Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Primeira consulta com o ginecologista: qual a idade ideal?

A primeira menstruação de uma menina pode ser um momento de bastante ansiedade dos pais e da própria adolescente. Isso faz com que surja a dúvida: quando é o momento certo para a primeira consulta com ginecologista?

Afinal, marca o início da transição da infância para a idade adulta. Para os cuidadores, um dos maiores medos está relacionado a explicar para a adolescente sobre o início da vida sexual e reprodutiva. Na perspectiva da adolescente, os anseios geralmente envolvem as mudanças que ocorrem no próprio corpo.

Por vários motivos culturais, os pais e os responsáveis podem sentir dificuldades em abordar esses temas delicados. Assim, veem a necessidade de uma consulta da paciente com um ginecologista. No entanto, nem sempre isso é necessário.

É muito importante que os cuidadores se preparem para conversar sobre os assuntos da adolescência, criando um vínculo de abertura e confiança que faz uma diferença muito positiva para adolescência. Em alguns casos, dúvidas pontuais podem ser sanadas com o pediatra que acompanha a jovem.

A ginecologia pode entrar quando há aspectos mais desafiadores, como disfunções menstruais. Quer entender qual é a idade certa para a primeira consulta ginecológica na adolescência? Confira nosso artigo até o final!

O que muda na adolescência?

A adolescência é um período de muitas mudanças no corpo. Essas alterações começam quando um sistema em nosso corpo, chamado eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, volta a funcionar (depois de ter ficado “adormecido” durante a infância). Esse sistema faz com que o corpo começa a estimular os folículos ovarianos a produzir hormônios sexuais ativos, como o estradiol (um tipo de estrogênio) e a progesterona.

Graças ao estrogênio, o corpo da menina começa a crescer mais rápido e a apresentar sinais de que está se tornando de uma mulher. Alguns desses sinais incluem o crescimento dos seios (telarca) e o aparecimento de pelos nas axilas e na região íntima (pubarca).

Em geral, o primeiro sinal é o crescimento dos seios, seguido pelo crescimento de pelos na região íntima cerca de seis meses a um ano depois. No entanto, em algumas meninas, os pelos na região íntima podem aparecer antes do crescimento dos seios. Cerca de 2 anos após a telarca ou a pubarca, a menina tem sua primeira menstruação (menarca).

Sinais da puberdade feminina

A evolução da puberdade é avaliada pelos critérios de Tanner:

  • Tanner I – é o estágio da infância, em que o tecido mamário não se desenvolveu e praticamente não há pelos pubianos visíveis;
  • Tanner II – o botão mamário começa a se desenvolver. A aréola fica mais larga, e a papila (que está no centro da aréola) começa a se elevar. Pelos finos começam a aparecer pontualmente na região dos grandes lábios;
  • Tanner III – as mamas começam a crescer, mas ainda não há uma distinção significativa entre o contorno da aréola e o resto das mamas. Na parte de cima da região pubiana, começam a surgir pelos mais grossos e escuros;
  • Tanner IV – a aréola se projeta na superfície da mama. Os pelos pubianos se espalham, mas ainda não cobrem a raiz das coxas;
  • Tanner V – no fim da puberdade, a papila se projeta além da aréola e o contorno da aréola se destaca em relação ao resto da mama. Agora, os pelos pubianos atingem a raiz das coxas.

O que muda para que a mulher precise passar a ir ao ginecologista?

A adolescência é um período de mudanças significativas, que inclui não apenas aspectos físicos, mas também emocionais e psicossociais. Sobretudo, talvez o ponto mais delicado dessa fase seja a perspectiva do início da vida sexual, que ainda é um tabu para muitos pais e responsáveis.

A transição dos cuidados pediátricos para os cuidados ginecológicos nem sempre é necessária. Em muitos casos, o pediatra está preparado para acompanhar a adolescente nas questões ginecológica. A transição somente é necessária à medida que surgem questões específicas, as quais demandam acompanhamento especializado.

Qual a idade ideal é para a primeira consulta com o ginecologista?

Nesse sentido, não há idade certa para iniciar as consultas ginecológicas. Ao contrário do que muitos pais e responsáveis pensam, a primeira consulta ginecológica para uma adolescente não está estritamente atrelada à idade ou ao início da menstruação. Na verdade, a primeira consulta ao ginecologista deve ocorrer nas seguintes situações:

Além disso, a consulta ginecológica pode ocorrer quando a própria adolescente expressar o desejo de conversar com um profissional para tirar dúvidas a respeito da saúde ginecológica ou do início da vida sexual.

Ou seja, embora os cuidadores acreditem que a menarca (primeira menstruação) seja o indicador para a necessidade de uma consulta ginecológica, a consulta é realmente necessária apenas em situações específicas relacionadas a problemas ou dificuldades que a adolescente possa enfrentar após o início da puberdade.

Quando a transição é necessária, recomenda-se que a primeira consulta com o ginecologista ocorra em paralelo com as consultas pediátricas, permitindo uma transição suave e facilitando a formação de uma nova relação médico paciente.

É fundamental que o pediatra e o ginecologista mantenham contato para coordenar o cuidado da adolescência. Durante essa fase, a paciente será incentivada a se envolver ativamente em sua própria saúde, o que inclui entender seu próprio corpo para ser uma protagonista em seu próprio cuidado.

Quer saber mais sobre a ginecologia na adolescência e seu papel? Confira este artigo bem completo sobre o tema!

Os desafios da amamentação: mastite e ducto entupido

As complicações relacionadas à amamentação requerem atenção especial das mulheres e dos ginecologistas. Por exemplo, os ductos entupidos e a mastite são duas condições que, muitas vezes, estão inter-relacionadas e afetam uma parte significativa das lactantes.

Ambas podem causar desconforto, dor e preocupação, podendo até mesmo interferir na decisão de continuar amamentando. Com isso, além de interferirem na amamentação, podem levar a uma resistência emocional ou sofrimento psíquico da mulher ao amamentar.

Quer saber mais sobre essas condições, como preveni-las, diagnosticá-las e tratá-las para que a amamentação seja mais prazerosa? Confira nosso artigo sobre o tema!

Ducto entupido – tudo sobre a condição: o que é, sintomas, diagnóstico e tratamento

O entupimento dos ductos lactíferos ocorre quando há um bloqueio à saída do leite das mamas. Como a produção de leite continua mesmo sem a sua liberação, isso faz com que as mamas inchem e se inflamem.

Causas e fatores de risco

Um ducto entupido pode ocorrer devido a fatores, como:

  • Compressão externa nas mamas, como o uso de sutiãs muito apertados;
  • Pouca frequência de mamadas, o que dificulta a drenagem do leite;
  • Produção elevada de leite.

Esses processos podem levar a formação de cristais de leite, os quais impactam nos ductos lactíferos e causam a sua obstrução.

Sintomas

Os sintomas mais comuns são:

  • Dor ou sensibilidade na área afetada da mama, que pode aumentar durante ou logo após a amamentação;
  • Formação de nódulos mamários, que são geralmente móveis e superficiais;
  • Rigidez, vermelhidão, calor e inchaço da mama na região do ducto obstruído;
  • Redução do volume de leite liberado pelas mamas;
  • Interrupção do fluxo de leite durante as mamadas.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico, isto é, feito a partir dos sinais e sintomas da paciente. Exames de imagem das mamas somente são necessários quando as medidas terapêuticas não funcionam e os sintomas persistem.

Tratamento

O principal tratamento é a própria amamentação. Para facilitar a desobstrução, recomenda-se que a criança mame em posições variadas. Com isso, o próprio fluxo do leite dissolve os cristais formados.

Se os sintomas persistirem ou se a condição piorar, isso pode indicar uma infecção associada, a mastite. A mastite é mais grave e pode ser acompanhada por sintomas como febre, calafrios e mal-estar.

Mastite – tudo sobre a condição: o que é, sintomas, diagnóstico e tratamento;

A mastite é a inflamação do tecido mamário, geralmente em decorrência de um processo infeccioso. Em geral, acontece mais tardiamente. Ou seja, é mais comum a partir da terceira semana de gestação, sendo infrequentemente nas duas primeiras semanas.

Causas e fatores de risco

Os principais microrganismos associados à mastite são o Staphylococcus aureus ou Staphylococcus epidermidis. Eles estão presentes na flora da pele de muitas pacientes sem causar nenhum sintoma. Quando invadem o tecido mamário, podem se proliferar exageradamente e causar inflamação mais intensa.

Os principais fatores de risco para a mastite são

  • Os traumas mamilares;
  • O ducto entupido;
  • O uso de bombas tira-leite e conchas para os seios.

Sintomas

Os principais sintomas são:

  • Dificuldade para amamentar;
  • Eritema cutâneo, isto é, vermelhidão localizada na mama afetada;
  • Edema (inchaço) da mama afetada;
  • Dor, sensibilidade ou desconforto aumentado na mama;
  • Calor local (a superfície mama afetada torna-se mais quente do que o restante do corpo);
  • Febre, calafrios e mal-estar;
  • Náuseas e vômitos;
  • Linfadenopatia axilar, ou seja, aumento dos linfonodos na região axilar do lado afetado;
  • Drenagem purulenta: em alguns casos, pode ocorrer secreção purulenta pelo mamilo.

A identificação precoce da mastite é muito importante para evitar complicações, como o abscesso mamário, cujo principal sinal é a presença de um nódulo, que pode se tornar palpável na região da inflamação. Por isso, se algum desses sinais ou sintomas estiver presente, é importante procurar atendimento médico.

Diagnóstico

O diagnóstico da mastite é clínico com base no histórico do paciente e no exame físico. Durante a consulta, o médico avaliará os sintomas apresentados, como dor mamária e presença de febre. O exame físico da mama pode revelar áreas de inchaço, vermelhidão e sensibilidade, e, em alguns casos, pode ser palpada uma massa inflamatória. O médico também verificará a presença de linfadenopatia axilar.

Em situações em que há suspeita de abscesso mamário, exames de imagem, como ultrassonografia, podem ser utilizados. Culturas de leite também podem ser coletadas em casos recorrentes ou quando a resposta ao tratamento inicial é insatisfatória. A cultura com antibiograma tem o objetivo de identificar o agente infeccioso para que a antibioticoterapia seja feita com os medicamentos mais eficazes para o perfil da infecção da paciente.

Tratamento

O tratamento inicialmente é feito sem a identificação do agente causador. Para isso, utilizam-se antibióticos geralmente eficazes para a maioria dos casos de infecção causados pelo Staphylococcus aureus ou pelo Staphylococcus epidermidis. Além disso, são indicados analgésicos e anti-inflamatórios seguros durante a amamentação.

Caso não haja uma resposta boa ao tratamento, pode ser realizada a cultura com antibiograma para alterar os antibióticos utilizado na terapia. Casa haja formação de abscesso, ele deve ser drenado cirurgicamente.

Por fim, é importante ressaltar que o melhor tratamento para o ducto entupido e a mastite é a prevenção. Você e seu ginecologista devem estar atentos sempre que houver dor na pega. As dificuldades para amamentar não devem ser subestimadas.

Quer saber mais sobre a amamentação, seus desafios e como superá-los? Confira este artigo bem interessante sobre o tema!

O que é HPV?

HPV é uma abreviação para papilomavírus humano, um grupo de microrganismos com capacidade de infectar a nossa pele e as nossas mucosas (que revestem a garganta, o colo do útero e o ânus, por exemplo). Esses vírus recebem muita atenção, pois alguns tipos de HPV podem aumentar as chances de uma pessoa desenvolver câncer em algumas regiões do corpo.

Dentre eles, o que causa maior preocupação atualmente é o câncer do colo do útero. Cerca de 85% dos tumores malignos nessa localidade são causados pelos tipos 16 e 18 de HPV. Com a prevenção e o diagnóstico precoce, o número de casos pode diminuir substancialmente.

As infecções genitais pelos HPV são consideradas infecções sexualmente transmissíveis. Ou seja, os microrganismos podem ser transmitidos durante as relações sexuais, principalmente quando feitas sem a proteção de um preservativo. Antigamente, as ISTs eram chamadas de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

Esse termo vem sendo abandonado, pois as pessoas associam doenças a manifestação de sintomas (como dor, coceira ou sangramento) e sinais (como verrugas genitais). Contudo, a maioria das infecções sexualmente transmissíveis são assintomáticas. Em outras palavras, as pessoas portam e podem transmitir os microrganismos mesmo sem ter nenhum sintoma. Quer saber mais sobre o HPV, uma das principais infecções sexualmente transmissíveis atualmente? Confira nosso post até final!

O que é HPV?

O HPV, ou papilomavírus humano, é um dos vírus sexualmente transmissíveis mais comuns. Há mais de 200 variantes desse vírus. Desse total, aproximadamente 40 podem infectar a área genital e ao redor do ânus. Desses 40, cerca de 12 têm a capacidade de causar tipos invasivos de câncer. O câncer mais pesquisado que está ligado ao HPV é o câncer de colo do útero.

Mais de 80% das pessoas sexualmente ativas provavelmente se contaminará com ele em algum ponto de sua vida. Contudo, na maioria das vezes, quem contrai o vírus não sente nada e o organismo elimina a infecção em pouco tempo.

Os papilomavírus podem ser agrupados em duas categorias de acordo com o risco de câncer:

  • Tipos de baixo risco, que podem causar verrugas na pele e verrugas genitais. Essas verrugas são geralmente benignas e não estão associadas ao desenvolvimento de câncer;
  • Tipos de alto risco (também chamados de oncogênicos), que estão associados a certos tipos de câncer, como o câncer do colo do útero, ânus, orofaringe e pênis. Os tipos 16 e 18 são os mais oncogênicos e são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Além deles, são considerados de “alto risco” os tipos 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 66.

Como ocorre a transmissão do HPV?

O vírus HPV é transmitido pelo contato pele a pele. Em outras palavras, a infecção pode ocorrer quando a superfície corporal de uma pessoa infectada entra em contato com a superfície corporal de um indivíduo saudável. Geralmente, isso ocorre no contato sexual, no qual há um contato físico prolongado entre as pessoas.

Ao contrário do que algumas pessoas pensam, não é o sêmen que transmite o HPV. Por isso, a proteção com camisinha é capaz de reduzir em 60% a chances de transmissão, mas não a elimina totalmente. Afinal, a camisinha não cobre toda a genitália. Nesse sentido, medidas, como a vacinação, são fundamentais para reduzir ainda mais as chances de uma infecção pelo HPV.

Menos comum, a transmissão pode ainda ocorrer por fômites (toalhas e roupas íntimas) ou por via vertical (transmissão da mãe para o bebê durante o parto).

Quais as consequências de não rastrear e tratar as infecções pelo HPV?

Os estudos mostram que cerca de 7% a 8% dos tumores malignos humanos sejam causados pelo HPV. Com isso, eles se tornam um dos principais fatores de risco de câncer, estando relacionado com:

  • Quase todos os casos de câncer do colo de útero;
  • 93% dos cânceres anais;
  • 64% dos cânceres vaginais;
  • 50% dos cânceres de vulva;
  • 40% dos cânceres penianos;
  • 60% dos cânceres de garganta.

Sintomas do HPV

A maioria das infecções pelo HPV será assintomática. A pessoa infectada não manifestará nenhum sintoma ou sinal perceptível. No entanto, as alterações causadas pelo HPV podem ser identificadas com a visualização das células infectadas em um microscópio. Por isso, o exame preventivo é fundamental.

Quando sintomática, a infecção pelo HPV pode causar:

  • Verrugas de diferentes tamanhos;
  • Coceira ou desconforto local;
  • Vermelhidão;
  • Pequenos sangramentos.

Diagnóstico das lesões de HPV

A presença do HPV pode ser diagnosticada com exames de biologia molecular para identificar a presença do material genético do vírus nos tecidos. No entanto, esse não é o exame mais indicado na maior parte dos casos.

O teste mais importante é a citopatologia do colo uterino (Papanicolaou), que envolve a coleta de células durante exame ginecológico periódico. Essas células são analisadas no microscópio e classificadas de acordo com o grau de alteração:

  • lesões de baixo grau, que são modificações mais sutis e leves;
  • lesões de alto grau, as quais são mais significativas e consideradas pré-cancerosas.

Quando alguma dessas lesões é identificada, a paciente pode receber as seguintes indicações:

  • Realizar a citopatologia em um período mais curto;
  • Ser encaminhada para a realização de colposcopia (exame confirmatório de um possível tumor).

A escolha dependerá do tipo de célula, do grau da lesão e da idade da paciente.

Tratamento do HPV

O tratamento dependerá do tipo das características da lesão pode envolver:

  • Conduta expectante, acompanhamento periódico da lesão para verificar sua evolução;
  • Imunomodulação;
  • Retirada da parte afetada do colo do útero, quando o tumor ainda está local;
  • Retirada total do colo do útero nos casos de tumores localmente invasivos;
  • Uma cirurgia mais extensa, radioterapia e quimioterapia podem ser necessárias em casos mais avançados.

Na maior parte dos casos, contudo, as pacientes recebem a indicação da conduta expectante.

Portanto, mesmo com uma grande parcela das mulheres infectadas não manifestando sintomas, não se pode subestimar o impacto do HPV. A vacinação, o diagnóstico precoce e a educação sobre o tema são fundamentais para reduzir a prevalência do vírus e minimizar suas consequências mais graves, como o câncer.

Quer saber mais sobre esse vírus que preocupa tanto os médicos? Confira nosso artigo completo sobre o tema!

O que é saco gestacional?

A gravidez é um período repleto de descobertas e novas experiências para a gestante. Com isso, surgem também uma série de termos médicos que, muitas vezes, são desconhecidos para a maioria das mulheres.

Entre esses termos, está “saco gestacional”, que se destaca como uma das primeiras estruturas gestacionais que a paciente vai ouvir falar. Afinal, a sua visualização pela ultrassonografia é frequentemente utilizada para confirmar uma gravidez uterina.

Neste texto, vamos mergulhar no universo do saco gestacional, compreendendo sua formação, função e sua relação com outras estruturas vitais durante a gravidez. Ficou interessada? Acompanhe até o final!

O que é o saco gestacional?

O saco gestacional vai ser um dos primeiros termos técnicos que a gestante ouvirá durante o acompanhamento da gravidez. Afinal, a confirmação do diagnóstico de uma gestação normal geralmente ocorre com a identificação do saco gestacional em uma mulher com níveis elevados de beta-hCG.

O saco gestacional é a primeira estrutura embrionária que pode ser visualizada na ultrassonografia. Caracteriza-se como uma estrutura parecida com uma bolsa preenchida por líquido. Sua visualização auxilia no diagnóstico de uma gestação. Ele começa aparecer entre a metade da quarta semana e o final da quinta semana de idade gestacional. Ou seja, o saco gestacional pode ser visualizado após três a quatro semanas depois de você ter ovulado.

Nessas primeiras semanas, ele aparece na ultrassonografia com um diâmetro de 2 a 4 centímetros. O tamanho do saco gestacional pode medido para auxiliar na estimativa da idade gestacional. Portanto, é muito pequeno, então é fundamental que a ultrassonografia seja feita por um profissional experiente em exames de imagem obstétricos.

Quais as funções do saco gestacional?

O saco gestacional inicialmente é uma camada de células preenchidas por um pouco de líquido. Com o tempo, surgem novas estruturas dentro do saco embrionário. Como os termos utilizados para descrevê-las são muito parecidos, as pacientes podem ficar confusas com a linguagem técnica empregada pelos médicos e pelos exames de ultrassonografia.

A primeira estrutura que se desenvolve dentro do saco gestacional é a o saco vitelino, que surge por volta da sexta semana. Enquanto isso, outro saco começa a se desenvolver mais rapidamente: o saco amniótico.

Por volta da décima semana de gravidez, o saco amniótico já cresceu tão significativamente que passa a ocupar a maior parte do espaço dentro do saco gestacional. Nesse estágio, o termo “saco gestacional” é comumente substituído por “saco amniótico”.

A partir desse momento, podemos dizer que o saco gestacional tem a função de abrigar o sistema amniótico, que é formado pelas membranas ovulares (âmnio e córion) e pelo líquido amniótico. Com isso, essas estruturas têm as importantes funções de:

  • proteger o feto contra impactos;
  • facilitar crescimento fetal intrauterino e a movimentação do bebê.

Algumas diferenciações importantes

Saco gestacional e saco vitelino

O saco gestacional é uma estrutura cheia de líquido que se forma dentro do útero e serve para proteger e acomodar o embrião em desenvolvimento. É a primeira estrutura a ser visualizada em um ultrassom durante o início da gravidez.

Já o saco vitelino é uma pequena bolsa redonda que se encontra dentro do saco gestacional, formando-se entre a quinta e a sexta semana de gestação. Com isso, em geral, é cronologicamente a segunda estrutura a ser diferenciada pela ultrassonografia.

O saco vitelino é, portanto, uma estrutura interna do saco gestacional. Ele desempenha um papel crucial nas primeiras semanas de gravidez, fornecendo nutrientes para o embrião. Conforme a gravidez progride, a placenta assume a função de nutrir o feto. Assim, o saco vitelino desaparece por volta da 10ª semana de gestação. O saco gestacional, por sua vez, permanece e passa a ser formado pelas membranas embrionárias.

Saco gestacional e placenta

O saco gestacional e a placenta são duas estruturas distintas, mas fundamentais para o desenvolvimento o feto durante a gravidez. Como vimos, o saco gestacional é uma estrutura fluida que se forma nas primeiras semanas após a fecundação. Ele começa a surgir quando o embrião é bem-sucedido em se implantar na cavidade uterina.

Por outro lado, a placenta é um órgão altamente vascularizado que começa a se desenvolver um pouco depois do saco gestacional, por volta da 10ª semana de gestação. Sua principal função é ser a interface entre a mãe e o feto, permitindo a troca de nutrientes e oxigênio do sangue materno para o feto, bem como a eliminação de resíduos metabólicos do feto para o sangue materno. A placenta também produz hormônios essenciais que ajudam a manter a gravidez.

Portanto, o saco gestacional é o ambiente em que o feto se desenvolve, já a placenta atua como um suporte nutricional e hormonal durante a maior parte da gravidez.

Dentre as diversas estruturas que surgem e evoluem durante este período, o saco gestacional assume uma posição de destaque por ser uma das primeiras a serem identificadas e por abrigar o embrião nas semanas iniciais. Seu papel, junto com o saco vitelino e a placenta, é fundamental para garantir o ambiente adequado para o desenvolvimento saudável do feto. Cada uma dessas estruturas possui uma função específica, mostrando a complexidade e beleza do processo gestacional.

Quer saber mais sobre a rotina de pré-natal e os exames que são realizados em cada trimestre? Não deixe de ler este post sobre o tema!

Cesarianas sucessivas: riscos

Com a evolução da medicina, diferentes formas de parto surgiram. De um lado, por exemplo, temos o parto natural, que é feito sem nenhuma intervenção medicamentosa ou cirúrgica no processo. Do outro, temos a cesariana, um parto cirúrgico feito com um corte na pelve e no útero da mulher.

Nos últimos anos, centenas de estudos científicos têm mostrado que, na maioria dos casos, o um parto mais natural é a opção mais benéfica para a mãe e o bebê. Apesar disso, devido a riscos materno-fetais, pode ser necessário intervir para acelerar o parto normal (parto induzido) ou, mesmo, criar um canal de parto artificial com uma incisão pélvica (a cesariana).

No entanto, uma questão muito importante tem se tornado uma preocupação na obstetrícia: o aumento das cesarianas sem indicação. Muitas mulheres optam pelas cesarianas eletivas, pois não são informadas dos riscos que esse tipo de procedimento traz.

Por esse motivo, este post vai explicar quais são as complicações que cesarianas sucessivas podem trazer. Ficou interessada? Acompanhe!

O que é cesariana?

A cesariana é uma técnica cirúrgica que revolucionou a medicina, permitindo que médicos pudesse salvar a vida de muitas mães e bebês em situações em que o parto vaginal não é seguro. Ela é feita com uma incisão na região da pelve e no útero com a gestante sob anestesia regional.

Indicações da cesariana

Embora a cesariana seja segura, ela tem seus próprios riscos e requer um tempo de recuperação mais longo do que um parto vaginal. É por isso que a decisão de realizar uma cesariana deve ser tomada em consulta com um obstetra, levando em consideração os riscos para a saúde da mãe e do bebê. Quando os benefícios superam os riscos (dentro das evidências científicas atuais aplicadas a cada caso individualmente), a cesariana é um procedimento fundamental.

Atualmente, as indicações mais bem consolidadas da cesariana são:

  • Falha na progressão do trabalho de parto normal;
  • Feto em situação transversa;
  • Pacientes com cicatriz uterina longitudinal ou na região do fundo do útero;
  • Herpes genital ativo;
  • Placenta prévia;
  • Prolapso de cordão;
  • Desproporção da cabeça do feto com o canal de parto vaginal;
  • Vasa prévia;
  • Gestações gemelares monoamnióticas;
  • Placenta acreta.

Esses são apenas alguns exemplos de casos em que a cesariana pode ser necessária. Já as seguintes indicações são mais relativas e dependem de uma avaliação caso a caso:

  • Feto com mais de 4500 gramas (macrossomia fetal);
  • Descolamento prematuro da placenta;
  • Vaginismo (contrações vaginais involuntárias intensas);
  • História de duas ou mais cesarianas anteriormente;
  • HIV+ com carga viral baixa;
  • Distocia;
  • Apresentação pélvica;
  • Apresentação fetal defletida;
  • Sofrimento fetal persistente durante o parto normal;
  • Falha na indução do parto vaginal, entre outras.

Cesarianas sucessivas

Cesarianas sucessivas ocorrem quando a paciente já passou por uma cesariana previamente. Elas geralmente trazem maiores riscos para as gestantes. Por isso, devem ser avaliadas com cuidado.

Além disso, existe um mito de que pacientes que já passaram por uma cesariana prévia estão contraindicadas ao parto normal. Sempre que as condições de cada gestação permitirem, é importante tentar um parto vaginal para evitar as complicações das cesarianas sucessivas.

Em outras palavras, se você já teve uma cesariana, é possível realizar:

  • Uma nova cesariana;
  • Tentar um parto normal.

A escolha deve considerar as condições de cada gestação. Por exemplo, se houver alguma contraindicação significativa ao parto normal, a cesariana será a melhor opção. Além disso, é muito importante que a decisão médica seja tomada junto com a gestante, após o profissional ter explicado os riscos e benefícios.

Riscos de cesarianas sucessivas

A seguir, está uma tabela adaptada de um artigo que avaliou a frequência de algumas complicações de acordo com o número de gestações:

  1 2 3  4 ou mais
Lesão da bexiga 0,09% 0,06% 0,23% 0,81%
Lesão intestinal 0,13% 0,09% 0,18% 0,85%
Ruptura do útero 0,43% 0,61% 3,71% 4,34%
Transfusão de sangue 4,05% 1,58% 2,23% 5,35%
Admissão na UTI 1,99% 0,59% 0,63% 1,95%
Histerectomia cesariana 0,69% 0,43% 0,91% 2,49%
Placenta acreta 0,56% 0,36% 0,67% 2,57%
Placenta prévia 6,41% 1,35% 1,22% 2,87%
Adesões graves 0,83% 7,27% 20,00% 15,15%

 

Da tabela, podemos extrair algumas informações muito importantes:

  • A frequência de lesão na bexiga aumenta mais de 2 vezes na terceira cesariana e em 9 vezes a partir da quarta;
  • A frequência de aderências é cerca de 9 vezes maior em mulheres que realizaram a segunda cesariana. É 24 vezes maior na terceira cesariana;
  • Realizar 4 ou mais cesarianas geralmente traz um risco muito maior à saúde das mulheres. Para evitar essa situação, seu médico pode recomendar uma laqueadura durante o parto da terceira gestação.

Em alguns casos, a frequência cai com um maior número de cesarianas, mas isso não significa que o risco reduziu. Isso possivelmente se deve às características das populações de cada estudo. Então, se você já fez uma cesariana, prefira realizar um parto normal em futuras gestações caso não haja nenhuma contraindicação.

Riscos para o bebê

De acordo com o estudo, as cesarianas sucessivas não aumentam a frequência de complicações neonatais.

A cesariana é uma ferramenta médica vital importante. Quando indicada adequadamente, pode salvar vidas tanto de mães quanto de bebês. No entanto, é importante reconhecer que cada cesariana sucessiva aumenta os riscos para a saúde das mulheres, como hemorragias, lesões a órgãos próximos e aderências pélvicas.

Quer saber mais sobre as cesarianas e como ela é feita? Confira nosso artigo completo sobre o tema!

Laqueadura tubária: conheça a nova lei

A decisão de não ter mais filhos é complexa e pode ser motivada por inúmeros fatores pessoais e de saúde. Uma das opções disponíveis para mulheres que escolhem um método contraceptivo permanente é a laqueadura tubária.

Esse procedimento é um assunto polêmico, principalmente devido à exigência de consentimento do parceiro que a antiga lei previa. Considerava-se que isso poderia ser um obstáculo para os direitos reprodutivos femininos. Com o novo texto da lei, essa exigência foi retirada. Atualmente, a decisão é individual, apesar de ainda haver algumas regras importantes.

Quer entender o que é exatamente este procedimento? Como é realizado? E quais as recentes mudanças na legislação sobre o tema? Neste post, abordaremos as novas diretrizes estabelecidas pela lei de planejamento familiar, a fim de esclarecer todas essas questões para você. Ficou interessada? Acompanhe até o final!

O que é a laqueadura tubária?

A laqueadura tubária é um método de esterilização cirúrgica. Em outras palavras, é um método contraceptivo permanente, potencialmente irreversível, realizado em pacientes que não desejam mais nenhuma gestação. As cirurgias para revertê-la não garantem o retorno da fertilidade.

A laqueadura tem o objetivo de interromper a permeabilidade tubária, ou seja, impedir que os espermatozoides se encontrem com o óvulo nas tubas uterinos. Com isso, não há fecundação.

  • Laparotômica: é a laqueadura feita com uma cirurgia aberta. É feito um corte de aproximadamente 3 centímetros na região acima do púbis;
  • Laparoscópica: é uma técnica minimamente invasiva, feita com alguns cortes de menos de um centímetro. Depois disso, insufla-se o abdômen com gás carbônico e o procedimento é feito por vídeo.

Nessas cirurgias, há diferentes formas de interromper a permeabilidade das tubas. Uma opção é a colocação de clipes ou anéis que obstruem mecanicamente as tubas uterinas. Outra modalidade envolve a retirada de parcial ou total das tubas uterinas. A primeira opção é de mais fácil reversão, enquanto a segunda é geralmente mais efetiva.

Quais as indicações da laqueadura?

Em geral, a laqueadura está indicada para mulheres com convicção de que não desejam uma gestação no futuro. Além disso, precisa preencher os seguintes pré-requisitos para realizar a laqueadura:

  • Ter mais de 21 anos OU ter dois ou mais filhos vivos;
  • Apresentar plena capacidade civil;
  • Passar por aconselhamento por equipe multidisciplinar.

Ela também é indicada para casos em que há risco à vida e à saúde da mulher ou de um futuro bebê. Nessa situação é preciso apresentar laudo assinado por dois médicos. Veja algumas situações em que isso pode ocorrer:

  • Pacientes com transtornos genéticos hereditários graves;
  • Pacientes que passaram por múltiplas cesarianas previamente;
  • Pacientes com histórico de múltiplas gestações tubárias.

No momento de optar pela laqueadura, é importante refletir bastante sobre a escolha. Os estudos mostram que, em média, 14,7% das pacientes se arrependem do procedimento. A taxa chega a 20,3% em mulheres que realizaram a cirurgia antes dos 30 anos.

Lembre-se de que há métodos muito eficazes de longo prazo, como os implantes intrauterinos. Eles oferecem eficácia superior a 99% e proteção por 5 anos ou mais. Se você já tiver amadurecido sua decisão e cumpra os pré-requisitos, a laqueadura é um direito seu.

Quais regras da laqueadura mudam e quais permanecem com a nova lei de planejamento familiar?

Aqui estão as mudanças significativas que a nova lei trouxe para as mulheres que desejam fazer laqueadura:

  • Idade mínima para a esterilização: Na lei antiga, a esterilização voluntária só era permitida para homens e mulheres maiores de 25 anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos. A nova lei reduz essa idade mínima para 21 anos;
  • Esterilização durante o parto: a antiga lei proibia a esterilização cirúrgica em mulher durante os períodos de parto ou aborto, exceto em casos de comprovada necessidade, como nas mulheres que passaram cesarianas sucessivas anteriores. A nova lei, por outro lado, permite a esterilização cirúrgica em mulher durante o parto se for respeitado um prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o parto, além de observadas as devidas condições médicas;
  • Consentimento conjugal: a antiga lei estabelecia que, na vigência de sociedade conjugal, a esterilização dependia do consentimento expresso do cônjuge. Essa exigência foi revogada pela nova lei, o que significa que o consentimento do cônjuge não é mais necessário para que um indivíduo passe por uma esterilização.

Essas são as principais alterações trazidas pela nova lei. As demais partes dela permaneceram as mesmas. Por exemplo, a esterilização também pode ocorrer se houver risco para a vida ou saúde da mulher ou do futuro conceito, confirmado por dois médicos.

A pessoa precisa expressar sua vontade de maneira clara e escrita, após ser informada sobre os riscos da cirurgia, efeitos colaterais, dificuldades de reversão e opções de contracepção reversíveis.

Manifestações de vontade expressas sob influência de álcool, drogas, estados emocionais alterados ou incapacidade mental temporária ou permanente não serão consideradas válidas. A laqueadura somente pode ser feita após 60 dias do termo de consentimento, permitindo que a pessoa reflita sobre o procedimento e possa modificar sua decisão.

Portanto, a decisão de realizar uma laqueadura tubária é extremamente pessoal e exige uma reflexão cuidadosa sobre as consequências a longo prazo. Embora seja um método contraceptivo altamente eficaz e seguro, é importante lembrar que a sua reversão pode ser difícil.

Por isso, é imprescindível discutir todas as opções de contracepção com seu ginecologista antes de tomar uma decisão.

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