Nas últimas décadas, houve uma tendência de as gestantes optarem pela cesariana por diversos motivos. Por ser um procedimento eletivo, ele pode ser agendado, permitindo que a mulher planeje melhor o fim da gestação.
A via vaginal é mais imprevisível, e o trabalho de parto pode durar várias horas. Além disso, há uma ansiedade muito grande em relação ao parto natural devido às dores. Apesar disso, por ser natural e fisiológico, esse processo traz benefícios para a mãe e o bebê.
Contudo não existe uma regra para todas as gestações. Quando bem indicada, a cesariana também é importante para garantir a saúde da mãe e do bebê. Por isso, é importante que você considere todas as opções de acordo com o que é melhor para ambos.
Quer entender melhor? Acompanhe o nosso post!
Cesariana e parto normal: as diferenças
O parto normal é aquele que é realizado pelo canal vaginal da mulher como resultado de diversos estímulos neuro-hormonais, que provocam os seguintes fenômenos:
- aumento da frequência e da intensidade das contrações uterinas;
- abertura gradual do colo uterino;
- incremento da lubrificação do canal vagina;
- aumento da flexibilidade e dilatação da pelve, entre outros.
Esses eventos, associados à força voluntária feita pela mãe no abdômen, são capazes de promover o nascimento do bebê e a eliminação dos anexos embrionários. Caso não ocorra naturalmente, esse processo pode ser induzido por medicamentos no ambiente hospitalar.
Já a cesariana é um procedimento médico invasivo, uma cirurgia. Após a anestesia da metade inferior do corpo, é feita uma incisão na pele e na parede do útero. Com isso, cria-se uma via artificial para a passagem do feto.
Portanto, apresenta todas as complicações comuns aos atos cirúrgicos ginecológicos e ao período pré-operatório, além de outros riscos:
- infertilidade devido ao processo inflamatório, o qual pode resultar em aderências que prejudicam os processos ovulatórios;
- ocorrência de defeitos placentários, prematuridade e abortos nas próximas gestações;
- internações hospitalares prolongadas e, consequentemente, de eventos trombóticos e infecções;
- desenvolvimento de asma e de obesidade na criança;
- comprometimento de neurônios cerebrais.
Isso não torna, entretanto, a cesariana uma vilã. Quando bem indicado, o parto cesáreo é um instrumento importantíssimo na medicina para:
- reduzir as chances de morbidade e mortalidade neonatais devido a intercorrências durante o parto normal;
- permitir um parto seguro em grávidas com características anatômicas pouco favoráveis à via vaginal;
- antecipar o parto em caso de doenças maternas ou fetais mais graves;
- evitar a contaminação do feto pelo vírus HIV nas gestações de mães soropositivas com carga viral detectável, entre outras situações.
Existe um tipo de parto que é melhor em qualquer situação?
Não! A cesariana recebeu bastante atenção nos últimos anos. Vários estudos mostraram que a proporção de partos cesáreos em comparação com os normais estava muito acima dos índices recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Com isso, surgiram debates sobre o impacto desse fator nos indicadores de adoecimento e mortalidade tanto das mães quanto dos bebês.
Pelo impacto social, o tema acabou ganhando bastante atenção na mídia. Isso acabou criando muitos mitos e uma polarização na mente de algumas gestantes. Com isso, não é raro que algumas gestantes se mostrem irredutíveis em considerar todas as opções.
Como vimos, em qualquer tipo de parto, há critérios para preservar a saúde materno-fetal e reduzir os riscos de complicações. Portanto, não existe um tipo de parto melhor ou pior, há indicações técnicas que devem levar em consideração:
- as características do corpo da mãe;
- o risco da gestação atual e as complicações identificadas no pré-natal;
- história obstétrica e ginecológica prévia;
- a autonomia da gestante, entre outros pontos.
Indicações absolutas e relativas da cesariana
O parto cesáreo é sempre recomendado (indicação absoluta) nas seguintes situações:
- desproporção da circunferência da cabeça do bebê com o diâmetro do canal pélvico da mãe;
- presença de cicatrizes uterinas por várias cesáreas prévias;
- situação fetal transversa (bebê posicionado no eixo horizontal dentro do útero);
- infecção por herpes genital ativa na mãe;
- prolapso do cordão umbilical;
- placenta prévia, causando a obstrução total do orifício do colo uterino;
- morte materna com o feto vivo.
Já as indicações relativas exigem que o ginecologista-obstetra avalie os riscos e os benefícios da cesariana em cada situação. Elas são:
- feto não reativo em trabalho de parto;
- carga viral alta em gestante HIV positivo;
- descolamento prematuro da placenta;
- feto em apresentação pélvica;
- alguns casos de gravidez gemelar e trigemelar;
- feto muito grande (peso estimado em mais do 4500 gramas);
- história de cesáreas prévias;
- características do colo desfavoráveis para a indução do parto vaginal;
- psicopatia materna.
A conversão de parto normal em cesariana
Durante o trabalho de parto natural, acontecem eventos que colocam em risco a saúde da mãe e do bebê. Então, é preciso interrompê-lo para a execução de uma cesárea com agilidade. A seguir, estão algumas possibilidades que levam à conversão:
- abertura incompleta do colo uterino mesmo após a utilização de todas as medidas de indução de parto;
- evidência de sofrimento fetal grave com insuficiência cardiorrespiratória;
- comprometimento do estado geral e/ou redução do nível de consciência da gestante.
Por essas razões, o ginecologista-obstetra do acompanhamento pré-natal deve ter uma boa comunicação com a equipe da maternidade ou ser ele mesmo condutor do procedimento. Com isso, as informações coletadas durante o pré-natal serão utilizadas para uma planejar a fim de garantir a saúde da mãe e do bebê, – o que inclui a indicação de cesariana dentro dos critérios definidos pelas evidências médico-científicas.
Um parto humanizado busca que o momento do nascimento ofereça o máximo de bem-estar e segurança da mãe e do bebê, quer saber mais sobre ele? Confira este nosso post bem interessante!