Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Distocia e parto: qual a relação?

A distocia do parto (parto lento ou preso) é o trabalho de parto anormalmente prolongado, o que pode ocorrer devido a diferentes fatores.

Para que essa complicação obstétrica seja diagnosticada, é preciso que ela ocorra na primeira ou na segunda fase do trabalho de parto, isto é, entre o início da contração até o processo de passagem do feto pelo canal após a dilatação completa do colo.

A distocia é a principal causa de conversão de um parto normal em parto prematuro.

Em um cenário ideal, em que evitamos as cesarianas eletivas sem indicação médica, a distocia seria a principal justificativa para as cesarianas em geral, representando cerca de um terço.

Esse é o cenário de países que conseguiram reduzir a taxa de partos cirúrgicos. Quer saber mais sobre o que é a distocia e seu tratamento? Confira este texto!

As fases do parto e sua relação com a distocia

Fase latente

A fase latente pode durar várias horas. Nela, iniciam-se as contrações, as quais são fundamentais para a condução do bebê até o canal de parto. Elas apresentam uma mudança de comportamento ao longo do parto, o que auxilia na diferenciação das fases e no diagnóstico da distocia.

No período de latência, elas estão ainda irregulares. Contudo a gestante relata que já incomodam mais do que as cólicas habituais da gestação e estão ficando progressivamente mais coordenadas.

Já a dilatação do colo pode estar com até 3 ou 4 cm, ocorrendo em tempo variável para cada gestação. Com isso, pode acontecer também a perda do tampão mucoso.

Apesar de poder ser muito longa, a não evolução da fase latente para a ativa associada à redução da vitalidade podem indicar a distocia.

Fase ativa

Esse é o início do trabalho de parto propriamente dito, com contrações cada vez mais fortes e próximas. Normalmente, ocorrem 3 a 4 contrações fortes regularmente, a cada 10 min. Nessa situação, espera-se uma dilatação cervical superior a 6 centímetros. Caso contrário, acende-se o alerta para o risco ou a ocorrência de distocia.

Período expulsivo

Nessa fase, o colo uterino deve estar com aproximadamente 10 cm de dilatação, enquanto as contrações uterinas estão cada vez mais vigorosas. Então, os reflexos da parturiente a levam aplicar cada vez mais força na região pélvica para estimular a expulsão do bebê.

É nesse período que as pacientes relatam o pico da dor do parto, com contrações mais dolorosas e sensação de queimação no períneo, o que indica o início da saída do bebê. A duração da expulsão é variável de mulher para a mulher, podendo demorar alguns minutos ou mesmo diversas horas.

Quando a mulher está próxima da exaustão ou o bebê está com os batimentos cardíacos fora dos limites da normalidade, a distocia pode ser diagnosticada.

Fase da dequitação

É a fase após a expulsão completa do feto. Nela, o útero da mulher expulsa os anexos embrionários, como a placenta e a bolsa amniótica vazia. Portanto, não está relacionada com a distocia.

O que é a distocia?

A distocia é o trabalho de parto com uma duração ou evolução anormal, que pode ser dividida em quatro tipos principais:

  • Dificuldades da passagem devido à arquitetura pélvica da mãe;
  • Dimensões do bebê ou problemas na apresentação e na posição fetal;
  • Contração uterina insuficiente ou resistência cervical;
  • Associação de condições maternas e fetais.

Por isso, durante o parto é feito o partograma, em que acompanhamos periodicamente os seguintes fatores de evolução:

  • A frequência e força das contrações uterinas;
  • A dilatação do colo uterino;
  • Posição fetal.

Durante o trabalho de parto, em parte, as posições e atitudes do feto são determinadas pelas características da pelve da mãe. Para o parto, avaliamos principalmente a entrada, a pélvis média e a saída. Entre essas estruturas está o arcabouço ósseo, que limita o canal de parto. Em dimensões, a abertura da pelve ideal para o parto deve ser superior aos seguintes valores:

  • Parede anterior da sínfise púbica: 5 cm;
  • Parede posterior mede aproximadamente 10 cm.

Dimensões menores do que essas se relacionam com um trabalho de parto mais difícil, que possivelmente evoluirá para a distocia.

Durante o processo de evolução do trabalho, com a acomodação óssea, ocorre uma dilatação progressiva do canal de parto para permitir a passagem de todo o corpo bebê. Se isso não acontecer, mesmo mulheres com uma pelve ginecológica podem sofrer com a distocia.

Além dos ossos, outras estruturas do sistema reprodutor feminino podem levar a um parto mais difícil:

  • Miomas uterinos são as massas pélvicas mais comuns associadas à distocia, podendo obstruir o canal de parto ou levar à má apresentação fetal. Isso é mais comum em miomas volumosos (> 4 a 5 centímetros);
  • Massas ovarianas volumosas;
  • Distensão da bexiga;
  • Excesso de tecido adiposo;
  • Estreitamento do colo uterino (estenose cervical).

Em relação ao feto, o risco de distocia aumenta quando o peso é maior do que 4 a 4,5 quilos e ele não evolui para a apresentação cefálica (com a cabeça voltada para o canal de parto).

A identificação da distocia é feita com o monitoramento adequado do parto e a assistência médica humanizada. A partir disso, em decisão compartilhada com a gestante, o parto normal poderá ter sua evolução induzida ou ser convertido em parto cesariano.

Quer saber mais sobre a distocia e seus tipos? Confira nosso texto sobre o tema!

Parto humanizado: como respeitar os 5 sentidos humanos

O parto é uma das experiências mais complexas pelas quais as mulheres podem passar. Por isso, ele deve ser visto em sua integralidade, observando os fatores físicos, psicológicos e emocionais da gestante. No parto humanizado, a mulher é vista como a grande protagonista. Isso demanda o respeito aos seus 5 sentidos, buscando fazer com que o parto seja uma experiência memorável e positiva.

Afinal, a gestante merece todos os cuidados nesse processo tão delicado, em que suas vulnerabilidades ficam expostas. Então, dentro desse paradigma, o parto é visto como uma experiência humana e individual.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é o parto humanizado?

O parto humanizado é um conceito que deve estar presente em qualquer tipo de parto, seja ele normal seja uma cesariana. Afinal, esse conceito não diz respeito às técnicas que serão empregadas, mas às condutas que são adotadas pelo médico e pela equipe de saúde.

Seu principal objetivo é centrar os cuidados dos profissionais nas pessoas que estão sobre sua assistência. Portanto, eles são incentivados a prestar bastante atenção à gestante em toda a sua complexidade para garantir o melhor para a sua saúde, bem-estar e a qualidade de vida.

Para isso, o parto humanizado tem três pilares:

Protagonismo da mulher — os desejos da mulher sobre todos os aspectos do nascimento. Nesse sentido, ela tem autonomia para tomar decisões desde que isso não ponha em risco a sua saúde e a do bebê. Quando possível, ela poderá escolher o tipo de parto (natural, normal assistido, cesariano), o local do nascimento, uso de anestesia, ambientação do local de nascimento e cuidados pós-natais;

Individualidade biopsicossocial — além de receber os melhores cuidados para identificar as características biológicas de cada parto, há também muita atenção às emoções, sensações, crenças, pensamentos, cultura e ao contexto social da mulher. Por exemplo, deve-se respeitar a opção religiosa e as restrições impostas por diferentes crenças;

Medicina baseada em evidências — o médico utiliza, de forma consciente e crítica, as melhores e mais atuais evidências científicas. Elas são individualizadas caso a caso, respeitando a individualidade de cada gestação, além dos valores e das preferências da paciente,

O plano de parto e a autonomia da gestante

O plano de parto é um documento construído ao longo do seu pré-natal em que você expressas seus desejos ao obstetra e à equipe que realizará o seu parto.

  • Informações básicas sobre você e a gestação;
  • O acompanhante desejado;
  • Preferências do parto;
  • Ambientação do local de parto;
  • Medidas de alívio da dor;
  • Especificidades religiosas, culturais ou sociais;
  • Alimentação e cuidados com o bebê após o nascimento.

Por lei, o obstetra deve respeitar plano de parto da gestante, pois a mulher tem autonomia para decidir sobre o próprio parto. Contudo, quando houver risco para a gestante e para o bebê, ele pode adotar medidas que não estão no plano de parto ou que divergem dele.

Os cinco sentidos no parto

A partir dos cinco sentidos, o corpo libera neurotransmissores e hormônios que afetam suas emoções. Por exemplo,

  • Um cheiro agradável ou uma música que traz boas memórias fazem com que sejam liberadas substâncias, como a dopamina e a serotonina, as quais trazem a sensação de satisfação e felicidade;
  • Por sua vez, as sensações negativas estimulam a liberação de cortisol, o qual pode aumentar a predisposição da mulher a sentir dor.

As emoções negativas, por sua vez, podem gerar memórias desagradáveis para a mulher. Então, o parto passa a ser visto como um momento ruim em vez de ser uma experiência muito satisfatória, como relatam muitas mulheres.

Por isso, no parto humanizado, nós buscamos respeitar todos os cinco sentidos

Visão

Fotos familiares e a visualização de um acompanhante fazem com que a mulher se sinta mais acolhida durante o parto. Além disso, trazem um tom mais afetivo, tornando-o mais um momento da mulher e menos um procedimento técnico “objetivo”.

Audição

Da mesma forma, a audição traz uma maior familiaridade para o momento:

  • Ouvir músicas que relaxam ou trazem memórias positivas;
  • Escutar a voz do acompanhante;
  • Perceber um tom de acolhimento e de tranquilidade nas falas da equipe de assistência.

Paladar

O paladar, apesar de não ser estimulado diretamente durante o estágio final do parto, pode ser estimulado. Nos momentos iniciais do trabalho de parto, a mulher pode se alimentar com comidas leves. Durante sua hospedagem pós-parto na maternidade, a mulher deve se alimentar bem.

Olfato

Na ambientação da sala do parto, você pode requisitar a infusão de essências e outros odores que lhe trazem sensações positivas. Outro ponto importante é o contato da mãe com o bebê o mais precoce quando possível. A troca de odores entre eles faz com que o vínculo seja fortalecido.

Tato

O tato está relacionado com a sensação de dor. No parto humanizado, são adotadas diversas medidas para a redução de dor durante e após o parto. Essas podem ser naturais ou farmacológicas (anestesia).

O objetivo do médico, no parto humanizado, é buscar não apenas um nascimento saudável para a mãe e o bebê, mas também o acolhimento, a satisfação da mulher e o fortalecimento do vínculo afetivo entre eles. Os cinco sentidos do corpo são fundamentais para esses objetivos, pois desencadeiam a liberação de neurotransmissores e hormônios relacionados às emoções.

Quer saber mais sobre o parto humanizado e como ele é feito? Confira este post sobre o tema!

Episiotomia no parto normal: quando pode ser realizada?

O parto normal acontece através do canal vaginal, o qual está relacionado a diversas estruturas. A abertura vaginal é o local final de saída do bebê, devendo se alargar para a sua passagem. A episiotomia é um corte feito no períneo, região entre o ânus e a vagina, com a finalidade de facilitar a dilatação do canal de parto.

No Brasil, ela vinha sendo realizada de forma rotineira, fora de indicações médicas, em um cenário de verdadeira violência obstétrica. Isso expunha as mulheres a diversas complicações, como as incontinências urinária e fecal. Hoje em dia, é recomendada em apenas algumas situações. Quer entender melhor? Acompanhe o nosso texto!

O que é a episiotomia?

Por se tratar de um corte que atravessa diversas camadas da pele, é um procedimento doloroso. Portanto, o primeiro passo, é a anestesia do local, mesmo que a gestante já tenha recebido outra medida de analgesia.

Depois disso, é feita uma incisão na região do períneo a partir de uma das duas técnicas a seguir:

  • Incisão na linha média, a qual é feita verticalmente seguindo o eixo que divide o corpo em direito e esquerdo. É a mais simples de ser reparada, mas traz maiores riscos de lesão da região anal;
  • Incisão mediolateral, que é feita em um ângulo de aproximadamente 50º em relação à linha média. Apesar de ser mais difícil de reparar e ser mais dolorosa, ela traz mais proteção contra uma lesão crônica na região anal.

Por que a episiotomia pode ser realizada?

A episiotomia, — vamos enfatizar bastante esse ponto —, é uma técnica invasiva de assistência ao parto normal. Portanto, está sujeita a determinados riscos. Ela pode ser realizada nos contextos em que os benefícios para a mãe e o bebê superam esses riscos.

Bebês acima de 4 quilogramas

O peso fetal é um fator determinante para a evolução do parto. Acima de quatro quilogramas, considera-se que eles são portadores de macrossomia, o alto peso. Essa condição é mais comum em bebês de gestantes que tiveram diabetes gestacional.

Com isso, durante a passagem pelo canal de parto normal, o feto poderia causar lesões graves na região do períneo. Esses danos estruturais poderiam provocar, por exemplo:

  • O comprometimento do assoalho pélvico, trazendo o risco de desenvolvimento de incontinência urinária na mulher;
  • incapacitação parcial ou total do esfíncter anal, um músculo muito importante para o controle da defecação. Dessa forma, a parturiente pode desenvolver incontinência fecal.

Essas complicações também podem ocorrer na episiotomia. Entretanto, por se tratar de um corte feito com todos os cuidados médicos, o risco é muito menor do que aquele relacionado à ausência de intervenção (lacerações de terceiro e quarto graus). Portanto, é um cenário em que os benefícios superam os riscos.

Distócia do ombro

Essa é uma situação em que o uso da episiotomia é controverso. Afinal, trata-se de um prolongamento do parto devido a um problema da parte óssea, e não das partes moles que são cortadas durante a episiotomia.

Mesmo assim, considera-se uma situação em que o procedimento está, sim, indicado. No entanto, dentro dos princípios do parto humanizado, a decisão deve ser compartilhada com a gestante pelo médico, depois de ele a informar a respeito das limitações.

Frequência cardíaca do bebê alterada

Tanto a frequência cardíaca alta quanto a baixa estão relacionadas a um pior prognóstico de saúde para o bebê, indicando sofrimento fetal. Por esse motivo, a episiotomia deve ser realizada para acelerar o parto e permitir uma avaliação mais ágil da saúde neonatal, além de reduzir o risco de eventos negativos, como o óbito fetal.

Posições anormais do bebê

Durante o trabalho de parto, o feto deve adotar a posição cefálica para o nascimento, isto é, sua cabeça deve estar voltada para o canal de parto. Posições pélvicas (sentado) e transversais (deitado) dificultam a passagem através do canal de parto.

Uma técnica não invasiva, a versão cefálica externa pode ser tentada antes de um procedimento mais invasivo. Em caso de insucesso, contraindicação ou de distócia mesmo após a versão, a episiotomia pode ser indicada.

Uso de fórceps

O fórceps é uma espécie de pinça especializada que é posicionada na cabeça do bebê para ajudá-lo a se guiar no canal vaginal durante o parto. Devido às suas dimensões e ao risco de laceração, além de ser geralmente empregado em um parto já complicado, a episiotomia pode também ser realizada juntamente à inserção do fórceps no canal vaginal da gestante.

A episiotomia é obrigatória no parto normal?

Não! Pelo contrário, ela deve ser a exceção. Na medicina, a indicação de procedimentos médicos deve sempre levar em consideração os respectivos riscos e os benefícios.

A maioria das gestações e dos partos apresenta uma evolução normal, sem complicações. Ou seja, quando realizada fora das indicações acima, os riscos da episiotomia são maiores do que qualquer benefício.

Então, a gestante está sendo sujeita a um procedimento, quando seu parto evoluiria normalmente. Um parto mais ágil não é justificativa para submetê-la a uma técnica que traz riscos das seguintes complicações:

  • Infecções;
  • Incontinência urinária e/ou fecal;
  • Cicatrizes e queloides;
  • Traumas psíquicos, entre outras possibilidades.

Dentro das indicações, é claro, ela é benéfica. Afinal, as complicações de não intervir seriam maiores do que a de realizar a episiotomia.

Seguindo os princípios do parto humanizado, sabe-se que as intervenções médicas devem ser feitas quando houver evidências científicas claras sobre seus benefícios (medicina baseada em evidências).

Mesmo nesses casos, a gestante deve ser informada sobre as características da episiotomia e fazer parte da decisão (protagonismo da gestante). Contudo, caso estejam presentes determinadas contraindicações, o médico deve avaliar a possibilidade de empregar outras intervenções para garantir um bom resultado no parto (individualização biopsicossocial).

Quer sobre mais sobre a episiotomia e como ela é feita? Confira nosso texto sobre o tema!

Parto induzido: indicações e contraindicações

Três eventos são importantes para que o trabalho de parto ocorra adequadamente: contrações uterinas, dilatação do colo e descida do bebê. De acordo com as condições, o parto induzido pode ser feito a partir de:

  • Amadurecimento do colo do útero: técnicas e medicamentos específicos estimulam o amadurecimento cervical, como as prostaglandinas (dilatação farmacológica) e a inserção de um cateter com um balão com solução salina (dilatação mecânica);
  • Ruptura da bolsa amniótica: a amniotomia é a abertura artificial na bolsa amniótica a fim de facilitar o trabalho. Contudo deve ser feita apenas se o bebê estiver em posição de parto e em um momento em que a dilatação do colo uterino está avançada;
  • Estímulo das contrações uterinas: para isso, aplica-se uma versão sintética da ocitocina, hormônio que provoca a contração uterina e a dilatação do colo. Pode ser utilizada quando o trabalho de parto já foi iniciado.

Em todos os casos, os sinais vitais (como a frequência cardíaca) do bebê são constantemente checados para verificar o estado de saúde fetal. Quer saber mais sobre as suas indicações? Confira o nosso post!

Quando o parto induzido pode ser indicado?

Gestação pós-termo

Após 42 semanas ou mais, a gestação passa a ser um risco para a mãe e o bebê. Com o crescimento do feto e o esgotamento dos recursos do organismo da mulher, a placenta perde a capacidade de proporcionar a oxigenação e a nutrição adequadas.

Ruptura de membranas prematura

Considera-se prematura a ruptura da bolsa amniótica antes de o trabalho de parto se iniciar. Isso torna o ambiente uterino inviável para o feto se muitas horas de rotura e sem evolução de trabalho, sendo necessário induzir as contrações uterinas e a dilatação do colo para que ocorra a expulsão. Consideramos também nas seguintes situações:

  • Se idade gestacional for maior que 34 semanas;
  • Em qualquer período da gravidez quando houver sinais de infecção ou comprometimento fetal.

Corioamnionite

A corioamnionite é a infecção dos anexos que auxiliam no suporte à vida fetal, como membranas fetais (âmnio e córion) e a placenta. Geralmente é resultante de uma infecção bacteriana concomitante.

A infecção traz diversos riscos de complicações obstétricas, como:

  • Aumento do risco de sepse materna ou neonatal no pós-parto;
  • Infecções adquiridas dentro do útero;
  • Outros problemas de desenvolvimento fetal e neonatal.

Restrição do crescimento fetal

Ao longo da gestação, o peso fetal é acompanhado periodicamente, pois esse é um dos principais parâmetros para avaliar se o ambiente intrauterino ou o feto estão saudáveis.

Um peso do bebê fetal menor do que o recomendado para a idade gestacional é, portanto, um sinal de alguma alteração clínica. Caso ele esteja muito abaixo do esperado e não apresente sinais de recuperação ao longo do acompanhamento pré-natal, a indução do parto pode ser indicada.

Oligo-hidrâmnio

O líquido amniótico tem uma função muito importante, protegendo o bebê contra impactos físicos e a pressão exercida pela musculatura uterina.

Uma baixa produção de líquido amniótico (oligo-hidrâmnio) pode colocar o feto em risco. Além disso, frequentemente é consequência de alguma alteração fetal potencialmente grave que precisa ser investigada e tratada fora do útero o quanto antes.

Gestações de alto risco

Em muitos casos de gestações de alto risco, o prolongamento da gestação coloca a saúde da mãe e do bebê em risco. Por esse motivo, o parto pode programado para antes de serem completadas as 37 semanas de idade gestacional.

O momento escolhido tem como base um período em que os riscos para bebê são menores. Alguns exemplos de condições relacionadas ao alto risco e indicação de indução do parto são:

  • Diabetes gestacional: surgimento da diabetes durante a gravidez. A doença aumenta o risco de peso fetal elevado (macrossomia), situação em que o parto deve ser induzido;
  • Distúrbios da pressão alta: hipertensão prévia descompensada, pré-eclâmpsia e eclampsia são condições de risco de morte materna.

Óbito fetal

Quando o bebê falece dentro do útero, o parto pode ser induzido para evitar a execução de uma cesariana na mãe. Contudo, se o parto normal for contraindicado, ela é necessária.

Como a indução do parto é feita e quais os seus riscos?

Os principais riscos do parto induzido são:

  • Falha na indução e conversão para cesariana;
  • Baixa frequência cardíaca do feto;
  • Infecções pós-parto;
  • Ruptura uterina;
  • Hemorragia pós-parto.

Parto induzido: quando ele é contraindicado?

Nas seguintes situações a indução do parto está contraindicada:

  • Cicatriz de cesariana mediana: não podem passar pela indução com o uso de prostaglandina;
  • Placenta prévia;
  • Infecção genital ativa por herpes;
  • Posição fetal inadequada;
  • Prolapso do cordão umbilical.

Além disso, nas últimas décadas, o importante avanço da medicina trouxe grandes benefícios para a obstetrícia. Contudo também trouxe alguns excessos que precisam ser corrigidos, o que levou à necessidade do parto humanizado.

Gradualmente, o parto foi perdendo o seu significado como um evento fisiológico e afetivo. Processos corporais longos ou dolorosos, como o trabalho de parto, passaram a ser vistos como obstáculos a um parto “eficiente”, devendo ser “acelerados”.

Na crescente medicalização do parto, procedimentos como rompimento artificial da bolsa e a aplicação de indutores do parto, que deveriam ser reservados para situações emergentes, passaram a ser rotina.

Em alguns casos, não se dava sequer a opção para a mulher escolher se os desejavam ou não. Com isso, também surgiu um cenário de violência obstétrica, em que a mulher perde o protagonismo do parto e a autonomia sobre seu próprio corpo.

O médico passa a ser a figura central e, em alguns casos, sua agenda se tornava mais importante do que o significado do parto para a mãe e o bebê. Tudo isso compromete a experimentação sensorial e afetiva essencial do parto.

Portanto, quando o parto induzido não tem nenhum motivo justificado na saúde da mãe e do bebê, ele não deveria ser executado. Afinal, toda intervenção médica tem seus riscos inerentes, devendo ser aplicada quando os benefícios os superam.

Quer saber mais sobre o parto induzido, suas indicações e riscos? Confira nosso texto sobre o tema!

Trabalhando os cinco sentidos no parto

Trabalhando os 5 sentidos no parto, trazemos mais humanização ao momento. Por quê? Uma das funções mais importantes do cérebro é a integração sensorial. A partir de todos os estímulos que ele recebe de todas as regiões do corpo, ele as organiza e elabora uma resposta adaptativa.

Em outras palavras, os nossos cinco sentidos são essenciais para a interpretação que o cérebro faz do mundo e do nosso próprio organismo. Ao trabalhá-los no parto, podemos estimular nosso cérebro a amenizar a sensação de dor, a criar memórias positivas, a reduzir a ansiedade do momento, entre outros pontos.

Esse é um dos motivos, por exemplo, pelos quais as mulheres relatam ter experimentado menos do que esperavam no parto natural (sem analgesia ou anestesia).

  • Sistema de luta e fuga (adrenérgico): está relacionado com os processos do nosso corpo para afastar algo que ele considera ameaçador. Ele está envolvido com uma maior percepção da dor e com a sensação de ansiedade;
  • Sistema de descansar e digerir (colinérgico): está relacionado com os processos de relaxamento;
  • Sistema de recompensa (dopaminérgico): é ativado quando temos a satisfação com algo.

O parto naturalmente ativa o sistema de luta e fuga. Contudo, por meio dos estímulos sensoriais, podemos despertar os outros dois, os quais liberam substâncias que contrabalanceiam o adrenérgico. Por isso, o parto humanizado, independentemente do tipo de parto escolhido, também busca trabalhar os 5 sentidos. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe o nosso post!

O parto humanizado, o plano de parto e os 5 sentidos

Apesar de sermos um dos países líderes em violência obstétrica, temos avançado bastante na humanização do parto e na recuperação do significado original do parto. Por lei, as mulheres devem ter um parto humanizado com direitos, como:

  • Acompanhante de sua escolha em todo o processo do pré-parto, parto e puerpério; tenha liberdade de movimentação;
  • Possa receber métodos não farmacológicos para alívio da dor;
  • Tenha privacidade e a presença constante de um/uma profissional capacitado/a para acompanhar o parto;
  • Escolha sobre a posição que deseja parir;
  • Que seja ela a primeira a ver seu bebê e a pegá-lo;
  • Ainda, que tenha seu medo e sua dor percebidos como legítimos e integrantes do processo.

Todos esses pontos, de certa forma, envolvem o trabalho com algum dos 5 (ou 7) sentidos do parto.

Trabalhando os 5 sentidos no parto

Tato

O tato é a percepção do contato da nossa pele e mucosa com outros objetos, informando nosso cérebro sobre:

  • O calor e o frio;
  • A pressão;
  • O atrito.

Veja algumas medidas do parto humanizado que focam no tato:

  • O toque afetuoso de um acompanhante libera substâncias que reduzem a ansiedade e a sensação de dor no momento;
  • A temperatura adequada e o conforto físico reduzem a percepção do cérebro de que aquele momento é ameaçador;
  • Os banhos em banheira quente causam uma vasodilatação e processos fisiológicos que podem facilitar o trabalho de parto naturalmente;
  • Caso a mulher deseje, pode ser aplicada a analgesia farmacológica para reduzir a dor.

Olfato e paladar

A gestante também pode acrescentar no seu plano de parto a efusão de algumas essências na sala ou trazer seus próprios objetos. Na integração sensorial, podem trazer uma sensação de acolhimento, além de se tornarem futuros gatilhos para memórias afetivas.

Visão

O estímulo visual trazido pela presença de imagens afetivas (como fotografias e o próprio semblante do acompanhante) ajuda a recuperar o sentido do parto como o desenvolvimento de relações humanas.

A iluminação também é importante, visto que determinadas cores e intensidades de luz estão relacionadas ao estímulo do sistema de descanso, enquanto outras estimulam o de luta e fuga.

Audição

Determinados sons, como algumas músicas, têm o poder de desencadear a resposta dos sistemas de descanso e de recompensa. Por isso, eles podem ser incluídos no plano de parto.

Além disso, outro ponto importante é trabalhar o que a gestante ouve da equipe médica. Falas desrespeitosas ou aflitas podem desencadear respostas de luta e fuga.

Por sua vez, quando ela é incluída nas decisões médicas, sabe o que está acontecendo e ouve palavras empáticas, o momento se torna muito menos ansioso. Esse é um dos motivos que torna tão importante a assistência de uma equipe e de um profissional de confiança, um direito no parto humanizado.

O corpo da mãe pós-parto está pronto para reagir rapidamente a qualquer ameaça ao bebê. Nesse sentido, é muito sensível ao choro. Ao ouvi-lo pela primeira vez, vários fenômenos fisiológicos ocorrem para fortalecer o vínculo e estimular a lactação, por exemplo.

Com uma maior atenção ao bebê, o corpo da mulher pode se desconectar inclusive de parte das sensações internas, como a dor.

Propriocepção e equilíbrio

Apesar de não serem tão conhecidos, existem mais dois sentidos importantes:

  • propriocepção: percepção do nosso corpo no espaço e dos nossos movimentos. Esse sentido é uma dos mais importantes para o parto, sendo essencial para que a gestante possa adotar posições e se movimentar de uma forma que facilite a conclusão trabalho;
  • vestibular (equilíbrio): ele está relacionado com o equilíbrio e a sensação de náuseas. Também é trabalhado quando mantemos a livre movimentação da gestante.

O que o bebê sente ao nascer?

As sensações do bebê também são trabalhadas no parto humanizado. Quando sentem o cheio um do outro, a mãe e o bebê estabelecem um vínculo muito poderoso.

A amamentação precoce, com o paladar do leite materno, estimula o organismo do bebê a se adaptar para o aleitamento no peito e evita a rejeição nos primeiros dias.

No pós-parto, o contato pele a pele faz toda a diferença. A transmissão de calor entre a mãe e o bebê ajuda a reduzir o risco de hipotermia (temperaturas corporal baixa) no recém-nascido. Além disso, auxilia no estímulo da lactação materna. Por tudo isso, trabalhando os 5 sentidos no parto, humanizamos esse momento e resgatamos os seus significados originais.

Quer saber mais sobre parto humanizado? Confira nosso texto sobre o tema!

Amamentação e parto humanizado: qual a relação?

O parto humanizado é aquele praticado com uma atenção integral à mãe e o bebê, tendo em vista os seguintes princípios:

  • Protagonismo da mulher: busca-se fazer com que o parto seja um momento que gere emoções e lembranças positivas para a gestante. Além disso, ela é chamada para participar das decisões a respeito do parto e sua autonomia é respeitada;
  • Individualização biopsicossocial: o parto não é visto apenas como um processo físico corporal. Ele é um momento de duas pessoas, a mãe e o bebê, com toda a complexidade que uma pessoa apresenta. Por isso, é planejando levando em consideração todo o contexto biológico, psíquico e social da gestante com respeito à sua cultura, religião, emoções, sensações e pensamentos;
  • Medicina baseada em evidências: todos os procedimentos realizados serão feitos buscando os maiores benefícios e os menores riscos para a mãe e o bebê, de acordo com os melhores estudos científicos aplicados individualmente a cada gestação.

O parto não humanizado é aquele visto apenas como um procedimento médico objetivo, sem uma atenção global a todo o contexto da mãe e do bebê. Na humanização, o sucesso não é medido apenas pelo resultado técnico, isto é, um nascimento vivo e saudável. Enxerga-se a saúde e o vínculo daquelas duas pessoas (mãe e bebê) a longo prazo, considerando todo o contexto físico, psíquico e social.

 Quais os benefícios do parto humanizado para a amamentação?

O parto humanizado traz diversos benefícios para lactação, pois é baseado nas melhores evidências científicas e no cuidado integral da mãe e do bebê.

Menor estresse materno durante o trabalho de parto

As emoções negativas e o estresse sofridos durante o parto estão relacionados com problemas para a produção de leite materno (lactogênese), como mostraram diversos estudos desde a década de 1990 até os mais atuais.

Isso ocorre, pois o estresse libera uma sustância chamada cortisol, que é conhecida popularmente como o hormônio do estresse. Ele é capaz de interagir com as glândulas mamárias e o sistema nervoso da mulher, comprometendo também a qualidade do leite.

Dentro dos princípios do parto humanizado, busca-se oferecer o ambiente mais acolhedor possível para a gestante. Portanto, o risco de que ela sofra com alguma emoção negativa é menor.

Afinal, ela será preparada durante todo o pré-natal para o momento do parto, contará com o apoio emocional de seus acompanhantes e com uma equipe preocupada em garantir memórias positivas a respeito do momento do parto.

O estresse durante o parto também causa malefícios para o bebê, visto que o ganho de peso nas primeiras semanas fica prejudicado com a lactação inadequada.

Assistência humanizada antes e depois do parto

Nas práticas de parto humanizado, busca-se reforçar e incentivar o vínculo da mãe com o bebê a cada instante. Logo no pré-natal, você será educada sobre a amamentação, seus benefícios, como facilitá-la e evitar alguns problemas temidos pelas mulheres, como as fissuras mamárias. Com isso, reduz-se a ansiedade que esse momento pode trazer.

Imediatamente após o parto a equipe de assistência vai empregar práticas que são reconhecidamente benéficas para a lactação, como:

  • Contato pele a pele da mãe com o bebê tão logo quanto possível;
  • Incentivo para que a primeira alimentação do bebê seja no peito;
  • Maior proximidade da mãe com o bebê no período de internação;
  • Avaliação da posição de amamentação, da pegada e da sucção para que os problemas sejam corrigidos precocemente.

Redução do número de partos cesarianos

O parto humanizado não é sinônimo de parto normal, sendo que uma cesariana também pode ser realizada dentro das práticas de humanização. No entanto, como um de seus princípios é a medicina baseada nas evidências científicas, as mulheres sem fatores de risco de complicações no parto vaginal são incentivadas a evitar a realização de cesarianas eletivas sem indicação clínica.

As razões para isso são os efeitos negativos que a cesariana pode desencadear no pós-parto. Várias pesquisas já mostraram que esse procedimento tem um efeito negativo sobre a amamentação.

Isso possivelmente ocorre devido a alguns fatores, como:

  • O parto vaginal desencadeia a produção de diversos hormônios, neurotransmissores e outras substâncias que indicam para as glândulas mamárias que é necessário iniciar a produção de leite;
  • O uso de doses mais altas de anestésicos pode comprometer a sinalização da lactogênese;
  • As cesarianas estão relacionadas a períodos mais longos de lactação. O ambiente hospitalar não é muito propício para que a mãe e o bebê criem um vínculo positivo para a lactação.

Contudo, mesmo que a mãe precise ou opte pela cesariana, a humanização do parto ainda será benéfica pelos motivos anteriores.

Quais os benefícios da amamentação?

O leite materno contém um balanço de nutrientes ideal para o bebê em desenvolvimento, o que promove um crescimento mais saudável e o desenvolvimento adequado do sistema nervoso. Além disso, os anticorpos maternos passam para o leite e o protegem contra infecções.

A amamentação também é benéfica para a mãe, pois os hormônios produzidos pela lactação apresentam afeitos positivos no seu corpo.

Benefícios para o bebê

  • Fortalecimento do vínculo com a mãe;
  • Redução das cólicas;
  • Melhor desenvolvimento do sistema nervoso e das funções cognitivas, como a inteligência;
  • Redução do risco de alergias;
  • Redução do risco de desenvolvimento de doenças relacionadas ao sistema imunológico, como a doença de Crohn e linfomas;
  • Fortalecimento da arcada dentária;
  • Prevenção de infecções nos primeiros anos de vida;
  • Menor risco de baixo peso ou obesidade nos primeiros meses de vida.

Benefícios para a mãe

  • Redução do sangramento pós-parto;
  • Promoção da perda de peso pós-gestação;
  • Diminuição do risco de desenvolvimento de câncer de mama, ovário e endométrio;
  • Redução do risco de osteoporose;
  • Proteção contra doenças cardiovasculares.

Portanto, amamentação e parto humanizado tem tudo a ver um com o outro! Dentro dos princípios da humanização, a amamentação deve ser incentivada antes e depois do parto. Além disso, todas as suas práticas buscam criar emoções positivas e um vínculo forte, os quais são essenciais para o sucesso da lactação.

Quer saber mais sobre a amamentação e os benefícios para a mãe e o bebê? Confira este texto sobre o tema!

Analgesia no parto: por que e quando fazer?

A analgesia do parto geralmente se refere a intervenções médicas realizadas para reduzir a sensação de dor de uma parturiente. Ela pode ser feita, por exemplo, com analgésicos orais e venosos, bloqueios anestésicos regionais ou locais e, mais raramente, com a sedação da paciente (anestesia geral).

Em um sentido mais amplo, técnicas naturais (controle da respiração e massagens) também são uma forma de analgesia. Portanto, podem ser empregadas no parto natural, em que as intervenções médicas medicamentosas e cirúrgicas não são realizadas.

Para fins didáticos, neste post, vamos nos restringir à analgesia do parto no sentido mais estrito, como uma intervenção médica. Quer entender melhor quando ela pode ser feita e por quê? Confira nosso post até o final!

Por que fazer analgesia?

A analgesia é o termo técnico utilizado para se referir às técnicas utilizadas para reduzir ou eliminar a dor durante algum procedimento médico ou processo de adoecimento. Nos partos, ela pode ser utilizada tanto no parto normal assistido quanto na cesariana.

Saber disso é muito importante para as gestantes, visto que muitas delas optam pela cesariana devido ao receio da dor do parto normal. Com isso, elas podem se expor a um procedimento cirúrgico desnecessário a seus casos e suas respectivas complicações.

Apesar de não eliminar integralmente a dor do parto, as técnicas de analgesia moderna tornam o processo muito mais confortável para aquelas pacientes que não desejam um parto mais natural.

Caso a mulher precise realizar uma cesariana, a analgesia é fundamental, não podendo a técnica ser iniciada sem a anestesia completa da região onde será feito o corte. No entanto, as técnicas utilizadas são mais complexas, pois se trata de um procedimento cirúrgico aberto.

Quando a analgesia deve ser utilizada?

Há algumas situações em que a analgesia deve ser empregada, como nos procedimentos mais dolosos e invasivos.

Realização de procedimentos invasivos

No parto normal, podem ser necessárias algumas intervenções invasivas, como cortes na pele ou a manipulação intensa de alguma estrutura, o ideal é aplicar alguma estratégia de analgesia antes da execução.

Em alguns casos, é possível prever que o parto será mais complicado, com uma maior probabilidade de realizar alguma intervenção mais dolorosa. Com isso, pode-se programar a anestesia regional, feita com a aplicação de medicamentos nas estruturas que ficam protegidas dentro da coluna espinhal. Esse tipo de analgesia é mais efetiva do que a anestesia local.

Por sua vez, há determinadas complicações no parto que não podem ser previstas. Nessas situações, caso não seja possível aplicar a anestesia regional, podem ser utilizados anestésicos locais injetáveis ou tópicos.

Cesarianas

A anestesia é obrigatória quando a paciente passar por cesarianas, tanto eletivas (programadas) quanto de urgência. Afinal, a dor, além de causar sofrimento à paciente, pode comprometer inclusive a recuperação, pois pode desencadear um processo inflamatório mais intenso.

A anestesia regional é a técnica mais utilizada para cesariana, pois é mais segura do que a anestesia geral para diversos grupos de pacientes. A geral apresenta um maior risco de desenvolvimento de complicações, incluindo o risco de morte materna. Contudo, em situações de maior gravidade no parto, ela pode ser sim utilizada porque os riscos superam os benefícios.

Podem-se utilizar diferentes técnicas para a anestesia regional. Cada qual tem seus riscos e benefícios:

  • Anestesia epidural: ela traz um maior controle do nível sensorial da paciente, evitando um bloqueio excessivo das respostas neuronais para além do estímulo da dor. Além disso, apresenta um menor risco de queda brusca da pressão arterial, o que também traz menores riscos de complicações anestésicas;
  • Anestesia espinhal: sua execução é mais simples e seu efeito imediato. Isso, contudo, torna mais difícil o controle da indução anestésica. O bloqueio da dor também é mais efetivo e, assim, tem sido muito utilizada na obstetrícia.

Quando a analgesia do parto pode ser utilizada?

Nos partos normais em que não são realizados procedimentos mais invasivos, a anestesia é facultativa. A maioria deles, por não evoluírem para complicações, enquadram-se nessa hipótese. Portanto, o seu desejo será determinante para a aplicação ou não. Ela pode ser empregada se um maior controle da dor for desejado pela gestante, que também pode recusar a aplicação da anestesia e optar por um parto mais natural.

Dentro dos princípios do parto humanizado, essa escolha será feita pela própria mulher após conhecer os riscos e benefícios de cada opção à sua disposição. Não cabe ao médico induzir uma escolha e alienar você do seu parto.

A humanização parte do princípio da autonomia dos indivíduos sobre seus corpos e suas decisões. Muitas lembranças negativas de partos não estão relacionadas à dor ou à anestesia, mas ao fato de a mulher não ter se sentido acolhida e respeitada pela equipe de saúde.

No parto normal, as técnicas possíveis para a anestesia são: epidural, espinhal e a combinada espinhal epidural. A anestesia epidural é considerada a melhor opção para os partos normais, sendo realizada pela inserção de um cateter em volta do canal espinhal para administração contínua ou intermitente de anestésicos e/ou opioides.

Todavia, o duplo-bloqueio é o mais utilizado, visto que evita um bloqueio nervoso excessivo, o qual pode comprometer a evolução do parto. A definição da técnica geralmente é feita durante o parto, pois depende de uma decisão compartilhada entre a paciente, o obstetra e o anestesiologista.

Por fim, a analgesia do parto também pode ser feita de formas menos invasivas e, até mesmo, naturais. Em vez de realizar bloqueios anestésicos, a equipe pode oferecer medicações orais ou venosas, como os opioides. No parto natural (e nos demais também), técnicas de respiração, massagem, redução da ansiedade e de hidroterapia também são efetivas para reduzir a percepção da dor.

Quer saber mais sobre a analgesia do parto e suas técnicas? Confira nosso texto sobre o tema!

Como programar a humanização do seu parto?

Idealmente, você não precisaria programar a humanização do seu parto, pois todo o nascimento deveria ocorrer dentro dos parâmetros de respeito ao protagonismo da mulher e às melhores evidências científicas individualizadas a cada gestação.

Nesse sentido, a programação do seu processo de parto, além de humanizá-lo ao trazer você para o centro da decisão, evita que suas escolhas deixem de ser respeitadas. Para isso, você poderá criar um plano de parto durante o seu pré-natal, no qual as principais escolhas estarão documentadas. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é parto humanizado?

O parto humanizado é um conceito que pode ser aplicado a todo e qualquer técnica obstétrica, desde o parto normal até a cesariana. Ele é baseado nos seguintes princípios:

  • Protagonismo da gestante em todos os momentos desde o pré-natal até o pós-parto;
  • Individualização do parto de acordo com as características físicas, psíquicas e sociais da mulher;
  • Utilização das melhores recomendações técnico-científicas (medicina baseada em evidências) durante todo o processo de programação e execução do parto.

Como programar a humanização do seu parto?

A humanização do seu parto deveria ser um objetivo de todo médico, e estar presente em todas as situações. Contudo, no Brasil, vivemos em um cenário em que a violência obstétrica ainda é comum, com desrespeito às vontades e à integridade física das gestantes. Para isso, foram criados regulamentos e leis que garantem os direitos da gestante.

Nesse sentido, o plano de parto é um documento muito importante para garantir a humanização. Ele é uma espécie de guia detalhado com a programação do parto, devendo ser respeitado pelo médico. Não se esqueça: esse é um direito seu, estabelecido na lei. Ele é válido, inclusive, quando o parto (por diversos motivos) não puder ser realizado pelo médico e pela equipe que você escolheu.

Os obstetras que praticam a medicina humanizada informam à gestante sobre a criação de um plano de parto e buscam construí-lo durante o todo o acompanhamento de pré-natal. Veja a seguir como criá-lo.

Tipo de parto e características da assistência

O tipo de parto é uma das principais escolhas feitas dentro do plano de parto:

  • Parto normal: é o parto feito pela via vaginal. Ele pode ser realizado sem nenhuma intervenção médica (natural) ou ser assistido pelo uso de medicações e procedimentos cirúrgicos;
  • Parto cesariano: é o parto cirúrgico, no qual o nascimento ocorre pelo abdômen da mulher após uma incisão (corte) desde a pele até a cavidade uterina. A cesariana pode ser realizada devido à uma necessidade médica, condições de risco da mãe e/ou do bebê. Nessa situação, os benefícios da intervenção são claramente maiores do que os riscos. A cesariana também pode ser feita sem uma justificativa médica, porém, nesse caso, os riscos de complicações são potencialmente maiores do que qualquer benefício.

O tipo de parto, porém, não tem uma relação direta com a humanização. Todos os partos podem (e devem) ser humanizados. Se a mulher não sentir que a decisão foi sua, um dos princípios do parto humanizado foi comprometido, o protagonismo da gestante.

Se o tipo de parto constar no plano de parto, o profissional que conduzirá o nascimento deverá respeitá-lo, a menos que haja uma justificativa médica que o impossibilite.

Equipe médica e acompanhante

Criar uma situação acolhedora e afetiva para a gestante é um dos principais fatores relacionados às lembranças positivas do parto. Por isso, o suporte emocional e a segurança de estar acompanhada de pessoas em quem confia são essenciais.

Então, no plano de parto, poderá constar o acompanhante que você deseja durante todo o processo, além dos profissionais da equipe e o serviço obstétrico de preferência.

As intervenções médicas durante o parto

O processo de humanização do seu parto pode começar bem antes do nascimento. No pré-natal, o médico inicia conversas a respeito do funcionamento de um parto e, de acordo com as características individuais da sua gestação, ele falará sobre as possibilidades. A educação da gestante sobre os riscos e benefícios de cada decisão é um ponto essencial.

Com isso, você conhecerá as intervenções médicas possíveis, como:

  • Uso de analgésicos e anestesia para o controle da dor;
  • Execução de procedimentos para facilitar o parto (fórceps, episiotomia, entre outros);
  • Conversão do parto normal em cesariana, entre outros.

Em situações em que há um risco iminente ou provável à sua saúde e do bebê, alguns desses procedimentos serão inevitáveis. Contudo, fora da urgência e da emergência, a sua opção deverá ser respeitada, devendo o médico observar os procedimentos desejados e autorizados no plano de parto.

Ambientação do parto

Outro ponto muito importante é a ambientação da sala do parto, a qual contribui para trazer uma sensação de maior acolhimento. Nesse sentido, o plano de parto pode programar:

  • Iluminação;
  • Infusão de essências;
  • Músicas e sons;
  • Fotos da família, entre outros pontos.

Portanto, a programação da humanização do seu parto tem vários benefícios. Primeiramente, o plano de parto a educará sobre os pontos relevantes de um parto, preparando-a e aumentando o seu engajamento para esse momento. Além disso, esse documento garante que sua vontade seja respeitada pelos profissionais que a assistirão durante o nascimento.

Quer saber mais sobre o parto humanizado e a sua importância para as gestantes? Confira nosso texto sobre o tema!

Parto natural humanizado: é possível?

Sim, o parto natural humanizado é possível! Mais do que isso, o conceito de humanização pode ser aplicado a qualquer tipo de parto, como o parto normal assistido e as cesarianas.

Afinal, ele significa que a mulher será a protagonista do próprio parto e terá suas decisões respeitadas pela equipe de saúde, além de todos os procedimentos escolhidos levarem em consideração as melhores evidências técnico-científicas disponíveis, tendo em vista os riscos e os benefícios individuais de cada caso.

Nesse sentido, o parto natural é completamente compatível com a humanização! Afinal, seus objetivos são garantir um parto com o mínimo de intervenção médica, aumentando a participação da mulher no próprio parto e reduzindo a medicalização crescente que temos visto nos últimos anos.

O parto não é visto como um procedimento médico, mas um processo natural que, na maioria dos casos, tem sido bem-sucedido há milhares de anos sem a intervenção da medicina. Além disso, várias evidências científicas sólidas vêm mostrando os benefícios de reduzir as intervenções médicas no processo de nascimento. Um parto natural não significa, porém, que a mulher ficará desassistida.

Pelo contrário, o acompanhamento médico é muito próximo, avaliando todas as condições da gestante e do bebê. Em caso de riscos para eles, não é realizado e a intervenção médica é programada. Tudo é feito dentro da ciência e da técnica médica! Quer saber mais? Acompanhe!

O que é um parto natural?

É um parto no qual não há nenhuma intervenção médica, como:

  • Administração de medicações, tais quais indutores do parto, analgésicos e anestesia;
  • Emprego de técnicas de assistência mecânica não invasiva do parto, como o fórceps e o vácuo extrator;
  • Realização de procedimentos invasivos (episiotomia, cesariana, entre outros);
  • Busca-se que todo os processos sejam desencadeados pelo corpo da gestante, que poderá adotar determinadas posições e manobras para facilitar o trabalho de parto.

Durante todo esse processo, a gestante e o feto serão monitorados pelo médico e pela equipe de saúde constantemente. Ou seja, no parto natural existirá sim a assistência médica integral a todo o parto, porém ela é feita de forma não interventiva.

Com isso, busca-se evitar desfechos negativos. Caso as condições não permitam um parto natural, ele poderá ser convertido em parto assistido. A intervenção escolhida dependerá de cada situação e suas potenciais complicações.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, parto natural não é sinônimo de parto doméstico. Atualmente, a recomendação é que ele seja sempre feito em um ambiente hospitalar. Contudo, ciente dos riscos de realizar um parto fora de um serviço obstétrico preparado para tratar rapidamente as complicações, a gestante pode realizar o parto em casa. Para isso, é importante que ela cumpra alguns requisitos, como:

  • Sua residência ter acesso rápido e fácil a um centro obstétrico para os casos de intercorrências;
  • Sua gestação ser de baixo risco e haver a compatibilidade do tamanho do bebê com o canal de parto;
  • Diante da mínima possibilidade de o parto natural doméstico poder ter complicações, ele deverá ser evitado.

O que é parto humanizado?

Já o parto humanizado é todo aquele que leva em consideração os seguintes princípios:

  • Protagonismo da mulher: a mulher será a protagonista das decisões a respeito do parto, como os formatos em que pode ocorrer (normal, natural, assistido, cesariana), o local do nascimento, a equipe médica de assistência, o acompanhante pessoal, a ambientação do espaço e os cuidados perinatais;
  • Individualidade física, psíquica e social: as características do corpo de cada mulher (e de seu bebê) são únicas. Enquanto as do parto são escolhidas depois de uma avaliação extensa das condições do binômio mãe-feto. Não apenas isso, as particularidades sociais (como a religião) e o estado emocional também serão considerados durante todo o processo de preparação para o parto humanizado;
  • Medicina baseada em evidências: na medicina, devemos utilizar apenas intervenções cujos benefícios são claramente superiores depois de várias análises criteriosas de pesquisas científicas. Portanto, o rigor científico é aplicado a todo o momento de forma individualizada a cada caso. Afinal, cada parto é único.

O que é parto natural humanizado?

Podemos dizer que o parto natural humanizado ocorre quando:

  • O parto natural foi uma escolha da mulher e ela teve o protagonismo nas decisões;
  • Ele foi indicado de forma individualizada, isto é, após uma avaliação extensa da gestação e a segurança de que seus benefícios superam os riscos;
  • A programação e a execução do parto foram feitas dentro das evidências científicas.

Ou seja, o parto natural é humanizado apenas se ele tiver sido uma opção da gestante após ter conversado bastante com o médico que acompanha sua gestação. Por isso, uma relação de confiança recíproca deve ser estabelecida. Para isso, a informação será essencial e você será educada sobre os benefícios do parto natural quando ele é bem indicado, como:

  • Menor risco de complicações perinatais;
  • Recuperação mais rápida da mãe e do bebê;
  • Menor tempo de internação hospitalar;
  • Maiores chances de sucesso da amamentação;
  • Memórias positivas sobre o parto.

Portanto, o parto natural humanizado é perfeitamente possível e deve ser visto como a primeira opção da gestante. Afinal, além de trazer maior protagonismo, as evidências científicas mostram que ele é apresenta menos risco e mais benefícios do que outros tipos de partos, quando não há riscos para a saúde da gestante ou do seu bebê.

Quer saber mais sobre o parto humanizado e seus benefícios para a gestante e o bebê? Confira este texto sobre o tema!

Parto natural e dor: saiba mais sobre a relação

O parto natural é uma tendência cada vez mais conhecida e desejada pelas gestantes. Ele busca resgatar o sentido original do nascimento ao não utilizar intervenções médicas em um processo que sempre aconteceu naturalmente. A medicalização do parto acabou trazendo riscos e complicações desnecessários para as mães e os bebês.

Apesar de indicado para a maioria das mulheres, não é recomendável em situações em que há uma indicação bem definida, com evidências científicas comprovadas, de que os benefícios são maiores do que os riscos.

Também há dúvidas sobre a relação do parto natural com a dor. Leia o texto e saiba mais sobre isso!

O que é parto natural?

O parto natural é aquele que acontece sem nenhuma intervenção médica artificial, como:

  • Uso de medicações, como indutores do parto, analgésicos e anestésicos;
  • Realização de procedimentos invasivos, como cortes para ampliação do canal de parto ou inserção de instrumentos para facilitar a passagem do bebê;
  • Aplicação de manobras médicas que modificam a anatomia ou forçam um processo natural, entre outras possibilidades.

No entanto, isso não significa a desassistência durante o parto, ainda são permitidas ações, como:

  • Monitoramento dos sinais vitais da mãe e do bebê;
  • Avaliação do canal de parto;
  • Uso de manobras manuais simples e adoção de posições que facilitam o trabalho de parto;
  • Utilização de estratégias não farmacológicas de controle da dor, como banhos em banheiras com água morna, infusão de essenciais, presença de acompanhante escolhido pela gestante.

Diante de qualquer complicação, o parto natural poderá ser convertido em parto assistido (com intervenção médica).

Como é feito o parto natural?

O parto natural será sempre um parto normal (pela via vaginal). Nesse sentido, as fases do trabalho de ambos são as mesmas. Entretanto nem todo parto normal será natural, pois, como vimos, algumas intervenções médicas são possíveis. Veja quais são as fases do trabalho de parto natural:

  • Fase latente: é a preparação do corpo para o início do trabalho. Ela começa com as contrações de treino, que ainda são irregulares, mas já são mais incômodas e coordenadas em comparação ao que a mulher já estava acostumada durante a gestação. O colo também inicia sua dilatação até 2 ou 4 centímetros, quando pode haver a perda do tampão mucoso. No parto normal, a mulher não recebe nenhum medicamento analgésico na fase latente, nem outra intervenção para desencadear precocemente a fase ativa;
  • Fase ativa: aqui, inicia-se o trabalho de parto propriamente dito com 3 a 4 contrações uterinas mais intensas e regulares, a cada 10 minutos. A dilatação do colo chega a 6 centímetros ou mais, sendo o momento ideal para a internação e início do monitoramento. No parto natural, não pode haver intervenção artificial para ampliar a dilatação do colo, provocar o rompimento da bolsa, controlar a dor, entre outras possibilidades. Contudo são permitidas as medidas não-invasivas e não-farmacológicas, como a adoção de posições pela mãe;
  • Fase expulsiva: quando o colo atinge 10 centímetros, ele está pronto para a passagem do bebê. As contrações são mais intensas para provocar a expulsão, que pode durar desde apenas alguns segundos até várias horas. No parto natural, não são utilizadas intervenções para ampliar o canal de parto (episiotomia) ou guiar a saída do bebê (como o fórceps);
  • Fase de dequitação: após o nascimento do bebê, o corpo da mulher precisa eliminar os anexos embrionários. Por isso, algumas contrações mais fracas permanecem até que haja o completo desprendimento. No parto natural, não se utiliza intervenções artificiais para acelerar esse processo, como a curetagem, a aspiração ou indutores de contrações.

O controle da dor

A ansiedade de sentir dor é uma das principais hesitações que as mulheres apresentam quando conversamos sobre o parto natural. Afinal, uma das principais crenças populares é de que a dor do parto é uma das maiores que existe. Contudo essa crença ignora a complexidade do parto sem intervenção médica, como:

Cada mulher tem uma sensibilidade própria à dor, então a sua experiência pode ser muito diferente daquela de outra pessoa que você conhece;

A percepção da dor é aumentada pela ansiedade. Assim, se você se sente em um ambiente hostil, não conta com uma equipe em quem confia ou não tem um acompanhante de confiança ao seu lado, a sensação de dor é intensificada. No parto natural, buscamos criar um ambiente de acolhimento e de confiança para a mulher.

Muitas mulheres, apesar de afirmarem que sentiram uma dor significativa, relatam que não utilizariam anestesia mesmo que pudessem voltar no tempo. Afinal, junto com a dor, são liberados hormônios e neurotransmissores relacionados ao bem-estar e à satisfação.

Um desses hormônios é a endorfina, um potente analgésico natural produzido em grandes quantidades durante o trabalho de parto. Portanto, o próprio corpo da mulher é uma fonte de substâncias de controle da dor.

Em outras palavras, existe sim o controle da dor no parto natural, mas ele é feito com outras estratégias.

Parto natural e parto natural humanizado

Não existe nenhum tipo de parto que seja, por si só, humanizado. A humanização é um paradigma que diz respeito à condução do médico e da equipe de saúde a todo o processo de acolhimento e cuidado da mulher gestante.

Isso significa:

  • Respeitar o seu protagonismo: você deve sentir que o parto natural foi uma escolha sua, dentro da sua autonomia, e não uma imposição médica. Além disso, durante toda a execução do parto houve respeito ao seu corpo, à sua mente e às suas decisões;
  • Individualizar o parto natural a suas condições biopsicossociais: as decisões médicas levaram em consideração as características individuais do seu corpo e da sua gestação, além de seu contexto emocional, afetivo, cultural e social. Ou seja, o parto natural deve ser indicado apenas se você tiver condições físicas/psíquicas para tal e se você o desejar, além de outros fatores da sua realidade;
  • Seguir os princípios da medicina baseada em evidências: o parto natural e sua condução seguirão as melhores e mais atuais evidências científicas, considerando especialmente os riscos e os benefícios de cada decisão tomada. Portanto, o parto natural humanizado segue os fundamentos da boa prática médica, isto é, fazer bem aos pacientes e não fazer mal a eles.

Portanto, não existe nenhum tipo de parto que seja por si só humanizado. A humanização é um paradigma que diz respeito à condução do médico e da equipe de saúde a todo o processo de acolhimento e cuidado da mulher gestante. Por isso, dizemos que idealmente todo o parto deveria ser humanizado e, sempre que possível, seja um parto natural.

Quer saber mais sobre o parto natural, seus benefícios e suas contraindicações? Confira nosso texto sobre o tema!