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Versão cefálica externa: veja o que é

Durante a gestação o bebê fica envolto por uma quantidade crescente de líquido amniótico. Com isso, a posição de seu corpo pode variar à medida que ele se movimenta, ganha peso e o útero da mãe se expande.

No segundo trimestre ele pode adotar várias posições. Contudo, nas semanas que antecedem a data provável do parto, é essencial que ele esteja de “cabeça para baixo” em relação à gestante. Caso contrário, um procedimento pode ser necessário, a versão cefálica externa.

Um dos estágios mais precoces da preparação do feto para o parto é a adoção da posição cefálica. Nela, a cabeça se encaixa na região mais inferior do útero, o istmo, de onde o bebê pode progredir pelo canal durante o período de expulsão.

Em outras posições não há o encaixe adequado. Antigamente isso levava à realização das cesarianas. Hoje em dia é possível fazer a correção manual da posição no ambiente hospitalar.

Ficou interessada? Entenda melhor no nosso post!

O que é a versão cefálica externa?

Conhecida como VCE, a versão cefálica externa é uma manobra manual que busca girar o corpo dos fetos em relação ao útero. Afinal, há algumas posições incompatíveis com o parto vaginal, como:

  • A transversa: o bebê se deita sobre o istmo do útero;
  • A pélvica: ele se senta sobre o istmo.

Quando executado por um obstetra, é um procedimento muito seguro e que pode evitar a necessidade de cesariana. Por isso, várias sociedades médicas recomendam que ele seja empregado se a gestação reunir todas as condições para o parto normal com boa evolução, com exceção da própria posição do bebê.

Evolução normal e alterada da posição do bebê durante a gestação

Por volta da 19ª semana de gestação o tamanho do bebê já é significativo em relação ao espaço disponível na cavidade do útero. Então, os movimentos fetais se tornam mais restritos e dizemos que o bebê adota uma posição. Antes desse momento, seu corpo pode se movimentar livremente e não há uma posição regular, ela varia constantemente.

Durante o segundo trimestre de gestação, ele pode estar em diversas apresentações sem que isso signifique um problema para um futuro parto. No entanto, a partir do terceiro trimestre há uma rotação gradual do feto provocada pelos seus próprios movimentos, por contrações suaves do útero e pela mudança da morfologia da cavidade.

Assim, a posição cefálica deve ocorrer para possibilitar o parto normal.

Motivos que levam a posições fetais que dificultam o parto normal

Não existe um fator único que leva às posições anormais, mas algumas condições podem estar associadas a elas, como:

  • Feto com alto peso para a idade gestacional;
  • Alterações anatômicas do útero, que podem ser congênitas ou adquiridas;
  • Baixa produção de líquido amniótico;
  • Baixa atividade fetal ou uterina.

Como a versão cefálica externa é feita pelo médico?

A técnica, apesar de relativamente simples, precisa de um médico experiente na condução:

  • A gestante será posicionada em um leito deitada de costas;
  • Uma das mãos do médico vai ser posta na região do abdômen em que está a cabeça do bebê, a outra fica onde está a pelve do feto;
  • O médico vai criar um movimento circular com as suas mãos, direcionando a cabeça para a região do istmo do útero e a pelve na direção contrária;
  • Recomenda-se um limite de 6 tentativas de versão cefálica externa. Se malsucedidas, deve ser programada a cesariana. Em caso de sucesso, será feito um parto normal habitual.

O procedimento deve ser realizado após a 36ª semana de gestação para reduzir os riscos de rompimento da placenta, o que levaria à cesariana de emergência. A partir dessa idade, o parto cirúrgico também é seguro diante de uma eventual complicação da versão cefálica externa.

No momento certo, o obstetra vai programar a realização do procedimento em um hospital. Ele deve ser sempre conduzido nesse ambiente para oferecer segurança à mãe e ao bebê. Assim, pode haver a monitorização ecográfica do feto e a avaliação do sofrimento fetal. Se acontecer qualquer evento adverso, haverá uma equipe médica de prontidão para realizar procedimentos de emergência.

Antes da realização do procedimento , alguns médicos podem utilizar medicamentos para inibir as contrações uterinas. Elas podem se intensificar durante a manipulação do útero e dificultar a versão da posição cefálica.

O grau de dor percebido pelas mulheres é muito variável, de leve a intenso. A anestesia e a analgesia com medicamentos geralmente não são utilizadas de rotina, sendo reservadas para as mulheres que apresentam dores mais fortes.

Quais são os riscos de não fazer a versão cefálica externa?

A versão cefálica externa é uma manobra com o objetivo de permitir os partos normais quando a posição fetal está incompatível com essa via de parto. Portanto, o principal risco de não a fazer será a necessidade de uma cesariana.

Nem sempre é possível evitar o parto cesáreo, porém., algumas contraindicações à correção manual são:

  • Evidência de suprimento de oxigênio inadequado para o feto (hipóxia);
  • Instabilidade clínica da gestante;
  • Fatores de contraindicação do parto vaginal;
  • Dilatação de membranas com dilatação do colo uterino;
  • Risco de prolapso do cordão umbilical ou de descolamento da placenta;
  • Quantidade baixa de líquido amniótico (oligoâmnio);
  • Malformações fetais;
  • Anomalias uterinas ou cervicais;
  • Existência de cicatrizes uterinas prévias.

Portanto, a versão cefálica externa é uma manobra pouco conhecida pelas gestantes, mas muito interessante. As posições anormais do feto são uma das principais causas de partos cesarianos. Se você deseja um parto normal e esse for o único empecilho, existe essa alternativa para garanti-lo.

Quer entender melhor o assunto? Então, não deixe de conferir outro artigo que complementa as informações que demos aqui!

Plano de parto: saiba o que é

O parto humanizado é o resgate da perspectiva do parto como um momento de protagonismo seu e de sua família. Nesse sentido, você tem um papel central no planejamento para que ele se torne um evento com muitas memórias positivas e alegres.

Os seus desejos e suas expectativas podem ser determinados em um documento, o plano de parto, que ganha cada vez mais a atenção das gestantes.

Além disso, ele é uma forma de tornar os processos do nascimento ainda mais especiais para que o vínculo entre você e o bebê seja precoce e saudável. No plano, é possível incluir a equipe médica desejada, os acompanhantes, o tipo de técnica de parto, a ambientação do espaço (música e iluminação), entre outros pontos.

A equipe médica deve respeitar, sempre que possível, o seu plano de parto. No entanto, diante de situações de risco para a gestante e o bebê pode ser necessário decidir rapidamente.

Portanto, nem sempre é possível seguir à risca o planejamento. Porém, com respeito e cuidado, a equipe vai buscar as práticas mais efetivas e seguras, que atendam aos desejos especificados no documento.

Quer entender melhor? Acompanhe!

O que é plano de parto?

Falamos que ele é um documento, pois tem um valor legal e pode ser registrado em cartório. No entanto, o processo de elaboração não precisa ser formal. Pelo contrário, você deve procurar dar um toque pessoal.

É uma forma de compreender as emoções, sonhos e expectativas. Diante disso, pode decidir sobre o tipo de parto, as intervenções médicas preferidas ou indesejadas, as pessoas que acompanharão o momento, entre outros pontos. Abordaremos detalhadamente isso mais à frente.

Como o plano de parto é feito?

A elaboração do plano de parto pode começar desde a primeira consulta pré-natal. Nela, o(a) ginecologista-obstetra vai informá-la sobre todas as etapas, desde esse primeiro contato até o parto.

Com isso, você conhece melhor sobre o plano de parto e os seus direitos como gestante. A cada nova consulta o profissional vai agregar mais informações para que você entenda progressivamente como funciona todo o trabalho de parto.

Então, em uma consulta mais próxima ao parto, vocês discutem mais diretamente a elaboração do documento. Nenhuma decisão é tomada rapidamente: ele pode oferecer ou mostrar alguns modelos de plano de parto para que você amadureça suas decisões em casa, junto com as pessoas que ama.

Quando o plano de parto estiver concluído, o obstetra deve revisar o documento.

Depois disso, é preciso enviar o plano de parto para o hospital ou clínica em que ocorrerá o nascimento, para que possam informar previamente se é possível atender às suas requisições.

Quando todos os pontos estiverem mais afinados, é importante deixar uma cópia desse documento e do seu histórico clínico com o médico, acompanhante e doula, se for o caso.

Quais garantias o plano de parto oferece?

O plano de parto garante que as suas escolhas para esse evento sejam respeitadas pela equipe médica. Com exceção das situações em que há risco para a saúde, a vida e a integridade física sua ou do bebê, as determinações do planejamento devem ser seguidas. Veja algumas informações que podem ser inseridas!

Informações básicas

  • Identificação pessoal com nome, endereço e forma de contato;
  • Médico desejado para o parto com contato telefônico;
  • Médico que acompanhou o pré-natal (se for diferente do que fará o parto);
  • Nome dos acompanhantes, como o parceiro e os pais. Além deles, você pode incluir o nome de uma doula.

Devido às restrições da pandemia, nem sempre é possível que todos os acompanhantes desejados possam participar do parto.

Preferências do parto

As técnicas de parto são muito diversas, apesar de somente o normal e a cesariana serem conhecidos popularmente:

  • Na água;
  • De cócoras ou de pé;
  • Tipo Leboyer;
  • Parto vaginal assistido.

Além disso, você pode deixar claro quais procedimentos devem ser reservados apenas para os casos de necessidade pelos riscos a você e ao bebê, como:

  • Episiotomia;
  • Conversão para cesariana;
  • Fórceps.

Outras possibilidades que as gestantes frequentemente questionam:

  • Espelho para ver o nascimento do bebê;
  • Deixar o marido cortar o cordão umbilical;
  • Colocar o bebê em contato pele a pele imediatamente após o parto ou tão logo quanto possível.

Ambientação

Uma das melhores formas de tornar o parto um momento essencial é deixá-lo com a sua cara. Você pode escolher:

  • Algumas músicas suaves para tocar durante o trabalho de parto;
  • Intensidade da luz;
  • Instrumentos para facilitar o trabalho, como as bolas de nascimento, os pufes e as cadeiras de parto;
  • O registro do processo com fotografias ou vídeos.

Alívio da dor

O parto natural é uma modalidade de parto normal em que não há nenhuma intervenção médica, nem medicamentos, nem procedimentos cirúrgicos. Entretanto, parto humanizado não é sinônimo de natural. Todo o tipo de parto pode e deveria ser humanizado, com o respeito ao corpo e aos desejos da gestante.

Dito isso, você pode incluir no seu parto os tipos de medicamentos analgésicos e de anestesia que preferir. Do mesmo modo, há formas de alívio da dor possíveis para um parto natural, como massagens relaxantes e técnicas de respiração.

Inclusive, você pode expressar a sua flexibilidade na administração de medicamentos para os casos de mudança de ideia durante o parto.

Alimentação e cuidados com o bebê no pós-parto

O plano de parto também inclui as horas posteriores ao nascimento:

  • Amamentação após o nascimento;
  • Procedimentos rotineiros que ainda não tenham um benefício muito claro para você ou o bebê;
  • Em caso de internação, se deseja que seu filho fique no quarto ou nos berçários durante um determinado período.

O plano de parto é, portanto, mais um instrumento importante para a humanização dos nascimentos. Ele é um documento em que a mulher expressa a sua autonomia e protagonismo.

Ao ter domínio sobre o parto, o momento pode se tornar mais significativo e acolhedor, para você e para o bebê.

Quer saber mais sobre o plano de parto? Não deixe de ler este artigo bem completo que fizemos sobre o tema!

 

 

Fórceps: o que é e quando pode ser utilizado?

O parto normal assistido pelo fórceps é temido por muitas mulheres. Devido ao uso indevido desse instrumento há algumas décadas, criou-se um mito de que sempre traz mais malefícios do que benefícios.

No entanto, esse conceito está incorreto: quando o fórceps é utilizado adequadamente, dentro das indicações e com a técnica bem executada, ele pode salvar a vida dos bebês.

Afinal, nem sempre os partos vaginais evoluem como esperado e, diante de complicações, os médicos precisam dar uma assistência um pouco mais invasiva. Ao contrário do que muitos pensam esse instrumento não serve para puxar o bebê à força. Na verdade, ele tem o objetivo de guiar a cabeça dele pelo trajeto do canal vaginal.

Com isso, pode-se evitar a necessidade de uma cesariana de emergência, que apesar de necessária em diversos contextos, traz mais riscos do que o fórceps. Quer entender melhor? Acompanhe!

O que é o fórceps?

É um instrumento cirúrgico no formato de uma pinça, que muitas mulheres associam com os pegadores de salada. Em sua extremidade há dois fixadores parecidos com uma concha com um furo bem grande ao centro. Tudo isso foi pensado para reduzir o risco de lesão em você e no bebê:

  • Os furos servem para uma melhor aderência à cabeça do bebê e para evitar lesões na pele dele, especialmente na região das orelhas;
  • O formato em concha é adaptado para a anatomia do canal vaginal e, assim, causar o mínimo de lacerações e escoriações possível.

Quando ele pode ser utilizado?

Para entender por que o fórceps ganhou má fama, precisamos resgatar uma página da história da obstetrícia. Até boa parte do século XX, os médicos ainda não tinham inventado uma técnica de parto cirúrgico segura, — a cesariana se popularizou apenas na década de 1970. Até então, o fórceps era o principal método para assistência a partos difíceis.

No entanto, passou a ser excessivamente utilizado em diversas situações em que não oferecia benefício, especialmente para acelerar o parto. Além disso, muitos casos de inserção e de execução inadequadas ganharam a mídia, contribuindo para uma má-fama.

Contudo, o fórceps é uma ferramenta valiosa para a obstetrícia. Quando indicado corretamente pode reduzir o sofrimento do feto e/ou evitar a realização de uma cesariana de emergência. De forma geral, ele é utilizado diante de dois grupos de eventos:

Sofrimento fetal agudo: os batimentos cardíacos do bebê começam a cair rapidamente. Consequentemente, a oferta de oxigênio e nutrientes para os órgãos, principalmente, o cérebro, cai. Com isso, pode haver lesões cerebrais graves, que prejudicam o desenvolvimento infantil no futuro. Também, pode ocorrer a situação oposta com a aceleração excessiva, o que pode levar à parada cardíaca;

Fatores maternos: a mãe apresenta alguma contraindicação a um trabalho de parto mais intenso ou ela está com sinais de exaustão, o que impossibilita a progressão da força de expulsão.

Agora, vamos explicar algumas situações mais específicas.

Fatores maternos

  • Dificuldade de empuxo: empuxo é a força que você faz para a expulsão, que empurra o bebê para fora do útero pelo canal de parto até a saída na vagina;
  • Trabalho de parto prolongado: é normal que o parto dure várias horas. No entanto, há um limite de segurança de 20 horas, no qual será preciso a assistência médica interventiva. Primeiro pode-se tentar o fórceps acompanhado ou não de uma episiotomia. Caso não seja possível é realizada a cesariana;
  • Problemas de saúde maternos: algumas condições médicas, geralmente de origem cardiovascular (hipertensão e insuficiência cardíaca), contraindicam o excesso de força da mulher no parto. Além disso, outras doenças, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), reduzem o condicionamento cardiorrespiratório e a capacidade de manter um trabalho por tempo prolongado.

Fatores fetais

  • Alteração dos batimentos cardíacos: a equipe médica monitora constantemente os batimentos cardíacos fetais durante o parto. Esse é o principal indicador de que o corpo do bebê está percebendo algo errado. Então, mesmo que haja boas condições para a progressão do parto, pode ser necessário acelerá-lo;
  • Dificuldades de desprendimento do canal vaginal: ocorrem quando o corpo do bebê já passou parcialmente por alguma porção do canal vaginal, mas não consegue se desprender para concluir o trabalho de parto.

Quando o fórceps está contraindicado?

  • São identificadas condições no feto que afetam a sua força óssea;
  • Predisposição do bebê a sangramentos (como na hemofilia);
  • O bebê não ultrapassou o ponto médio, que marca a metade do canal vaginal;
  • Não foi identificada a posição da cabeça do bebê (a pegada da pinça precisa ser na cabeça);
  • Os ombros e os braços do bebê em posição mais à frente do canal em comparação com a cabeça;
  • Há incompatibilidade do diâmetro da pelve da mãe com a cabeça do bebê. Isso acontece quando o bebê está com mais de 4 quilos (macrossomia) ou a mãe apresenta uma pelve estreita para pesos menores.

Quais são os riscos para a mãe e para o bebê?

As complicações do uso do fórceps são muito parecidas com os do parto normal, mas os riscos podem ser maiores e as lesões mais intensas:

  • Dor perineal pós-parto;
  • Lacerações no trato genital inferior;
  • Dificuldade de micção;
  • Lesões na bexiga e na uretra, as quais podem complicar para a incontinência urinária;
  • Incontinência fecal;
  • Enfraquecimento dos músculos e ligamentos pélvicos.

No entanto, a maioria das gestantes se preocupa mesmo com as “famosas” lesões nos bebês. Felizmente elas são bem mais raras e ligadas ao mau uso do fórceps, com a aplicação de força excessiva sobre a pinça.

Por tudo que vimos, o fórceps é um instrumento muito importante e necessário em certos eventos. Portanto, o importante é que o parto deve ser sempre humanizado com muito respeito da equipe pelos desejos e pela integridade física da gestante. Com isso, as chances de traumas psíquicos ou corporais são reduzidas.

Quer entender melhor sobre o uso do fórceps? Não deixe de conferir este nosso post sobre o tema!

Distocia: o que é?

O parto é um processo muito complexo, que envolve uma série de fenômenos e características da mãe e do bebê. Portanto, é preciso que eles aconteçam na hora, na sequência, na intensidade e na duração adequadas. Qualquer problema em um desses pontos pode levar à distocia, a alteração no desenvolvimento normal do parto.

Simplificadamente dizemos que um parto normal sem complicações ou dificuldades significativas dependem de três fatores:

  • A força motriz: a contratilidade do útero;
  • O objeto: o bebê;
  • o trajeto: a bacia, as partes moles (principalmente o colo uterino) e a patência do canal.

Durante o trabalho de parto eles são avaliados frequentemente por exames feitos pela equipe médica, como a medida da dilatação uterina, a identificação da posição fetal e a força/frequência das contrações uterinas. Com isso, busca-se evitar a ocorrência da distocia.

Quer entender melhor? Acompanhe!

O que é distocia?

O sucesso do parto depende uma sequência de:

  1. Fase de dilatação: abertura gradual do colo uterino seguida por contrações cada vez mais rápidas e fortes;
  2. Fase de expulsão: o colo se dilata suficientemente para a passagem do bebê e as contrações se tornam tão intensas e rápidas que provocam a expulsão do feto;
  3. Fase de dequitação;
  4. Período de Greenberg.

Para entender a distocia é interessante resgatar a origem desse termo médico:

  • “dis“ é uma palavra latina com o sentido de oposição ou negação;
  • “tocia”, por sua vez, vem da palavra grega “tokos”, que significa “nascimento, parto ou o ato de dar à luz”.

Nesse sentido, na obstetrícia o conceito é utilizado para um grupo muito grande de alterações no trabalho de parto em que fatores estruturais ou fisiológicos impedem a evolução do nascimento.

Os tipos de distocia

Distocia funcional

  • Distocia por hipoatividade uterina: a frequência das contrações uterinas está menor do que o normal na fase de expulsão do parto. Isso pode prolongar o trabalho de parto e resultar em uma conversão para cesariana;
  • Distocia por hiperatividade uterina com obstrução: a frequência das contrações estão mais altas do que o normal sem que haja uma evolução do trabalho de parto. Isso pode acontecer por desproporção entre a cabeça do bebê e a abertura da pelve da gestante, presença de aderência uterina ou de um tumor obstrutivo;
  • Distocia por hiperatividade uterina sem obstrução: comumente é uma característica da própria mulher, que tem um trabalho de parto rápido (3 horas ou menos);
  • Distocia por hipertonia: são contrações uterinas com força acima do normal. Pode ser causada por alguns medicamentos (ocitocina) ou quando a musculatura do útero está muito distendida, como na gravidez de gêmeos e no excesso de líquido amniótico;
  • Distocia por hipotonia: as contrações são mais fracas, o que usualmente não tem impacto nas fases de dilatação ou de expulsão dos bebês, porém pode atrasar o desprendimento da placenta em relação ao endométrio;
  • Distocia de dilatação: as contrações uterinas estão em frequência e intensidade esperadas, mas não há a evolução adequada do trabalho de parto. É um diagnóstico de exclusão, em que há um descompasso entre a atividade uterina e a dilatação do colo.

Distocia do trajeto

É a distocia provocada por alguma alteração na patência ou na permeabilidade do canal de parto devido a anormalidades das:

  • Partes moles: dificuldade ou impedimento do trabalho de parto devido ao estreitamento do canal de parto, como o períneo, o colo uterino, a vagina e a vulva;
  • Partes ósseas: problemas na evolução do parto devido a fatores ósseos estruturais.

Distocia do objeto

Ocorre quando o feto apresenta fatores desfavoráveis para o parto em relação ao corpo da mulher:

  • Tamanho do bebê inadequado para a passagem pela via vaginal;
  • Apresentação pélvica ou transversa;
  • Posição de apresentação inadequada;
  • A relação da distocia com o tipo de parto.

A distocia é um termo utilizado principalmente para se referir às dificuldades de evolução do parto vaginal. Para identificá-la e tratá-la, os obstetras monitoram periodicamente a dilatação do colo, a frequência e intensidade das contrações, assim como a apresentação e os batimentos fetais.

Veja alguns exemplos de como a distocia pode estar relacionada com os diferentes tipos de parto:

  • Um parto natural pode ser convertido em parto assistido (como administração de medicamentos para regular as contrações ou uso do fórceps). Isso pode evitar a conversão para a cesariana emergencial, que pode ser necessária em caso de falha de outras intervenções;
  • O excesso de determinados medicamentos para as contrações uterinas, porém, pode levar a outras formas de distocia funcional;
  • Apesar de não ser tão frequente, o parto pode evoluir para a distocia biacromial (dos ombros). Nesse caso, a cabeça se encaixa no canal de parto, porém os ombros não se desprendem. Isso exige uma resposta rápida do médico para evitar o óbito por meio de manobras e procedimentos cirúrgicos.

A distocia mostra a importância de um bom acompanhamento do parto, que deve seguir critérios técnicos e humanizados. As complicações frequentemente são imprevisíveis, mas um médico experiente pode adotar as medidas necessárias para um melhor prognóstico do parto e para a saúde da mãe e do bebê após o nascimento.

Quer saber mais sobre a distocia e sua identificação durante o trabalho de parto? Então, não perca este post sobre o tema!