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Como programar a humanização do seu parto?

Idealmente, você não precisaria programar a humanização do seu parto, pois todo o nascimento deveria ocorrer dentro dos parâmetros de respeito ao protagonismo da mulher e às melhores evidências científicas individualizadas a cada gestação.

Nesse sentido, a programação do seu processo de parto, além de humanizá-lo ao trazer você para o centro da decisão, evita que suas escolhas deixem de ser respeitadas. Para isso, você poderá criar um plano de parto durante o seu pré-natal, no qual as principais escolhas estarão documentadas. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é parto humanizado?

O parto humanizado é um conceito que pode ser aplicado a todo e qualquer técnica obstétrica, desde o parto normal até a cesariana. Ele é baseado nos seguintes princípios:

  • Protagonismo da gestante em todos os momentos desde o pré-natal até o pós-parto;
  • Individualização do parto de acordo com as características físicas, psíquicas e sociais da mulher;
  • Utilização das melhores recomendações técnico-científicas (medicina baseada em evidências) durante todo o processo de programação e execução do parto.

Como programar a humanização do seu parto?

A humanização do seu parto deveria ser um objetivo de todo médico, e estar presente em todas as situações. Contudo, no Brasil, vivemos em um cenário em que a violência obstétrica ainda é comum, com desrespeito às vontades e à integridade física das gestantes. Para isso, foram criados regulamentos e leis que garantem os direitos da gestante.

Nesse sentido, o plano de parto é um documento muito importante para garantir a humanização. Ele é uma espécie de guia detalhado com a programação do parto, devendo ser respeitado pelo médico. Não se esqueça: esse é um direito seu, estabelecido na lei. Ele é válido, inclusive, quando o parto (por diversos motivos) não puder ser realizado pelo médico e pela equipe que você escolheu.

Os obstetras que praticam a medicina humanizada informam à gestante sobre a criação de um plano de parto e buscam construí-lo durante o todo o acompanhamento de pré-natal. Veja a seguir como criá-lo.

Tipo de parto e características da assistência

O tipo de parto é uma das principais escolhas feitas dentro do plano de parto:

  • Parto normal: é o parto feito pela via vaginal. Ele pode ser realizado sem nenhuma intervenção médica (natural) ou ser assistido pelo uso de medicações e procedimentos cirúrgicos;
  • Parto cesariano: é o parto cirúrgico, no qual o nascimento ocorre pelo abdômen da mulher após uma incisão (corte) desde a pele até a cavidade uterina. A cesariana pode ser realizada devido à uma necessidade médica, condições de risco da mãe e/ou do bebê. Nessa situação, os benefícios da intervenção são claramente maiores do que os riscos. A cesariana também pode ser feita sem uma justificativa médica, porém, nesse caso, os riscos de complicações são potencialmente maiores do que qualquer benefício.

O tipo de parto, porém, não tem uma relação direta com a humanização. Todos os partos podem (e devem) ser humanizados. Se a mulher não sentir que a decisão foi sua, um dos princípios do parto humanizado foi comprometido, o protagonismo da gestante.

Se o tipo de parto constar no plano de parto, o profissional que conduzirá o nascimento deverá respeitá-lo, a menos que haja uma justificativa médica que o impossibilite.

Equipe médica e acompanhante

Criar uma situação acolhedora e afetiva para a gestante é um dos principais fatores relacionados às lembranças positivas do parto. Por isso, o suporte emocional e a segurança de estar acompanhada de pessoas em quem confia são essenciais.

Então, no plano de parto, poderá constar o acompanhante que você deseja durante todo o processo, além dos profissionais da equipe e o serviço obstétrico de preferência.

As intervenções médicas durante o parto

O processo de humanização do seu parto pode começar bem antes do nascimento. No pré-natal, o médico inicia conversas a respeito do funcionamento de um parto e, de acordo com as características individuais da sua gestação, ele falará sobre as possibilidades. A educação da gestante sobre os riscos e benefícios de cada decisão é um ponto essencial.

Com isso, você conhecerá as intervenções médicas possíveis, como:

  • Uso de analgésicos e anestesia para o controle da dor;
  • Execução de procedimentos para facilitar o parto (fórceps, episiotomia, entre outros);
  • Conversão do parto normal em cesariana, entre outros.

Em situações em que há um risco iminente ou provável à sua saúde e do bebê, alguns desses procedimentos serão inevitáveis. Contudo, fora da urgência e da emergência, a sua opção deverá ser respeitada, devendo o médico observar os procedimentos desejados e autorizados no plano de parto.

Ambientação do parto

Outro ponto muito importante é a ambientação da sala do parto, a qual contribui para trazer uma sensação de maior acolhimento. Nesse sentido, o plano de parto pode programar:

  • Iluminação;
  • Infusão de essências;
  • Músicas e sons;
  • Fotos da família, entre outros pontos.

Portanto, a programação da humanização do seu parto tem vários benefícios. Primeiramente, o plano de parto a educará sobre os pontos relevantes de um parto, preparando-a e aumentando o seu engajamento para esse momento. Além disso, esse documento garante que sua vontade seja respeitada pelos profissionais que a assistirão durante o nascimento.

Quer saber mais sobre o parto humanizado e a sua importância para as gestantes? Confira nosso texto sobre o tema!

Parto natural humanizado: é possível?

Sim, o parto natural humanizado é possível! Mais do que isso, o conceito de humanização pode ser aplicado a qualquer tipo de parto, como o parto normal assistido e as cesarianas.

Afinal, ele significa que a mulher será a protagonista do próprio parto e terá suas decisões respeitadas pela equipe de saúde, além de todos os procedimentos escolhidos levarem em consideração as melhores evidências técnico-científicas disponíveis, tendo em vista os riscos e os benefícios individuais de cada caso.

Nesse sentido, o parto natural é completamente compatível com a humanização! Afinal, seus objetivos são garantir um parto com o mínimo de intervenção médica, aumentando a participação da mulher no próprio parto e reduzindo a medicalização crescente que temos visto nos últimos anos.

O parto não é visto como um procedimento médico, mas um processo natural que, na maioria dos casos, tem sido bem-sucedido há milhares de anos sem a intervenção da medicina. Além disso, várias evidências científicas sólidas vêm mostrando os benefícios de reduzir as intervenções médicas no processo de nascimento. Um parto natural não significa, porém, que a mulher ficará desassistida.

Pelo contrário, o acompanhamento médico é muito próximo, avaliando todas as condições da gestante e do bebê. Em caso de riscos para eles, não é realizado e a intervenção médica é programada. Tudo é feito dentro da ciência e da técnica médica! Quer saber mais? Acompanhe!

O que é um parto natural?

É um parto no qual não há nenhuma intervenção médica, como:

  • Administração de medicações, tais quais indutores do parto, analgésicos e anestesia;
  • Emprego de técnicas de assistência mecânica não invasiva do parto, como o fórceps e o vácuo extrator;
  • Realização de procedimentos invasivos (episiotomia, cesariana, entre outros);
  • Busca-se que todo os processos sejam desencadeados pelo corpo da gestante, que poderá adotar determinadas posições e manobras para facilitar o trabalho de parto.

Durante todo esse processo, a gestante e o feto serão monitorados pelo médico e pela equipe de saúde constantemente. Ou seja, no parto natural existirá sim a assistência médica integral a todo o parto, porém ela é feita de forma não interventiva.

Com isso, busca-se evitar desfechos negativos. Caso as condições não permitam um parto natural, ele poderá ser convertido em parto assistido. A intervenção escolhida dependerá de cada situação e suas potenciais complicações.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, parto natural não é sinônimo de parto doméstico. Atualmente, a recomendação é que ele seja sempre feito em um ambiente hospitalar. Contudo, ciente dos riscos de realizar um parto fora de um serviço obstétrico preparado para tratar rapidamente as complicações, a gestante pode realizar o parto em casa. Para isso, é importante que ela cumpra alguns requisitos, como:

  • Sua residência ter acesso rápido e fácil a um centro obstétrico para os casos de intercorrências;
  • Sua gestação ser de baixo risco e haver a compatibilidade do tamanho do bebê com o canal de parto;
  • Diante da mínima possibilidade de o parto natural doméstico poder ter complicações, ele deverá ser evitado.

O que é parto humanizado?

Já o parto humanizado é todo aquele que leva em consideração os seguintes princípios:

  • Protagonismo da mulher: a mulher será a protagonista das decisões a respeito do parto, como os formatos em que pode ocorrer (normal, natural, assistido, cesariana), o local do nascimento, a equipe médica de assistência, o acompanhante pessoal, a ambientação do espaço e os cuidados perinatais;
  • Individualidade física, psíquica e social: as características do corpo de cada mulher (e de seu bebê) são únicas. Enquanto as do parto são escolhidas depois de uma avaliação extensa das condições do binômio mãe-feto. Não apenas isso, as particularidades sociais (como a religião) e o estado emocional também serão considerados durante todo o processo de preparação para o parto humanizado;
  • Medicina baseada em evidências: na medicina, devemos utilizar apenas intervenções cujos benefícios são claramente superiores depois de várias análises criteriosas de pesquisas científicas. Portanto, o rigor científico é aplicado a todo o momento de forma individualizada a cada caso. Afinal, cada parto é único.

O que é parto natural humanizado?

Podemos dizer que o parto natural humanizado ocorre quando:

  • O parto natural foi uma escolha da mulher e ela teve o protagonismo nas decisões;
  • Ele foi indicado de forma individualizada, isto é, após uma avaliação extensa da gestação e a segurança de que seus benefícios superam os riscos;
  • A programação e a execução do parto foram feitas dentro das evidências científicas.

Ou seja, o parto natural é humanizado apenas se ele tiver sido uma opção da gestante após ter conversado bastante com o médico que acompanha sua gestação. Por isso, uma relação de confiança recíproca deve ser estabelecida. Para isso, a informação será essencial e você será educada sobre os benefícios do parto natural quando ele é bem indicado, como:

  • Menor risco de complicações perinatais;
  • Recuperação mais rápida da mãe e do bebê;
  • Menor tempo de internação hospitalar;
  • Maiores chances de sucesso da amamentação;
  • Memórias positivas sobre o parto.

Portanto, o parto natural humanizado é perfeitamente possível e deve ser visto como a primeira opção da gestante. Afinal, além de trazer maior protagonismo, as evidências científicas mostram que ele é apresenta menos risco e mais benefícios do que outros tipos de partos, quando não há riscos para a saúde da gestante ou do seu bebê.

Quer saber mais sobre o parto humanizado e seus benefícios para a gestante e o bebê? Confira este texto sobre o tema!

Parto natural e dor: saiba mais sobre a relação

O parto natural é uma tendência cada vez mais conhecida e desejada pelas gestantes. Ele busca resgatar o sentido original do nascimento ao não utilizar intervenções médicas em um processo que sempre aconteceu naturalmente. A medicalização do parto acabou trazendo riscos e complicações desnecessários para as mães e os bebês.

Apesar de indicado para a maioria das mulheres, não é recomendável em situações em que há uma indicação bem definida, com evidências científicas comprovadas, de que os benefícios são maiores do que os riscos.

Também há dúvidas sobre a relação do parto natural com a dor. Leia o texto e saiba mais sobre isso!

O que é parto natural?

O parto natural é aquele que acontece sem nenhuma intervenção médica artificial, como:

  • Uso de medicações, como indutores do parto, analgésicos e anestésicos;
  • Realização de procedimentos invasivos, como cortes para ampliação do canal de parto ou inserção de instrumentos para facilitar a passagem do bebê;
  • Aplicação de manobras médicas que modificam a anatomia ou forçam um processo natural, entre outras possibilidades.

No entanto, isso não significa a desassistência durante o parto, ainda são permitidas ações, como:

  • Monitoramento dos sinais vitais da mãe e do bebê;
  • Avaliação do canal de parto;
  • Uso de manobras manuais simples e adoção de posições que facilitam o trabalho de parto;
  • Utilização de estratégias não farmacológicas de controle da dor, como banhos em banheiras com água morna, infusão de essenciais, presença de acompanhante escolhido pela gestante.

Diante de qualquer complicação, o parto natural poderá ser convertido em parto assistido (com intervenção médica).

Como é feito o parto natural?

O parto natural será sempre um parto normal (pela via vaginal). Nesse sentido, as fases do trabalho de ambos são as mesmas. Entretanto nem todo parto normal será natural, pois, como vimos, algumas intervenções médicas são possíveis. Veja quais são as fases do trabalho de parto natural:

  • Fase latente: é a preparação do corpo para o início do trabalho. Ela começa com as contrações de treino, que ainda são irregulares, mas já são mais incômodas e coordenadas em comparação ao que a mulher já estava acostumada durante a gestação. O colo também inicia sua dilatação até 2 ou 4 centímetros, quando pode haver a perda do tampão mucoso. No parto normal, a mulher não recebe nenhum medicamento analgésico na fase latente, nem outra intervenção para desencadear precocemente a fase ativa;
  • Fase ativa: aqui, inicia-se o trabalho de parto propriamente dito com 3 a 4 contrações uterinas mais intensas e regulares, a cada 10 minutos. A dilatação do colo chega a 6 centímetros ou mais, sendo o momento ideal para a internação e início do monitoramento. No parto natural, não pode haver intervenção artificial para ampliar a dilatação do colo, provocar o rompimento da bolsa, controlar a dor, entre outras possibilidades. Contudo são permitidas as medidas não-invasivas e não-farmacológicas, como a adoção de posições pela mãe;
  • Fase expulsiva: quando o colo atinge 10 centímetros, ele está pronto para a passagem do bebê. As contrações são mais intensas para provocar a expulsão, que pode durar desde apenas alguns segundos até várias horas. No parto natural, não são utilizadas intervenções para ampliar o canal de parto (episiotomia) ou guiar a saída do bebê (como o fórceps);
  • Fase de dequitação: após o nascimento do bebê, o corpo da mulher precisa eliminar os anexos embrionários. Por isso, algumas contrações mais fracas permanecem até que haja o completo desprendimento. No parto natural, não se utiliza intervenções artificiais para acelerar esse processo, como a curetagem, a aspiração ou indutores de contrações.

O controle da dor

A ansiedade de sentir dor é uma das principais hesitações que as mulheres apresentam quando conversamos sobre o parto natural. Afinal, uma das principais crenças populares é de que a dor do parto é uma das maiores que existe. Contudo essa crença ignora a complexidade do parto sem intervenção médica, como:

Cada mulher tem uma sensibilidade própria à dor, então a sua experiência pode ser muito diferente daquela de outra pessoa que você conhece;

A percepção da dor é aumentada pela ansiedade. Assim, se você se sente em um ambiente hostil, não conta com uma equipe em quem confia ou não tem um acompanhante de confiança ao seu lado, a sensação de dor é intensificada. No parto natural, buscamos criar um ambiente de acolhimento e de confiança para a mulher.

Muitas mulheres, apesar de afirmarem que sentiram uma dor significativa, relatam que não utilizariam anestesia mesmo que pudessem voltar no tempo. Afinal, junto com a dor, são liberados hormônios e neurotransmissores relacionados ao bem-estar e à satisfação.

Um desses hormônios é a endorfina, um potente analgésico natural produzido em grandes quantidades durante o trabalho de parto. Portanto, o próprio corpo da mulher é uma fonte de substâncias de controle da dor.

Em outras palavras, existe sim o controle da dor no parto natural, mas ele é feito com outras estratégias.

Parto natural e parto natural humanizado

Não existe nenhum tipo de parto que seja, por si só, humanizado. A humanização é um paradigma que diz respeito à condução do médico e da equipe de saúde a todo o processo de acolhimento e cuidado da mulher gestante.

Isso significa:

  • Respeitar o seu protagonismo: você deve sentir que o parto natural foi uma escolha sua, dentro da sua autonomia, e não uma imposição médica. Além disso, durante toda a execução do parto houve respeito ao seu corpo, à sua mente e às suas decisões;
  • Individualizar o parto natural a suas condições biopsicossociais: as decisões médicas levaram em consideração as características individuais do seu corpo e da sua gestação, além de seu contexto emocional, afetivo, cultural e social. Ou seja, o parto natural deve ser indicado apenas se você tiver condições físicas/psíquicas para tal e se você o desejar, além de outros fatores da sua realidade;
  • Seguir os princípios da medicina baseada em evidências: o parto natural e sua condução seguirão as melhores e mais atuais evidências científicas, considerando especialmente os riscos e os benefícios de cada decisão tomada. Portanto, o parto natural humanizado segue os fundamentos da boa prática médica, isto é, fazer bem aos pacientes e não fazer mal a eles.

Portanto, não existe nenhum tipo de parto que seja por si só humanizado. A humanização é um paradigma que diz respeito à condução do médico e da equipe de saúde a todo o processo de acolhimento e cuidado da mulher gestante. Por isso, dizemos que idealmente todo o parto deveria ser humanizado e, sempre que possível, seja um parto natural.

Quer saber mais sobre o parto natural, seus benefícios e suas contraindicações? Confira nosso texto sobre o tema!

Pré-eclâmpsia: veja como identificar

A pré-eclâmpsia é uma das complicações gestacionais mais frequentes, representando um perigo para a saúde da gestante e do bebê. Por esse motivo, geralmente demanda um acompanhamento no pré-natal de alto risco, com consultas e exames complementares mais frequentes.

Em sua manifestação mais comum, ela se caracteriza por pressão arterial elevada, presença de proteínas na urina e inchaço (edema) generalizado em face, pernas pés e mãos. Nem todas as mulheres apresentam esse quadro clássico, sendo possível a ocorrência de variações clínicas.

Ela pode se iniciar desde a 20ª semana até, mais raramente, o puerpério. O tratamento não é curativo, tendo como objetivo principal a prevenção de eventos negativos (parto prematuro ou morte fetal). Atualmente, a “única cura” para a pré-eclâmpsia é dar à luz, apesar da possibilidade de sua persistência no puerpério.

Quer saber mais sobre esse e outros temas? Acompanhe o nosso post!

O que é a pré-eclâmpsia?

A pré-eclâmpsia é uma doença gestacional, isto é, ela surge e progride apenas em grávidas ou puérperas. Enfatizando, ela não ocorre em pacientes sem gestação recente ou atual. Caso uma mulher apresente os mesmos sintomas fora desse período, o diagnóstico será outro, como uma síndrome hipertensiva sistêmica.

A ciência ainda não elucidou todos os mecanismos envolvidos na doença. Sabemos que ela é uma doença multifatorial. Possivelmente, ela se origina na placenta, um órgão extra embrionário que faz as trocas de oxigênio e de nutrientes entre a mãe e o bebê.

Existe uma troca de informações constante entre as estruturas do embrião e o organismo da mulher por meio de hormônios, neurotransmissores e outras substâncias. Além disso, para sustentar essa nova vida em crescimento acelerado, o corpo da mulher passa por diversas modificações.

Um exemplo é o desenvolvimento de vasos no endométrio, o qual se comunica com os vasos da placenta. De acordo com os principais estudos sobre o tema, nas mulheres com pré-eclâmpsia esses vasos apresentam disfunções que impedem trocas adequadas.

Eles são mais estreitos e reagem de maneira diferente à sinalização hormonal, o que limita a quantidade de sangue que pode fluir por eles. Como reação à ameaça de redução do suprimento de oxigênio ao feto, são liberadas substâncias com a finalidade de aumentar a pressão sanguínea da gestante. Entretanto isso acaba se tornando um processo patológico.

Como identificar?

Ao contrário de muitas doenças, a pré-eclâmpsia geralmente é assintomática (sem nenhum sintoma). Portanto, a principal forma de identificá-la é a realização de avaliações periódicas, as quais envolvem:

  • Aferição da pressão arterial em todas as consultas pré-natais;
  • Exames de urina no primeiro, segundo e terceiro semestre de gravidez.

Muitas mulheres acreditam que a pressão arterial elevada manifesta sintomas, como dor de cabeça. Isso é um equívoco, uma vez que, na maioria das vezes, ela é assintomática.

Então, a elevação da pressão arterial é usualmente o primeiro sintoma a se manifestar. Para confirmar a pré-eclâmpsia é necessário a avaliação da presença de proteínas na urina ou de edema generalizado.

Quando manifesta algum sintoma, a gestante com pré-eclâmpsia pode apresentar:

  • Dores de cabeça severas;
  • Perda temporária, visão embaçada ou sensibilidade à luz;
  • Dor abdominal superior, geralmente sob as costelas do lado direito;
  • Náusea ou vômito;
  • Diminuição da produção de urina;
  • Falta de ar, causada por líquido nos pulmões (edema pulmonar).

O agravamento ou o surgimento súbito e intenso desses sintomas devem ser vistos como uma urgência pela gestante, que deve buscar avaliação médica o quanto antes.

A partir da identificação da pré-eclâmpsia a mulher inicia um pré-natal de alto risco, no qual consultas mais frequentes são realizadas e outros exames requisitados. É preciso estar atenta a sinais de comprometimento grave, como:

  • Sinais de piora da função renal;
  • Comprometimento do funcionamento do fígado (função hepática);
  • Queda no número de plaquetas no sangue (trombocitopenia).

Essas alterações são identificadas em exames laboratoriais frequentes.

Como tratar?

Como dissemos, o tratamento definitivo da pré-eclâmpsia é o parto. Depois dele, os níveis hormonais tendem a se normalizar.

Anti-hipertensivos podem ser utilizados para manter os níveis pressóricos dentro dos seguros para a saúde materna. Todavia essa é uma medida preventiva, que não cura a pré-eclâmpsia.

Diante da evidência ou de riscos de complicações mais graves (eclampsia e síndrome HELLP) ou comprometimento fetal, pode ser necessário realizar a antecipação do parto. Quando for possível um parto eletivo, a gestante iniciará um tratamento com corticoides para auxiliar na maturação dos pulmões do bebê.

Diante do que vimos acima, a pré-eclâmpsia é uma condição que merece um cuidado muito atento durante toda a gestação. Um bom pré-natal e um parto humanizado são outras medidas essenciais para preservar a saúde materno-fetal. Neles, a gestante será vista em toda sua integridade biopsicossocial e tratada de acordo com as melhores evidências científicas.

Quer saber mais sobre a pré-eclâmpsia, seus fatores de risco e como é feito o acompanhamento longitudinal? Confira este texto completo sobre o tema!