Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Pré-natal: exames do 2º trimestre

A divisão da gravidez em três trimestres é uma forma prática de acompanhar as mudanças e o desenvolvimento do bebê. Cada trimestre apresenta características específicas e, por isso, no pré-natal, são pedidos exames específicos para avaliar marcos importantes tanto para a saúde do feto quanto da gestante.

No primeiro trimestre, ocorre a formação dos órgãos principais, início dos batimentos cardíacos, desenvolvimento dos membros e do sistema nervoso. No segundo trimestre, a formação dos órgãos já está praticamente completa. Nessa fase, o bebê passa crescimento acelerado, desenvolvimento dos sentidos e apresenta movimentos mais perceptíveis. O terceiro trimestre é marcado pelo ganho de peso, pelo amadurecimento dos pulmões e pelo posicionamento para o parto.

Quer saber mais sobre os exames pedidos no segundo trimestre de gestação? Acompanhe até o final!

Quais exames laboratoriais são pedidos no segundo trimestre?

Hemograma

O hemograma é um exame fundamental no segundo trimestre, pois ajuda a avaliar parâmetros hematológicos, como:

  • Contagem de hemácias e avaliação da concentração de hemoglobina – no segundo trimestre, há um aumento significativo do volume sanguíneo da mãe, o que pode diluir a concentração de hemácias e hemoglobina no sangue. Essa condição é chamada de anemia relativa ou anemia por diluição. Apesar de não ser uma anemia propriamente dita, ela pode causar complicações semelhantes, como fadiga;
  • Contagem de leucócitos (glóbulos brancos) – esse parâmetro ajuda a detectar infecções e outras alterações. Por exemplo, um aumento expressivo nos níveis de leucócitos em comparação com o primeiro trimestre pode indicar uma infecção oculta. Durante a gravidez, o sistema imunológico da mãe é naturalmente suprimido para evitar a rejeição do feto. Isso pode aumentar a suscetibilidade a infecções, mas deixá-las menos sintomáticas devido à redução da intensidade da reação inflamatória;
  • Contagem de plaquetas – número de plaquetas é importante para avaliar a capacidade de coagulação do sangue. Trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas) pode ser um sinal de condições graves como a pré-eclâmpsia ou a síndrome HELLP, que necessitam de intervenção imediata.

Sorologia para HIV

Detectar o HIV precocemente permite a implementação de terapias antirretrovirais, que reduzem significativamente a carga viral no organismo da mãe, diminuindo o risco de transmissão vertical (da mãe para o filho) durante a gestação. Além disso, o diagnóstico precoce possibilita um planejamento adequado para o parto e o acompanhamento do recém-nascido, aumentando as chances de que ele nasça sem o vírus.

O impacto dessa intervenção é tão positivo que a sorologia para HIV é repetida no segundo trimestre. Assim, podemos identificar falsos negativos no primeiro exame devido à janela imunológica (a pessoa porta o vírus, mas os níveis de anticorpos ainda são indetectáveis) ou casos de infecção após o primeiro exame.

Detecção da toxoplasmose

A infecção por Toxoplasma gondii pode ser transmitida ao feto, resultando em complicações, como:

  • Aborto espontâneo;
  • Parto prematuro;
  • Malformações congênitas;
  • Macrocefalia;

O Brasil ainda é um país endêmico para a toxoplasmose. Então, a triagem rotineira e o tratamento dessa infecção durante o pré-natal são medidas relativamente simples para uma condição que pode ter consequências muito graves.

Reação para rubéola

A infecção materna por rubéola, especialmente nas primeiras 20 semanas de gestação, apresenta alto risco de transmissão vertical. Ela pode levar à síndrome da rubéola congênita, que pode causar diversos defeitos congênitos, tais quais:

  • Problemas cardíacos;
  • Surdez;
  • Catarata;
  • Atraso no desenvolvimento.

Sorologia para hepatite B, hepatite C e citomegalovírus

A hepatite B ou C pode ser transmitida da mãe para o feto durante a gestação, parto ou amamentação, aumentando o risco de doenças hepáticas crônicas na criança. A identificação precoce dessas infecções permite que os profissionais de saúde adotem medidas preventivas, como a administração de imunoglobulina hepatite B no recém-nascido, além de planejar o parto de forma a minimizar os riscos de transmissão, assim como ocorre no caso do HIV.

O citomegalovírus é um vírus que, quando transmitido da mãe para o feto, pode causar anomalias congênitas, como:

  • Surdez;
  • Microcefalia;
  • Atraso no desenvolvimento.

Exame de urina

O exame de urina é um teste simples, mas que pode trazer informações muito importantes sobre a gestação:

  • Ele pode detectar infecções urinárias assintomáticas, que são comuns durante a gravidez. Se não tratadas, podem levar a complicações como pielonefrite e parto prematuro;
  • Ele pode ajudar a diagnosticar a pré-eclâmpsia, uma condição caracterizada pela presença de níveis elevados de proteínas na urina associada à hipertensão arterial;
  • Ele pode indicar diabetes gestacional, a qual pode cursar com presença de glicose na urina.

Quais exames de imagem são feitos no segundo trimestre?

Durante o segundo trimestre, são indicados dois tipos de ultrassonografia. Uma delas é a ultrassonografia transvaginal de segundo trimestre, que é um exame feito inserindo um transdutor na vagina, permitindo uma visualização detalhada da pelve. Seu principal objetivo é medir o colo do útero, visto que o colo curto é um dos critérios utilizados para diagnosticar a incompetência istmocervical e para avaliar os riscos de parto prematuro.

O outro tipo é a ultrassonografia morfológica de segundo trimestre, que avalia a morfologia do feto, a posição da placenta e a quantidade de líquido amniótico. Esse exame é fundamental para:

  • Diagnosticar possíveis malformações fetais e anomalias no desenvolvimento;
  • Identificar situações como placenta prévia;
  • Detectar problemas como oligodrâmnio (volume baixo de líquido amniótico) ou polidrâmnio (excesso de volume de líquido amniótico).

Portanto, os exames realizados durante o segundo trimestre do pré-natal promovem a saúde, previnem doenças e permitem o tratamento de eventuais condições identificadas nos rastreios. Além disso, os exames pré-natais fornecem informações importantes sobre o crescimento e a vitalidade do feto, tranquilizando a gestante e possibilitando um acompanhamento individualizado da gravidez.

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Papanicolau: quando fazer e o que ele pode detectar

O Papanicolau é um dos exames preventivos mais importantes para a saúde da mulher. Ele identifica lesões precursoras do câncer de colo do útero, assim como tumores malignos em estágios iniciais. Ele ocupa o terceiro lugar no ranking de mortalidade por câncer em mulheres, tendo sido responsável por 6,1% dos óbitos por causas oncológicas na população feminina. Felizmente, ele pode ser prevenido com diversas medidas, reduzindo tanto sua ocorrência quanto as suas complicações.

Quer saber mais sobre quando o Papanicolau deve ser feito e o que ele pode detectar? Acompanhe até o final!

O que ele pode detectar?

O Papanicolau é um exame que tem o objetivo de rastrear lesões que podem evoluir para câncer de colo do útero e tratá-las antes que se tornem câncer. Também pode rastrear o carcinoma in situ do colo do útero, permitindo um tratamento precoce. Em alguns casos, ele pode detectar vaginoses e outras infecções, mas esse não é indicado com essa finalidade.

Mais de 90% dos casos de câncer de colo do útero são causados por infecções prévias com tipos de alto risco do papilomavírus humano (HPV). Portanto, para entender por que e quando fazer o Papanicolau, é preciso entender como ocorre a infecção pelo HPV e a evolução para lesões mais preocupantes.

O Papanicolau coleta células do colo do útero. Ele não detecta a presença do HPV em si, mas as alterações celulares indicativas de lesões causadas por esse vírus. Essas células são obtidas por meio de uma leve raspagem da parte externa (ectocérvice) e interna (endocérvice) do colo do útero, utilizando uma espátula e uma escovinha.

A amostra coletada é enviada para um laboratório especializado, onde é analisada por um profissional para identificar possíveis alterações celulares que possam indicar lesões pré-cancerosas ou cancerosas.

O HPV é um vírus transmitido principalmente pelo contato da pele infectada com a pele saudável. Geralmente, as infecções no trato genital são causadas pelo contato íntimo durante as relações sexuais. Apesar de o sistema imunológico naturalmente combater a infecção na grande maioria das mulheres, ela pode persistir em alguns casos.

Em algumas mulheres, esses vírus podem causar infecções persistentes que causam alterações progressivas no DNA das células do colo do útero. Inicialmente, essas alterações são leves e causam lesões com baixo risco de evolução para o câncer (displasia de baixo grau). Caso não sejam tratadas, elas podem se transformar em lesões pré-malignas (displasia de alto grau), isto é, com risco elevado de evolução para o câncer.

A displasia de alto grau pode evoluir para o carcinoma in situ, um pequeno tumor que ainda não invadiu camadas mais profundas da mucosa do colo do útero. Sem tratamento, o carcinoma in situ pode evoluir para um tumor invasivo, que está relacionado a taxas mais elevadas de mortalidade.

Quando fazer o Papanicolau?

A evolução da infecção para displasias e para o câncer do colo de útero é lenta, ocorrendo progressivamente ao longo de muitos anos. Por esse motivo, o Papanicolau não é necessário para mulheres nos primeiros anos da vida sexual. Também não é indicado para mulheres que nunca tiveram relações sexuais nem heterossexuais nem homossexuais.

Idade para começar a fazer o Papanicolau

O Ministério da Saúde recomenda o início do rastreio com 25 anos de idade. No entanto, algumas sociedades médicas indicam o início do rastreio aos 21 anos de idade. Portanto, há médicos que podem indicar o começo do rastreio em diferentes idades.

Fazer o rastreio antes dos 21 anos de idade não é recomendado. Afinal, os estudos mostram que essa medida traz mais malefícios do que risco. Como a evolução das lesões até o câncer é lenta, dificilmente seriam identificadas lesões de alto risco. Fazer o exame muito precocemente pode levar a intervenções médicas invasivas desnecessárias.

Frequência de realização

Os dois primeiros exames são realizados com intervalo de um ano entre si. Depois disso, caso ambos resultados forem negativos, a frequência do exame é a cada três anos. Esse intervalo será mantido se os resultados forem sempre negativos.

Contudo, se os resultados indicarem alguma alteração ou tiverem significado indeterminado, a conduta muda. Se forem lesões menos preocupantes, indica-se a realização do Papanicolau com maior frequência. Caso as lesões sejam mais preocupantes, encaminha-se a paciente para um exame mais avançado, a colposcopia.

Idade para parar de fazer o Papanicolau

O rastreio pode ser interrompido quando a mulher após os 64 anos desde que a mulher preencha os seguintes critérios:

  • Se a mulher não tiver história prévia de neoplasia pré-invasiva e tiver dois exames negativos nos últimos cinco anos, ela está dispensada;
  • Se a mulher estiver com a rotina de rastreio irregular aos 64 anos, ela deve realizar um ou dois exames para que a condição anterior seja alcançada. Com resultados negativos, ela está dispensada do rastreio periódico;
  • Se a mulher não tiver feito nenhum Papanicolau antes dos 64 anos, serão indicados dois exames com intervalo de três anos entre eles. Caso os resultados sejam negativos, ela não precisa fazer mais nenhum exame preventivo.

Portanto, o Papanicolau permite identificar lesões pré-cancerosas e cancerosas no colo do útero em estágios iniciais, quando ainda não apresentam sintomas. Isso possibilita o tratamento precoce, aumentando as chances de cura e reduzindo a mortalidade por essa doença.

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SOP e gravidez: saiba mais sobre o assunto

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma condição endócrino-ginecológica, sendo caracterizada pelo excesso de hormônios androgênios (hiperandrogenismo) em mulheres durante a idade reprodutiva.

Conhecidas popularmente como hormônios masculinos, os androgênios prejudicam a função ovariana, o que pode levar à dificuldade de ovulação e a ciclos anovulatórios. Com o tempo, podem surgir múltiplos cistos nos ovários dessas pacientes devido ao acúmulo de folículos imaturos que não completaram seu ciclo até a ovulação.

A SOP é a principal causa de anovulação crônica. Com isso, a SOP é a principal causa hormonal de infertilidade. Apesar de a SOP tornar mais difícil engravidar, muitas mulheres com SOP engravidam espontaneamente. Quando isso não ocorre, elas podem ainda utilizar tratamentos para melhorar a fertilidade.

Como a SOP atinge entre 5% e 10% das mulheres, há muitas grávidas com SOP e que têm muita dúvida sobre os cuidados durante a gestação. Neste post, vamos falar sobre esse tema detalhadamente. Ficou interessada? Acompanhe até o final!

A síndrome dos ovários policísticos afeta a gestação?

Sim, a SOP aumenta o risco de algumas complicações gestacionais, como:

Aborto

Alguns estudos apontam que a SOP pode estar associada a um risco três vezes maior de abortamento em comparação com mulheres sem a condição. Algumas pesquisas mostraram que o tratamento com metformina pode reduzir o risco de abortamento em mulheres com SOP, mas outras não mostraram esse mesmo benefício. Com isso, não existe uma conduta definitiva para a prevenção dessa complicação.

Diabetes gestacional

A diabetes gestacional ocorre quando uma gestante sem diagnóstico prévio de diabetes apresenta níveis de glicose (“açúcar”) anormalmente elevados no sangue durante a gestação. Essa complicação é mais comum em mulheres com SOP, pois a SOP também está relacionada a um quadro de resistência à insulina. Esse hormônio é fundamental para reduzir os níveis de glicose no sangue.

A diabetes gestacional é considerada uma condição preocupante na gestação, pois aumenta o risco de diversas complicações:

  • Necessidade de parto cesariano;
  • Hipoglicemia (quando os níveis de glicose ficam muito baixos) no recém-nascido;
  • Dificuldades respiratórias no recém-nascido;
  • Bebê grande para a idade gestacional.

 Pré-eclâmpsia

A pré-eclâmpsia é também uma condição muito preocupante durante uma gestação, sendo caracterizada pelos seguintes sinais após a 20ª semana de gestação:

  • Aumento da pressão arterial (maior ou igual a 140×90 mmHg) em duas medidas com intervalo de 4 horas;
  • Presença de níveis elevados de proteínas na urina, o que é um indicativo de lesão vascular renal.

A pré-eclâmpsia, por si só, está associada a complicações obstétricas, como parto prematuro e abortamento. Caso não seja acompanhada e tratada adequadamente, a pré-eclâmpsia pode evoluir para eclâmpsia e causar complicações gravíssimas para a mãe, como:

  • Insuficiência renal ou hepática;
  • Convulsões;
  • Óbito.

Nascimento prematuro

A SOP também está relacionada com um maior risco de parto prematuro, isto é, nascimento do bebê após a 24ª semana de gestação e antes da 37ª semana. O nascimento prematuro pode trazer complicações para o recém-nascido, como:

  • Dificuldades respiratórias;
  • Dificuldades para se alimentar;
  • Maior risco de óbito.

Maior risco de cesarianas

A cesariana é o parto cirúrgico. Apesar de ser muito realizada de forma eletiva, a cesariana traz maiores riscos para a mãe e para o bebê tanto no curto quanto no longo prazo. Nesse sentido, a necessidade de realização de uma cesariana é considerada uma complicação.

Geralmente, a cesariana não é indicada devido à SOP em si. Ela se deve à necessidade de interromper precocemente a gestação devido a doenças hipertensivas da gestação e outras complicações.

Preparação para a gravidez

Triagem pré-concepcional de diabetes: uma atenção especial deve ser dada à diabetes. Com isso, recomenda-se que a paciente realize um teste oral de tolerância à glicose antes da gestação;

Perda de peso: uma perda de 5% do peso melhora a fertilidade das pacientes com SOP, ajudando a regular o ciclo e a ovulação. Além disso, a redução do peso no período pré-concepcional também pode reduzir o risco de complicações gestacionais.

Condutas de pré-natal que os médicos podem indicar para pacientes com SOP

A SOP, por si só, geralmente não é considerada uma condição de alto risco na gestação. Então, se não surgirem complicações que justifiquem um pré-natal de alto risco, as pacientes são acompanhadas com a rotina de pré-natal de risco habitual.

Além disso, atualmente, não há nenhum tratamento específico para reduzir o risco de complicações gestacionais em pacientes com SOP. Portanto, a conduta médica será focada no tratamento de condições que surgirem no decorrer da gestação, como a diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia.

Diversas pesquisas têm sido realizadas com medicamentos que reduzem a resistência à insulina, mas não há resultados definitivos. Com isso, há médicos que podem indicá-las, enquanto outros não. A decisão dependerá de diversos fatores, como o risco individual de cada paciente.

Nesse sentido, o mais importante é a manutenção de um acompanhamento médico periódico de acordo com a rotina de pré-natal indicada pelo seu médico. Isso pode promover o diagnóstico e o tratamento precoces de doenças gestacionais que podem levar a complicações mais graves.

Algumas medidas mais específicas para pacientes com SOP são:

  • Avaliação dos medicamentos: algumas pacientes com SOP utilizam tratamentos hormonais e outros tipos de medicações para tratar os sintomas de hiperandrogenismo ou para tratar a resistência à insulina. Seu médico avaliará essas medicações e suspenderá aquelas que podem prejudicar o desenvolvimento do bebê ou da gestação. Caso necessário, ele poderá substituir por medicações mais seguras, como a metformina;
  • Triagem de diabetes: em mulheres com SOP, recomenda-se que a primeira triagem de diabetes com um teste oral de tolerância à glicose ocorra preferencialmente antes da 20ª semana de gestação durante o pré-natal. Se o resultado desse teste for negativo, deve-se repetir a triagem entre 24 e 28 semanas de gestação;
  • Avaliação da saúde mental: mulheres com SOP apresentam risco mais elevado de sofrimento psicológico durante e após a gestação. Nesse sentido, é importante avaliar a rotineiramente a presença de sintomas de depressão e de ansiedade;
  • Atividade física: a realização de 150 minutos de atividades físicas por semana, em intensidade leve a moderada, melhora a saúde da mulher com SOP durante a gestação. No entanto, antes de realizar qualquer exercício físico, consulte o médico que acompanha sua gestação, pois, em alguns casos, a atividade física pode ser contraindicada.

Portanto, a SOP é uma condição que pode influenciar a gestação e que deve ser acompanhada com cuidado durante o pré-natal. No entanto, é importante ressaltar que a maioria das gestações de mulheres com SOP ocorre sem nenhuma complicação e com nascimentos saudáveis.

Quer saber mais sobre a SOP e o impacto dela na fertilidade feminina? Toque aqui!

Incompetência istmocervical: conduta

O pré-natal é uma das medidas mais importantes de cuidado que a gestante pode ter consigo mesma e com seu bebê. Afinal, nessa rotina de consultas obstétricas, é feito o acompanhamento da gravidez com a avaliação, prevenção e tratamento de fatores que podem colocar a mãe e o bebê em risco.

Além de acolher e de orientar a mulher, a rotina de pré-natal inclui um exame físico completo e exames periódicos, como a ultrassonografia. Um dos fatores são as características do colo do útero. Assim, é possível identificar a incompetência istmocervical.

O colo uterino é uma estrutura formada pela porção mais inferior do útero, estando localizada ao final da vagina. Ele apresenta um canal, que conecta a cavidade uterina com o canal vaginal. No final da gestação, o colo uterino se dilata até aproximadamente 10 centímetros para criar o canal de parto por onde passa o bebê.

Quando a dilatação do colo do útero ocorre precocemente de forma não dolorosa, mas persistente, durante o segundo trimestre de gestação, chamamos essa condição de incompetência istmocervical. Quer saber mais sobre ela e quais as condutas quando ela ocorre? Acompanhe até o final!

O que é incompetência istmocervical?

Como vimos, o colo uterino é uma estrutura muito importante durante a gestação. Antes do início do trabalho de parto, sua principal função é segurar o bebê dentro do útero, evitando um aborto ou um parto prematuro.

A parede do colo do útero apresenta células musculares lisas, assim como na parede do útero. Isso faz com que ele tenha a capacidade de se contrair e de se relaxar. Fatores hormonais, bioquímicos e físicos controlam o nível de contração do colo uterino (tônus). Durante a maior parte da gestação, essas células estão fortemente contraídas.

Um dos primeiros eventos do início do trabalho de parto é o relaxamento dessa contração, fazendo com o colo uterino se dilate progressivamente. Isso deve ocorrer idealmente após a 37ª semana de gestação e antes da 41ª semana de gestação.

A incompetência istmocervical pode ser definida como a dilatação precoce do colo uterino com as seguintes características:

  • Ocorre no segundo trimestre de gestação;
  • É uma dilatação não dolorosa;
  • Não está acompanhada de contrações uterinas anormais ou indicativas de trabalho de parto.

Ela geralmente é recorrente. Ou seja, se a mulher apresentou incompetência istmocervical em uma gravidez, é provável que a condição ocorra também em futuras gestações.

Apesar de as causas exatas não serem completamente esclarecidas, a condição decorre de uma fraqueza estrutural do colo do útero, cujos principais fatores de risco são:

  • Traumas cervicais em procedimentos ginecológicos prévios, como curetagem, histeroscopia, tratamento de neoplasias intraepiteliais cervicais ou cirurgia uterina;
  • Traumas cervicais durante o parto normal ou devido a intervenções obstétricas, como uso de fórceps.

Além disso, raramente é causada por anomalias congênitas.

Condutas e tratamento na incompetência istmocervical

As principais condutas na incompetência istmocervical são:

  • Cerclagem cervical — é um procedimento cirúrgico realizado durante a gravidez com o objetivo de prevenir o parto prematuro. Consiste em uma sutura circular do colo do útero para fortalecer e impedir que ele se abra antes do tempo;
  • Suplementação de progesterona — progesterona é um hormônio importante na manutenção da gravidez, ajudando a relaxar o útero e prevenir contrações prematuras.

Veja a seguir as situações em que elas podem ser indicadas:

Pacientes com histórico de incompetência istmocervical prévia

Nos casos de pacientes com história de incompetência istmocervical em gestações passadas, adota-se uma conduta preventiva. Ou seja, a intervenção é realizada mesmo sem uma dilatação atual.

A principal medida é a cerclagem entre a 12ª e a 14ª semana de gestação, pois isso pode reduzir significativamente o risco de perda gestacional e de parto prematuro. Alguns obstetras também podem indicar o uso de progesterona semanalmente entre a 16ª a 36ª semana de gestação.

Essas condutas também são indicadas para pacientes com perdas gestacionais frequentes durante o segundo trimestre de gestação, mesmo que não tenha sido feito o diagnóstico de incompetência istmocervical. Afinal, essa condição é a principal causa de aborto recorrente durante o segundo trimestre.

Pacientes diagnosticadas com incompetência istmocervical pela ultrassonografia

O principal critério para diagnosticar a incompetência istmocervical pela ultrassonografia é uma medida do colo menor ou igual a 25 milímetros antes de 24 semanas de gestação. Caso a paciente tenha uma história de nascimento prematuro associada à alteração ultrassonográfica, indica-se a cerclagem. A suplementação de progesterona associada à cerclagem pode ser feita a critério médico.

Pacientes diagnosticadas com incompetência istmocervical pelo exame físico

Nesse caso, a incompetência istmocervical é diagnosticada quando há evidência de dilatação do colo uterino durante o exame especular ou o toque vaginal. A conduta nessa situação é realizar exames para excluir a possibilidade de uma infecção intra-amniótica. Se a possibilidade dessa doença for excluída, indica-se a cerclagem.

Portanto, a incompetência istmocervical é uma condição em que o colo do útero encurta e se dilata prematuramente, aumentando o risco de parto prematuro e perda gestacional. As condutas adotadas não têm o objetivo de reverter a incompetência istmocervical, mas de evitar que essas complicações ocorram.

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O que é mastite?

A amamentação, embora seja um processo natural e importante para a saúde do bebê e da mãe. Nesse sentido, cada experiência de amamentação é única e, felizmente, muitas dificuldades (como a mastite) que aparecem podem ser superadas com orientação profissional e suporte adequado. Com isso, apesar dos contratempos, muitas mulheres relatam bastante satisfação ao final do processo de amamentação, reconhecendo-a como uma jornada recompensadora.

A amamentação é especialmente difícil nas primeiras semanas após o parto, em especial para mães de primeira viagem. Nos primeiros dias ou semanas, muitas mulheres experimentam dor nos mamilos ou desconforto durante a amamentação. Em alguns casos, pode ocorrer o ingurgitamento mamário, condição em que mamas ficam excessivamente cheias de leite, causando desconforto e dificultando a amamentação.

Caso persista e não seja tratado adequadamente, o ingurgitamento pode levar a problemas como mastite. A mastite é uma inflamação dolorosa da mama, geralmente causada por uma infecção bacteriana. Ela pode ocorrer também fora do contexto da amamentação e em lactantes sem ingurgitamento mamário, mas é menos comum.

A mastite pode ser bastante desconfortável para as mães que estão amamentando, mas geralmente pode ser tratada com sucesso por um médico. Por esse motivo, o acompanhamento ginecológico-obstétrico durante o puerpério e a amamentação é tão importante.

Quer saber mais sobre o que é a mastite, seus sintomas, como preveni-la e tratá-la? Acompanhe até o final!

O que é mastite?

A mastite é a inflamação das mamas, um problema comum que afeta principalmente mulheres que estão amamentando, durante o puerpério. No entanto, também pode ocorrer em mulheres que não estão amamentando e até mesmo em homens.

Causas da mastite

A principal causa da mastite é o acúmulo de leite nos ductos mamários, o que facilita a proliferação bacteriana. O ingurgitamento mamário pode ocorrer por diversos fatores, como:

  • Mamadas espaçadas ou irregulares;
  • Pega incorreta do bebê ao seio;
  • Fissuras mamárias, as quais também aumentam o risco de mastite;
  • Compressão dos seios por roupas apertadas.

Em alguns casos, o acúmulo de leite pode levar à proliferação de bactérias nos ductos mamários, causando a mastite infecciosa. As bactérias podem entrar pelas fissuras nos mamilos ou pelos ductos mamários. O uso de bombas tira-leite e conchas também são fatores de risco para mastite, pois esses objetos podem ser facilmente colonizados por bactérias.

Os principais microrganismos envolvidos nesse tipo de infecção são o Staphylococcus aureus e o Staphylococcus epidermidis, os quais estão presentes na flora microbiana da pele da maioria das mulheres.

Sintomas da mastite

Os principais sintomas de mastite são:

  • Dor na mama: é o principal sintoma da mastite, usualmente ocorre em apenas uma mama, descrita como uma sensação de queimação que piora com o toque e a amamentação;
  • Sinais inflamatórios: a mama afetada pode ficar inchada, quente ao toque e apresentar vermelhidão;
  • Febre e calafrios: em casos de mastite infecciosa, a mulher pode apresentar febre, calafrios, mal-estar e fadiga;
  • Alterações no leite materno: o leite materno pode apresentar grumos, espessamento ou coloração amarelada ou avermelhada.

A dor da mastite, comprometendo a capacidade de a mulher amamentar. Por esse motivo, precisa ser tratada rapidamente e com bastante atenção para não comprometer a experiência da mulher com a amamentação.

Diagnóstico da mastite

Em geral, o diagnóstico é clínico, isto é, com base nos sinais e sintomas da paciente identificados durante o exame médico. O médico começará avaliando os sintomas relatados pelo paciente, como dor, vermelhidão, inchaço e febre. Um exame físico cuidadoso da mama afetada será realizado para verificar sinais de inflamação, como calor e sensibilidade.

Tratamento da mastite

Se a mastite for causada por uma infecção bacteriana, o tratamento principal é o uso de antibióticos. O médico prescreverá um antibiótico adequado com base na suspeita clínica e nos resultados dos exames. É essencial completar o curso completo de antibióticos conforme prescrito pelo médico, mesmo que os sintomas melhorem antes do término do tratamento.

Caso o tratamento inicial não tenha o efeito desejado, podem ser requisitados outros exames, como:

  • Ultrassonografia para avaliar a presença de complicações, como o abscesso mamário;
  • Cultura de secreção mamilar com antibiograma para identificar se a infecção é causada por bactérias resistentes aos antibióticos usados no tratamento usual.

Por que amamentar é tão importante?

Se a mastite ocorrer durante a amamentação, é fundamental continuar amamentando na mama não afetada para prevenir o ingurgitamento dela. A mama afetada pode ser ordenhada regularmente para esvaziá-la e evitar complicações maiores. Isso também ajuda na recuperação. Para aliviar a dor, você pode aplicar compressas no local conforme indicado pelo médico. O uso de analgésicos deve ser feito sob orientação médica.

Continuar a amamentar, quando possível, é importantíssimo. Afinal, por meio do leite materno, a mãe oferece ao seu filho o alimento ideal para seu desenvolvimento físico, emocional e intelectual:

  • Nutrição completa: o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento do bebê nos primeiros seis meses de vida;
  • Fortalecimento do sistema imunológico: o leite materno é rico em anticorpos, células de defesa e outras substâncias que protegem o bebê contra infecções respiratórias, intestinais e até mesmo otite (infecção de ouvido);
  • Desenvolvimento da inteligência: o leite materno contém nutrientes importantes para o neurodesenvolvimento do bebê, como ácidos graxos ômega-3 e colina, que contribuem para a cognição, memória e aprendizado;
  • Formação de um vínculo afetivo único: a amamentação promove o contato pele a pele entre mãe e bebê, fortalecendo o vínculo afetivo entre eles.

Para a mãe, alguns benefícios são:

  • Recuperação pós-parto: a amamentação ajuda na involução do útero, diminuindo o risco de sangramento e acelera a recuperação da mãe;
  • Efeitos contraceptivos: a amamentação reduz o risco de uma nova gestação nos primeiros seis meses de lactação;
  • Redução do risco de ingurgitamento mamário: a maioria das mães que não amamentam continuam produzindo leite. Se esse leite não é liberado, ele se acumula nas mamas, aumentando o risco de ingurgitamento, o qual pode evoluir para a mastite.

Portanto, é importante procurar atendimento médico assim que os sintomas de mastite surgirem para receber um diagnóstico adequado e iniciar o tratamento precocemente. Isso geralmente resulta em uma recuperação mais rápida e completa da mastite.

Assim, você pode voltar a amamentar normalmente. Caso se sinta insegura para esse retorno, converse com seu médico para que ele a acolha e dê orientações para ajudá-la durante as mamadas.

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Dilatação: importância para o parto normal humanizado

O colo do útero é a parte inferior do útero que se projeta na vagina. Ele tem formato cilíndrico com cerca de 3 a 5 cm de comprimento e de 2,5 cm de diâmetro. No centro do colo do útero, encontramos o canal cervical, o qual conecta a cavidade uterina à vagina. Durante o parto normal, esse canal cervical se dilata para permitir a passagem do bebê.

A dilatação do colo do útero é um fenômeno fundamental no trabalho de parto, sendo medida constantemente pelos obstetras para identificar a evolução do parto. Nesse sentido, compreender esse processo é importante para as futuras mães se prepararem para o parto. Afinal, dentro dos princípios do parto humanizado, o protagonismo da mulher é muito valorizado e o conhecimento correto é uma parte fundamental desse objetivo.

Nesse sentido, a dilatação do colo do útero é um dos dados que uma gestante vai ouvir mais frequentemente durante o trabalho de parto normal. Ao entendê-la, podemos empoderar você a tomar decisões mais seguras a respeito do próprio parto. Além disso, saber o que está acontecendo no próprio corpo e entender a linguagem médica reduz medos e dúvidas, proporcionando uma experiência mais tranquila.

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O que é dilatação?

A dilatação é o aumento gradual do diâmetro do canal do colo uterino. O processo de dilatação do colo do útero é avaliado de acordo com três fases distintas do parto, cada uma com suas características e duração:

Fase latente

Marcada por contrações irregulares e leves, como cólicas menstruais. O colo do útero começa a se amolecer e afinar, um processo conhecido como “apagamento cervical”. Esse processo é mais comum em mães de primeira viagem (primíparas) e pode não ocorrer em mulheres que já tiveram outros partos (multíparas). Ao final da fase latente, a dilatação inicial geralmente é de 1 a 3 cm. Esse processo tem duração variável, podendo durar algumas horas ou até dias.

Fase ativa

As contrações se tornam mais intensas, frequentes e regulares, geralmente a cada 3 a 5 minutos. Com isso, estima-se que a dilatação aumenta de 1 a 2 centímetros a cada hora da fase ativa do parto. Isso estimula o colo do útero a se dilatar de forma rápida e progressiva, atingindo de 3 a 10 cm no final do processo. A duração média é de 4 a 6 horas em primíparas (primeiro parto) e 2 a 3 horas em multíparas (partos subsequentes).

Nesse período, é muito comum você ouvir a equipe obstétrica falar sobre o tamanho da dilatação do colo, visto que esse é um parâmetro muito importante. Em geral, isso não significa nenhum problema durante o parto.

Fase expulsiva

Com o colo do útero totalmente dilatado (10 cm), a mulher entra na fase expulsiva do parto. As contrações assumem um novo padrão, com a mulher sentindo a necessidade de empurrar o bebê para fora.

A duração dessa fase varia, mas geralmente dura até 3 horas em primíparas e 1 hora em multíparas. Nessa fase, a mulher recebe orientação da equipe obstétrica sobre as técnicas de empurrão e de respiração mais adequadas. Desse modo, você poderá fazer um esforço mais eficaz, reduzindo o risco de esgotamento durante o processo.

Essa fase pode ser acompanhada de bastante desconforto para algumas gestantes. Por isso, dentro dos princípios do parto humanizado, buscamos deixá-la o mais confortável possível tanto física quanto emocionalmente.

Assim, a mulher pode utilizar diversas técnicas para aliviar a dor, como banho morto, bolo suíça, exercícios pélvicos e técnicas de respiração profunda. Caso deseje, também pode receber uma analgesia apropriada para o parto. O apoio da equipe obstétrica e de familiares também é fundamental para encorajar e tranquilizar a mulher.

Dilatação no parto induzido humanizado

Existem dois marcos principais de dilatação que os obstetras observam no parto normal:

  • Colo uterino com dilatação de mais de 4 centímetros (maior do que duas polpas digitais), que é um dos sinais que indica a fase ativa do parto;
  • Um colo uterino com dilatação de aproximadamente 10 centímetros, que ajuda a indicar o início da fase expulsiva do parto.

Em alguns casos, a mulher não atinge esses marcos espontaneamente no momento adequado, o que pode causar sofrimento fetal ou esgotamento materno. Então, podem ser necessárias intervenções médicas.

Um princípio fundamental do parto humanizado é o uso das melhores evidências científicas, que devem ser individualizadas para cada gestante. Portanto, essas intervenções serão realizadas quando houver evidências de que o procedimento oferece mais benefícios do que riscos, sendo necessário para a evolução saudável do parto. Para isso, podem ser utilizadas medicações indutoras do parto, como a ocitocina.

Dilatação na cesariana

Na maior parte dos casos, a cesariana é realizada de forma eletiva sem que a mulher tenha entrado em trabalho de parto. Nesse sentido, o colo uterino não está dilatado no momento do parto. Contudo, existem as cesarianas intraparto, quando elas acontecem durante um trabalho de parto desfavorável e ocorre a necessidade do desfecho cirúrgico. Ainda assim, o parto deve seguir todos os princípios da humanização.

A dilatação no parto humanizado

O parto humanizado é uma abordagem centrada na mulher e em suas necessidades emocionais, físicas e sociais durante o trabalho de parto. Os princípios fundamentais do parto humanizado incluem:

  • Protagonismo da mulher: o respeito à autonomia da mulher, possibilitando que ela tome decisões informadas e participe ativamente do processo de parto;
  • Individualização biopsicossocial: promove o cuidado personalizado e individualizado, garantindo que a mulher seja tratada com dignidade e respeito por todo o pessoal envolvido no parto;
  • Obstetrícia baseada em evidências científicas: o parto humanizado também valoriza a redução de intervenções desnecessárias, utilizando procedimentos com indicações baseadas nas melhores evidências científicas.

Várias decisões médicas durante o parto são individualizadas de acordo com a dilatação e evolução que a gestante apresenta. Portanto, saber o que cada etapa significa pode ajudar você a ter mais tranquilidade e autonomia durante o trabalho de parto. Assim, é possível ter uma experiência mais positiva, contribuindo para o bem-estar tanto de você quanto do bebê, o que representa o grande objetivo do parto humanizado.

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Colo do útero: saiba mais sobre o que acontece durante a gestação

O colo do útero é uma estrutura muscular em forma de tubo que conecta o útero à vagina. Ele está localizado na parte inferior do útero, na extremidade superior da vagina. Em mulheres não grávidas, o colo do útero tem cerca de 2,5 a 3 cm de comprimento com superfície lisa e consistência firme.

Ele serve como um canal de passagem para o esperma durante a relação sexual e para o bebê durante o parto. Além disso, o colo do útero produz muco que atua como uma barreira de proteção contra infecções.

Esse muco pode ser mais ou menos espesso, dependendo da fase do ciclo menstrual. Quando está mais espesso, ele oferece proteção contra gestações. Durante a ovulação, o muco cervical se torna mais fino e elástico para facilitar a passagem dos espermatozoides em direção ao útero.

Por sua vez, durante a gravidez, o colo do útero permanece fechado para manter o feto no útero até o momento do parto. Ele também produz um tampão de muco que protege o ambiente intrauterino de infecções. Já no trabalho de parto, o colo do útero se dilata para permitir a passagem do bebê através do canal vaginal.

Quer saber sobre as mudanças pelas quais o colo do útero antes, durante e depois da gestação? Acompanhe até o final!

Mudanças no colo uterino ao longo da gestação

O colo do útero também se torna mais macio e flexível, perdendo a consistência firme que tinha antes da gravidez. Com a gestação, ele começa a amolecer, o que é resultado da reabsorção do colágeno, proteína que dá firmeza aos tecidos. Inclusive, um dos sinais que podem ajudar a diagnosticar uma gestação é o amolecimento do colo do útero, que fica com uma consistência parecida à dos lábios ao toque vaginal. Essa alteração é chamada de “regra de Goodell”.

O colo também passa por um processo de afinamento e encurtamento devido ao peso do bebê. Essa mudança é sutil no início da gravidez, mas se torna mais evidente à medida que as semanas de gestação passam.

Formação do tampão mucoso — Nas primeiras semanas de gravidez, um tampão mucoso se forma no canal cervical, bloqueando a entrada do útero. Esse tampão é composto por muco e células, e sua função principal é proteger o bebê de infecções.

O tampão mucoso geralmente é espesso e pegajoso, podendo apresentar uma coloração esbranquiçada ou levemente amarelada. Ele permanece no colo do útero durante a maior parte da gravidez. Ele geralmente apenas se desprende perto do parto, o que pode ser um sinal de que o trabalho de parto está começando.

Transformações do colo uterino em cada semestre de gestação

No primeiro trimestre de gestação, o colo uterino apresenta um tamanho entre 3 e 5 centímetros. No segundo trimestre, ele sofre uma pequena encurtada devido à pressão exercida pelo peso do bebê. Contudo, considera-se o colo curto quando mede menos do que 2,5 centímetros na ultrassonografia obstétrica do segundo trimestre. Nessa situação, pode ser necessária alguma intervenção médica para evitar partos prematuros ou perdas gestacionais.

No terceiro trimestre, à medida que o parto se aproxima, o comprimento do colo diminui até que não seja possível diferenciar o orifício interno do orifício externo. Esse fenômeno é conhecido como o apagamento cervical. É mais pronunciado em mulheres primíparas (nunca tiveram um parto), preparando-o para o parto. Essa mudança, contudo, é menos evidente em multíparas (mulheres que passaram por mais de um parto).

As mudanças do colo uterino durante o trabalho de parto

Enquanto o apagamento é a mudança no comprimento do colo do útero, a dilatação é o processo de abertura do colo do útero durante o trabalho de parto, sendo geralmente precedida pela perda do tampão mucoso. Ela é causada pelas contrações uterinas, que pressionam o colo do útero contra as paredes da vagina.

À medida que a fase ativa do trabalho de parto se inicia, o colo do útero começa se dilatar em um ritmo aproximado de 1 a 2 centímetros por hora, em média. No entanto, até 50% das mulheres podem passar por uma dilatação mais lenta.

Portanto, o processo de dilatação tende a ser lento e gradual, levando várias horas. A fase expulsiva do trabalho de parto geralmente ocorre quando a dilatação cervical atinge cerca de 10 cm. Com isso, há espaço suficiente para que o bebê para que o bebê possa nascer. Quando esse processo não ocorre espontaneamente, pode ser necessário induzir a dilatação.

Pós-parto e novas gestações

No pós-parto, o colo do útero passa por uma série de mudanças para voltar ao seu estado pré-gravidez. Esse processo é influenciado pela involução uterina, que geralmente leva de 6 a 8 semanas para ser concluído. As principais alterações que ocorrem no puerpério são:

  • Diminuição do tamanho: logo após a última fase do trabalho de parto (dequitação), o colo do útero começa a se contrair e diminuir de tamanho. No entanto, o fechamento completo ocorre gradualmente nos dias seguintes ao parto, podendo demorar algumas semanas para ser concluído;
  • Retorno à consistência pré-gravidez: ele se torna mais firme à medida que o processo de involução avança.

Essas mudanças são parte importante do processo de recuperação pós-parto. Por isso, o exame do colo uterino é uma medida importante nas consultas de puerpério.

Portanto, o colo do útero recupera grande parte de suas características pré-gravídicas no pós-parto. Com os cuidados adequados, a maioria das mulheres se recupera completamente e não apresenta nenhum problema a longo prazo.

A maioria das alterações mais prolongadas é benigna. Por exemplo, a cada parto normal que uma mulher tem, as chances de um apagamento e uma dilatação mais rápida aumentam (mas isso não é uma regra).

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O que é core abdominal?

O core abdominal é um conjunto de músculos que ajudam na sustentação e na estabilidade das estruturas que fazem parte do abdômen. A maior parte desses músculos forma a parede abdominal. Outra parte forma a base de sustentação da pelve, o assoalho pélvico. Em conjunto, eles apresentam as seguintes funções:

  • Estabilização do corpo: o centro de gravidade do corpo geralmente está no abdômen. Então, os músculos do core se movem para nos ajudar a equilibrar em movimentos;
  • Manutenção de uma postura ereta e estável;
  • Transferência de força entre os membros inferiores e superiores: isso é necessário em atividades, como levantar um objeto do chão;
  • Suporte da coluna: uma parte significativa dos músculos do core abdominal se insere na coluna. O tônus deles ajuda a estabilizar a coluna.

Nesse sentido, os músculos do core abdominal são fundamentais durante a gestação e o parto, pois ajudam o corpo da mulher a se adaptar ao peso crescente do bebê em desenvolvimento. Quer saber mais sobre o tema

O que é core abdominal?

O core abdominal é um conjunto de músculos que formam a parede e a base do abdômen:

  • Transverso abdominal: é o músculo mais profundo do abdômen. Ele se fixa nos ossos que delimitam o abdômen. Posteriormente, fixa-se na coluna vertebral. Superiormente, fixa-se nas costelas. Inferiormente, fixa-se na pelve. Com isso, pode ser considerado como um “espartilho” interno, sendo responsável por comprimir os órgãos internos e estabilizar a coluna vertebral;
  • Oblíquos abdominais internos: estão localizados nas laterais do abdômen. No lado direito, origina-se na crista ilíaca, ligamento inguinal e fáscia toracolombar. No lado esquerdo, origina-se na crista ilíaca, fáscia toracolombar e os três quartos superiores da crista ilíaca. Suas principais funções estão relacionadas a flexionar, girar e estabilizar o tronco;
  • Oblíquos abdominais externos: o músculo oblíquo externo tem origem nas costelas inferiores e na fáscia toracolombar. Atuam em movimentos, como flexão lateral do tronco e rotação do tronco para o lado oposto;
  • Reto abdominal: o reto abdominal é o responsável pela forma conhecida popularmente como “tanquinho”. Ele é o principal músculo que realiza a flexão do tronco. Apesar de estar na face oposta à coluna vertebral, é um dos músculos mais importantes para estabilizá-la. Quando estão enfraquecidos, fazem com que a coluna torácica se projete para frequente e a coluna lombar se retifique;
  • Quadrado lombar: é um músculo mais interno, estando localizado na face posterior do abdômen. Ele se inicia na última costela e se prolonga até a crista ilíaca (borda superior da pelve). O quadrado lombar atua principalmente na estabilização da coluna lombar durante atividades que envolvem movimentos do tronco, como inclinação lateral e extensão.

A porção interior do core abdominal é composta pelos músculos do assoalho pélvico, que sustentam os órgãos pélvicos e ajudam a controlar a continência urinária e a continência fecal. Os principais músculos do assoalho pélvico são:

  • Isquiocavernosos: são músculos localizados na região do períneo. São responsáveis por ajudar a manter a ereção do clitóris;
  • Bulbocavernosos: Os músculos bulbocavernosos estão localizados no períneo. Contrair os bulbocavernosos ajuda a aumentar a pressão no corpo esponjoso do clitóris, além de auxiliar na ereção e na expulsão de urina;
  • Transversos Superficial e Profundo do Períneo: o transverso superficial está localizado mais superficialmente, enquanto o transverso profundo está mais profundamente no períneo. Esses músculos auxiliam na sustentação dos órgãos pélvicos e participam no controle da micção e defecação;
  • Esfíncter Anal Externo: O esfíncter anal externo é um músculo localizado ao redor do ânus, sendo responsável por controlar a abertura do ânus e permitir o controle voluntário da defecação.

Core abdominal e gestação

O corpo feminino passa por diversas modificações fisiológicas durante a gestação, e os músculos do core abdominal não são exceção. Essas alterações são causadas por processos, como:

  • Aumento Uterino: o crescimento gradual do útero para abrigar o feto aumenta a pressão sobre os órgãos abdominais, incluindo os músculos do core. Isso pode levar ao estiramento muscular, especialmente à medida que a gravidez avança. Essa pressão pode resultar na diástase dos retos abdominais, caracterizada pela separação desses músculos na região da linha média do abdômen. Os músculos do assoalho pélvico também podem ser afetados, aumentando as chances de sintomas, como a incontinência urinária;
  • Postura alterada: o aumento da proeminência abdominal e o deslocamento do centro de gravidade da mulher grávida podem levar a alterações posturais, como lordose (excessiva curvatura da coluna lombar) e cifose (excessiva curvatura da coluna torácica). Essas alterações posturais podem tensionar os músculos do core e aumentar o risco de lombalgia;
  • Aumento do Peso: O ganho ponderal durante a gestação impõe sobrecarga adicional aos músculos do core, exigindo maior força e resistência para manter a estabilidade do tronco.

Parto

O parto, seja normal seja cesárea, representa um grande desafio físico para o corpo da mulher. Durante o processo, os músculos do core são intensamente solicitados, podendo sofrer estiramentos, lacerações e enfraquecimento. Assim, após o parto, os músculos abdominais podem levar algum tempo para se recuperar do estiramento. Por isso, podem ser indicados exercícios específicos de fortalecimento do core abdominal, especialmente para pacientes sintomáticas.

Como fortalecer os músculos do core abdominal?

Os principais exercícios utilizados para o fortalecimento do core abdominal durante a gestação são:

  • Exercícios de fortalecimento da parede abdominal: são exercícios abdominais adaptados, como pranchas, levantamentos laterais de pernas e inclinações pélvicas. Contudo, não são como os exercícios feitos normalmente na academia. Eles são adaptados para mulheres grávidas. Então, são realizados com a coluna em posição neutra, isto é, sem arquear ou estender excessivamente as costas. Também não envolvem um aumento significativo da pressão abdominal;
  • Exercícios de Kegel: são exercícios específicos para que envolvem a contração e o relaxamento dos músculos do assoalho pélvico, que, por serem mais internos, são mais difíceis de mobilizar em exercícios comuns.

Esses exercícios podem também ser praticados durante o puerpério para potencializar a recuperação dos músculos do core abdominal no pós-parto.

Fortalecer os músculos do core abdominal durante e após a gestação pode ajudá-la a lidar melhor com as mudanças do corpo, aliviar dores nas costas, melhorar a postura, preparar-se para o parto e evitar algumas complicações pós-parto (como a diástase abdominal e o prolapso genital).

Esses exercícios sempre devem ser indicados e supervisionados por um médico ou um obstetra de forma individualizada para cada mulher. Portanto, fazê-los por conta própria pode trazer malefícios em vez de benefícios.

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Gravidez: é obrigatória a suplementação de ferro?

Garantir uma ingestão adequada de ferro por meio da dieta é essencial para manter a saúde e o bem-estar do corpo humano, especialmente durante o desenvolvimento fetal. Por isso, frequentemente é necessária a suplementação do ferro na gravidez.

Afinal, ele é um componente fundamental da hemoglobina, uma proteína presente nos glóbulos vermelhos do sangue. A hemoglobina se liga ao oxigênio nos pulmões e o transporta para os tecidos do corpo, onde é necessário para produzir energia. Sem ferro suficiente, a capacidade do sangue de transportar oxigênio é comprometida, levando à anemia.

O ferro também é um componente essencial de outras proteínas e enzimas envolvidas em várias reações metabólicas no corpo. Essas proteínas e enzimas desempenham papéis vitais no metabolismo energético, na produção de DNA e na função imunológica.

Devido ao crescimento e desenvolvimento acelerado de uma nova vida dentro do corpo da mulher, a demanda de ferro cresce bastante. Quer saber mais sobre a suplementação de ferro? Acompanhe até o final!

Por que a necessidade de ferro aumenta na gestação?

O ferro é imprescindível durante a gestação devido ao aumento da demanda por esse mineral a fim de para sustentar o desenvolvimento saudável do feto e para atender às necessidades da mãe.

Produção de hemoglobina

Durante a gravidez, o volume sanguíneo da mulher aumenta para fornecer oxigênio e nutrientes ao feto em crescimento, o que requer uma maior produção de glóbulos vermelhos. O volume de sangue da mulher aumenta em até 50%, e o ferro é necessário para a produção de mais hemoglobina, a fim de garantir o transporte adequado de oxigênio para a mãe e para o bebê em desenvolvimento.

Desenvolvimento fetal

Por estar envolvido na multiplicação celular, o ferro é essencial para a formação dos órgãos, tecidos e ossos do feto, além de contribuir para a produção de glóbulos vermelhos do próprio bebê.

 

Desenvolvimento neurológico

O ferro é essencial para o desenvolvimento cerebral e neurológico do bebê, sendo necessário para a produção de mielina, uma substância que reveste os nervos. A carência de ferro no desenvolvimento fetal pode aumentar o risco de déficits motores e cognitivos nos primeiros anos de vida do bebê.

Prevenção de complicações gestacionais

A deficiência de ferro durante a gravidez pode resultar em complicações sérias, como parto prematuro, baixo peso ao nascer e aumento do risco de mortalidade materna e infantil.

Reserva para o Parto e Amamentação

Devido à importância do ferro, o nosso organismo tem diversos mecanismos para armazená-lo. Durante o parto, as reservas de ferro do corpo da mãe podem ser utilizadas. Caso a paciente não ingira uma quantidade adequada de ferro durante a amamentação e as reservas estejam baixas, o bebê pode sofrer com carência de ferro, pois o leite materno é frequentemente seu único alimento.

A suplementação de ferro é obrigatória?

A suplementação de ferro durante a gestação não é obrigatória, mas é fortemente recomendada pelas principais autoridades de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde do Brasil e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

A suplementação de ferro pode ser feita com diferentes finalidades durante a gestação:

  • Suplementação profilática geral (preventiva), isto é, para todas as mulheres saudáveis com ou sem risco para anemia;
  • Suplementação profilática para mulheres com risco aumentado de anemia (preventiva);
  • Suplementação terapêutica, indicada como tratamento para mulheres com anemia diagnosticada.

Nesse sentido, todas as gestantes, mesmo sem anemia, podem receber a indicação de suplementação oral de ferro elementar, iniciando o mais precocemente possível, preferencialmente no primeiro trimestre. A suplementação oral pode ser mantida por até 3 meses após o parto (ou aborto) para repor as reservas de ferro da mulher. Gestantes com anemia ferropriva podem precisar de doses maiores de ferro ou de outras formas de suplementação, como ferro intravenoso.

 

Suplementação de ferro nos primeiros anos de vida da criança

A suplementação profilática também está indicada para todas as crianças nos primeiros anos de vida. Para bebês nascidos a termo, em aleitamento materno exclusivo e sem risco de anemia, indica-se a suplementação a partir do 6º mês de vida até os 2 anos de idade. Para bebês com fatores de risco de anemia, as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria são:

Situação Recomendação
Recém-nascidos a termo, peso adequado para a idade gestacional, em aleitamento materno exclusivo Suplementação de ferro a partir dos 3 meses de vida até o bebê completar 2 anos de idade
Recém-nascidos a termo, peso adequado para a idade gestacional, independentemente do tipo de alimentação Suplementação de ferro a partir dos 3 meses de vida até o bebê completar 2 anos de idade
Recém-nascidos a termo com peso inferior a 2.500 g. Suplementação de ferro a partir de 1 mês de vida até o bebê completar 2 anos de idade.

 

Portanto, a suplementação de ferro é uma medida importantíssima para a prevenção e o tratamento da anemia ferropriva na mãe e no feto. O fato de ela não ser obrigatória não reduz sua importância. Siga sempre as recomendações do seu obstetra para garantir a sua saúde e a de seu bebê.

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Analgesia no parto normal: como é feita?

A analgesia no parto normal (controle da dor) é um tema muito relevante, visto que muitas mulheres têm medo de sentir dor durante o trabalho de parto. Ela ainda é confundida com a anestesia, que é uma das formas de controlar a dor. A anestesia se refere à perda total ou parcial da transmissão nervosa da dor, o que pode afetar sensações dolorosas, táteis, térmicas e proprioceptivas.

Ela pode envolver o uso de agentes anestésicos locais, regionais ou gerais. Os anestésicos locais são aplicados apenas na região onde se sente a dor, bloqueando todas as sensações. As regionais são aplicadas dentro da coluna vertebral e reduzem a sensibilidade de todo um segmento do corpo, como os membros inferiores. A anestesia geral age no sistema nervoso central, geralmente levando a pessoa a um estado de inconsciência. No parto, quando anestésicos são utilizados, eles são regionais.

A analgesia, por sua vez, refere-se especificamente ao controle específico da dor. Uma das estratégias de analgesia é a aplicação de anestésicos. Contudo, há outras técnicas de analgesia, e a analgesia não necessariamente envolve a perda de outras sensações além da dor. Isso é muito importante no contexto do parto normal, pois é importante que a mulher mantenha a sensibilidade. Quer saber mais sobre a analgesia no parto normal? Acompanhe até o final!

O que é parto normal humanizado?

O parto normal humanizado é o parto realizado através do canal vaginal, seguindo os seguintes princípios:

  • Protagonismo da mulher: a mulher é vista como a protagonista do seu próprio parto. Ela é encorajada a participar ativamente das decisões relacionadas ao seu cuidado, tendo voz e autonomia para escolher as melhores opções para si e para seu bebê. Nesse sentido, sempre que possível, é ela que escolhe a posição de parto, o método de analgesia (se desejar), a presença de acompanhante na sala de parto, entre outros pontos;
  • Individualização biopsicossocial: reconhece-se que cada mulher é única e possui suas próprias necessidades físicas, emocionais, sociais e culturais. Portanto, o cuidado durante o parto é personalizado, levando em consideração não apenas aspectos médicos, mas também o contexto global da mulher. Com base no suporte médico individualizado, a mulher elabora um plano de parto que reflita suas preferências e prioridades, que serve como guia para a equipe médica durante o trabalho de parto, assegurando o respeito aos seus desejos;
  • Técnicas baseadas em evidências científicas: o parto normal humanizado busca utilizar práticas baseadas em evidências científicas, priorizando intervenções que são comprovadamente seguras e benéficas para a saúde da mãe e do bebê. Isso envolve evitar intervenções desnecessárias, respeitando o processo fisiológico e natural do parto sempre que possível.

Nesse sentido, no parto normal humanizado, uma das decisões que a gestante pode tomar é em relação às técnicas de controle da dor.

Como é feita a analgesia no parto normal?

Dentro dos princípios do parto humanizado, as preferências da mulher são sempre consideradas nas decisões do parto. Então, você pode escolher, por exemplo, se deseja ou não utilizar a anestesia durante o parto.

No entanto, a escolha do tipo de analgesia no parto normal é mais complexa, envolvendo uma equipe com obstetras, neonatologistas e anestesistas. Para manter seu protagonismo, a equipe poderá conversar a respeito dos tipos de anestesia, citando os riscos e os benefícios de cada um deles.

Depois de acolher suas preferências, o tipo de anestesia utilizado dependerá também de outros fatores, como da avaliação clínica da equipe médica e da disponibilidade de recursos no local do parto. Ou seja, no parto normal considerado humanizado, busca-se sempre um equilíbrio entre o protagonismo da mulher e a segurança maternofetal. Veja, a seguir, as opções:

Anestesia

Os principais tipos de anestesia utilizados na obstetrícia são:

  • Raquianestesia: a raquianestesia envolve a administração de anestésicos diretamente no líquido cefalorraquidiano (espaço subaracnóideo) da coluna vertebral, resultando em um bloqueio mais rápido e eficaz da dor. No entanto, a raquianestesia isolada é mais comumente usada para cesarianas, pois causa um bloqueio maior da sensibilidade;
  • Epidural: a analgesia epidural é uma técnica amplamente utilizada para alívio da dor durante o trabalho de parto. Envolve a inserção de um cateter na região epidural, que fica fora da membrana que envolve a medula espinhal. A aplicação de um anestésico nessa região bloqueia a transmissão das sensações de dor da região da pelve. No entanto, pode estar associada a efeitos colaterais, como o enfraquecimento das contrações uterinas, o que pode prolongar o trabalho de parto em algumas situações;
  • Duplo bloqueio (o mais indicado na atualidade): após a aplicação de uma raquianestesia com doses menores de anestésicos, um cateter epidural é inserido na mesma região e usado para administrar doses adicionais de anestésico conforme necessário para manter o alívio da dor ao longo do trabalho de parto. Além disso, pode permitir uma redução da dose total de anestésico local necessária, potencialmente diminuindo o risco de efeitos colaterais. Entre seus benefícios, portanto, estão um menor bloqueio motor e uma dilatação mais rápida do colo uterino.

Outras estratégias

  • Respiração diafragmática: essa técnica ajuda a controlar a ansiedade e a reduzir a percepção da dor;
  • Visualização: criar imagens mentais positivas pode auxiliar no relaxamento e no manejo da dor;
  • Caminhar, agachar-se e ajoelhar-se: Facilitam o trabalho de parto e podem aliviar a dor;
  • Bola: auxilia na mudança de posições e no relaxamento muscular;
  • Banho de imersão em água morna: Relaxa os músculos e diminui a percepção da dor.

Além das estratégias não medicamentosas, podem ser empregados também analgésicos endovenosos ou intramusculares para redução da dor.

Portanto, o parto é uma experiência única e transformadora. A escolha da analgesia no parto normal deve ser feita de forma individualizada, com foco no protagonismo da mulher e nas melhores evidências científicas, pesando os riscos e os benefícios para cada situação.

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