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Anticoncepcional: quais são os métodos contraceptivos e qual sua eficácia?

Os métodos contraceptivos, conhecidos popularmente como anticoncepcionais, são um importante auxílio para o planejamento familiar das mulheres. No entanto, muitas delas não conhecem as diversas opções disponíveis. Elas vão desde as populares pílulas hormonais até a implantação de dispositivos e a laqueadura.

A escolha por um desses métodos deve ser feita tendo em vista as características de cada mulher e o que elas almejam como método, mediante anamnese e exame clínico em consulta médica. Então, serão avaliados os riscos e os benefícios individualizados das alternativas para uma tomada de decisão compartilhada. Quer entender melhor? Acompanhe!

Anticoncepcional: quais métodos disponíveis?

Métodos hormonais

Os métodos hormonais podem ser administrados de diferentes formas:

  • Orais;
  • Injetáveis;
  • Implantes subcutâneos;
  • Percutâneos;

As pílulas anticoncepcionais são o método contraceptivo mais utilizado pelas mulheres. Por isso, é muito importante saber como elas funcionam.

Eles agem ao:

  • Inibir a ovulação;
  • Tornar o muco do colo uterino mais espesso;
  • Reduzir a receptividade do endométrio a um eventual embrião formado;
  • Modificar a funcionalidade das células que revestem as tubas uterinas, dificultando o transporte de gametas e embriões.

Eles podem ser classificados em:

  • Isolados — utiliza-se apenas um tipo de hormônio como princípio ativo. Por estar menos relacionados a efeitos colaterais mais graves, os análogos da progesterona são os mais utilizados. Elas são uma excelente opção para as mulheres que não podem utilizar medicamentos com estrogênio em sua composição;
  • Combinados — são usados mais de um tipo de hormônio para a composição da pílula. Geralmente, são compostas por um progestágeno e de um estrogênio, cuja dosagem pode variar.

As pílulas combinadas de baixa dosagem de estrogênio geralmente são as mais indicadas como primeira opção para a contracepção hormonal oral. No entanto, a escolha é sempre individualizada de acordo com o perfil de cada mulher, tendo em vista os riscos de saúde, os objetivos dela, doenças pré-existentes, entre outros fatores.

As pílulas hormonais podem vir em cartelas:

  • Com intervalo — a paciente toma as pílulas por 21 ou 22 (só existe uma marca com formulação de 22 e pausa de 6 dias), então faz uma pausa de aproximadamente 7 dias até começar o uso de outra cartela;
  • Sem intervalo — cada cartela vem com 28 comprimidos e não há pausa entre elas. Ou seja, assim que uma acaba, a mulher deve iniciar a próxima. Podem ser todos os comprimidos hormonais, portanto nesses casos a mulher não menstruará, ou com comprimidos inativos, apenas para paciente não se perder em pausas e nesse tipo de cartela, ainda que uso sem pausa, a mulher vai menstruar.

Dispositivos intrauterinos

Hormonais — utilizam baixas doses de progestágenos, que são liberados progressivamente enquanto o dispositivo está na cavidade uterina. Tem a mesma ação dos medicamentos hormonais progestágenos.

Não hormonais — São feitos com componentes metálicos (principalmente o cobre), que causam uma inflamação no ambiente intrauterino. Com isso, há alterações no muco cervical e no endométrio, o que dificulta os processos de transporte dos gametas e a fertilização.

O prazo de validade do DIU varia de acordo com o fabricante, podendo ser de 2 a 10 anos. Durante esse tempo, ele será efetivo para a contracepção, devendo ser trocado antes que “vença”. Não é necessário ter um período de descanso entre os DIUs.

Métodos de barreira

Os métodos de barreira são aqueles que impedem a contracepção ao criar uma barreira física para a passagem dos espermatozoides durante as relações sexuais. Dentre eles, destacam-se as camisinhas feminina e masculina — chamadas tecnicamente de condom. Elas apresentam várias vantagens, como:

  • São o único capaz de prevenir o HIV, as infecções sexualmente transmissíveis mais graves e evitar a gravidez simultaneamente;
  • Não exigem um acompanhamento médico especializado para uso;
  • Estão disponíveis em farmácias e são distribuídas gratuitamente em diversos locais sem que a pessoa precise passar por um atendente.

Outros métodos de barreira são:

  • Diafragma — são uma espécie de capuz flexível feito de látex ou silicone. São inseridos dentro da vagina para recobrir o colo uterino, desse modo impedem que os espermatozoides avancem para a cavidade uterina. A própria mulher o colocará anteriormente às relações sexuais. É muito importante que sejam colocados da forma indicada, pois a eficácia depende do uso correto, rotineiro e consistente (em todas as relações sexuais);
  • Esponja contraceptiva — também é inserida na vagina para cobrir o colo do útero, impedindo a entrada de espermatozoides.

Métodos comportamentais

A tabelinha é utilizada por muitas mulheres para evitar uma gravidez, mas não se trata de um método contraceptivo propriamente dito. Afinal, sua eficácia é baixa e não é tão confiável para esse objetivo.

Métodos cirúrgicos

A laqueadura, — “ligadura das trompas” —, é um método contraceptivo potencialmente irreversível. Por isso, é considerada uma técnica de esterilização.

Anticoncepção de emergência

Trata-se da administração de anticoncepcionais orais em doses mais altas após uma relação sexual desprotegida. Ela pode ser utilizada quando a mulher não está em uso de nenhum outro método contraceptivo eficaz.

Eficácia dos anticoncepcionais

  Taxa de falha com uso regular e correto Taxa de falha com uso regular
Implantes 0,05 0,05
Vasectomia 0,1 0,15
Esterilização feminina 0,5 0,5
DIU com cobre 0,6 0,8
DIU com levonorgestrel 0,2 0,2
Injetáveis mensais 0,05 3
Injetáveis só de progestogênio 0,3 3
Anticoncepcionais orais combinados 0,3 8
Pílulas orais só de progestogênio 0,3 8
Adesivo combinado 0,3 8
Anel vaginal combinado 0,3 8
Preservativos masculinos 2 15
Diafragmas com espermicida 6 16
Preservativos femininos 5 21
Espermicidas 18 29
Nenhum método 85 85

 

A escolha do método anticoncepcional é feita de forma individualizada, tendo em vista os desejos da paciente e os riscos/benefícios de cada caso. O seu médico vai ajudá-la a entender como cada um funciona e oferecer todo o suporte para a sua decisão.

Quer saber mais sobre os contraceptivos e seu uso? Confira nosso artigo sobre o tema!

Depressão pós-parto: o que é e por que acontece?

A depressão pós-parto é caracterizada pela presença de sintomas depressivos que surgem ou se intensificam no primeiro ano após o parto. O diagnóstico da depressão pós-parto é clínico, isto é, feito com base nos sintomas da paciente. Ou seja, não é necessário nenhum exame complementar, como dosagens hormonais, para confirmar esta condição.

Ela acontece devido às diversas mudanças no organismo da mulher no pós-parto, pelos desafios da maternidade, por problemas pessoais/sociais, entre vários outros motivos. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é depressão pós-parto?

Brevemente, a depressão pós-parto pode ser definida como a persistência de sintomas depressivos após 45 dias após o nascimento do bebê.

O diagnóstico da depressão pós-parto

Os critérios usados para o diagnóstico são os mesmos da depressão em geral, sendo necessário que, ao menos, 5 deles estejam presentes:

  • Humor deprimido na maior parte do dia (emoções como tristeza, vazio emocional, desesperança e culpa);
  • Interesse diminuído ou abolido em atividades que davam prazer;
  • Perda de peso sem dieta e acima daquela esperada no estágio puerperal;
  • Insônia ou excesso de sono quase todos os dias. Esse sintoma deve ser avaliado com cuidado, pois mães podem ser acordadas frequentemente durante a noite e tem cansaço;
  • Agitação ou retardo psicomotor;
  • Fadiga ou perda de energia durante grande parte do dia;
  • Sensação de inutilidade, preocupação ou culta excessiva;
  • Dificuldade de concentrar;
  • Pensamentos recorrentes de morte, que vão além do medo de morrer.

Algumas pesquisas científicas mostram que o início dos sintomas da depressão pós-parto ocorre:

  • Em 20% das mulheres — antes da gestação;
  • 38% — durante a gestação;
  • 42% — após o parto.

Mulheres com um quadro depressivo anterior podem ser diagnosticadas com a depressão pós-parto quando há uma persistência dele no pós-parto. Afinal, a presença desses sintomas pode desencadear dificuldade no cuidado próprio e do bebê, o que demanda um acompanhamento médico com um olhar nesse desafio.

Em relação à depressão que se inicia após o parto, ela ocorre principalmente nos primeiros meses após o nascimento do bebê:

  • 54% no primeiro mês;
  • 40% em 2 a 4 meses;
  • 6% em 5 a 12 meses.

Depressão pós-parto e baby blues

Nem todo humor rebaixado no pós-parto significa depressão pós-parto. Há alterações que são relativamente normais. Os estudos mostram que diversas mudanças hormonais ocorrem no corpo da mulher no pós-parto. Isso tem um impacto nos neurotransmissores responsáveis pela sensação de alegria, bem-estar, medo, entre outras emoções.

Até 90% das mulheres relatam algum dos seguintes sintomas nesse período:

  • Choro inexplicável;
  • Irritabilidade;
  • Tristeza;
  • Inquietação;
  • Dificuldades para dormir.

Somado a isso, ela ainda enfrenta a adaptação aos desafios explicados anteriormente. Portanto, o puerpério é naturalmente um momento em que a mulher pode se sentir frágil e insegura.

Depressão pós-parto e baby blues

No entanto, na maior parte dos casos, esses sintomas não são patológicos. É o chamado baby blues, que é uma resposta às mudanças físicas pós-parto e aos desafios dos cuidados com o bebê. Os sintomas são mais leves e a mulher nota uma melhora gradual durante o puerpério. O baby blues dura, no máximo, 30 a 45 dias.

Contudo estima-se que, pelo menos, 9% das mulheres evoluam para um quadro de depressão pós-parto. Para identificá-la no dia a dia, ela ou pessoas próximas podem notar as seguintes alterações:

  • Humor deprimido ou alterações graves;
  • Choro excessivo;
  • Dificuldades em cuidar e se relacionar com o bebê;
  • Afastamento do parceiro, de amigos e familiares;
  • Alterações nos hábitos alimentares;
  • Dificuldades para dormir;
  • Fadiga e perda de energia;
  • Perda de interesse em atividades antes prazerosas;
  • Irritabilidade e raiva intensas;
  • Insegurança diante da maternidade;
  • Falta de esperança;
  • Sentimentos como inutilidade, vergonha, culpa ou inadequação;
  • Dificuldades de concentração;
  • Dificuldades em tomar decisões;
  • Falta de clareza;
  • Inquietação;
  • Ansiedade mais severa e ataques de pânico;
  • Pensamentos autodestrutivos ou de prejudicar o bebê;
  • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

Por que a depressão pós-parto pode acontecer?

A depressão pós-parto surge devido a múltiplos fatores tanto orgânicos quanto emocionais. Ainda não há uma explicação definitiva sobre os mecanismos que levam a depressão pós-parto. Veja alguns fatores orgânicos relacionados à condição:

  • Genética — pode haver uma relação de alguns genes com a predisposição ao desenvolvimento da depressão pós-parto;
  • Mudanças hormonais — os níveis sanguíneos de diversos hormônios se modificam no pós-parto. Por exemplo, há uma redução da progesterona e do estrogênio. Também ocorre flutuações nos níveis de cortisol (hormônio do estresse), melatonina (hormônio do sono), ocitocina (hormônio do bem-estar) e da tireoide (hormônios que regulam o metabolismo). Isso deixa as mulheres mais vulneráveis a estados depressivos;
  • Alterações nos neurotransmissores — a dopamina, a norepinefrina e a serotonina são substâncias relacionados à motivação, ao prazer e à alegria. Seus níveis são reduzidos durante o estado depressivo.

Fatores de risco para a depressão pós-parto

  • Histórico de depressão, durante a gravidez ou em outros momentos;
  • Mulheres portadoras de transtorno bipolar;
  • Mulheres que tiveram depressão pós-parto em uma gravidez anterior;
  • Mulheres com histórico pessoal ou familiar de depressão ou de outros transtornos de humor;
  • Eventos estressantes durante a gravidez;
  • Se o bebê tem problemas de saúde ou outras necessidades especiais;
  • Gravidez de múltiplos;
  • Dificuldades para amamentar;
  • Problemas de relacionamento com o parceiro;
  • Falta de apoio;
  • Quando a gravidez não é planejada ou desejada;
  • Problemas financeiros.

O que fazer se perceber sintomas da depressão pós-parto?

É muito importante que a mulher passe pelas consultas de puerpério rotineiras, que são marcadas para as primeiras semanas de pós-parto. Nelas, são feitas algumas perguntas que ajudam a rastrear aquelas com maior vulnerabilidade ao desenvolvimento da depressão pós-parto. Assim, um acompanhamento e um diagnóstico precoce podem ser realizados.

Caso ela perceba os sintomas e não tenha uma consulta marcada, também pode agendar uma avaliação com médica. Preferencialmente, mas não exclusivamente, ela deve ser feita ginecologista/obstétrica que acompanhou o pré-natal ou o parto.

Alguns sintomas, porém, exigem que ela busque um acompanhamento médico com urgência. Afinal, eles são mais graves, além de poderem colocar a mãe e o bebê em risco. Veja alguns exemplos:

  • Confusão e desorientação psicológica;
  • Pensamentos obsessivos sobre o bebê;
  • Alucinações e delírios;
  • Distúrbios do sono;
  • Agitação;
  • Paranoia;
  • Pensamentos suicidas ou de prejudicar o bebê.

Portanto, a depressão pós-parto é um quadro que merece muita atenção da mulher e do ginecologista/obstetra que acompanha o seu puerpério. Para recuperar seu bem-estar, ela precisa de um acolhimento médico humanizado. Além disso, ela precisa ser tratada para evitar complicações que coloquem em risco a si mesma e seu filho.

Quer saber mais sobre a depressão pós-parto e como é feito o acolhimento da puerpera no consultório médico? Confira este post sobre o tema!

O que é doula?

A gravidez, o pré-natal, o parto e o pós-parto são momentos bastante peculiares na vida da mulher. Afinal, muitas mudanças físicas e emocionais ocorrem em pouco tempo. Felizmente, há muitos profissionais para dar o suporte à grávida durante todo esse processo de uma forma mais próxima e afetuosa, — as doulas.

As doulas não substituem a assistência médica de um obstetra e de uma equipe de saúde. Tampouco, estão habilitadas para realizar partos. Contudo prestam um outro tipo de suporte, — mais próximo —, voltado para os desafios da experiência da gestação, do parto e do puerpério.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é doula?

As doulas são profissionais treinadas para assistir a mulher durante o parto. Sua principal função é garantir uma experiência mais satisfatória, pessoal, saudável e prazerosa no momento do parto.

É muito importante desmistificar algumas inverdades que são ditas em relação às doulas. Há indivíduos que, sem a informação adequada, qualificam as doulas como pessoas despreparadas para estar presentes durante um procedimento médico, como o parto.

Contudo o cenário é o oposto. A grande maioria das doulas são extremamente qualificadas para a função, recebendo capacitação teórico e extenso treinamento prática. Apesar de serem profissionais não médicas, elas são certificadas para o exercício profissional e dominam os princípios da assistência ao parto humanizado.

Na verdade, dentro dos princípios da humanização, o parto não é mais visto apenas como um procedimento médico objetivo e frio. As dimensões afetivas do nascimento vêm sendo recuperadas diante dos malefícios trazidos pelo excesso de medicalização que ocorreu nas últimas décadas.

Nesse sentido, a demanda das gestantes pelas doulas é crescente pelos resultados positivos que elas tiveram ou ouviram falar por suas colegas. Inclusive, há evidências científicas sobre os benefícios da assistência das doulas para toda a família com desfechos positivos na saúde física e emocional.

As doulas e a dos sentidos do nascer

A medicina trouxe muitos avanços para a assistência ao parto, à gestante e ao bebê. Esses benefícios são inequívocos, mas se tornaram excessivos. Com isso, surgiu um excesso de intervenção dos médicos em partos não complicados e a perda do significado subjetivo do nascimento para a mulher e sua família.

Os partos são também momentos de troca de afeto. Antes, durante e depois dele, é importante que se forme um círculo de apoio à gestante, do qual podem participar o parceiro, os amigos, os familiares e até vizinhos dela. Isso é essencial para a gestante.

As doulas são capacitadas para que possam oferecer esse suporte afetivo e emocional em todas as fases da gestação. Entretanto, além disso, apresentam conhecimento técnico para dar suporte a diversos fatores físicos e emocionais presentes antes, durante e depois do parto.

As doulas e o parto humanizado

As doulas têm um papel muito importante para garantir um parto dentro dos princípios da humanização:

  • Protagonismo da mulher — as doulas são treinadas em ações para promover o empoderamento e a participação da mulher em todas as fases do parto. Por exemplo, elas podem mediar a comunicação com a equipe de saúde em momentos de maior vulnerabilidade;
  • Individualização biopsicossocial — elas podem acompanhar as fases finais da gestação e da preparação para o parto, participando na confecção de um plano de parto se a mulher desejar. Elas são capacitadas a compreender as informações técnicas contidas ali e podem ajudar a gestante a fazer valer os seus desejos dentro da individualidade de cada parto;
  • Medicina baseada em evidências — em sua formação, as doulas recebem capacitação teórica sobre as medidas de assistência física e psicológica à gestante durante e após o parto.

Benefícios das doulas

Algumas pesquisas mostram que as doulas aumentam as chances de a gestante ter uma experiência positiva durante o parto. Entre os fatores relacionados a esses resultados, estão relatos de que elas:

  • Nutrem um cuidado gentil e respeitoso pela gestante;
  • Promovem um maior protagonismo para a parturiente;
  • Trazem uma maior sensação nas gestantes de estarem sendo adequadamente informadas;
  • Contribuem para uma maior participação da gestante nas decisões da equipe de saúde.

Em comparação a outras medidas de promoção da satisfação com o parto, esses fatores têm efeito positivo semelhante à analgesia, por exemplo.

As funções da doula

Veja algumas funções que as doulas podem assumir antes, durante e depois do nascimento.

Antes do nascimento

As doulas podem participar da gestação desde as primeiras semanas. Entretanto é mais comum que a acompanhem a partir do sétimo mês de gestação, quando a preparação para o parto se torna mais intensa.

  • Auxiliar no desenvolvimento do plano de parto;
  • Ajudar a gestante a compreender e a seguir as orientações determinadas pelo obstetra;
  • Promover uma maior participação do parceiro, quando for o caso;
  • Dar suporte emocional nessa fase que pode deixar a mulher emocionalmente vulnerável.

Durante o nascimento

  • Suporte físico com técnicas de respiração e relaxamento, auxílio com as manobras para facilitar o trabalho de parto, entre outras medidas;
  • Suporte emocional com técnicas que aliviam alterações no humor e a ansiedade desencadeadas pelos mecanismos hormonais do parto;
  • Suporte ao parceiro e à família ao facilitar a comunicação deles com a gestante;
  • Suporte administrativo ao ajudar a gestante a organizar documentos e exames, por exemplo.

Pós-parto

  • Escuta ativa durante o pós-parto e o puerpério;
  • Educação da puérpera sobre as mudanças emocionais e físicas pós-parto, além de ensinar técnicas para que elas manejem melhor esses desafios;
  • Suporte na amamentação, treinando as mulheres em técnicas de lactação baseadas em evidências científicas;
  • Ajuda para organizar o enxoval e o espaço do bebê;
  • Auxílio em estabelecer uma rotina familiar e para o sono no bebê, entre outras ações.

Portanto, as doulas são profissionais capacitadas para prestar um suporte não médico para a gestante. Elas não podem prescrever medicações nem conduzir os partos. No entanto, podem transmitir experiências, facilitar a comunicação da gestante, ensiná-la sobre medidas naturais benéficas para ela e o bebê, além de dar o amparo emocional em momentos de vulnerabilidade.

Quer saber mais sobre as doulas e seu papel nos partos? Confira este nosso artigo institucional sobre o tema!

Puerpério: o que é e quais os desafios?

O termo puerpério se refere ao período em que os efeitos anatômicos e fisiológicos da gestação e do parto ainda tem um impacto significativo sobre a saúde/bem-estar da mulher. Associado a ele, surgem também às respostas emocionais em relação aos cuidados com o filho e a adaptação a essa nova fase da vida.

Quer saber mais sobre ele? Acompanhe o nosso post!

O que é o puerpério?

Considera-se que ele começa logo após o parto. Apesar de haver um consenso sobre o início do puerpério, ainda há discussões sobre quando ele termina. Afinal, quando o organismo e a mente da mulher ainda passam por um processo de adaptação pós-parto mais significativo? Até quando ela precisa de cuidados com um olhar mais atento às eventuais complicações da gestação e do parto?

Tradicionalmente, o puerpério é definido como o período de 6 semanas seguintes ao parto. Quando a adaptação da mulher ao pós-parto é mais intensa. Nesse intervalo, podemos perceber que ela passa por grandes desafios, o que demanda uma assistência médica especializada. Por esse motivo, esse é o corte mais frequente nas definições nacionais e internacionais, como a Cartilha do Parto e do Puerpério do Min. Da Saúde.

A Organização Mundial de Saúde, por exemplo, tem recomendado que a mulher realize três consultas com o médico que acompanhou o pré-natal para a avaliação do puerpério:

  • Primeira — no terceiro dia pós-parto;
  • Segunda — em um a duas semanas do pós-parto;
  • Terceira — na sexta semana de pós-parto.

Assim, pode-se dar uma assistência à mulher no início das três fases do puerpério:

  • Imediato (1º ao 10º dia);
  • Tardio (11º ao 42º dia);
  • Remoto (a partir do 43º dia).

A partir da sexta semana, porém, não significa que a paciente estará desassistida. Pelo contrário, ela continuará sendo acompanhada pelo ginecologista/obstetra nas consultas periódicas comuns habituais na vida da mulher.

Entretanto algumas sociedades médicas, como o Colégio Americano de Ginecologistas e Obstetras, têm recomendado a extensão do puerpério até o terceiro mês do pós-parto. Por isso, metaforicamente, esse período tem sido chamado de “4º semestre de gestação”.

Portanto, A decisão de como será feito esse acompanhamento puerperal pode ser individualizada de acordo com as características de cada pós-parto.

Os desafios do puerpério

As gestações e os partos são fenômenos que causam uma extensa alteração no organismo da mãe, como:

  • redução da resistência vascular;
  • aumento do débito cardíaco;
  • mudanças nos níveis hormonais;
  • distensão da pele abdominal;
  • estímulo às células pigmentares da pele;
  • abertura do canal da pelve.

Isso é necessário para que ela possa abrigar o feto e gerar um nascimento saudável. Além disso, nesse período, o corpo da mulher se adapta para os desafios do cuidado do recém-nascido

O puerpério é o momento em que grande parte dessas mudanças cessam e o organismo da mãe tenta voltar para a homeostasia habitual. No entanto, novas transformações surgirão devido à rotina de cuidar de um filho, de lactação, entre outras razões.

Alterações do pós-parto

Algumas alterações são mais frequentes e não representam um risco significativo para a saúde da mãe, como:

  • Calafrios e tremores;
  • Involução uterina;
  • Lóquios, isto é, a perda de sangue pela vagina;
  • Edema na vulva e na vagina;
  • Disfunções urinárias temporária, como perda involuntária ou pouco antes da vontade da micção;
  • Flacidez abdominal;
  • Fogachos;
  • Anovulação;
  • Crescimento das mamas, que pode ser acompanhado de dores;
  • Perda de peso.

No entanto, parte das puérperas podem enfrentar complicações mais graves, como dor intensa na parte baixa do abdômen, sangramento vaginal com odor forte e febre. Elas são indicativos de infecções, que demanda uma consulta médica urgente.

Relação com a família

Quando um bebê chega ao lar, ele se torna o centro das atenções. Os familiares, os vizinhos e os amigos começam a visitá-la para ver o novo morador. Contudo, o instinto de proteção do bebê ainda pode estar aflorado. Então, ela pode ter um receio de expor o filho a doenças e acidentes devido ao contato com mais pessoas.

Aos poucos, é importante se preparar para abrir mais espaço, pois esse contato com novas pessoas é saudável para o desenvolvimento do bebê.

Também, sentindo-se fragilizada, a puérpera pode demandar uma maior atenção do parceiro e sentimentos de desamparo. Além disso, a chegada de um filho traz uma mudança na relação afetiva e sexual com o parceiro.

Amamentação

Após o parto, umas das mudanças mais pronunciadas é o início da produção de leite pelas glândulas mamárias.

Na primeira semana, por exemplo, as características do leite materno são diferentes: ele é mais amarelado e o volume liberado é menor. Isso assusta algumas mulheres, que acreditam estar com algum problema para o aleitamento. Depois da primeira semana, o leite começa a ser liberado em maior quantidade e adquire a coloração branca que temos em nossa mente.

Algumas mulheres, porém, podem enfrentar dificuldade para a produção de leite. Isso pode desencadear sentimentos de frustração, que precisam ser abordados para prevenir o adoecimento mental.

As consultas puerperais servem também para a mulher compreender o que acontece durante a lactação. Ela será educada sobre a forma de dar de mamar, a prevenção de fissuras mamárias e como identificar dificuldades na amamentação.

Adaptação à rotina do bebê

Esse é um dos principais desafios que as mães relatam nas consultas de puerpério. Os bebês têm um ciclo muito diferente dos adultos: eles dormem por mais tempo e acordam frequentemente durante a noite para se alimentar.

Associado a isso, os estudos mostram que os sentidos da mulher se adaptam para ficarem mais sensíveis às necessidades do bebê. Isso a deixa em estado de prontidão, tornando-se, por exemplo, mais sensível ao choro e ao despertar noturno. Então, é natural que elas sintam uma maior fadiga.

Alterações no humor

Os estudos mostram que diversas mudanças hormonais ocorrem no corpo da mulher no pós-parto. Isso tem um impacto nos neurotransmissores responsáveis pela sensação de alegria, bem-estar, medo, entre outras emoções. Até 90% das mulheres relatam algum dos seguintes sintomas nesse período:

  • choro inexplicável;
  • irritabilidade;
  • tristeza;
  • inquietação;
  • dificuldades para dormir.

Somado a isso, ela ainda enfrenta a adaptação aos desafios explicados anteriormente. Portanto, o puerpério é naturalmente um momento em que a mulher pode se sentir frágil e insegura.

As consultas de puerpério são essenciais para a mulher, tendo o objetivo de acolhê-la em toda a sua integralidade. Além disso, buscamos educá-la e esclarecer suas dúvidas a respeito das mudanças que virão nos próximos dias e meses. Por fim, é essencial tratar e prevenir complicações relacionadas ao pós-parto e à lactação, entre outros pontos.

Quer saber mais sobre o puerpério e os cuidados nessa fase? Confira este post sobre o tema!