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Episiotomia no parto normal: é obrigatória?

A violência obstétrica é um tema cada vez mais discutido, pelos obstetras e pelas próprias gestantes durante o pré-natal e o planejamento do parto. Nesse contexto, a episiotomia no parto normal recebe uma atenção especial. Afinal, foi e é utilizada fora das indicações formais, submetendo a mulher a sequelas que comprometem a qualidade de vida.

Por isso, há um crescente movimento de conscientização pelo parto humanizado e, quando possível, natural. A humanização significa colocar a mulher no protagonismo das decisões da gestação, informando-a sobre o risco-benefício de cada intervenção médica e respeitando a sua opção. A violência obstétrica surge quando:

  • Os desejos da mãe são desrespeitados;
  • São realizados procedimentos fora de indicações técnico-científicas;
  • Os riscos do procedimento são comprovadamente maiores do que os benefícios;
  • A técnica não foi realizada corretamente.

Quer saber mais sobre o assunto? acompanhe!

O que é a episiotomia?

A episiotomia é um procedimento cirúrgico, que consiste na seguinte técnica:

  • Avaliação da indicação do procedimento: dentro de critérios técnicos o obstetra deve considerar a episiotomia apenas quando seus benefícios superam os riscos;
  • Avaliação da saúde materna: ele também deve considerar os fatores de risco de sequelas da mãe especialmente incontinência urinária, pois, dependendo do caso a cesariana apresenta menos chances de comprometimento da qualidade de vida futura;
  • Higienização: a episiotomia é um ato cirúrgico, então o médico deve higienizar as mãos e utilizar luvas estéreis. Além disso, é feita a antissepsia desde a região do corte até as coxas e a pelve;
  • Analgesia: aplicação de medicamentos para reduzir a dor durante a incisão;
  • Execução do corte: uma incisão mediolateral no períneo, região entre a vagina e o ânus, para facilitar a passagem do bebê durante o parto normal. O tamanho do corte deve ser mínimo e os cuidados com a ferida cirúrgica devem ser seguidos a fim de evitar infecções.

Quando bem indicada a episiotomia é importante para evitar lesões graves nessa região devido à passagem do bebê. Portanto, não deve ser executada de forma rotineira para facilitar ou acelerar os trabalhos de parto não complicados.

A episiotomia foi usada como rotina durante o parto normal no século passado, quando ainda não havia dados significativos sobre os riscos das intervenções médicas. Já na década de 1990, diferentes estudos comprovaram que a episiotomia trazia muitos prejuízos quando realizada como rotina.

No entanto, em alguns casos, identificou-se que ela pode melhorar o prognóstico de qualidade de vida e de sobrevivência quando comparada à sua não execução.

A episiotomia no parto humanizado

Assim, os principais órgãos de saúde no mundo todo, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), passaram, então, a recomendar uma nova abordagem para a aplicação da técnica.

As Diretrizes de Assistência ao Parto Normal do Ministério da Saúde do Brasil trazem as seguintes recomendações:

  • Não realizar episiotomia de rotina durante o parto vaginal espontâneo;
  • Se uma episiotomia for realizada a sua indicação deve ser justificada;
  • Utilização preferencial da técnica mais segura (corte mediolateral originando na fúrcula vaginal e direcionada para o lado direito, com um ângulo do eixo vertical entre 45 e 60 graus).

Quando a episiotomia pode ser realizada?

A episiotomia é um procedimento exclusivo dos partos normais (vaginais), não são feitas nas cesarianas eletivas (agendadas com antecedência).

No entanto, há uma situação em que pode ter ocorrido a episiotomia e a cesariana em um mesmo parto. Mesmo após o obstetra ter realizado a técnica, o parto vaginal não evoluiu bem. Fora essa exceção as feridas no períneo podem ser erros técnicos.

Além disso, se você optou pelo parto vaginal natural, nenhuma intervenção médica deve ser feita. Diante de algumas ocorrências pode ser necessária a conversão do parto natural em intervencionista. Veja as principais indicações:

  • Bebês macrossômicos;
  • Distocia do ombro, quando o ombro do bebê fica preso atrás do osso pélvico;
  • Frequência cardíaca alterada no bebê;
  • Posições anormais do feto;
  • Necessidade do uso de fórceps;
  • Iminência de laceração de terceiro ou quarto grau.

Fora elas, possivelmente não há benefícios para a mãe e o bebê.

A episiotomia é obrigatória rotineiramente?

Não! Por isso, é recomendado que haja a elaboração de um plano de parto durante o pré-natal. Assim, o médico falará o que é a episiotomia, os seus passos e quando ela é indicada.

No plano você deixará indicada as situações em que autoriza a realização da episiotomia e os cuidados que deseja. Esse documento deve ser respeitado pelo médico, é um direito garantido em lei.

Quais os riscos da episiotomia?

A campanha pela redução das episiotomias não ocorreu devido a razões ideológicas. O motivo real é o grande número de sequelas vistas nas últimas décadas, como:

  • Hematomas, dores e infecções;
  • Laceração grave da vagina;
  • Incontinência urinária e fecal;
  • Dores crônicas nas relações sexuais.

Se você tiver passado por uma episiotomia, fique atenta a sinais de complicações, como febre, liberação de secreção pela ferida, dor e/ou vermelhidão locais intensas.

Portanto, dentro do paradigma de humanização da obstetrícia não há uma proibição para a realização de episiotomias. Pelo contrário, se forem corretamente indicadas e houver respeito à decisão da gestante, podem evitar complicações.

Em todo caso, as escolhas do parto devem permitir que esse seja um momento marcado pelo prazer e pela felicidade.

Quer saber mais sobre a episiotomia e suas indicações no parto normal? Não deixe de ler nosso post completo!

Parto induzido: quando é indicado?

Nos últimos anos, vários estudos têm demonstrado os benefícios de partos com o mínimo de intervenção médica possível. No entanto, em determinadas situações o obstetra precisa indicar alguma medida cirúrgica ou clínica para reduzir as chances de complicações e sequelas.

Nesse sentido, o parto induzido é uma técnica essencial quando os benefícios de sua realização superam eventuais riscos.

Felizmente, um acompanhamento médico, o pré-natal, traz a prevenção de várias complicações em todas as etapas das gestações. Com a realização de avaliações clínicas e exames laboratoriais a sua saúde e a do bebê serão investigadas profundamente.

Assim, é possível identificar as gestantes que terão potencialmente maiores complicações e colherão vantagens em induzir o parto. Quer saber mais sobre o assunto? Acompanhe!

Quando o parto induzido é indicado?

Por mais seguro que seja todo o procedimento médico carrega algum grau de risco de evento adverso. Em outras palavras desencadeiam um desfecho negativo, como:

Complicações desde as mais leves (incômodo, náuseas ou dor) até as graves (incapacitação ou insuficiência de órgão vital);

  • Infecções;
  • Complicações em gestações futuras;
  • Óbito materno ou fetal;
  • Comprometimento do desenvolvimento fetal.

As chances de ocorrência variam de acordo com o procedimento e as condições materno-fetais. Por exemplo, em relação exclusivamente à técnica, os riscos gerais de eventos adversos nas cesarianas são maiores do que no parto normal induzido. Porém, para as mães soropositivas, a cesariana é preferível, uma vez que reduz a chance de transmissão do vírus para o bebê.

Por isso, sempre que possível a indução é realizada quando o parto vaginal for recomendado e seus riscos forem menores do que o parto não induzido. Portanto, não tem o objetivo de ser realizada para acelerar o nascimento em gestações e partos sem complicação.

É reservada para situações em que vai apresentar menos risco do que a não-realização das técnicas, como:

Gestação pós-termo: idade gestacional maior do que 42 semanas, quando a placenta perde a capacidade de nutrir adequadamente o feto;

  • Ruptura das membranas antes de 34 semanas ou a qualquer tempo em caso de infecção e/ou sofrimento fetal;
  • Corioamnionite: inflamação das membranas fetais, do líquido amniótico e/ou da placenta por infecções bacterianas. Nela, há um aumento de risco de complicações obstétricas, comprometimento do desenvolvimento do bebê antes e depois do nascimento;
  • Restrição do crescimento fetal: o peso do bebê é significativamente menor do que aquele esperado para a idade gestacional;
  • Oligohidrâmnio: baixa produção de líquido amniótico;
  • Diabetes gestacional: o parto pode ser antecipado para evitar o surgimento de complicações ou diante de sinais de gravidade na mãe e no bebê;
  • Distúrbios da hipertensão (pressão alta): o parto pode ser antecipado em mulheres que apresentavam hipertensão antes da gestação a fim de evitar o desenvolvimento da pré-eclâmpsia ou quando esta complicação gestacional já está instalada.

Como é o parto induzido?

O parto normal (vaginal) é um processo desencadeado espontaneamente pelo corpo da mulher. Uma série de eventos anatômicos e bioquímicos faz com que as contrações uterinas aumentem de frequência e o colo do útero se dilate. Esse processo normalmente dura várias horas e culmina com a expulsão do feto e dos anexos gestacionais.

Em algumas situações, porém, não é possível esperar que o processo de parto ocorra naturalmente: será preciso induzi-lo. Atualmente, há três procedimentos principais para isso. Cada um deles atua em diferentes mecanismos.

Portanto, o médico pode utilizar tanto para iniciar o trabalho de parto artificialmente, quanto para acelerar aqueles que tiverem se iniciado naturalmente. Entenda!

Amadurecimento do colo uterino

As modificações estruturais do colo do útero são essenciais para desencadear o trabalho de parto. Naturalmente ele se tornaria progressivamente mais dilatado e amolecido. Quando atinge 10 centímetros de abertura tem início o nascimento do bebê.

É possível, porém, induzir esse processo artificialmente por meio de duas técnicas:

  • Administração de uma classe de medicamento que são semelhantes a substâncias corporais conhecidas como prostaglandinas;
  • Inserção de um cateter com um balão de solução salina.

No primeiro método para evitar complicações é preciso que sejam monitoradas ativamente as contrações maternas e a frequência de batimentos cardíacos do bebê. Assim, é possível saber o momento mais seguro para o início das tentativas de expulsão.

Ruptura da bolsa amniótica

Assim como o balão de solução salina é um método mecânico. Nesse caso, ocorre a abertura intervencionista da bolsa amniótica para facilitar o trabalho de parto. Para isso, é preciso que o bebê já esteja posicionado com a cabeça voltada para o canal de parto e o colo uterino em estágios mais avançados de dilatação.

O monitoramento da frequência cardíaca deve ser feito antes e depois do procedimento. Com isso, pode-se identificar precocemente o sofrimento fetal e tomar medidas para minimizar seus efeitos. Também é importante que haja a coleta do líquido amniótico para análises visual, olfativa e laboratorial. Se houver indícios de infecção é preciso iniciar o tratamento.

Uso de medicamentos

Um dos principais hormônios envolvidos nas contrações uterinas é a ocitocina. A administração intravenosa de sua versão sintética acelera o trabalho de parto, quando ele já iniciou natural ou artificialmente. O monitoramento contínuo das contrações e da frequência cardíaca do bebê é imprescindível para a segurança.

Pela complexidade e pela necessidade de monitorar os sinais vitais, o parto induzido deve ser feito em ambiente hospitalar. Isso reduz significativamente as chances de complicações.

Mesmo com riscos de eventos adversos esses procedimentos são essenciais quando as chances de comprometimento da sua saúde e do bebê são elevadas por outras condições. Caso contrário, prefira sempre um parto natural.

Quer saber mais sobre o parto induzido e suas indicações? Confira esse artigo completo sobre o tema!

Parto normal dói muito?

O parto normal é aquele que acontece pela via natural da mulher, o canal vaginal, sem a necessidade de cirurgias. Diversos estudos mostram que ele é muito benéfico tanto para a mãe quanto para o bebê, pois reduz os riscos de:

  • Sangramento, dor e infecções na gestante após o parto;
  • Problemas respiratórios e alérgicos na criança.

Diante disso, nunca deixe de considerá-lo como a principal opção, deixando o parto cirúrgico apenas se houver:

  • Contraindicações ao parto normal;
  • Indicação técnica para melhorar o prognóstico da sua saúde ou do bebê.

Quer entender melhor? Acompanhe este post!

Como é feito o parto normal?

O parto normal envolve as seguintes fases:

  • Latente: ocorre o aumento progressivo da frequência das contrações e da dilatação do colo uterino. Nela, pode ocorrer também a perda do tampão mucoso;
  • Ativa: as contrações se tornam muito fortes e mais próximas umas das outras (3 a 4 a cada 10 minutos). A dilatação do colo ultrapassa 6 centímetros. Nessa fase inicia a internação hospitalar para o acompanhamento da evolução;
  • Expulsivo: após 10 centímetros de dilatação começa a expulsão do bebê pelo canal vacinal. Nela, a gestante sente vontade de empurrar e fazer força. A duração varia de alguns minutos até horas;
  • Dequitação: após o nascimento a mulher ainda precisa eliminar os anexos gestacionais, como a placenta e a bolsa vazia de líquido amniótico. Essa fase é estimulada por contrações mais fracas.

Quais as modalidades de parto normal?

O parto normal pode ser conduzido pelo mecanismo natural do corpo da mulher ou receber intervenções médicas.

Natural

Não é programada nenhuma intervenção médica para o parto, exceto em situações que efetivamente colocam a integridade física e a saúde sua e do bebê em risco.

Isso não significa que é um parto desassistido, pois atualmente o Conselho Federal de Medicina reconhece apenas o nascimento em ambiente hospitalar. Com isso, garante-se o suporte estrutural e clínico necessários para atender à mãe e ao bebê, fundamental se houver alguma complicação no processo.

Um instrumento muito importante para qualquer tipo de parto, especialmente o natural, é o plano de parto. Nele, você pode deixar claras quais são as ocorrências em que você autoriza determinadas intervenções médicas.

Intervencionista

Apesar de não ser realizada nenhuma intervenção cirúrgica, o processo de parto é auxiliado por:

  • Medicamentos para a redução da dor;
  • Medicamentos para acelerar a dilatação do colo uterino;
  • Instrumentos para facilitar a passagem, como a fórceps e a vácuo.

Apesar de seguras essas medidas apresentam maiores riscos de complicações quando comparadas ao parto natural.

Quais as diferenças entre o parto normal e a cesariana?

Enquanto o parto normal é feito pela via natural (vagina), a cesariana é a principal técnica de parto cirúrgico, em que se cria um canal artificial. Com uma incisão desde a pelve até o útero o bebê é retirado por um cirurgião-obstetra. Todo esse processo é realizado sob anestesia regional ou geral (apenas em casos mais graves).

A cesariana é um método muito importante para situações específicas, como:

  • Reduzir as chances de transmissão de HIV em gestantes soropositivas;
  • Antecipar e aumentar a segurança do parto de mulheres com doenças gestacionais graves;
  • Realizar o parto em mulheres com canais vaginais estreitos;
  • Evitar o agravamento da incontinência urinária em pacientes com falhas do assoalho pélvico ou prolapso da uretra, entre outros.

Portanto, não deveria ser realizada rotineiramente com a finalidade de reduzir a dor do processo de parto ou de programar melhor. Afinal, apesar de parecer menos dolorosa, a cesariana está relacionada a dores pós-parto e a complicações:

  • Dor na ferida cirúrgica;
  • Processos inflamatórios que podem provocar dores pélvicas crônicas;
  • Períodos prolongados de internação, com maior risco de infecção hospitalar.

O parto normal dói?

Sim! Afinal, a dor é um importante guia para o processo ao auxiliar a mulher a descobrir a posição e o momento de empregar maiores esforços de expulsão. A intensidade geralmente varia de acordo com a sensibilidade à dor de cada pessoa. Por isso, o planejamento deve ser individualizado com a sua participação ativa.

No entanto, se a sua principal preocupação é a dor, é importante encarar o parto normal como um “investimento” de longo prazo. O incômodo pode ser maior durante o trabalho, mas, na recuperação, um fenômeno bastante interessante ocorre:

  • Há uma liberação maior de neurotransmissores e hormônios com efeito analgésico potente (resolução da dor);
  • Nessa complexa bioquímica pós-parto vaginal também são produzidas substâncias que reduzem os problemas de amamentação;
  • Tudo isso tem efeitos emocionais positivos, visto que as mulheres relatam mais satisfação geral com o processo de parto e uma melhor interação com o bebê quando comparadas àquelas que passaram pelo parto cesariano.

O que fazer para reduzir a dor?

Caso deseje um maior controle da dor, a gestante pode optar por estratégias. O objetivo não será eliminar completamente a sensação, mas deixá-la em níveis de intensidade toleráveis pela mulher.

O medo e a ansiedade alteram a química do sistema nervoso e aumenta a sensibilidade à dor. Algumas intervenções de relaxamento podem reduzir a dor:

  • Durante o processo de pré-natal, o(a) médico(a) podem conversar com você sobre a dor do parto para criar mecanismos psíquicos de enfrentamento;
  • Ambientação da sala de parto com elementos, como músicas e iluminação, que trazem maior aconchego;
  • A presença de um(a) acompanhante escolhido e de uma equipe em quem confia.

Físicos e mecânicas

Além disso, algumas técnicas não-intervencionistas melhoram a sensação de dor, como:

  • Respiração controlada e rítmica;
  • Banhos com água morna;
  • Adoção de posições para aumentar a força e a eficiência das contrações, assim como facilitar o posicionamento adequado do bebê no canal de parto.

Tanto as medidas físicas quanto cognitivo-comportamentais podem ser utilizadas também nos partos naturais.

Farmacológicas

O uso de medicamentos, porém, é a medida que as mulheres mais têm dúvidas. Sim, é possível utilizá-los em diversos tipos de partos:

  • Analgésicos: são substâncias que aliviam a dor;
  • Anestésicos: são capazes de bloquear diretamente a transmissão da dor para o cérebro.

A administração racional de doses diluídas e individualizadas de analgésicos pode fazer com o nascimento seja mais tranquilo e rápido. Apesar de ser uma ferramenta segura, há a possibilidade de alguns efeitos adversos.

Por isso, considere sempre o parto natural como a primeira opção quando ele puder ser indicado para o seu caso. O parto normal dói, mas é muito mais benéfico em curto e longo prazos.

Quer saber mais sobre o parto normal e seus benefícios para você e seu bebê? Confira esse post!

Anestesia para o parto: veja quais são e como são feitas

As medidas de anestesia para o parto são uma das dúvidas mais comuns entre as mulheres. Afinal, durante toda a gestação elas ouvem relatos sobre a dor desse processo. Então, ficam ansiosas para saber um pouco mais a respeito das ações que podem ser tomadas para aliviá-la.

Nesse sentido, a anestesia se insere dentro de um conceito mais amplo, a analgesia, que também abrange o uso de outras ferramentas para o controle dos estímulos dolorosos.

Quer saber mais sobre esse assunto? Acompanhe nosso post bem completo até o final!

O que é a analgesia? Qual sua relação com a anestesia do parto?

A analgesia abrange um amplo conjunto de medidas para aliviar, reduzir ou eliminar a dor. Ela pode ser feita com diversos tipos de técnicas:

Cognitivo-comportamentais

Primeiramente, é importante entender que, no parto, a dor se origina de um estímulo real. Então, senti-la não é motivo para culpa ou vergonha.

Além disso, cada pessoa tem uma sensibilidade própria. Consequentemente, na mesma situação, uma mulher pode relatar dores leves, enquanto em outra, a intensidade é elevada.

Mesmo assim, há fatores psíquicos (como a ansiedade), que alteram a química do sistema nervoso e a sensibilidade à dor. Algumas intervenções podem auxiliá-la:

  • Durante o processo de pré-natal, o(a) médico(a) pode conversar com você sobre a dor do parto para criar mecanismos psíquicos de enfrentamento;
  • Ambientação da sala de parto com elementos, como músicas e iluminação, que trazem maior aconchego;
  • A presença de um(a) acompanhante e de uma equipe em quem confia.

Não se trata de fazer a dor desaparecer, mas reduzir a tensão emocional desencadeada por ela. O objetivo é modificar a sua relação com a dor e permitir que o processo do parto seja mais acolhedor e com menor ansiedade.

Dessa forma, são liberados neurotransmissores naturais de controle da dor. Também se evita a liberação de substâncias relacionadas ao aumento da sensibilidade à dor.

Físicas e mecânicas

Além disso, algumas técnicas não-intervencionistas reduzem a sensação de dor, como:

  • Respiração controlada e rítmica;
  • Banhos com água morna;
  • Adoção de posições para aumentar a força e a eficiência das contrações, assim como facilitar o posicionamento adequado do bebê no canal de parto.

No parto natural a dor é um importante guia, pois permite que o trabalho seja mais eficiente. É uma forma de o corpo dizer qual posição será mais eficiente.

Farmacológicas

O uso de medicamentos, porém, é a medida que as mulheres mais têm dúvidas. Sim, é possível utilizá-los em diversos tipos de partos:

  • Analgésicos: são substâncias que aliviam a dor. Há medicamentos mais leves, como o paracetamol, a dipirona e os anti-inflamatórios, ou mais potentes (morfina e outros opioides);
  • Anestésicos: são capazes de bloquear diretamente a transmissão da dor para o cérebro.

A administração racional de doses diluídas e individualizadas de analgésicos pode fazer com que o nascimento seja mais tranquilo e rápido. Apesar de ser uma ferramenta segura, há a possibilidade de alguns efeitos adversos:

  • O processo de parto pode ser mais lento;
  • Maior de necessidade de mais intervenções, como o rompimento forçado da bolsa ou o uso de instrumentos (fórceps ou vácuo extrator);
  • Inibição da vontade natural de fazer força para empurrar o bebê.

Analgesia e anestesia em cada tipo de parto

Parto normal (vaginal)

Após passar uma pomada anestésica na sua pele, o anestesista realiza um pequeno furo e insere um cateter. Por ele, há a administração contínua ou intermitente de anestésicos ou de analgésicos opioides em volta do canal espinhal. É a técnica padrão-ouro para os partos normais.

Outra muito utilizada é a de duplo-bloqueio espinhal-epidural, pois permite um bom controle da dor sem comprometer os movimentos do parto. Além disso, possibilita uma dilatação mais rápida do colo uterino.

Cesariana

A cesariana é uma cirurgia mais extensa e, portanto, a administração invasiva de anestésicos é necessária. A regional (espinhal, epidural ou combinada) é obrigatória, sendo a anestesia geral reservada para os casos de maior risco de morte materna.

A epidural traz um excelente controle sensorial, além de mais previsibilidade à cirurgia, pois provoca uma queda mais gradual da pressão arterial;

A espinhal tem ação imediata e traz um bloqueio mais completo da transmissão dos estímulos ao sistema nervoso central. Por isso, é mais frequentemente utilizada nos centros obstétricos.

Parto natural

O parto natural, por sua vez, é a modalidade em que se busca a ausência de intervenção médica, tanto cirúrgica quanto medicamentosa.

Como é a recuperação da anestesia para o parto?

Quando há a aplicação de anestesia invasiva a gestante precisará ficar sob observação por algumas horas dentro do centro obstétrico. Com isso, eventuais complicações poderão ser rapidamente tratadas ou identificadas.

De forma geral, o processo ocorre sem nenhum efeito adverso grave. Na recuperação os sintomas mais comuns são dores no local de aplicação, náuseas e cefaleia.

O que a mulher pode escolher na anestesia para o parto?

A mulher tem direito a planejar o nascimento do bebê do início ao fim, escolhendo pontos, como:

  • Tipo de parto;
  • Medidas de analgesia;
  • Tipo de anestesia;
  • Condutas diante de complicações.

Essa decisão é compartilhada entre:

  • A gestante, a protagonista do processo: seus desejos e suas expectativas para o parto e o nascimento;
  • o obstetra: de forma individualizada, os riscos e benefícios de cada procedimento para a saúde materno-fetal;
  • o anestesiologista: o risco-anestésico indicando quais técnicas são contraindicadas;
  • o cardiologista: o risco-cardiológico e o impacto de cada intervenção no coração e no sistema vascular;
  • o neonatologista: potenciais complicações das medidas tomadas para a saúde do futuro recém-nascido.

Com isso, diante de informações sobre os riscos e benefícios da anestesia para o parto, você poderá tomar a decisão que lhe deixa mais segura.

Em alguns casos há a indicação ou a contraindicação absoluta de alguma medida devido a riscos elevados para a sua saúde e a do bebê. Portanto, o poder de decisão pode ser mais limitado, porém não será eliminado.

Quer saber mais sobre o controle da dor do parto? Então, confira este post bem completo sobre o tema!