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Ciclo menstrual: quando consideramos irregular?

Existem muitas dúvidas relacionadas ao ciclo menstrual: quando é irregular ou regular? Quando isso significa uma doença? Como isso afeta a fertilidade? E principalmente o que isso pode indicar?

Considera-se que um ciclo menstrual tem uma duração média de 28 dias, sendo ainda considerado normal quando dura entre 24 e 38 dias. Esse intervalo é medido tendo em vista o primeiro dia de sangramento entre um ciclo e outro.

No entanto, há muita controvérsia científica sobre o valor de delimitar um intervalo preciso. Por isso, o diagnóstico de um ciclo irregular deve ser individualizado paciente a paciente.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

O que é o ciclo menstrual?

Os ciclos menstruais apresentam uma duração média de 28 dias. Contudo isso é apenas uma estimativa populacional e, portanto, não significa que intervalos maiores ou menores indicam uma alteração na saúde ginecológica.

Parte da literatura médica entende que uma mulher apresenta ciclos normais quando eles duram entre 24 e 38 dias. Conforme a referência teórica, outros valores maiores ou menores podem ser encontrados.

No entanto, números exatos não apresentam tanta importância. Afinal, o que mais importa é a avaliação médica, que observará outros pontos para determinar se é necessária a investigação mais extensa do quadro.

Além disso, é muito importante que a mulher entenda que seus próprios ciclos menstruais poderão variar entre si. Em um mês, podem durar 28 dias. Em outros, 30. Há pacientes que apresentam uma maior tendência há ciclos sempre bem cronometrados enquanto outras observam uma maior variação.

Regulação do ciclo menstrual

Fase folicular — tem início no primeiro dia do ciclo e dura até aproximadamente o décimo terceiro. É influenciada principalmente pela ação do hormônio folículo estimulante. Folículos são cavidades recobertas por camadas de células produtoras de hormônio, dispostas em forma de saco preenchidas por líquidos. Eles contêm os óvulos, as células reprodutivas, que ficam armazenadas nos ovários desde o nascimento.

Sob o estímulo do FSH, os folículos crescem, amadurecem, mas apenas um deles se torna dominante e libera um óvulo nas tubas uterinas (ovulação). Enquanto se desenvolvem nessa fase, eles produzem quantidades cada vez maiores de estrogênio.

Esse hormônio tem ação sobre o endométrio uterino, fazendo com que suas células se multipliquem e o tecido fique mais espesso. Futuramente, caso haja a fertilização, o embrião se implantará nele para se desenvolver.

Fase ovulatória — é a fase chamada de “meio do ciclo”, ocorrendo geralmente no 14º dia do ciclo. Algumas horas antes da ovulação, o corpo secreta quantidades progressivamente maiores do hormônio luteinizante. Ele age no folículo dominante para provocar a sua maturação final e posterior rompimento. Com isso, há a liberação do óvulo, que é depositado nas tubas uterinas. Lá, ele sobrevive por 24 a 36 horas em média.

Fase lútea — após a ovulação, as células remanescentes do folículo dominante vão se transformar em outra estrutura, o corpo lúteo. Ele libera principalmente a progesterona, que, em associação com o estrogênio, vai provocar a maturação e espessamento final do endométrio (fase secretora). Assim, esse tecido se torna pronto para recepcionar um eventual embrião formado pela união do óvulo por um espermatozoide.

Caso a fertilização ocorra, as células do embrião passarão a secretar um hormônio chamado de gonadotrofina coriônica (hCG), o qual manterá o corpo lúteo. Caso contrário, o corpo lúteo se degenera e produz cada vez menos progesterona e estrogênio. Com isso, o organismo identifica que não houve uma gestação e volta a produzir mais FSH para começar um novo ciclo menstrual.

O que caracteriza o ciclo irregular?

Até pouco tempo, considerava-se ciclo irregular aqueles que duravam menos de 24-26 dias ou mais de 36-38 dias. No entanto, recentemente, há uma tendência de enquadrar todos os tipos de distúrbios menstruais dentro de um único conceito, — o sangramento uterino anormal (SUA). Assim, é possível fazer uma investigação mais completa e padronizada.

A Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) criou o acrônimo PALM-COEIN para organizar as principais causas de SUA:

  • Pólipos uterinos;
  • Adenomiose;
  • Leiomiomas (miomas uterinos);
  • Malignidade (câncer) e hiperplasia (crescimento tecidual excessivo benigno);
  • Coagulopatias;
  • Ovulação disfuncional;
  • Endométrio disfuncional;
  • Iatrogenia;
  • Nenhuma classificação anterior.

Pólipos uterinos

São lesões endometriais intrauterinas, geralmente benignas, que se formam a partir da multiplicação excessiva de alguma região do endométrio. Com isso, surgem processos inflamatórios e outras alterações que levam à irregularidade menstrual.

Adenomiose

Ocorre quando as células endometriais invadem o miométrio (tecido que forma a parede uterina).

Leiomiomas

São os famosos miomas uterinos, que são lesões benignas resultantes do crescimento descontrolado de células musculares lisas do miométrio. Caso cresçam a ponto de afetar a função endometrial, podem provocar distúrbios menstruais.

Malignidade e hiperplasia

As malignidades e as hiperplasias podem afetar o ciclo menstrual por diversos mecanismos, como a produção de substâncias parecidas com os hormônios regulatórios, bem como as próprias lesões de degeneração do tecido.

Coagulopatia

São doenças que comprometem a funcionalidade da coagulação do sangue, fazendo com que ela seja excessiva ou insuficiente. Como o endométrio tem muitos vasos sanguíneos, os ciclos podem se alterar com as disfunções coagulatórias.

Ovulação disfuncional

São condições médicas que afetam os processos ovarianos explicados anteriormente. Uma das mais prevalentes é a síndrome dos ovários policísticos. Nela, a produção excessiva de hormônios masculinos (androgênios) pela mulher faz com que os folículos não completem a maturação. Com isso, não ocorre a ovulação em alguns ciclos, o que provoca amenorreia ou o prolongamento do intervalo intermenstrual.

Disfunções endometriais

São doenças causadas por disfunções no endométrio que não se enquadram como pólipos uterinos ou adenomiose.

Iatrogenia

São as alterações causadas por alguma intervenção médica, como uso de pílulas contraceptivas, cirurgias e outros fatores.

Outras causas

São causas que não se enquadram anteriormente, como os transtornos da tireoide e as manifestações psicossomáticas.

A irregularidade dos ciclos menstruais pode ser sinal de algum processo patológico que deve ser investigado. Além disso, ela também é comum em pacientes que enfrentam dificuldade para engravidar.

Quer saber mais sobre a importância dos ciclos menstruais para a fertilidade? Confira nosso artigo sobre o tema!

Amamentação: conheça os benefícios

A amamentação é fundamental, visto que traz muitos benefícios para o bebê e a mãe. Por esse motivo, muitos especialistas recomendam que as mães devem amamentar seus filhos exclusivamente no peito por 6 meses, no mínimo.

Depois desse momento, novos alimentos podem ser inseridos na dieta do bebê, mas o leite materno ainda está indicado até o final do 1º ou 2º ano de vida. Por esse motivo, as mães são incentivadas a manter o aleitamento desde o pré-natal.

Contudo, a decisão é pessoal. A mãe tem autonomia para decidir se e até quando amamentar. Portanto, há mulheres que mantém o aleitamento por um período mais longo, enquanto outras escolhem não amamentar ou encurtar o período.

Há ainda situações em que o aleitamento materno é contraindicado. Esse é o caso, por exemplo, de mães portadoras do vírus HIV. Como há o risco de transmissão pelo leite, elas não podem amamentar.

Nesse tipo de situação, é possível recorrer a bancos de leite ou a fórmulas infantis desenvolvidas de acordo com as necessidades e saúde de cada bebê.

Quer saber mais sobre os benefícios do aleitamento materno? Acompanhe o nosso post!

O que é a amamentação?

Na nossa espécie, o leite é a principal forma de nutrição da prole nos primeiros meses de vida. Ele contém todos os nutrientes necessários para o nosso desenvolvimento, além de fortalecer o sistema imunológico e auxiliar no amadurecimento do aparelho digestivo dos bebês.

Quando começar?

O desenvolvimento e o amadurecimento das glândulas produtoras de leite começam ainda durante a gestação. No entanto, alguns hormônios inibem a produção de leite. Durante o trabalho de parto, porém, outras substâncias são liberadas pelo organismo de forma que a amamentação pode, em geral, ocorrer logo após o parto.

Quando não for possível, o leite materno pode ser coletado e ofertado para a criança nos berçários e nas UTIs neonatais. A amamentação no peito, por sua vez, pode ser feita tão logo quanto o recém-nascido tenha condições clínicas.

Nos primeiros dias após o nascimento, o leite tem características diferentes que será produzido durante a maior parte do processo. Por esse motivo, ele recebe um nome especial, — colostro —, o qual é rico em:

  • Proteínas;
  • Vitaminas;
  • Minerais;
  • Água;
  • Carboidratos;
  • Leucócitos e anticorpos, os quais fortalecem o sistema imunológico do bebê para o combate a infecções.

Os açúcares presentes no leite também auxiliam no amadurecimento do sistema digestório do bebê, além de estimularem o crescimento de uma flora microbiana protetora.

A partir do fim da primeira semana de amamentação, o leite ganha as características que nós conhecimentos, um líquido branco. Ela também é rica em nutrientes, componentes do sistema imunológico.

Benefícios da amamentação para o bebê

Estudos têm mostrado que a ausência ou a insuficiência de aleitamento materno estão relacionados a:

  • aumento do risco de mortalidade e adoecimento no primeiro ano de vida e na infância como um todo;
  • maior risco de desenvolvimento de algumas doenças crônicas por toda a vida.

Portanto, os benefícios da amamentação, em curto prazo, são:

  • Neurodesenvolvimento — o leite apresenta nutrientes (como as gorduras mono e poli-insaturadas) que favorecem o desenvolvimento saudável do sistema nervoso central. Além disso, há evidências de que o aleitamento tem um efeito analgésico e fortalece sobre o vínculo entre a mãe e o bebê;
  • Amadurecimento gastrointestinal — As substâncias do leite estimulam as funções gastrointestinais e promovem o crescimento de uma flora bacteriana protetora. Com isso, há redução de risco de diarreia e gastroenterite, aumento da sensação de saciedade, melhoria da atividade da lactase e redução do risco do risco de enterocolite necrosante, em crianças prematuras;
  • Proteção contra infecções — os bebês que tiveram amamentação regular durante o primeiro ano de vida tiveram um risco menor de hospitalização por doenças respiratórias, otites, infecções urinárias e sepse;
  • Redução de risco da síndrome da morte infantil súbita. Quanto maior o período de aleitamento, maior a proteção.

Aparentemente, não é apenas o leite materno que traz benefícios, mas todo o ato de amamentar. Por exemplo, há também evidência de que o próprio contato pele a pele durante a amamentação também seja positivo para reduzir o choro infantil e aumentar os níveis de glicose no sangue do bebê.

Também, há evidências de que os benefícios da amamentação se mantêm mesmo após a sua suspenção:

  • Proteção contra infecções respiratórias até 2 a 6 anos de vida, especialmente se a amamentação foi mantida por mais de 9 meses;
  • Redução do risco (inclusive na idade adulta) de desenvolvimento de obesidade, diabetes mellitus tipo 1 ou 2, doenças cardiovasculares, hipersensibilidades imunológicas e doenças inflamatórias intestinais;
  • Melhora no neurodesenvolvimento — além de reduzir o risco de transtornos de neurodesenvolvimento, o aleitamento parece estar relacionado com coeficientes de inteligência mais elevados na infância.

Benefícios da amamentação para a mãe

A amamentação também é vantajosa para a mãe, oferecendo benefícios, tais quais:

  • Redução do risco de perda de sangue no pós-parto. A amamentação logo após o parto estimula a liberação de ocitocina, o que ajuda o útero a retornar ao seu tamanho normal mais rapidamente e diminui o risco de hemorragias;
  • O aleitamento materno exclusivo, por liberar hormônios contraceptivos, atrasa o retorno da ovulação.

O aleitamento materno também traz benefícios de longo prazo para a mulher, como:

  • Redução do risco de câncer de mama, de ovário e de endométrio;
  • Efeito protetivo no sistema cardíaco e circulatório, diminuindo o risco de hipertensão arterial e outras doenças cardiovasculares;
  • Redução do risco de diabetes mellitus tipo II.

Existe algum benefício para o pai e para a família como um todo?

A amamentação também pode beneficiar a família como um todo:

  • Alguns estudos mostraram que os custos de uma família no primeiro ano de vida de uma criança são menores quando a amamentação é regular;
  • Meninas que veem sua mãe aleitando seus irmãos têm maior chance de amamentarem seus filhos;
  • A participação do pai nos cuidados com a amamentação fortalece os vínculos afetivos.

Por todos esses benefícios que vimos, a amamentação é recomendada durante o primeiro ano de vida do bebê. A Organização Mundial de Saúde, apoiada por vários estudos, aconselha o aleitamento materno até o final do segundo ano de vida.

Quer saber mais sobre esse tema? Confira nosso texto completo sobre o tema!

Diabetes gestacional: sintomas

O pré-natal é fundamental para a mulher compreender o que muda no seu corpo e os riscos associados às gestações. A partir desse acompanhamento longitudinal, você pode tomar tanto medidas preventivas quanto terapêuticas para manter uma gravidez saudável. Dentre as condições que podem ser identificadas, está a diabetes gestacional (DG).

A DG é uma doença que surge devido às modificações metabólicas causadas pela interação do organismo materno com o feto. Sua etiologia está relacionada a uma série de hormônios liberados pela placenta, os quais, em mulheres predispostas, pode elevar significativamente os níveis de glicose no sangue.

Em geral, a diabetes gestacional é uma doença assintomática, a qual é comumente descoberta nos exames de rastreio realizados a cada trimestre. Entretanto ela também pode ser sintomática, provocando manifestações semelhantes às outras formas de diabetes mellitus. Quer entender melhor? Confira o nosso post!

O que é a diabetes gestacional?

A diabetes gestacional é uma condição caracterizada principalmente por um nível elevado de glicose no sangue que surge durante a gravidez ou, em casos incomuns, o puerpério. Assim, pode resultar em complicações para a saúde da mãe e do bebê.

Ela é causada, principalmente, pelo aumento da resistência do corpo à ação da insulina, o hormônio responsável pelo equilíbrio dos níveis de glicose no sangue (glicemia).

Isso ocorre devido à produção de alguns hormônios produzidos pela placenta. Eles aumentam a glicemia com o objetivo de aumentar as reservas de energia disponível para o desenvolvimento da gestação.

Na maioria das gestantes, essa modificação metabólica não provoca nenhuma doença ou quadro preocupante. Afinal, o pâncreas da mulher reage aumentando a produção de insulina para contrabalancear o aumento da resistência.

Entretanto, em mulheres predispostas, a diabetes gestacional pode surgir, pois a resposta pancreática não é suficiente para manter níveis glicêmicos saudáveis.

A diabetes gestacional e a evolução da gestação

No primeiro trimestre de gestação, o desenvolvimento da placenta ainda é insuficiente para provocar alterações significativas da glicemia. Como veremos, se forem identificados níveis elevados de glicose no sangue, a manifestação possivelmente se deve a um quadro de diabetes ou pré-diabetes anterior à gravidez.

A partir do segundo semestre, porém, a diabetes gestacional pode ser diagnosticada. Ela geralmente é identificada em exames realizados no início do terceiro semestre da gestação ou ainda no segundo trimestre se houver sinais e sintomas compatíveis.

Quais os sintomas da diabetes gestacional?

A diabetes gestacional pode desencadear alguns sintomas causados pela hiperglicemia. Por isso, ela se manifesta, na grávida, em um quadro muito semelhante ao das outras formas de diabetes mellitus, como:

  • Sede excessiva e persistente (polidipsia);
  • Micção frequente (poliúria);
  • Fome aumentada (polifagia).

Contudo esses sintomas usualmente aparecem quando a glicemia está bastante elevada, o que indica um maior descontrole da doença. Outras manifestações menos comuns são:

  • Cansaço excessivo;
  • Ganho de peso excessivo da gestante;
  • Boca seca frequentemente.

O que fazer ao perceber sintomas?

Diante de qualquer um desses sintomas, é muito importante conversar com o médico que avalia o seu pré-natal. Desse modo, ele poderá conduzir uma investigação mais aprofundada.

Com o avanço da condição, a condição também pode trazer manifestações no feto e na gestação, como:

  • Feto com peso elevado para a idade gestacional;
  • Aumento do volume de líquido amniótico (polidrâmnio).

Como é feito o diagnóstico da diabetes gestacional?

Em muitos casos, a diabetes gestacional é assintomática. Em outras palavras, a mulher não nota nenhuma alteração em sua saúde. Por esse motivo, o acompanhamento da glicemia no pré-natal é muito importante no diagnóstico dessa condição.

O diagnóstico em mulheres assintomáticas e sintomáticas

Por ser assintomática na maioria dos casos, o rastreamento de todas as mulheres é a melhor forma de diagnosticar a doença.

Dessa forma, o médico realiza exames laboratoriais periódicos para a identificação e níveis elevados de glicose no sangue. Essa conduta é padrão para todas as gestantes, mesmo que elas não tenham nenhuma queixa clínica.

No primeiro trimestre da gestação, requisita-se a glicemia de jejum. Assim, podemos identificar mulheres que apresentam diabetes mellitus tipo 1 ou 2 previamente à gravidez. Apenas dizemos que se trata de diabetes gestacional, quando as alterações são identificadas a partir da 24º semana.

A partir dos resultados, também é possível avaliar se há tendência ao desenvolvimento de diabetes gestacional. Então, podem ser indicadas mudanças nos hábitos de vida para prevenir o desenvolvimento da condição.

No início do terceiro trimestre, realiza-se o teste oral de tolerância a glicose. Nele, a gestante ingere uma solução com altos níveis de açúcar. Então, durante três horas, os níveis de glicose são monitorados em intervalos de 60 minutos.

A alteração da glicemia em alguma dessas medidas diagnostica a diabetes gestacional tanto em mulheres sintomáticas quanto assintomáticas.

Fatores de risco

Os riscos nos ajudam a compreender quais mulheres têm uma maior probabilidade de desenvolver a DG. Assim, o acompanhamento pré-natal pode ser individualizado para a identificação precoce da diabetes gestacional. Os principais fatores de risco conhecidos são:

  • Obesidade;
  • Sedentarismo;
  • Diabetes gestacional anterior ou pré-diabetes;
  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP);
  • Histórico familiar;
  • Bebês de gestações anteriores nascidos com peso superior a 4 kg.

Nesses casos, o momento e a frequência dos testes glicêmicos podem ser diferentes da rotina que explicamos acima. Afinal, o pré-natal deve ser sempre individualizado às características de cada mulher em cada gestação.

Portanto, é muito importante que a mulher compreenda que a diabetes gestacional é geralmente assintomática. Entretanto, mesmo assim, causa lesões silenciosas e distúrbios gestacionais. O rastreamento no pré-natal é essencial para evitar complicações tanto para a mãe quanto para o feto.

Quer saber mais sobre a diabetes mellitus e as complicações que ela traz para a mãe e o bebê? Confira este nosso artigo completo sobre o tema!

Gravidez de risco: saiba mais sobre essa condição

O termo “gravidez de risco” não é o mais adequado. Afinal, toda gestação traz determinados riscos tanto para a mulher quanto para o bebê. A diferença, então, é relacionada à probabilidade que esses riscos ocorram.

A maioria das gestações traz um risco habitual (“baixo”) de complicações materno-fetais. Devido a algumas características e condições médicas, as gestações podem ser consideradas de alto risco. Esses riscos abrangem qualquer processo de comprometimento da saúde ou o óbito da mãe e/ou do feto.

Por esse motivo, é necessário que sejam tomadas medidas preventivas para reduzir as chances de um desfecho negativo ou minimizar seus efeitos.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

Por que uma gestação é considerada de alto risco?

São as gestações em que se identificam fatores relacionados a uma maior chance de ocorrerem desfechos negativos, como:

  • Abortamentos;
  • Parto prematuro;
  • Morte neonatal;
  • Morte materna em decorrência de complicações gestacionais ou puerperais;
  • Adoecimento materno ou piora de uma doença de base por causa da gestação;
  • Problemas de desenvolvimento intraútero;
  • Comprometimento orgânico do bebê.

Portanto, de forma geral, um pré-natal de alto risco significa que é necessário um cuidado diferenciado a fim de prevenir uma evolução negativa da gestação e/ou a morbimortalidade materno-fetal.

Esses riscos são descobertos em estudos que acompanham milhares de gestantes e descobrem as relações. Por exemplo, sabe-se que a diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia estão relacionadas a partos prematuros.

É muito importante que a mulher entenda o que significa essa classificação tem o objetivo de individualizar os cuidados no pré-natal, e não fazer uma previsão do futuro.

Mesmo em uma gestação de baixo risco, podem ocorrer complicações com diferentes níveis de gravidade.

Da mesma forma, uma gestação de alto risco pode transcorrer sem nenhum desfecho negativo. Justamente, o objetivo de um cuidado mais próximo nesses casos é evitar que eles ocorram.

Quais situações podem levar à classificação de “gravidez de risco”?

Idade materna

Mulheres com menos de 17 anos apresentam uma maior chance de desenvolvimento de complicações devido à imaturidade do sistema reprodutor.

Já as gestações de mulheres com mais de 35 anos apresentam um alto risco devido ao envelhecimento do organismo. Por exemplo, o número de abortamentos e defeitos genéticos do feto aumentam significativamente.

Condições médicas maternas prévias ou atuais

Algumas doenças e síndromes podem aumentar os riscos de uma gestação, como:

  • Hipertensão arterial;
  • Problemas nos pulmões, rins ou coração;
  • Diabetes;
  • Doenças autoimunes, como o Lúpus;
  • Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
  • Infecções urinárias não tratadas.

Histórico de complicações obstétricas

Eventos em gestações passadas também podem apontar para uma maior probabilidade de desfechos negativos na gravidez atual, como:

  • Abortamentos espontâneos de repetição;
  • Relato de abortamento autoprovocado anteriormente;
  • Doenças gestacionais anteriores;
  • Óbito neonatal prévio.

Doenças gestacionais atuais

Há também doenças que surgem no contexto das gestações devido às suas diversas alterações fisiológicas.

  • Pré-eclâmpsia — aumento da pressão arterial acompanhado pela presença de proteína na urina;
  • Diabetes gestacional — elevação significativa dos níveis de glicose no sangue.

Uma gestação também pode ser considerada de alto risco devido às características de sua evolução exclusivamente. Ou seja, não há nenhum fator materno ou fetal. Esse é o caso, por exemplo, de:

  • Placenta prévia, em que a placenta pode cobrir todo o colo uterino, impedindo a passagem do bebê em um parto natural;
  • Ruptura prematura das membranas uterinas;
  • Alterações no volume ou nas características do líquido amniótico.

Como é o acompanhamento de uma gestação de alto risco?

A principal medida a ser tomada diante da identificação de riscos elevados é a individualização do cuidado. As condutas adotadas dependerão das condições biopsicossociais de cada mulher e cada gestação.

Em geral, a principal medida nas gestações de alto risco é um acompanhamento pré-natal com consultas mais frequentes. Além disso, pode ser indicada a realização de exames complementares diferentes ou em intervalos mais próximos, como:

  • Ultrassonografias no 1º, 2º e 3º trimestre;
  • Ultrassom para medida do comprimento cervical e/ou caracterização morfológica;
  • Triagem genética pré-natal pelo sangue materno;
  • Triagem genética pré-natal pelo líquido amniótico e células da placenta.

Há gestações de alto risco, porém, que podem exigir cuidados mais complexos, como os descritos abaixo:

  • Antecipação do parto com a devida preparação da mulher e do parto para prevenir complicações comuns na prematuridade;
  • Realização de uma cesariana por razões médicas;
  • Internação da gestante;
  • Presença de médicos especialistas na sala de parto;
  • Preparação de uma estrutura hospitalar mais complexa, como reserva de leito de UTI, de bolsas de sangue ou outros suprimentos.

Como prevenir uma gravidez de risco?

Uma das melhores ações para a prevenção de gestações de alto risco é o planejamento da gestação em consultas pré-concepcionais. Nelas, antes de iniciar

  • Suplementação com nutrientes importantes para o desenvolvimento fetal;
  • Melhora dos hábitos de vida;
  • Controle de doenças de base identificada;
  • Aconselhamento genético, entre outras medidas.

Por tudo isso, o diagnóstico de uma gravidez de risco é algo que traz muitas dúvidas e ansiedade nas mulheres. No entanto, é importante que as gestantes entendam que se trata de uma previsão, mas de uma maior probabilidade.

Portanto, gestações de baixo risco podem evoluir para complicações importantes. Da mesma forma, uma gravidez de risco pode evoluir bem, especialmente quando os cuidados adequados são tomados desde cedo.

Quer saber mais sobre o acompanhamento pré-natal de gestações de alto risco? Acompanhe o nosso post!

Eclâmpsia: o que é?

Os cuidados com a saúde da mulher devem ser redobrados durante a gestação. Afinal, seu corpo passa por diversas mudanças. Na maioria das vezes, o corpo da gestante se adapta sem complicações. No entanto, em alguns casos, podem surgir as doenças gestacionais, como a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia.

Essas condições estão dentro do grupo das doenças hipertensivas gestacionais, que apresentam um espectro de gravidade. A eclâmpsia é a mais grave de todas elas, apresentando um elevado risco para a saúde da mãe e do bebê. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

Quais são as doenças hipertensivas gestacionais? O que é a eclâmpsia?

A eclâmpsia é a ocorrência de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou de coma em mulheres diagnosticadas previamente com uma das seguintes condições:

  • Hipertensão arterial crônica (não é uma doença gestacional, estando presente antes da 20ª semana de idade gestacional;
  • Pré-eclâmpsia, incluindo também um de seus agravamentos, a síndrome HELLP;
  • Hipertensão gestacional. Neste caso, possivelmente a HG é possivelmente um diagnóstico inicial ou temporário para uma paciente que evoluiu para a eclâmpsia antes de ter preenchidos os critérios para a pré-eclâmpsia.

Portanto, podemos dizer que a eclâmpsia como o estágio conclusivo e mais grave dentro do amplo espectro das doenças hipertensivas na gestação. Ela evidencia um comprometimento orgânico significativo da mulher.

O que é a pré-eclâmpsia?

Em pacientes sem hipertensão arterial prévia, a pré-eclâmpsia é definida como:

  • hipertensão que surge após as 20 semanas de gestação;
  • proteinúria, isto é, níveis elevados de proteína na urina.

Em casos de doença trofoblástica gestacional ou hidropsia fetal, porém, a pré-eclâmpsia pode ser diagnosticada com o aumento dos níveis pressóricos antes de 20 semanas.

Ademais, na ausência de proteínas na urina, pode ser feito o diagnóstico presuntivo da pré-eclâmpsia quando a hipertensão é acompanhada de:

  • cefaleia;
  • distúrbios visuais;
  • dor abdominal;
  • plaquetopenia;
  • aumento de enzimas hepáticas.

Em pacientes com hipertensão arterial crônica, a pré-eclâmpsia pode ser diagnosticada diante da elevação significativa em relação aos níveis pressóricos prévios ou evidência de proteinúria após a 20ª semana.

Pré-eclâmpsia grave

A classificação da gravidade da pré-eclâmpsia também é muito importante para o seu diagnóstico. Pelas recomendações do Ministério da Saúde, a pré-eclâmpsia é grave quando houver uma ou mais das seguintes alterações:

  • “Pressão arterial diastólica igual/maior que 110 mmHg;
  • Proteinúria igual/maior que 2,0g em 24 horas ou 2+ em fita urinária;
  • Oligúria (menor que 500ml/dia, ou 25ml/hora);
  • Níveis séricos de creatinina maiores que 1,2mg/dL;
  • Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e distúrbios visuais);
  • Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito;
  • Evidência clínica e/ou laboratorial de coagulopatias;
  • Plaquetopenia (<100.000/mm3);
  • Aumento de enzimas hepáticas (AST ou TGO, ALT ou TGP, DHL) e de bilirrubinas;
  • Presença de esquizócitos em esfregaço de sangue periférico;

Outros sinais que podem sugerir o diagnóstico são:

  • Acidente vascular cerebral;
  • Sinais de insuficiência cardíaca ou cianose;
  • Presença de RCIU (restrição de crescimento intrauterino) e/ou oligohidrâmnio.

O que leva à eclâmpsia?

Ao contrário do que muitas gestantes acreditam, a pré-eclâmpsia grave não é sinônimo de eclâmpsia. São duas condições diferentes! A principal característica da eclâmpsia são as convulsões do tipo tônico-clônicas, que não estão presentes na pré-eclâmpsia nem leve nem grave.

De acordo com as definições do Manual Técnico da Gestação de Alto Risco, a eclâmpsia se caracteriza por:

  • “presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadas por epilepsia ou qualquer outra doença convulsiva. Pode ocorrer na gravidez, no parto e no puerpério imediato”.

Essa definição é importante para desfazer alguns mitos sobre a eclâmpsia:

  • A paciente não precisa ter pré-eclâmpsia para que desenvolva a eclâmpsia. A condição pode estar relacionada a outros distúrbios hipertensivos, como a hipertensão gestacional e hipertensão arterial crônica;
  • A eclâmpsia pode ocorrer mesmo depois do parto, no puerpério imediato (1º ao 10º dia pós-parto).

Pródomos da eclâmpsia

A eclâmpsia geralmente é antecedida por alguns sinais e sintomas (pródromos) em pacientes diagnosticadas previamente com distúrbios hipertensivos, como:

  • Dor de cabeça (cefaleia) persistente, geralmente frontal ou occipital, ou em trovoadas;
  • Alterações visuais variadas, como escotomas, perda de visão, embaçamento, diplopia, defeitos no campo visual e fotofobia;
  • Dor na região estomacal ou no quadrante superior direito do abdômen;
  • Por esse motivo, a ocorrência de alguma dessas manifestações nesse grupo de gestantes é considerada uma urgência obstétrica.

Em aproximadamente um quarto dos casos, porém, as crises convulsivas não são antecedidas por nenhum sintoma. Pelo motivo acima, a identificação da pré-eclâmpsia e de distúrbios hipertensivos é um passo muito importante para a prevenção da eclâmpsia e das suas complicações.

Eclâmpsia e o parto

A eclâmpsia é uma condição de extrema gravidade, trazendo elevado risco de morte materna. Por esse motivo, independentemente da idade gestacional, a antecipação do parto é uma conduta muito importante. Seus preparativos devem ser realizados após a estabilização da gestante.

De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, deve-se dar preferência à realização do parto normal. A cesariana está indicada especialmente em situações de:

  • instabilidade clínica que contraindique ou impossibilite a realização de esforços extenuantes;
  • previsão de um trabalho de parto prolongado ou que não pode ser efetuada em um período razoável de também.

A técnica de indução dependerá da idade gestacional, de forma individualizada. Todo o processo deve seguir os princípios do parto humanizado.

O acompanhamento pré-natal adequado é a medida mais importante para a prevenção da eclâmpsia. Além de serem tomadas condutas para a estabilização das doenças hipertensivas, os exames realizados rotineiramente permitem o diagnóstico precoce. Diante da evidência de agravamento dessas condições, é possível iniciar uma monitorização mais próxima da gestante, inclusive em ambiente hospitalar.

Quer saber mais sobre a pré-eclâmpsia, seu diagnóstico e tratamento? Confira nosso artigo completo sobre o assunto!