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Ultrassom do segundo trimestre para medição do colo uterino

O colo do útero é um órgão localizado entre a vagina e o útero, conectando esses dois órgãos femininos. Ele mede cerca de 2 a 4 cm de comprimento fora das gestações. Ele é constituído de tecido conjuntivo e músculo liso, que são cobertos por células de revestimento (epitélio) e células glandulares.

Durante o segundo trimestre das gestações, a medição do colo uterino é um indicador importante para avaliar o risco de parto prematuro. Quer entender melhor o tema? Acompanhe!

O que é o colo uterino?

O colo uterino pode ser dividido em 2 partes principais:

  • Endocérvice — ele reveste o canal que conecta a vagina ao útero (canal endocervical), sendo formado por células secretoras de muco;
  • Ectocérvice — é a parte externa do colo do útero, localizando-se no fundo da vagina. Células escamosas revestem a ectocérvice e a vagina. Elas são planas e finas, parecendo escamas de peixe ao microscópio.

Durante uma gravidez, o colo uterino passa por diversas transformações. Próximo ao final da gestação, seu comprimento diminui e seu orifício dilata. No entanto, ele também pode encurtar precocemente, o que aumenta o risco de trabalho de parto prematuro.

Em outras palavras, o colo curto aumenta as chances de que o trabalho de parto comece entre 24 semanas e 36 semanas e 6 dias de gravidez.

Funções do colo uterino

Durante a gravidez, a principal função do colo do útero é sustentar o peso do feto e da bolsa amniótica a fim de mantê-los dentro do útero. Para isso, durante a maior parte da gestação, os músculos lisos desse órgão estão fortemente contraídos. Além disso, o órgão se torna mais espesso e endurecido.

À medida que o momento do parto se aproxima, o colo do útero amolece, encurta e dilata, preparando-se para a saída do feto. Essas modificações são uma das primeiras evidências que seu obstetra terá para identificar que o momento do parto está próximo.

Em algumas mulheres, no entanto, o amadurecimento cervical pode acontecer precocemente (ainda no segundo trimestre) e levar a abortamentos ou partos prematuros.

Ultrassonografia do segundo semestre

No primeiro trimestre de gestação, a principal preocupação é a avaliação da morfologia do bebê para avaliar malformações congênitas. Já no segundo trimestre, à medida que o bebê cresce e a gestação avança, passamos também a investigar fatores que podem levar a um parto prematuro. Nesse sentido, a medida da espessura do colo uterino pela ultrassonografia transvaginal é fundamental.

Ela permite o diagnóstico de condições que acometem até 8% das gestantes: uma possível incompetência istmocervical e o colo curto. Na literatura médica, já está bem estabelecido que esses dois fatores estão relacionados a uma maior chance de partos após 20 a 24 semanas de idade gestacional.

A ultrassonografia transvaginal é o método mais preciso para a medição do colo uterino. Ela é feita com a introdução de uma “sonda” fina na vagina com a paciente em posição ginecológica. Entre as suas vantagens em relação ao ultrassom abdominal, estão:

  • pode avaliar precisamente outros fatores cervicais, como o posicionamento;
  • maior sensibilidade para avaliar se a paciente tem um colo curto. Em outras palavras, ele tem uma maior capacidade de identificar o colo curto em pacientes que realmente tem a condição.

A Sociedade de Medicina Materno-Fetal (SMFM), por exemplo, recomenda medir comprimento cervical tanto em pacientes de alto quanto de baixo risco. A principal finalidade desse exame é a prevenção de parto prematuro, que é mais comum em mulheres com colo curto (comprimento menor do que 25 milímetros, que equivalem a 2,5 centímetros.

A medição do comprimento cervical ao longo do pré-natal é feita com a ultrassonografia transvaginal (USTV). Apesar de ser importante para grande parte das gestantes, ela é fundamental para pacientes com história de parto prematuro espontâneo em uma gravidez anterior. Afinal, essa complicação pode ter ocorrido devido a uma predisposição.

No entanto, existem alguns casos em que a medida do colo uterino pode ser contraindicada, como:

  • pacientes com cerclagem cervical;
  • presença de gestação múltipla;
  • placenta prévia.

A medida do comprimento cervical pelo ultrassom pode mostrar que o comprimento do colo do útero é:

  • menor do que 2,5 centímetros (25 mm). Com isso, pode ser necessária uma intervenção médica, como a aplicação de progesterona na vagina ou a cerclagem (um procedimento invasivo) e dependendo da idade gestacional pode se utilizar um pessário também;
  • menor que 29 milímetros, mas maior que 25 milímetros. Assim seu médico pode recomendar ultrassonografias mais frequentes para monitorar o comprimento cervical;
  • maior do que 3,0 centímetros, que é o tamanho de colo normal.

Em gestações múltiplas, contudo, a medida do comprimento cervical não é o melhor indicador de maior risco de parto prematuro. Nesse caso, o melhor critério é a dilatação do canal cervical maior do que 1,0 centímetro.

Tratamento

A aplicação de progesterona vagina é uma intervenção menos invasiva, mas eficaz em diversos casos de colo curto. Os estudos mostram que ela reduz o risco de parto prematuro em pacientes que preenchem todos os seguintes critérios:

  • assintomáticas;
  • gravidez única (um único feto);
  • gestação sem complicações atualmente;
  • sem história prévia de perdas gestacionais no segundo trimestre;
  • comprimento cervical menor ou igual a 25 milímetros.

A cerclagem, que é a aplicação de suturas para fechar mecanicamente o colo uterino, é indicada quando a paciente tem colo curto, associado a um dos seguintes critérios:

  • história de perda gestacional espontânea no segundo trimestre;
  • história de cerclagem prévia;
  • dilatação cervical perceptível no exame físico do pré-natal do segundo trimestre;
  • dilatação cervical maior do que 1,0 centímetros em gestações múltiplas.

Portanto, em um pré-natal humanizado, fazemos uma avaliação individualizada dos indicadores que podem mostrar uma potencial evolução desfavorável da gestação, inclusive a medição do colo uterino.

A partir disso, podemos indicar intervenções baseadas em evidências científicas a fim de reduzir esse risco. Em cada etapa, você será informada sobre tudo o que está acontecendo e participará de cada decisão, mantendo seu protagonismo durante todo o processo.

Quer saber mais sobre os exames realizados em cada trimestre de gestação? Confira este artigo completo sobre o tema!

Ocitocina no parto normal: conheça os detalhes

O trabalho de parto geralmente ocorre em quatro estágios (latente, ativa, expulsiva e dequitação), cada um com seu próprio conjunto de eventos físicos, hormonais e emocionais. A ocitocina é um hormônio que desempenha um papel essencial nesse processo.

Durante o trabalho de parto, quando o feto (geralmente a cabeça) pressiona o colo do útero, são enviados sinais neurais ao cérebro. Isso estimula a liberação de ocitocina pela hipófise, uma glândula conectada ao sistema nervoso central. Então, esse hormônio estimula as contrações do útero, intensificando e acelerando as contrações uterinas.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

O que é ocitocina?

A ocitocina é um hormônio, ou seja, uma substância que age como moléculas mensageiras circulando pela corrente sanguínea para enviar instruções aos órgãos, músculos e outros tecidos do corpo. Esses sinais permitem que seu corpo saiba quais ações tomar e quando fazê-las.

No caso da ocitocina, ela regula componentes essenciais dos sistemas reprodutores feminino e masculino, como trabalho de parto e lactação e certos comportamentos humanos. Por esse motivo, as formas sintéticas da ocitocina podem ser utilizadas para a indução do trabalho de parto.

Funções da ocitocina

A ocitocina tem duas funções principais no corpo:

  • estimular a contração do útero durante o trabalho de parto;
  • ajudar na liberação de leite materno, fazendo com que as glândulas dos seios se contraiam para ejetar o leite.

Além disso, a ocitocina estimula a produção de prostaglandinas, outro grupo de hormônios que promovem o trabalho de parto e tornam as contrações ainda mais poderosas. Em partos bem-sucedidos, essa coordenação hormonal é fundamental para que o trabalho de parto progrida além do nascimento do bebê.

Apesar de outras funções da ocitocina não serem bem estabelecidas. Acredita-se que ela tem uma grande influência em muitos comportamentos humanos, como:

  • aumentar a excitação sexual;
  • gerar sentimentos de confiança;
  • auxiliar na formação de fortes laços entre pais e filhos.

Indução do parto normal com ocitocina

A ocitocina é o método mais utilizado para induzir o parto normal quando a gestante tem um colo favorável e a gestação é viável. Quando o caso não preenche esses dois requisitos, podemos utilizar outros métodos de indução do trabalho.

Por exemplo, em partos com colo desfavorável, entretanto, preferimos a utilização das prostaglandinas. No entanto, caso as prostaglandinas não estejam disponíveis ou haja contraindicação a seu uso, a ocitocina pode ser empregada como alternativa.

A ocitocina é comumente administrada por via endovenosa lentamente. Durante o período de infusão, monitoramos a resposta uterina e a frequência cardíaca fetal. Além disso, o médico estará todo o tempo atento ao parto para evitar complicações. Veja, a seguir, algumas das indicações da ocitocina para a indução do parto.

Ruptura prematura de membranas

A ruptura prematura de membranas (PROM) a termo é a ruptura de membranas corioamnióticas (“bolsa”) que ocorre antes do início do trabalho de parto, mas depois de 37 semanas de gestação. Está presente em até 8% dos partos a termo. Apesar de geralmente não causar nenhuma complicação grave, deve ser manejada com cuidado, pois pode levar à corioamnionite e ao prolapso do cordão umbilical.

O diagnóstico não exige nenhum exame, sendo feito com base nos sinais e sintomas que você relata ao médico. Em geral, os mais comuns são o escape e o acúmulo de um líquido claro na vagina da mulher. Alguns testes bioquímicos, realizados com tiras reagentes, podem ser feitos para ajudar no diagnóstico.

Depois disso, realizamos uma avaliação, que inclui:

  • uma ultrassonografia transvaginal para identificar a apresentação fetal;
  • avaliação das condições fetais, como a frequência cardíaca;
  • avaliação materna com medição da pressão arterial, exame especular e monitoramento da atividade uterina (tocografia).

Os estudos mostram que ruptura prematura de membranas a termo é uma das condições com melhores evidências de benefício de indução do parto com ocitocina. Em geral, os estudos sobre parto nos mostram que esperar o processo natural do parto traz mais benefícios do que a intervenção médica.

Se a apresentação do bebê estiver favorável, seu médico pode intervir precocemente com a indução do parto pela ocitocina. O ideal é que isso ocorra dentro de 24 horas após a ruptura. Isso pode ser melhor do que aguardar a evolução do trabalho de parto espontaneamente, principalmente no caso de você estar colonizada por bactérias relacionadas a infecções maternofetais pós-parto.

Distocia

Distocia é um termo médico usado para descrever o trabalho de parto difícil ou prolongado. Pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo:

  • tamanho ou posição fetal desfavoráveis;
  • insuficiência das contrações uterinas;
  • colo uterino com dilatação inadequada.

Pacientes com distocia associada a sinais de esgotamento materno ou sofrimento fetal podem precisar da ocitocina para fornecer uma ajuda adicional durante o trabalho de parto. Isso pode evitar, por exemplo, a conversão de um parto normal em cesariana.

Outras situações

Após uma avaliação individualizada, outras situações podem levar ao uso da ocitocina, como:

  • Gravidez pós-termo;
  • Pré-eclâmpsia, eclâmpsia, síndrome HELLP, hipertensão gestacional, hipertensão crônica;
  • Diabetes gestacional;
  • Restrição do crescimento fetal;
  • Corioamnionite;
  • Oligoidrâmnio;
  • Colestase da gravidez;
  • Aloimunização com anemia fetal;
  • Gravidez de gêmeos.

Portanto, o trabalho de parto deve ser induzido com ocitocina apenas em situações em que os benefícios superem os riscos de aguardar a evolução natural do processo. Em partos não complicados, sugere-se que as mulheres evitem a indução do parto sem necessidade médica. Afinal, isso aumenta as chances de prolongamento do trabalho de parto e de uma cesariana.

Quer saber mais sobre o parto induzido? Confira nosso artigo completo sobre o tema!

Incontinência urinária durante a gestação: saiba se é normal e o que fazer

A incontinência urinária é a perda involuntária de urina. Pessoas com essa condição têm dificuldade em controlar a bexiga e/ou vontade intensa de ir ao banheiro. Por exemplo, você pode ter perdas de urina entre as idas ao banheiro, sentir urgência em ir ao banheiro com frequência e ter uma sensação desesperada de precisar ir o tempo todo.

Isso pode resultar de vários motivos, como a gravidez, complicações do parto ou simplesmente o passar dos anos. Hoje, vamos focar na incontinência urinária durante a gestação e explicar um pouco o que acontece no pós-parto. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

É normal incontinência urinária durante a gestação? O que acontece?

Sim! A incontinência urinária é um dos sintomas mais comuns ao longo de toda a gestação, podendo acometer entre 30% e 46% das grávidas. Ela pode se iniciar logo no primeiro e segundo trimestre, pois a gestação altera os níveis de alguns hormônios que controlam a quantidade de urina que o rim produz.

No entanto, ela é muito mais comum no terceiro semestre, podendo ser relatada por até 65% das mulheres. Isso se deve principalmente ao aumento do peso do feto e do volume uterino. Isso leva a uma maior pressão sobre a bexiga, órgão que armazena a urina, diminuindo o controle voluntário que você tem sobre ela.

O tipo mais comum nessa fase da gestação é a incontinência urinária de estresse, que é caracterizada pelo escape de urina durante atividades que aumentam a pressão abdominal. Isso faz com que o útero comprima a bexiga, levando à liberação de um pequeno volume desse líquido.

Os estudos mostram que esse tipo de incontinência pode acometer cerca de 37% das mulheres nas últimas semanas de gestação. Em casos leves, acontece apenas quando a paciente faz um esforço mais intenso, como subir uma escada.

Em outros casos, ocorre com ações simples, como tossir, espirrar ou dar uma gargalhada. Isso pode trazer constrangimento para a paciente, mas é importante entender que é uma manifestação comum da gestação. Não significa a existência de nenhuma anormalidade.

A incontinência de urgência é outro tipo de incontinência bem comum em gestantes no terceiro trimestre, sendo caracterizada por episódios de vontade urgente de ir ao banheiro. Muitas vezes, a perda de urina ocorre antes de chegar ao vaso sanitário. Isso acontece devido ao menor espaço disponível para a bexiga expandir à medida que chega mais urina. Quando ela atinge a sua capacidade atual, ela envia um sinal para o cérebro, provocando a vontade de urinar.

Outras manifestações urinárias da gestação

Na gestação outras manifestações urinárias, semelhantes à incontinência, podem ocorrer. Entre as mais comuns, estão:

  • a noctúria, que é a vontade de urinar durante a noite, mesmo depois de já ter ido para cama. Cerca de 66% das gestantes experimentam esse sintoma no terceiro trimestre;
  • o aumento da frequência urinária, que acomete aproximadamente 59% a 81% das pacientes.

Essas duas condições também estão relacionadas ao aumento do útero, que reduz o espaço disponível na bexiga, e à pressão do feto sobre esse órgão.

Fatores de risco

Há alguns fatores que podem estar relacionados com um maior risco de incontinência urinária nas gestações, como:

  • idade materna maior do que 35 anos;
  • índice de massa corporal elevado;
  • história familiar de incontinência urinária.

O que pode ser feito para minimizar a incontinência urinária durante a gestação?

O tratamento da incontinência urinária durante a gestação se concentra no fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico por meio da fisioterapia pélvica. Nela, são feitos exercícios que envolvem contrair e relaxar os músculos da região para fortalecê-los e devem ser feitos de forma supervisionada, sob orientação de um médico ou fisioterapeuta experiente no acompanhamento de gestantes.

Uma vantagem importante desses benefícios é a possibilidade de realizá-los preventivamente. Em outras palavras, se você tiver risco de desenvolver incontinência urinária durante a gestação, poderá realizar o fortalecimento do assoalho pélvico antes mesmo dos sintomas começarem. Os seus benefícios podem se estender até 12 meses após o parto, reduzindo também a incontinência no pós-parto.

Durante as gestações, as medicações para incontinência urinária são geralmente contraindicadas. No entanto, em casos graves, essa e outras intervenções podem ser avaliadas individualmente por seu médico.

A incontinência urinária no pós-parto

A incontinência urinária pode se manter no pós-parto devido a lesões nos músculos do assoalho pélvico e outras causas. Por esse motivo, a paciente deve manter os exercícios de fisioterapia pélvica desde o puerpério até um ano de gravidez.

Também é importante desfazer alguns mitos sobre a incontinência urinária após o parto. Apesar de ser mais comum nos partos normais, a condição também pode ocorrer em cesarianas. Há uma crença de que a cesariana elimina o risco de incontinência urinária, mas isso é um mito.

Além disso, há também uma noção de que as cesarianas devem ser indicadas para reduzir o risco de incontinência urinária crônica em pacientes predispostas. Contudo, as evidências científicas atuais não mostram um benefício claro de fazer uma cesariana nesse caso.

Portanto, no pré-natal e no parto humanizado, acolhemos todas as queixas da gestante para que ela tenha a melhor experiência possível com a gravidez. Isso inclui cuidar de condições incômodas, como a incontinência urinária durante a gestação. Nós a trataremos com os tratamentos mais eficazes (baseados em estudos científicos sérios) e evitaremos realizar procedimentos desnecessários, os quais podem trazer mais complicações do que benefícios.

Quer saber mais sobre a fisioterapia pélvica durante a gestação? Confira nosso artigo sobre o tema!

Incompetência istmocervical: o que é? Pode afetar a gestação?

O colo uterino é a estrutura que contém o canal que liga o útero à vagina, sendo fundamental para a manutenção das gestações à medida que elas evoluem. Sua parede é formada por músculo liso e tecido conjuntivo, que dão ao colo a capacidade de se contrair e se dilatar.

Nas fases iniciais da gestação, o colo está rígido e fortemente contraído para evitar a saída do feto. No segundo trimestre, ele tem um formato de tubo com mais de 3 centímetros e está minimamente dilatado. À medida que o parto se aproxima, no terceiro trimestre, ele passa por mudanças, tornando-se mole e curto, além de se dilatar.

A incompetência istmocervical é uma condição na qual o colo uterino tem dificuldade de manter a gestação no segundo trimestre devido a fatores estruturais. Em outras palavras, as suas fibras do tecido conjuntivo e de músculo liso estão mais fracas.

Assim, ele não consegue manter o colo do útero fechado durante a gravidez, permitindo que o canal se abra precocemente na gestação. Isso pode causar complicações, como o parto prematuro e o aborto espontâneo tardio.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

O que é incompetência istmocervical?

Tecnicamente, a incompetência istmocervical é “a incapacidade do colo uterino de reter uma gravidez no segundo trimestre na ausência de contrações clínicas, trabalho de parto ou ambos”. Em outras palavras, a condição é diagnosticada quando seu obstetra identifica:

  • dilatação cervical ou colo curto ainda no segundo trimestre de gestação;
  • essas alterações não são acompanhadas de sinais ou sintomas de parto (como contrações uterinas em padrão de parto);
  • ausência de sintomas de infecções e outras condições não estruturais.

Quando a insuficiência cervical se manifesta, os sintomas mais comuns são um desconforto pélvico leve ou o spotting, presença de pequenas manchas de sangue nas roupas íntimas.

Outros sintomas menos comuns são:

  • sensação de pressão na região da pelve;
  • cólicas abdominais leves;
  • alteração nas características e no volume do corrimento vaginal.

Esses sintomas, no entanto, são incomuns. Além disso, estão presentes em diversas outras condições obstétricas. Por esse motivo, o diagnóstico é comumente feito nas ultrassonografias periódicas e nas consultas clínicas de pré-natal — em que o ginecologista realiza um exame físico completo.

Fatores de risco

Em relação aos fatores de risco, é sempre importante lembrar que a existência de um deles não significa que você terá a condição. Na verdade, a maioria das mulheres com fatores de risco não desenvolvem a incompetência istmocervical.

O trauma cervical, por lesionar o tecido conjuntivo, pode aumentar as chances de insuficiência. Ele pode ocorrer em alguns procedimentos invasivos, como:

  • biópsia em cone;
  • qualquer procedimento que requeira dilatação cervical mecânica, como a curetagem;
  • histeroscopia cirúrgica.

Eles podem enfraquecer o tecido conjuntivo cervical e prejudicar a funcionalidade do órgão. Outros fatores estão relacionados ao histórico gestacional, como:

  • parto prematuro anterior, que pode ter ocorrido devido a uma incompetência istmocervical não identificada;
  • ruptura prematura de membranas anterior a 32 semanas de gestação;
  • gravidez anterior com medida do comprimento cervical menor do que 25 mm antes de 27 semanas de gestação;
  • perdas recorrentes de gravidez no segundo trimestre.

Alguns estudos ainda identificaram alguns fatores congênitos, como:

  • anomalias müllerianas;
  • deficiências cervicais de colágeno e elastina, como a síndrome de Ehlers-Danlos.

No entanto, a incompetência istmocervical pode acontecer em mulheres sem nenhum fator de risco conhecido.

Por que e quando a insuficiência cervical é avaliada?

A avaliação da incompetência istmocervical é importante, pois essa condição é um fator de risco para parto prematuro. O diagnóstico pode ser feito com critérios clínicos (história prévia e sintomas atuais), que podem ser associados à realização de uma ultrassonografia transvaginal. Seu médico estará atento a duas informações principais:

  • história de dilatação precoce do colo uterino no segundo trimestre em uma gestação prévia;
  • histórico de trabalho de parto prematuro ou abortamento no segundo semestre de gestação.

No exame físico, o seu médico poderá realizar o toque vaginal para estimar a espessura cervical e o tamanho de uma eventual dilatação. O exame especular também é fundamental, pois permite a inspeção visual para verificar se há abertura do colo. Seu médico pode ainda fazer manobras para estimular a abertura do colo e identificar sinais precoces da condição.

Além disso, a investigação complementar da incompetência istmocervical é feita com a medição do colo nas ultrassonografias de segundo trimestre, que podem trazer as seguintes alterações:

  • em gestações com apenas um feto (única) — comprimento cervical menor do que 2,5 centímetros (25 milímetros) antes das 24 semanas de idade gestacional;
  • em gestações múltiplas (mais de um feto) — dilação maior do que 1,0 centímetro antes das 24 semanas.

Além disso, as alterações ultrassonográficas devem estar associadas à história de perda gestacional entre 14 e 36 semanas em uma gravidez anterior. Portanto, apenas uma ultrassonografia alterada não é suficiente para o diagnóstico. A avaliação clínica é fundamental.

O tratamento para a incompetência istmocervical depende da avaliação de diversos fatores individuais. Em alguns casos, apenas fazemos um acompanhamento mais próximo da gestante. Em outros, podemos indicar intervenções, como a aplicação de progesterona vaginal e a cerclagem (um procedimento pouco invasivo).

Quer saber mais sobre o pré-natal e quais são os exames realizados em cada fase? Confira nosso artigo sobre o tema!

Cordão umbilical: o que é e função?

O cordão umbilical é uma estrutura que atrai bastante a curiosidade dos pais, pois está envolvida em diversos processos do gestação e do parto. Ele tem a forma de cordão que conecta o feto em desenvolvimento à placenta. Entre outras funções, o cordão umbilical transporta sangue rico em oxigênio e nutrientes da placenta para o feto, além de eliminar os produtos tóxicos produzidos pelo metabolismo do bebê.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é cordão umbilical?

O cordão umbilical é a estrutura responsável por conectar a circulação da placenta com a circulação do bebê. Ele contém duas artérias que transportam sangue desoxigenado do feto para a placenta, bem como uma veia que transporta sangue oxigenado da placenta para o feto.

O cordão umbilical é envolto por uma espessa camada de geleia de Wharton, uma substância gelatinosa composta, em grande parte, por matriz extracelular. Essa camada de gelatina serve para proteger o cordão de rupturas e de compressões, fornecendo resistência e elasticidade. Externamente, o cordão umbilical é envolto por uma membrana amniótica protetora.

Ao final da gestação, o cordão umbilical tem normalmente cerca de 2 cm de diâmetro e 50 cm de comprimento, mas pode variar em comprimento de 20 cm a 80 cm.

Os tipos de anormalidades do cordão umbilical podem envolver:

  • Alterações na morfologia e na inserção placentária;
  • Nós e circular de cordão;
  • Número anômalo de vasos;
  • Fluxo sanguíneo insuficiente;
  • Presença de massas císticas e sólidas/complexas.

Dentre elas, a mais comum é a circular de cordão, que pode ocorrer em até 37% das gestações.

Quando se forma o cordão umbilical?

Por volta da 3ª semana do período embriológico, inicia-se a formação do cordão umbilical com a criação do pedículo conector. Na 7ª semana, o cordão umbilical está completo, com o pedículo conector, o ducto vitelino, os vasos umbilicais e a membrana amniótica todos presentes.

Geralmente, o alongamento do cordão umbilical ocorre durante o segundo trimestre. Ao final do processo, em média, ele medirá cerca de 50-60 centímetros de comprimento, com diâmetro de 2 centímetros e até 40 voltas helicoidais.

O cordão não está ligado diretamente ao sistema circulatório da mãe, porém se une à placenta. Isso a troca de materiais entre o sangue materno e o do bebê sem se misturarem diretamente. Essa foi uma forma que a natureza encontrou para proteger o bebê contra eventuais problemas que acometem a mãe, como as infecções.

Quais as funções do cordão umbilical?

O cordão umbilical fornece três funções principais:

  • Em primeiro lugar, permite um fluxo constante de sangue oxigenado da mãe diretamente para o feto, o que é fundamental para sua sobrevivência, visto que os pulmões do bebê ainda não podem respirar o oxigênio do meio ambiente;
  • Em segundo lugar, transporta nutrientes como carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais para o feto, uma vez que o feto é incapaz de comer. Assim, precisa obter esses nutrientes por meios normais;
  • Em terceiro lugar, elimina os resíduos tóxicos do metabolismo, transferindo-o para a placenta. Depois disso, ela liberará essas substâncias a circulação da mãe para ser removido por excreção.

O que acontece com o cordão umbilical durante o trabalho de parto?

Em alguns casos, o cordão umbilical pode ficar enrolado ao redor do pescoço do bebê. Isso é chamado de circular de cordão umbilical, que é relativamente comum e ocorre em aproximadamente 1 em cada 3 gestações.

Quando retratam alguma complicação durante o parto, as novelas e os filmes geralmente utilizam a circular de cordão ao redor do pescoço. Isso faz com que muitas mulheres acreditem que o sufocamento pelo cordão umbilical é uma complicação comum. No entanto, a realidade é muito diferente. Apenas em casos raríssimos, a circular de cordão está associada a eventos adversos durante o parto, pois é muito simples de se resolver.

Se a circular de cordão for diagnosticada, não há necessidade de alarme. Na maioria dos casos, o cordão se desenrola por si só à medida que o bebê se move no útero ou durante o trabalho de parto. Mesmo que o cordão permaneça enrolado no pescoço do bebê durante o parto, ele pode ser desenrolado por manobras não-invasivas. A realização de uma cesariana por causa da circular de cordão acontecerá apenas em casos raríssimos, se houver evidências

O que é feito com cordão umbilical após o nascimento?

Após a conclusão do parto, a equipe obstétrica vai colocar dois grampos no cordão umbilical. Então, fará um corte entre eles. Isso é muito importante para evitar hemorragias e infecções que poderiam ocorrer em um corte com as extremidades abertas.

A extremidade do cordão presa ao bebê (corto umbilical) será protegida com um curativo estéril. A parte ligada à placenta será eliminada com a dequitação. Recentemente, alguns pais têm optado por congelar parte do cordão umbilical para preservar células-tronco presentes nele, mas é um procedimento opcional e sem eficácia comprovada atualmente.

Os principais cuidados com o coto umbilical são:

  • Inspecione a área do cordão umbilical diariamente em busca de sinais de infecção ou irritação;
  • Certifique-se de que a área seja mantida seca e limpa o tempo todo;
  • Não coloque cremes, óleos ou loções na área.

O cordão umbilical é uma estrutura fundamental para o desenvolvimento dos bebês. Além disso, é visto com bastante carinho pelas mães, que veem nele o símbolo da união delas com os filhos. O coto umbilical deve ser cuidado com atenção.

Quer saber mais sobre outras decisões importantes durante o processo de parto? Confira nosso artigo sobre o parto humanizado!