Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Anticoncepcional: quais são os métodos contraceptivos e qual sua eficácia?

Os métodos contraceptivos, conhecidos popularmente como anticoncepcionais, são um importante auxílio para o planejamento familiar das mulheres. No entanto, muitas delas não conhecem as diversas opções disponíveis. Elas vão desde as populares pílulas hormonais até a implantação de dispositivos e a laqueadura.

A escolha por um desses métodos deve ser feita tendo em vista as características de cada mulher e o que elas almejam como método, mediante anamnese e exame clínico em consulta médica. Então, serão avaliados os riscos e os benefícios individualizados das alternativas para uma tomada de decisão compartilhada. Quer entender melhor? Acompanhe!

Anticoncepcional: quais métodos disponíveis?

Métodos hormonais

Os métodos hormonais podem ser administrados de diferentes formas:

  • Orais;
  • Injetáveis;
  • Implantes subcutâneos;
  • Percutâneos;

As pílulas anticoncepcionais são o método contraceptivo mais utilizado pelas mulheres. Por isso, é muito importante saber como elas funcionam.

Eles agem ao:

  • Inibir a ovulação;
  • Tornar o muco do colo uterino mais espesso;
  • Reduzir a receptividade do endométrio a um eventual embrião formado;
  • Modificar a funcionalidade das células que revestem as tubas uterinas, dificultando o transporte de gametas e embriões.

Eles podem ser classificados em:

  • Isolados — utiliza-se apenas um tipo de hormônio como princípio ativo. Por estar menos relacionados a efeitos colaterais mais graves, os análogos da progesterona são os mais utilizados. Elas são uma excelente opção para as mulheres que não podem utilizar medicamentos com estrogênio em sua composição;
  • Combinados — são usados mais de um tipo de hormônio para a composição da pílula. Geralmente, são compostas por um progestágeno e de um estrogênio, cuja dosagem pode variar.

As pílulas combinadas de baixa dosagem de estrogênio geralmente são as mais indicadas como primeira opção para a contracepção hormonal oral. No entanto, a escolha é sempre individualizada de acordo com o perfil de cada mulher, tendo em vista os riscos de saúde, os objetivos dela, doenças pré-existentes, entre outros fatores.

As pílulas hormonais podem vir em cartelas:

  • Com intervalo — a paciente toma as pílulas por 21 ou 22 (só existe uma marca com formulação de 22 e pausa de 6 dias), então faz uma pausa de aproximadamente 7 dias até começar o uso de outra cartela;
  • Sem intervalo — cada cartela vem com 28 comprimidos e não há pausa entre elas. Ou seja, assim que uma acaba, a mulher deve iniciar a próxima. Podem ser todos os comprimidos hormonais, portanto nesses casos a mulher não menstruará, ou com comprimidos inativos, apenas para paciente não se perder em pausas e nesse tipo de cartela, ainda que uso sem pausa, a mulher vai menstruar.

Dispositivos intrauterinos

Hormonais — utilizam baixas doses de progestágenos, que são liberados progressivamente enquanto o dispositivo está na cavidade uterina. Tem a mesma ação dos medicamentos hormonais progestágenos.

Não hormonais — São feitos com componentes metálicos (principalmente o cobre), que causam uma inflamação no ambiente intrauterino. Com isso, há alterações no muco cervical e no endométrio, o que dificulta os processos de transporte dos gametas e a fertilização.

O prazo de validade do DIU varia de acordo com o fabricante, podendo ser de 2 a 10 anos. Durante esse tempo, ele será efetivo para a contracepção, devendo ser trocado antes que “vença”. Não é necessário ter um período de descanso entre os DIUs.

Métodos de barreira

Os métodos de barreira são aqueles que impedem a contracepção ao criar uma barreira física para a passagem dos espermatozoides durante as relações sexuais. Dentre eles, destacam-se as camisinhas feminina e masculina — chamadas tecnicamente de condom. Elas apresentam várias vantagens, como:

  • São o único capaz de prevenir o HIV, as infecções sexualmente transmissíveis mais graves e evitar a gravidez simultaneamente;
  • Não exigem um acompanhamento médico especializado para uso;
  • Estão disponíveis em farmácias e são distribuídas gratuitamente em diversos locais sem que a pessoa precise passar por um atendente.

Outros métodos de barreira são:

  • Diafragma — são uma espécie de capuz flexível feito de látex ou silicone. São inseridos dentro da vagina para recobrir o colo uterino, desse modo impedem que os espermatozoides avancem para a cavidade uterina. A própria mulher o colocará anteriormente às relações sexuais. É muito importante que sejam colocados da forma indicada, pois a eficácia depende do uso correto, rotineiro e consistente (em todas as relações sexuais);
  • Esponja contraceptiva — também é inserida na vagina para cobrir o colo do útero, impedindo a entrada de espermatozoides.

Métodos comportamentais

A tabelinha é utilizada por muitas mulheres para evitar uma gravidez, mas não se trata de um método contraceptivo propriamente dito. Afinal, sua eficácia é baixa e não é tão confiável para esse objetivo.

Métodos cirúrgicos

A laqueadura, — “ligadura das trompas” —, é um método contraceptivo potencialmente irreversível. Por isso, é considerada uma técnica de esterilização.

Anticoncepção de emergência

Trata-se da administração de anticoncepcionais orais em doses mais altas após uma relação sexual desprotegida. Ela pode ser utilizada quando a mulher não está em uso de nenhum outro método contraceptivo eficaz.

Eficácia dos anticoncepcionais

 Taxa de falha com uso regular e corretoTaxa de falha com uso regular
Implantes0,050,05
Vasectomia0,10,15
Esterilização feminina0,50,5
DIU com cobre0,60,8
DIU com levonorgestrel0,20,2
Injetáveis mensais0,053
Injetáveis só de progestogênio0,33
Anticoncepcionais orais combinados0,38
Pílulas orais só de progestogênio0,38
Adesivo combinado0,38
Anel vaginal combinado0,38
Preservativos masculinos215
Diafragmas com espermicida616
Preservativos femininos521
Espermicidas1829
Nenhum método8585

 

A escolha do método anticoncepcional é feita de forma individualizada, tendo em vista os desejos da paciente e os riscos/benefícios de cada caso. O seu médico vai ajudá-la a entender como cada um funciona e oferecer todo o suporte para a sua decisão.

Quer saber mais sobre os contraceptivos e seu uso? Confira nosso artigo sobre o tema!

Depressão pós-parto: o que é e por que acontece?

A depressão pós-parto é caracterizada pela presença de sintomas depressivos que surgem ou se intensificam no primeiro ano após o parto. O diagnóstico da depressão pós-parto é clínico, isto é, feito com base nos sintomas da paciente. Ou seja, não é necessário nenhum exame complementar, como dosagens hormonais, para confirmar esta condição.

Ela acontece devido às diversas mudanças no organismo da mulher no pós-parto, pelos desafios da maternidade, por problemas pessoais/sociais, entre vários outros motivos. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é depressão pós-parto?

Brevemente, a depressão pós-parto pode ser definida como a persistência de sintomas depressivos após 45 dias após o nascimento do bebê.

O diagnóstico da depressão pós-parto

Os critérios usados para o diagnóstico são os mesmos da depressão em geral, sendo necessário que, ao menos, 5 deles estejam presentes:

  • Humor deprimido na maior parte do dia (emoções como tristeza, vazio emocional, desesperança e culpa);
  • Interesse diminuído ou abolido em atividades que davam prazer;
  • Perda de peso sem dieta e acima daquela esperada no estágio puerperal;
  • Insônia ou excesso de sono quase todos os dias. Esse sintoma deve ser avaliado com cuidado, pois mães podem ser acordadas frequentemente durante a noite e tem cansaço;
  • Agitação ou retardo psicomotor;
  • Fadiga ou perda de energia durante grande parte do dia;
  • Sensação de inutilidade, preocupação ou culta excessiva;
  • Dificuldade de concentrar;
  • Pensamentos recorrentes de morte, que vão além do medo de morrer.

Algumas pesquisas científicas mostram que o início dos sintomas da depressão pós-parto ocorre:

  • Em 20% das mulheres — antes da gestação;
  • 38% — durante a gestação;
  • 42% — após o parto.

Mulheres com um quadro depressivo anterior podem ser diagnosticadas com a depressão pós-parto quando há uma persistência dele no pós-parto. Afinal, a presença desses sintomas pode desencadear dificuldade no cuidado próprio e do bebê, o que demanda um acompanhamento médico com um olhar nesse desafio.

Em relação à depressão que se inicia após o parto, ela ocorre principalmente nos primeiros meses após o nascimento do bebê:

  • 54% no primeiro mês;
  • 40% em 2 a 4 meses;
  • 6% em 5 a 12 meses.

Depressão pós-parto e baby blues

Nem todo humor rebaixado no pós-parto significa depressão pós-parto. Há alterações que são relativamente normais. Os estudos mostram que diversas mudanças hormonais ocorrem no corpo da mulher no pós-parto. Isso tem um impacto nos neurotransmissores responsáveis pela sensação de alegria, bem-estar, medo, entre outras emoções.

Até 90% das mulheres relatam algum dos seguintes sintomas nesse período:

  • Choro inexplicável;
  • Irritabilidade;
  • Tristeza;
  • Inquietação;
  • Dificuldades para dormir.

Somado a isso, ela ainda enfrenta a adaptação aos desafios explicados anteriormente. Portanto, o puerpério é naturalmente um momento em que a mulher pode se sentir frágil e insegura.

Depressão pós-parto e baby blues

No entanto, na maior parte dos casos, esses sintomas não são patológicos. É o chamado baby blues, que é uma resposta às mudanças físicas pós-parto e aos desafios dos cuidados com o bebê. Os sintomas são mais leves e a mulher nota uma melhora gradual durante o puerpério. O baby blues dura, no máximo, 30 a 45 dias.

Contudo estima-se que, pelo menos, 9% das mulheres evoluam para um quadro de depressão pós-parto. Para identificá-la no dia a dia, ela ou pessoas próximas podem notar as seguintes alterações:

  • Humor deprimido ou alterações graves;
  • Choro excessivo;
  • Dificuldades em cuidar e se relacionar com o bebê;
  • Afastamento do parceiro, de amigos e familiares;
  • Alterações nos hábitos alimentares;
  • Dificuldades para dormir;
  • Fadiga e perda de energia;
  • Perda de interesse em atividades antes prazerosas;
  • Irritabilidade e raiva intensas;
  • Insegurança diante da maternidade;
  • Falta de esperança;
  • Sentimentos como inutilidade, vergonha, culpa ou inadequação;
  • Dificuldades de concentração;
  • Dificuldades em tomar decisões;
  • Falta de clareza;
  • Inquietação;
  • Ansiedade mais severa e ataques de pânico;
  • Pensamentos autodestrutivos ou de prejudicar o bebê;
  • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

Por que a depressão pós-parto pode acontecer?

A depressão pós-parto surge devido a múltiplos fatores tanto orgânicos quanto emocionais. Ainda não há uma explicação definitiva sobre os mecanismos que levam a depressão pós-parto. Veja alguns fatores orgânicos relacionados à condição:

  • Genética — pode haver uma relação de alguns genes com a predisposição ao desenvolvimento da depressão pós-parto;
  • Mudanças hormonais — os níveis sanguíneos de diversos hormônios se modificam no pós-parto. Por exemplo, há uma redução da progesterona e do estrogênio. Também ocorre flutuações nos níveis de cortisol (hormônio do estresse), melatonina (hormônio do sono), ocitocina (hormônio do bem-estar) e da tireoide (hormônios que regulam o metabolismo). Isso deixa as mulheres mais vulneráveis a estados depressivos;
  • Alterações nos neurotransmissores — a dopamina, a norepinefrina e a serotonina são substâncias relacionados à motivação, ao prazer e à alegria. Seus níveis são reduzidos durante o estado depressivo.

Fatores de risco para a depressão pós-parto

  • Histórico de depressão, durante a gravidez ou em outros momentos;
  • Mulheres portadoras de transtorno bipolar;
  • Mulheres que tiveram depressão pós-parto em uma gravidez anterior;
  • Mulheres com histórico pessoal ou familiar de depressão ou de outros transtornos de humor;
  • Eventos estressantes durante a gravidez;
  • Se o bebê tem problemas de saúde ou outras necessidades especiais;
  • Gravidez de múltiplos;
  • Dificuldades para amamentar;
  • Problemas de relacionamento com o parceiro;
  • Falta de apoio;
  • Quando a gravidez não é planejada ou desejada;
  • Problemas financeiros.

O que fazer se perceber sintomas da depressão pós-parto?

É muito importante que a mulher passe pelas consultas de puerpério rotineiras, que são marcadas para as primeiras semanas de pós-parto. Nelas, são feitas algumas perguntas que ajudam a rastrear aquelas com maior vulnerabilidade ao desenvolvimento da depressão pós-parto. Assim, um acompanhamento e um diagnóstico precoce podem ser realizados.

Caso ela perceba os sintomas e não tenha uma consulta marcada, também pode agendar uma avaliação com médica. Preferencialmente, mas não exclusivamente, ela deve ser feita ginecologista/obstétrica que acompanhou o pré-natal ou o parto.

Alguns sintomas, porém, exigem que ela busque um acompanhamento médico com urgência. Afinal, eles são mais graves, além de poderem colocar a mãe e o bebê em risco. Veja alguns exemplos:

  • Confusão e desorientação psicológica;
  • Pensamentos obsessivos sobre o bebê;
  • Alucinações e delírios;
  • Distúrbios do sono;
  • Agitação;
  • Paranoia;
  • Pensamentos suicidas ou de prejudicar o bebê.

Portanto, a depressão pós-parto é um quadro que merece muita atenção da mulher e do ginecologista/obstetra que acompanha o seu puerpério. Para recuperar seu bem-estar, ela precisa de um acolhimento médico humanizado. Além disso, ela precisa ser tratada para evitar complicações que coloquem em risco a si mesma e seu filho.

Quer saber mais sobre a depressão pós-parto e como é feito o acolhimento da puerpera no consultório médico? Confira este post sobre o tema!

O que é doula?

A gravidez, o pré-natal, o parto e o pós-parto são momentos bastante peculiares na vida da mulher. Afinal, muitas mudanças físicas e emocionais ocorrem em pouco tempo. Felizmente, há muitos profissionais para dar o suporte à grávida durante todo esse processo de uma forma mais próxima e afetuosa, — as doulas.

As doulas não substituem a assistência médica de um obstetra e de uma equipe de saúde. Tampouco, estão habilitadas para realizar partos. Contudo prestam um outro tipo de suporte, — mais próximo —, voltado para os desafios da experiência da gestação, do parto e do puerpério.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é doula?

As doulas são profissionais treinadas para assistir a mulher durante o parto. Sua principal função é garantir uma experiência mais satisfatória, pessoal, saudável e prazerosa no momento do parto.

É muito importante desmistificar algumas inverdades que são ditas em relação às doulas. Há indivíduos que, sem a informação adequada, qualificam as doulas como pessoas despreparadas para estar presentes durante um procedimento médico, como o parto.

Contudo o cenário é o oposto. A grande maioria das doulas são extremamente qualificadas para a função, recebendo capacitação teórico e extenso treinamento prática. Apesar de serem profissionais não médicas, elas são certificadas para o exercício profissional e dominam os princípios da assistência ao parto humanizado.

Na verdade, dentro dos princípios da humanização, o parto não é mais visto apenas como um procedimento médico objetivo e frio. As dimensões afetivas do nascimento vêm sendo recuperadas diante dos malefícios trazidos pelo excesso de medicalização que ocorreu nas últimas décadas.

Nesse sentido, a demanda das gestantes pelas doulas é crescente pelos resultados positivos que elas tiveram ou ouviram falar por suas colegas. Inclusive, há evidências científicas sobre os benefícios da assistência das doulas para toda a família com desfechos positivos na saúde física e emocional.

As doulas e a dos sentidos do nascer

A medicina trouxe muitos avanços para a assistência ao parto, à gestante e ao bebê. Esses benefícios são inequívocos, mas se tornaram excessivos. Com isso, surgiu um excesso de intervenção dos médicos em partos não complicados e a perda do significado subjetivo do nascimento para a mulher e sua família.

Os partos são também momentos de troca de afeto. Antes, durante e depois dele, é importante que se forme um círculo de apoio à gestante, do qual podem participar o parceiro, os amigos, os familiares e até vizinhos dela. Isso é essencial para a gestante.

As doulas são capacitadas para que possam oferecer esse suporte afetivo e emocional em todas as fases da gestação. Entretanto, além disso, apresentam conhecimento técnico para dar suporte a diversos fatores físicos e emocionais presentes antes, durante e depois do parto.

As doulas e o parto humanizado

As doulas têm um papel muito importante para garantir um parto dentro dos princípios da humanização:

  • Protagonismo da mulher — as doulas são treinadas em ações para promover o empoderamento e a participação da mulher em todas as fases do parto. Por exemplo, elas podem mediar a comunicação com a equipe de saúde em momentos de maior vulnerabilidade;
  • Individualização biopsicossocial — elas podem acompanhar as fases finais da gestação e da preparação para o parto, participando na confecção de um plano de parto se a mulher desejar. Elas são capacitadas a compreender as informações técnicas contidas ali e podem ajudar a gestante a fazer valer os seus desejos dentro da individualidade de cada parto;
  • Medicina baseada em evidências — em sua formação, as doulas recebem capacitação teórica sobre as medidas de assistência física e psicológica à gestante durante e após o parto.

Benefícios das doulas

Algumas pesquisas mostram que as doulas aumentam as chances de a gestante ter uma experiência positiva durante o parto. Entre os fatores relacionados a esses resultados, estão relatos de que elas:

  • Nutrem um cuidado gentil e respeitoso pela gestante;
  • Promovem um maior protagonismo para a parturiente;
  • Trazem uma maior sensação nas gestantes de estarem sendo adequadamente informadas;
  • Contribuem para uma maior participação da gestante nas decisões da equipe de saúde.

Em comparação a outras medidas de promoção da satisfação com o parto, esses fatores têm efeito positivo semelhante à analgesia, por exemplo.

As funções da doula

Veja algumas funções que as doulas podem assumir antes, durante e depois do nascimento.

Antes do nascimento

As doulas podem participar da gestação desde as primeiras semanas. Entretanto é mais comum que a acompanhem a partir do sétimo mês de gestação, quando a preparação para o parto se torna mais intensa.

  • Auxiliar no desenvolvimento do plano de parto;
  • Ajudar a gestante a compreender e a seguir as orientações determinadas pelo obstetra;
  • Promover uma maior participação do parceiro, quando for o caso;
  • Dar suporte emocional nessa fase que pode deixar a mulher emocionalmente vulnerável.

Durante o nascimento

  • Suporte físico com técnicas de respiração e relaxamento, auxílio com as manobras para facilitar o trabalho de parto, entre outras medidas;
  • Suporte emocional com técnicas que aliviam alterações no humor e a ansiedade desencadeadas pelos mecanismos hormonais do parto;
  • Suporte ao parceiro e à família ao facilitar a comunicação deles com a gestante;
  • Suporte administrativo ao ajudar a gestante a organizar documentos e exames, por exemplo.

Pós-parto

  • Escuta ativa durante o pós-parto e o puerpério;
  • Educação da puérpera sobre as mudanças emocionais e físicas pós-parto, além de ensinar técnicas para que elas manejem melhor esses desafios;
  • Suporte na amamentação, treinando as mulheres em técnicas de lactação baseadas em evidências científicas;
  • Ajuda para organizar o enxoval e o espaço do bebê;
  • Auxílio em estabelecer uma rotina familiar e para o sono no bebê, entre outras ações.

Portanto, as doulas são profissionais capacitadas para prestar um suporte não médico para a gestante. Elas não podem prescrever medicações nem conduzir os partos. No entanto, podem transmitir experiências, facilitar a comunicação da gestante, ensiná-la sobre medidas naturais benéficas para ela e o bebê, além de dar o amparo emocional em momentos de vulnerabilidade.

Quer saber mais sobre as doulas e seu papel nos partos? Confira este nosso artigo institucional sobre o tema!

Puerpério: o que é e quais os desafios?

O termo puerpério se refere ao período em que os efeitos anatômicos e fisiológicos da gestação e do parto ainda tem um impacto significativo sobre a saúde/bem-estar da mulher. Associado a ele, surgem também às respostas emocionais em relação aos cuidados com o filho e a adaptação a essa nova fase da vida.

Quer saber mais sobre ele? Acompanhe o nosso post!

O que é o puerpério?

Considera-se que ele começa logo após o parto. Apesar de haver um consenso sobre o início do puerpério, ainda há discussões sobre quando ele termina. Afinal, quando o organismo e a mente da mulher ainda passam por um processo de adaptação pós-parto mais significativo? Até quando ela precisa de cuidados com um olhar mais atento às eventuais complicações da gestação e do parto?

Tradicionalmente, o puerpério é definido como o período de 6 semanas seguintes ao parto. Quando a adaptação da mulher ao pós-parto é mais intensa. Nesse intervalo, podemos perceber que ela passa por grandes desafios, o que demanda uma assistência médica especializada. Por esse motivo, esse é o corte mais frequente nas definições nacionais e internacionais, como a Cartilha do Parto e do Puerpério do Min. Da Saúde.

A Organização Mundial de Saúde, por exemplo, tem recomendado que a mulher realize três consultas com o médico que acompanhou o pré-natal para a avaliação do puerpério:

  • Primeira — no terceiro dia pós-parto;
  • Segunda — em um a duas semanas do pós-parto;
  • Terceira — na sexta semana de pós-parto.

Assim, pode-se dar uma assistência à mulher no início das três fases do puerpério:

  • Imediato (1º ao 10º dia);
  • Tardio (11º ao 42º dia);
  • Remoto (a partir do 43º dia).

A partir da sexta semana, porém, não significa que a paciente estará desassistida. Pelo contrário, ela continuará sendo acompanhada pelo ginecologista/obstetra nas consultas periódicas comuns habituais na vida da mulher.

Entretanto algumas sociedades médicas, como o Colégio Americano de Ginecologistas e Obstetras, têm recomendado a extensão do puerpério até o terceiro mês do pós-parto. Por isso, metaforicamente, esse período tem sido chamado de “4º semestre de gestação”.

Portanto, A decisão de como será feito esse acompanhamento puerperal pode ser individualizada de acordo com as características de cada pós-parto.

Os desafios do puerpério

As gestações e os partos são fenômenos que causam uma extensa alteração no organismo da mãe, como:

  • redução da resistência vascular;
  • aumento do débito cardíaco;
  • mudanças nos níveis hormonais;
  • distensão da pele abdominal;
  • estímulo às células pigmentares da pele;
  • abertura do canal da pelve.

Isso é necessário para que ela possa abrigar o feto e gerar um nascimento saudável. Além disso, nesse período, o corpo da mulher se adapta para os desafios do cuidado do recém-nascido

O puerpério é o momento em que grande parte dessas mudanças cessam e o organismo da mãe tenta voltar para a homeostasia habitual. No entanto, novas transformações surgirão devido à rotina de cuidar de um filho, de lactação, entre outras razões.

Alterações do pós-parto

Algumas alterações são mais frequentes e não representam um risco significativo para a saúde da mãe, como:

  • Calafrios e tremores;
  • Involução uterina;
  • Lóquios, isto é, a perda de sangue pela vagina;
  • Edema na vulva e na vagina;
  • Disfunções urinárias temporária, como perda involuntária ou pouco antes da vontade da micção;
  • Flacidez abdominal;
  • Fogachos;
  • Anovulação;
  • Crescimento das mamas, que pode ser acompanhado de dores;
  • Perda de peso.

No entanto, parte das puérperas podem enfrentar complicações mais graves, como dor intensa na parte baixa do abdômen, sangramento vaginal com odor forte e febre. Elas são indicativos de infecções, que demanda uma consulta médica urgente.

Relação com a família

Quando um bebê chega ao lar, ele se torna o centro das atenções. Os familiares, os vizinhos e os amigos começam a visitá-la para ver o novo morador. Contudo, o instinto de proteção do bebê ainda pode estar aflorado. Então, ela pode ter um receio de expor o filho a doenças e acidentes devido ao contato com mais pessoas.

Aos poucos, é importante se preparar para abrir mais espaço, pois esse contato com novas pessoas é saudável para o desenvolvimento do bebê.

Também, sentindo-se fragilizada, a puérpera pode demandar uma maior atenção do parceiro e sentimentos de desamparo. Além disso, a chegada de um filho traz uma mudança na relação afetiva e sexual com o parceiro.

Amamentação

Após o parto, umas das mudanças mais pronunciadas é o início da produção de leite pelas glândulas mamárias.

Na primeira semana, por exemplo, as características do leite materno são diferentes: ele é mais amarelado e o volume liberado é menor. Isso assusta algumas mulheres, que acreditam estar com algum problema para o aleitamento. Depois da primeira semana, o leite começa a ser liberado em maior quantidade e adquire a coloração branca que temos em nossa mente.

Algumas mulheres, porém, podem enfrentar dificuldade para a produção de leite. Isso pode desencadear sentimentos de frustração, que precisam ser abordados para prevenir o adoecimento mental.

As consultas puerperais servem também para a mulher compreender o que acontece durante a lactação. Ela será educada sobre a forma de dar de mamar, a prevenção de fissuras mamárias e como identificar dificuldades na amamentação.

Adaptação à rotina do bebê

Esse é um dos principais desafios que as mães relatam nas consultas de puerpério. Os bebês têm um ciclo muito diferente dos adultos: eles dormem por mais tempo e acordam frequentemente durante a noite para se alimentar.

Associado a isso, os estudos mostram que os sentidos da mulher se adaptam para ficarem mais sensíveis às necessidades do bebê. Isso a deixa em estado de prontidão, tornando-se, por exemplo, mais sensível ao choro e ao despertar noturno. Então, é natural que elas sintam uma maior fadiga.

Alterações no humor

Os estudos mostram que diversas mudanças hormonais ocorrem no corpo da mulher no pós-parto. Isso tem um impacto nos neurotransmissores responsáveis pela sensação de alegria, bem-estar, medo, entre outras emoções. Até 90% das mulheres relatam algum dos seguintes sintomas nesse período:

  • choro inexplicável;
  • irritabilidade;
  • tristeza;
  • inquietação;
  • dificuldades para dormir.

Somado a isso, ela ainda enfrenta a adaptação aos desafios explicados anteriormente. Portanto, o puerpério é naturalmente um momento em que a mulher pode se sentir frágil e insegura.

As consultas de puerpério são essenciais para a mulher, tendo o objetivo de acolhê-la em toda a sua integralidade. Além disso, buscamos educá-la e esclarecer suas dúvidas a respeito das mudanças que virão nos próximos dias e meses. Por fim, é essencial tratar e prevenir complicações relacionadas ao pós-parto e à lactação, entre outros pontos.

Quer saber mais sobre o puerpério e os cuidados nessa fase? Confira este post sobre o tema!