reduzem a capacidade funcional desses órgãos;
  • Diabetes mellitus;
  • Doenças autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico;
  • Infecções sexualmente transmissíveis, entre outras;
  • Doenças hematológicas;
  • Epilepsia;
  • Neoplasias malignas;
  • Exposição indevida, acidental, ambiental ou ocupacional a fatores teratogênicos, isto é, com capacidade de prejudicar a formação do bebê.

Histórico gestacional

Eventos que ocorreram em gestações prévias também podem ser um sinal de alerta para um cuidado mais próximo com a gestante. Alguns exemplos são a história de:

  • Abortamento de repetição;
  • Morte perinatal explicada e inexplicada;
  • Malformações congênitas;
  • Parto prematuro;
  • Depressão pós-parto;
  • Pré-eclâmpsia ou eclâmpsia;
  • Diabetes gestacional;
  • Cirurgia uterina anterior, incluindo duas ou mais cesáreas;
  • Síndrome hemorrágica ou hipertensiva;
  • Ausência de gestações anteriores (nuliparidade) ou de muitas gestações prévias (grande multiparidade);
  • Intervalo entre gestações menor que dois anos ou maior que cinco anos;
  • Esterilidade ou infertilidade.

Condições médicas que surgem durante a gestação

Mulheres previamente saudáveis podem apresentar algumas complicações ligados ao contexto gestacional. Como vimos, as gestações provocam mudanças significativas no corpo, o que pode levar a um maior risco de comprometimento da saúde.

Algumas doenças gestacionais que podem levar ao pré-natal de alto risco são:

  • Pré-eclâmpsia, cuja manifestação mais frequente é o aumento da pressão arterial associado à presença de proteína na urina. Contudo pode ser diagnosticada a partir de outros critérios;
  • Eclâmpsia, que á a ocorrência de convulsões ou coma em pacientes diagnosticadas previamente com algum quadro hipertensivo (inclusive a pré-eclâmpsia);
  • Diabetes gestacional, que é o aumento dos níveis de glicose (um tipo de açúcar no sangue) durante a gravidez.

Outros problemas relacionados à gravidez são:

  • Ganho inadequado de peso da gestante;
  • Trabalho de parto prematuro, que inicia antes da 37ª semana de gravidez;
  • Gravidez múltipla (mais de 1 bebê);
  • Doenças infeciosas durante a gestação atual, como infecções urinárias, doenças do trato respiratório, rubéola e toxoplasmose;
  • Desvio do crescimento uterino (como fetos pequenos ou grandes para a idade gestacional), número de fetos (gestação múltipla) e volume de líquido amniótico (oligodrâmnio ou polidrâmnio);
  • Rompimento prematuro da bolsa;
  • Hemorragias gestacionais;
  • Insuficiência istmocervical;
  • Aloimunização;
  • Óbito fetal.

Portanto, a classificação de uma gestação de alto risco não é uma “profecia” de que a evolução acontecerá de forma negativa. Pelo contrário, em muitos casos, ela significa que alguns cuidados médicos poderão reduzir as chances de uma complicação mais grave e proporcionar um nascimento saudável para a mãe e o bebê.

Quer saber mais sobre esse tema? Confira este artigo!