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Vitaminas durante a gestação: quais são importantes?

A gravidez traz mudanças que aumentam a necessidade de energia e nutrientes específicos. Afinal, a mulher precisa nutrir não apenas seu próprio corpo, mas também uma nova vida. Por exemplo, o volume sanguíneo materno expande-se em até 50%, exigindo mais ferro e ácido fólico para sustentar a produção de glóbulos vermelhos.

Com isso, as necessidades energéticas das gestantes aumentam em cerca de 300 a 500 kcal por dia, dependendo do trimestre. No entanto, aumentar a ingestão calórica não é suficiente, visto que um consumo adequado de micronutrientes (vitaminas e sais minerais) é essencial. Deficiências nutricionais durante a gravidez podem levar a complicações como parto prematuro, baixo peso ao nascer e distúrbios do desenvolvimento fetal.

Quer saber mais sobre as vitaminas durante a gestação? Acompanhe nosso post até o final!

Vitaminas durante a gravidez: quais são importantes?

Diversas vitaminas e sais minerais são essenciais para manter a saúde materno-fetal. Abaixo está uma breve descrição das vitaminas mais importantes durante a gravidez e suas funções:

Ácido fólico (Vitamina B9)

O ácido fólico é essencial para a síntese de DNA, para o desenvolvimento do tubo neural e para a formação de glóbulos vermelhos. Estudos indicam que a deficiência materna de ácido fólico está fortemente associada a malformações congênitas. Com isso, a ingestão adequada de ácido fólico reduz o risco de defeitos do tubo neural (DTNs), como espinha bífida e anencefalia.

A ingestão recomendada é de 400 a 600 mcg/dia durante a gestação. Além disso, frequentemente, indica-se a suplementação de ácido fólico para todas as mulheres antes da gestação e durante o primeiro trimestre. Suas fontes naturais são vegetais de folhas verdes, leguminosas, carnes vermelhas, frutos do mar e farinhas suplementadas com ácido fólico.

Vitamina B12

É imprescindível para a produção de glóbulos vermelhos e desenvolvimento neurológico. Sua deficiência pode contribuir para anemia e comprometimento do desenvolvimento cerebral fetal, especialmente em vegetarianos e veganos. Naturalmente, ela está presente em carnes, ovos e laticínios.

Ferro

O ferro é necessário para a produção de hemoglobina e transporte de oxigênio. A gravidez aumenta o volume sanguíneo materno, elevando a necessidade de ferro. A deficiência pode levar à anemia, parto prematuro e baixo peso ao nascer. Suas principais fontes naturais são as carnes vermelhas, aves, além de grãos e farinhas fortificados suplementados com ferro.

Cálcio

O cálcio é um sal mineral muito importante para diversas funções do corpo humano. Na gravidez, ele é fundamental para que o bebê forme os ossos e estruturas do corpo, além de ajudar a regular os ciclos das células. Além disso, os estudos mostram que o cálcio atua na prevenção da pré-eclâmpsia, uma complicação gestacional potencialmente grave, reduzindo seu risco em 55%.

Vitamina D

A vitamina D contribui para a absorção de cálcio e fixação do cálcio nos ossos. Alguns estudos indicam que a deficiência de vitamina D durante a gravidez está associada a um risco aumentado de pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e comprometimento do desenvolvimento ósseo fetal. Além disso, a vitamina D parece auxiliar na regulação do sistema imunológico, evitando que sejam gerados anticorpos contra a gravidez. Isso pode reduzir o número de abortamentos.

A dose recomendada de suplementação não está bem estabelecida, devendo ser feita de forma individualizada para cada mulher durante a avaliação médica. As fontes naturais são a exposição à luz solar e peixes gordurosos.

Vitamina C

A vitamina C melhora a absorção de ferro, ajuda na função imunológica e contribui para a síntese de colágeno. Na gravidez, pode ajudar a prevenir a anemia materna ao melhorar a absorção de ferro de fontes vegetais. Suas principais fontes são as frutas cítricas, pimentões, morangos e tomates.

Vitamina A

É importante para a visão fetal e para a diferenciação celular. No entanto, a vitamina A somente deve ser suplementada com orientação médica, pois sua ingestão excessiva pode ter efeitos teratogênicos, isto é, causar defeitos anatômicos fetais. Suas fontes naturais são cenouras, batata-doce e laticínios. O fígado bovino é muito rico em vitamina A e, por isso, deve ser consumido com moderação, pois pode causar Hipervitaminose.

Vitamina E

A vitamina E atua como antioxidante. Sua deficiência é rara, mas pode afetar o desenvolvimento neurológico fetal e a função imunológica. Está presente em nozes, sementes, espinafre e óleos vegetais.

Vitamina K

A vitamina K é importante para a coagulação sanguínea e saúde óssea. Por isso, níveis adequados de vitamina K podem ajudar a prevenir hemorragias antes e após o parto. Contudo, mulheres que usam anticoagulantes devem ter cuidado ao consumir alimentos ricos nessas substâncias. As principais fontes são vegetais folhosos, óleos vegetais e fígado.

Zinco

O zinco é importante para a divisão celular, crescimento fetal e função imunológica. Alguns estudos mostram que a deficiência de zinco na gravidez pode estar associada a maior risco de parto prematuro e restrição do crescimento fetal. Felizmente, a deficiência de zinco é rara, mas pode ocorrer em mulheres em estado de desnutrição. As fontes naturais são carnes, leguminosas, sementes e nozes.

Quais vitaminas e sais minerais precisam ser suplementados?

Existem uma vitamina e um sal mineral que são tão importantes que precisam ser suplementados preventivamente em todas as mulheres em todas as gestações. Eles são:

  • Ferro: durante a gravidez, há um aumento significativo na necessidade de ferro devido à expansão do volume sanguíneo materno e ao desenvolvimento fetal. A suplementação de ferro é frequentemente necessária para prevenir anemia materna e garantir um desenvolvimento do feto. A suplementação preventiva é feita durante o planejamento da gestação e durante o pré-natal;
  • Ácido fólico: a suplementação de ácido reduz o risco de defeitos do tubo neural no feto, como a anencefalia e a espinha bífida. O Ministério da Saúde recomenda que todas as mulheres em idade fértil que planejam engravidar ou que possam engravidar consumam diariamente 400 microgramas (mcg) de ácido fólico. Essa suplementação deve ser iniciada pelo menos um mês antes da concepção e mantida até o final do primeiro trimestre de gestação. Caso não seja possível iniciar a suplementação antes, ela deve ser iniciada tão logo quanto a gestação é diagnosticada e mantida durante todo o primeiro trimestre;
  • Cálcio: o Ministério da Saúde recomenda que as gestantes utilizem um comprimido de carbonato de cálcio 1.250 mg duas vezes ao dia. A suplementação deve se iniciar na 12ª semana de gestação e ser mantida até o parto.

As demais vitaminas durante a gestação geralmente são geralmente suplementadas quando há fatores de risco ou diagnóstico de deficiência desse nutriente. Apesar de muitas pessoas pensarem que vitaminas e sais minerais são sempre bons, suplementar sem necessidade traz riscos. Então, não use nenhum suplemento sem a indicação do médico que acompanha seu pré-natal.

Portanto, uma ingestão adequada de vitaminas durante a gestação é fundamental para a saúde materna e o desenvolvimento fetal. Mesmo que uma dieta equilibrada forneça muitos dos nutrientes necessários, a suplementação de alguns nutrientes pode ser necessária para atender às demandas fisiológicas aumentadas. Por isso, não deixe de conversar com o médico que acompanha seu pré-natal sobre a suplementação.

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Pré-natal: quando começar?

Pré-natal: quando começar?

O cuidado pré-natal é um conjunto de medidas oferecidas desde o momento em que a gestação é confirmada até o parto. Seu objetivo principal é monitorar a sua saúde e a saúde do feto, principalmente com o objetivo de identificar precocemente possíveis complicações e orientar práticas que promovam um desenvolvimento saudável da gestação.

Além das consultas médicas regulares, o cuidado pré-natal envolve exames laboratoriais, orientações sobre hábitos de vida, suplementação nutricional, vacinação e apoio emocional, permitindo um acompanhamento integral da saúde da gestante e do bebê. Quer saber mais sobre quando o pré-natal começa e o que é feito em cada fase? Acompanhe nosso post até o final!

Quando começar o cuidado pré-natal?

O ideal é que o pré-natal comece o mais cedo possível. Nesse sentido, quando um casal deseja engravidar, ele deve procurar o acompanhamento de um ginecologista para iniciar medidas preventivas de complicações gestacionais antes mesmo de iniciar as tentativas de engravidar. Chamamos esse cuidado de “acompanhamento preconcepcional”.

O pré-natal propriamente dito deve se iniciar assim que a gestante suspeita ou confirma a gravidez, o que geralmente é possível por volta da 4ª a 6ª semana após a última menstruação. Assim, recomenda-se que ela agende a primeira consulta pré-natal caso não esteja em acompanhamento médico. Afinal, sabemos que o pré-natal é mais efetivo quando é iniciado no primeiro trimestre.

Esse período é crucial porque é nele que se formam os principais órgãos e sistemas do bebê. Assim, exames iniciais e a consulta médica ajudam a identificar precocemente possíveis infecções, exposição a substâncias e alterações genéticas que podem prejudicar a formação do corpo do feto.

Assim, é possível realizar intervenções imediatas para reduzir o risco de complicações. Contudo, caso não tenha sido possível iniciar o acompanhamento ainda no primeiro trimestre, não deixe de começar o quanto antes. Qualquer momento é momento de iniciar o pré-natal.

Como é o acompanhamento pré-natal?

Recomenda-se o mínimo de 6 consultas de pré-natal ao longo da gestação com a seguinte periodicidade:

  • Mensalmente, até a 28ª semana;
  • Quinzenalmente, da 28ª até a 36ª semana;
  • Semanalmente, da 36ª até a 41ª semana.

Logo na primeira consulta de pré-natal, geralmente são realizadas as seguintes medidas:

  • Entrevista clínica completa (anamnese) com coleta de histórico de saúde, condições crônicas, cirurgias prévias e antecedentes familiares;
  • Exame físico completo com avaliação da pressão arterial, dos sistemas cardiovascular, pulmonar e gastrointestinal, além do exame ginecológico;
  • Indicação de exames de sangue iniciais (tipagem sanguínea, hemograma, glicemia, sorologias para sífilis, HIV, hepatites B e C, entre outros);
  • Ultrassonografia de confirmação gestacional (opcional).

Portanto, atrasar o início do pré-natal pode dificultar o diagnóstico precoce de riscos gestacionais, como hipertensão, alterações na glicemia ou infecções que podem afetar o feto. Quanto mais cedo o acompanhamento começar, mais tempo haverá para intervenções preventivas e orientações individualizadas.

Importância do cuidado pré-natal

Monitoramento do crescimento e desenvolvimento fetal

Por meio do exame físico realizado em cada consulta e de ultrassonografias periódicas (no mínimo, uma a cada trimestre), avaliam-se parâmetros de saúde fetal:

  • Batimentos cardíacos e bem-estar fetal;
  • Medidas biométricas (comprimento do fêmur, diâmetro biparietal, entre outras) para estimar peso e idade gestacional;
  • Localização da placenta e quantidade de líquido amniótico.

Assim, é possível identificar fatores de risco para abortamentos, partos prematuros e complicações no parto.

Identificação precoce e tratamento de complicações maternas

As principais doenças maternas de importância para as gestações são:

  • Hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia: são condições caracterizadas por disfunções cardiovasculares que aumentam o risco de adoecimento e de mortalidade maternofetais, sendo fundamental controlar a pressão arterial antes de atingir níveis de risco;
  • Diabetes gestacional: detectar alterações na glicemia (níveis de açúcar no sangue) para implementar dietas e tratamentos medicamentosos;
  • Anemias e deficiências nutricionais: corrigir carências de ferro, ácido fólico, vitamina D e outras;
  • Infecções: rastrear infecções urinárias, vaginais, toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus, que podem causar complicações gestacionais, malformações fetais e infecções neonatais.

Realização de medidas de promoção da saúde e de prevenção de doenças

Entre as ações realizadas no pré-natal, estão:

  • Alimentação balanceada: orientação para uma alimentação rica em macro e micronutrientes necessários para o desenvolvimento fetal e a manutenção da saúde materna;
  • Exercícios físicos: atividades seguras em nível de intensidade leve (como caminhada, pilates ou hidroginástica) para manter condicionamento e prevenir ganho de peso excessivo;
  • Saúde mental: conversas sobre ansiedade, estresse, suporte familiar e autocuidado;
  • Preparação para o parto e puerpério e preparação do plano de parto: escolha do local de parto, método de analgesia e presença de acompanhante;
  • Orientação sobre sinais de trabalho de parto: avaliação e orientação sobre amamentação (posicionamento, pega correta, frequência);
  • Sorologias e vacinas: atualizar vacinas necessárias (tríplice viral, DTPa e hepatite B);
  • Suplementação de nutrientes: o ácido fólico pode ser iniciado, pelo menos, um mês antes da concepção para reduzir risco de malformação do tubo neural (espinha bífida e anencefalia). Além disso, durante o pré-natal, são indicadas a suplementação de ferro e de cálcio para todas as gestantes.

A partir do momento em que a gravidez é confirmada, o acompanhamento pré-natal precoce e regular é essencial para monitorar a saúde da mãe e do bebê, prevenindo complicações e promovendo um desenvolvimento fetal saudável. Diversos estudos mostram que o pré-natal é capaz de reduzir riscos gestacionais, reduzindo a mortalidade das mães e dos bebês.

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