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Ultrassom do segundo trimestre para medição do colo uterino

O colo do útero é um órgão localizado entre a vagina e o útero, conectando esses dois órgãos femininos. Ele mede cerca de 2 a 4 cm de comprimento fora das gestações. Ele é constituído de tecido conjuntivo e músculo liso, que são cobertos por células de revestimento (epitélio) e células glandulares.

Durante o segundo trimestre das gestações, a medição do colo uterino é um indicador importante para avaliar o risco de parto prematuro. Quer entender melhor o tema? Acompanhe!

O que é o colo uterino?

O colo uterino pode ser dividido em 2 partes principais:

  • Endocérvice — ele reveste o canal que conecta a vagina ao útero (canal endocervical), sendo formado por células secretoras de muco;
  • Ectocérvice — é a parte externa do colo do útero, localizando-se no fundo da vagina. Células escamosas revestem a ectocérvice e a vagina. Elas são planas e finas, parecendo escamas de peixe ao microscópio.

Durante uma gravidez, o colo uterino passa por diversas transformações. Próximo ao final da gestação, seu comprimento diminui e seu orifício dilata. No entanto, ele também pode encurtar precocemente, o que aumenta o risco de trabalho de parto prematuro.

Em outras palavras, o colo curto aumenta as chances de que o trabalho de parto comece entre 24 semanas e 36 semanas e 6 dias de gravidez.

Funções do colo uterino

Durante a gravidez, a principal função do colo do útero é sustentar o peso do feto e da bolsa amniótica a fim de mantê-los dentro do útero. Para isso, durante a maior parte da gestação, os músculos lisos desse órgão estão fortemente contraídos. Além disso, o órgão se torna mais espesso e endurecido.

À medida que o momento do parto se aproxima, o colo do útero amolece, encurta e dilata, preparando-se para a saída do feto. Essas modificações são uma das primeiras evidências que seu obstetra terá para identificar que o momento do parto está próximo.

Em algumas mulheres, no entanto, o amadurecimento cervical pode acontecer precocemente (ainda no segundo trimestre) e levar a abortamentos ou partos prematuros.

Ultrassonografia do segundo semestre

No primeiro trimestre de gestação, a principal preocupação é a avaliação da morfologia do bebê para avaliar malformações congênitas. Já no segundo trimestre, à medida que o bebê cresce e a gestação avança, passamos também a investigar fatores que podem levar a um parto prematuro. Nesse sentido, a medida da espessura do colo uterino pela ultrassonografia transvaginal é fundamental.

Ela permite o diagnóstico de condições que acometem até 8% das gestantes: uma possível incompetência istmocervical e o colo curto. Na literatura médica, já está bem estabelecido que esses dois fatores estão relacionados a uma maior chance de partos após 20 a 24 semanas de idade gestacional.

A ultrassonografia transvaginal é o método mais preciso para a medição do colo uterino. Ela é feita com a introdução de uma “sonda” fina na vagina com a paciente em posição ginecológica. Entre as suas vantagens em relação ao ultrassom abdominal, estão:

  • pode avaliar precisamente outros fatores cervicais, como o posicionamento;
  • maior sensibilidade para avaliar se a paciente tem um colo curto. Em outras palavras, ele tem uma maior capacidade de identificar o colo curto em pacientes que realmente tem a condição.

A Sociedade de Medicina Materno-Fetal (SMFM), por exemplo, recomenda medir comprimento cervical tanto em pacientes de alto quanto de baixo risco. A principal finalidade desse exame é a prevenção de parto prematuro, que é mais comum em mulheres com colo curto (comprimento menor do que 25 milímetros, que equivalem a 2,5 centímetros.

A medição do comprimento cervical ao longo do pré-natal é feita com a ultrassonografia transvaginal (USTV). Apesar de ser importante para grande parte das gestantes, ela é fundamental para pacientes com história de parto prematuro espontâneo em uma gravidez anterior. Afinal, essa complicação pode ter ocorrido devido a uma predisposição.

No entanto, existem alguns casos em que a medida do colo uterino pode ser contraindicada, como:

  • pacientes com cerclagem cervical;
  • presença de gestação múltipla;
  • placenta prévia.

A medida do comprimento cervical pelo ultrassom pode mostrar que o comprimento do colo do útero é:

  • menor do que 2,5 centímetros (25 mm). Com isso, pode ser necessária uma intervenção médica, como a aplicação de progesterona na vagina ou a cerclagem (um procedimento invasivo) e dependendo da idade gestacional pode se utilizar um pessário também;
  • menor que 29 milímetros, mas maior que 25 milímetros. Assim seu médico pode recomendar ultrassonografias mais frequentes para monitorar o comprimento cervical;
  • maior do que 3,0 centímetros, que é o tamanho de colo normal.

Em gestações múltiplas, contudo, a medida do comprimento cervical não é o melhor indicador de maior risco de parto prematuro. Nesse caso, o melhor critério é a dilatação do canal cervical maior do que 1,0 centímetro.

Tratamento

A aplicação de progesterona vagina é uma intervenção menos invasiva, mas eficaz em diversos casos de colo curto. Os estudos mostram que ela reduz o risco de parto prematuro em pacientes que preenchem todos os seguintes critérios:

  • assintomáticas;
  • gravidez única (um único feto);
  • gestação sem complicações atualmente;
  • sem história prévia de perdas gestacionais no segundo trimestre;
  • comprimento cervical menor ou igual a 25 milímetros.

A cerclagem, que é a aplicação de suturas para fechar mecanicamente o colo uterino, é indicada quando a paciente tem colo curto, associado a um dos seguintes critérios:

  • história de perda gestacional espontânea no segundo trimestre;
  • história de cerclagem prévia;
  • dilatação cervical perceptível no exame físico do pré-natal do segundo trimestre;
  • dilatação cervical maior do que 1,0 centímetros em gestações múltiplas.

Portanto, em um pré-natal humanizado, fazemos uma avaliação individualizada dos indicadores que podem mostrar uma potencial evolução desfavorável da gestação, inclusive a medição do colo uterino.

A partir disso, podemos indicar intervenções baseadas em evidências científicas a fim de reduzir esse risco. Em cada etapa, você será informada sobre tudo o que está acontecendo e participará de cada decisão, mantendo seu protagonismo durante todo o processo.

Quer saber mais sobre os exames realizados em cada trimestre de gestação? Confira este artigo completo sobre o tema!

Ocitocina no parto normal: conheça os detalhes

O trabalho de parto geralmente ocorre em quatro estágios (latente, ativa, expulsiva e dequitação), cada um com seu próprio conjunto de eventos físicos, hormonais e emocionais. A ocitocina é um hormônio que desempenha um papel essencial nesse processo.

Durante o trabalho de parto, quando o feto (geralmente a cabeça) pressiona o colo do útero, são enviados sinais neurais ao cérebro. Isso estimula a liberação de ocitocina pela hipófise, uma glândula conectada ao sistema nervoso central. Então, esse hormônio estimula as contrações do útero, intensificando e acelerando as contrações uterinas.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

O que é ocitocina?

A ocitocina é um hormônio, ou seja, uma substância que age como moléculas mensageiras circulando pela corrente sanguínea para enviar instruções aos órgãos, músculos e outros tecidos do corpo. Esses sinais permitem que seu corpo saiba quais ações tomar e quando fazê-las.

No caso da ocitocina, ela regula componentes essenciais dos sistemas reprodutores feminino e masculino, como trabalho de parto e lactação e certos comportamentos humanos. Por esse motivo, as formas sintéticas da ocitocina podem ser utilizadas para a indução do trabalho de parto.

Funções da ocitocina

A ocitocina tem duas funções principais no corpo:

  • estimular a contração do útero durante o trabalho de parto;
  • ajudar na liberação de leite materno, fazendo com que as glândulas dos seios se contraiam para ejetar o leite.

Além disso, a ocitocina estimula a produção de prostaglandinas, outro grupo de hormônios que promovem o trabalho de parto e tornam as contrações ainda mais poderosas. Em partos bem-sucedidos, essa coordenação hormonal é fundamental para que o trabalho de parto progrida além do nascimento do bebê.

Apesar de outras funções da ocitocina não serem bem estabelecidas. Acredita-se que ela tem uma grande influência em muitos comportamentos humanos, como:

  • aumentar a excitação sexual;
  • gerar sentimentos de confiança;
  • auxiliar na formação de fortes laços entre pais e filhos.

Indução do parto normal com ocitocina

A ocitocina é o método mais utilizado para induzir o parto normal quando a gestante tem um colo favorável e a gestação é viável. Quando o caso não preenche esses dois requisitos, podemos utilizar outros métodos de indução do trabalho.

Por exemplo, em partos com colo desfavorável, entretanto, preferimos a utilização das prostaglandinas. No entanto, caso as prostaglandinas não estejam disponíveis ou haja contraindicação a seu uso, a ocitocina pode ser empregada como alternativa.

A ocitocina é comumente administrada por via endovenosa lentamente. Durante o período de infusão, monitoramos a resposta uterina e a frequência cardíaca fetal. Além disso, o médico estará todo o tempo atento ao parto para evitar complicações. Veja, a seguir, algumas das indicações da ocitocina para a indução do parto.

Ruptura prematura de membranas

A ruptura prematura de membranas (PROM) a termo é a ruptura de membranas corioamnióticas (“bolsa”) que ocorre antes do início do trabalho de parto, mas depois de 37 semanas de gestação. Está presente em até 8% dos partos a termo. Apesar de geralmente não causar nenhuma complicação grave, deve ser manejada com cuidado, pois pode levar à corioamnionite e ao prolapso do cordão umbilical.

O diagnóstico não exige nenhum exame, sendo feito com base nos sinais e sintomas que você relata ao médico. Em geral, os mais comuns são o escape e o acúmulo de um líquido claro na vagina da mulher. Alguns testes bioquímicos, realizados com tiras reagentes, podem ser feitos para ajudar no diagnóstico.

Depois disso, realizamos uma avaliação, que inclui:

  • uma ultrassonografia transvaginal para identificar a apresentação fetal;
  • avaliação das condições fetais, como a frequência cardíaca;
  • avaliação materna com medição da pressão arterial, exame especular e monitoramento da atividade uterina (tocografia).

Os estudos mostram que ruptura prematura de membranas a termo é uma das condições com melhores evidências de benefício de indução do parto com ocitocina. Em geral, os estudos sobre parto nos mostram que esperar o processo natural do parto traz mais benefícios do que a intervenção médica.

Se a apresentação do bebê estiver favorável, seu médico pode intervir precocemente com a indução do parto pela ocitocina. O ideal é que isso ocorra dentro de 24 horas após a ruptura. Isso pode ser melhor do que aguardar a evolução do trabalho de parto espontaneamente, principalmente no caso de você estar colonizada por bactérias relacionadas a infecções maternofetais pós-parto.

Distocia

Distocia é um termo médico usado para descrever o trabalho de parto difícil ou prolongado. Pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo:

  • tamanho ou posição fetal desfavoráveis;
  • insuficiência das contrações uterinas;
  • colo uterino com dilatação inadequada.

Pacientes com distocia associada a sinais de esgotamento materno ou sofrimento fetal podem precisar da ocitocina para fornecer uma ajuda adicional durante o trabalho de parto. Isso pode evitar, por exemplo, a conversão de um parto normal em cesariana.

Outras situações

Após uma avaliação individualizada, outras situações podem levar ao uso da ocitocina, como:

  • Gravidez pós-termo;
  • Pré-eclâmpsia, eclâmpsia, síndrome HELLP, hipertensão gestacional, hipertensão crônica;
  • Diabetes gestacional;
  • Restrição do crescimento fetal;
  • Corioamnionite;
  • Oligoidrâmnio;
  • Colestase da gravidez;
  • Aloimunização com anemia fetal;
  • Gravidez de gêmeos.

Portanto, o trabalho de parto deve ser induzido com ocitocina apenas em situações em que os benefícios superem os riscos de aguardar a evolução natural do processo. Em partos não complicados, sugere-se que as mulheres evitem a indução do parto sem necessidade médica. Afinal, isso aumenta as chances de prolongamento do trabalho de parto e de uma cesariana.

Quer saber mais sobre o parto induzido? Confira nosso artigo completo sobre o tema!

Incontinência urinária durante a gestação: saiba se é normal e o que fazer

A incontinência urinária é a perda involuntária de urina. Pessoas com essa condição têm dificuldade em controlar a bexiga e/ou vontade intensa de ir ao banheiro. Por exemplo, você pode ter perdas de urina entre as idas ao banheiro, sentir urgência em ir ao banheiro com frequência e ter uma sensação desesperada de precisar ir o tempo todo.

Isso pode resultar de vários motivos, como a gravidez, complicações do parto ou simplesmente o passar dos anos. Hoje, vamos focar na incontinência urinária durante a gestação e explicar um pouco o que acontece no pós-parto. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

É normal incontinência urinária durante a gestação? O que acontece?

Sim! A incontinência urinária é um dos sintomas mais comuns ao longo de toda a gestação, podendo acometer entre 30% e 46% das grávidas. Ela pode se iniciar logo no primeiro e segundo trimestre, pois a gestação altera os níveis de alguns hormônios que controlam a quantidade de urina que o rim produz.

No entanto, ela é muito mais comum no terceiro semestre, podendo ser relatada por até 65% das mulheres. Isso se deve principalmente ao aumento do peso do feto e do volume uterino. Isso leva a uma maior pressão sobre a bexiga, órgão que armazena a urina, diminuindo o controle voluntário que você tem sobre ela.

O tipo mais comum nessa fase da gestação é a incontinência urinária de estresse, que é caracterizada pelo escape de urina durante atividades que aumentam a pressão abdominal. Isso faz com que o útero comprima a bexiga, levando à liberação de um pequeno volume desse líquido.

Os estudos mostram que esse tipo de incontinência pode acometer cerca de 37% das mulheres nas últimas semanas de gestação. Em casos leves, acontece apenas quando a paciente faz um esforço mais intenso, como subir uma escada.

Em outros casos, ocorre com ações simples, como tossir, espirrar ou dar uma gargalhada. Isso pode trazer constrangimento para a paciente, mas é importante entender que é uma manifestação comum da gestação. Não significa a existência de nenhuma anormalidade.

A incontinência de urgência é outro tipo de incontinência bem comum em gestantes no terceiro trimestre, sendo caracterizada por episódios de vontade urgente de ir ao banheiro. Muitas vezes, a perda de urina ocorre antes de chegar ao vaso sanitário. Isso acontece devido ao menor espaço disponível para a bexiga expandir à medida que chega mais urina. Quando ela atinge a sua capacidade atual, ela envia um sinal para o cérebro, provocando a vontade de urinar.

Outras manifestações urinárias da gestação

Na gestação outras manifestações urinárias, semelhantes à incontinência, podem ocorrer. Entre as mais comuns, estão:

  • a noctúria, que é a vontade de urinar durante a noite, mesmo depois de já ter ido para cama. Cerca de 66% das gestantes experimentam esse sintoma no terceiro trimestre;
  • o aumento da frequência urinária, que acomete aproximadamente 59% a 81% das pacientes.

Essas duas condições também estão relacionadas ao aumento do útero, que reduz o espaço disponível na bexiga, e à pressão do feto sobre esse órgão.

Fatores de risco

Há alguns fatores que podem estar relacionados com um maior risco de incontinência urinária nas gestações, como:

  • idade materna maior do que 35 anos;
  • índice de massa corporal elevado;
  • história familiar de incontinência urinária.

O que pode ser feito para minimizar a incontinência urinária durante a gestação?

O tratamento da incontinência urinária durante a gestação se concentra no fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico por meio da fisioterapia pélvica. Nela, são feitos exercícios que envolvem contrair e relaxar os músculos da região para fortalecê-los e devem ser feitos de forma supervisionada, sob orientação de um médico ou fisioterapeuta experiente no acompanhamento de gestantes.

Uma vantagem importante desses benefícios é a possibilidade de realizá-los preventivamente. Em outras palavras, se você tiver risco de desenvolver incontinência urinária durante a gestação, poderá realizar o fortalecimento do assoalho pélvico antes mesmo dos sintomas começarem. Os seus benefícios podem se estender até 12 meses após o parto, reduzindo também a incontinência no pós-parto.

Durante as gestações, as medicações para incontinência urinária são geralmente contraindicadas. No entanto, em casos graves, essa e outras intervenções podem ser avaliadas individualmente por seu médico.

A incontinência urinária no pós-parto

A incontinência urinária pode se manter no pós-parto devido a lesões nos músculos do assoalho pélvico e outras causas. Por esse motivo, a paciente deve manter os exercícios de fisioterapia pélvica desde o puerpério até um ano de gravidez.

Também é importante desfazer alguns mitos sobre a incontinência urinária após o parto. Apesar de ser mais comum nos partos normais, a condição também pode ocorrer em cesarianas. Há uma crença de que a cesariana elimina o risco de incontinência urinária, mas isso é um mito.

Além disso, há também uma noção de que as cesarianas devem ser indicadas para reduzir o risco de incontinência urinária crônica em pacientes predispostas. Contudo, as evidências científicas atuais não mostram um benefício claro de fazer uma cesariana nesse caso.

Portanto, no pré-natal e no parto humanizado, acolhemos todas as queixas da gestante para que ela tenha a melhor experiência possível com a gravidez. Isso inclui cuidar de condições incômodas, como a incontinência urinária durante a gestação. Nós a trataremos com os tratamentos mais eficazes (baseados em estudos científicos sérios) e evitaremos realizar procedimentos desnecessários, os quais podem trazer mais complicações do que benefícios.

Quer saber mais sobre a fisioterapia pélvica durante a gestação? Confira nosso artigo sobre o tema!

Incompetência istmocervical: o que é? Pode afetar a gestação?

O colo uterino é a estrutura que contém o canal que liga o útero à vagina, sendo fundamental para a manutenção das gestações à medida que elas evoluem. Sua parede é formada por músculo liso e tecido conjuntivo, que dão ao colo a capacidade de se contrair e se dilatar.

Nas fases iniciais da gestação, o colo está rígido e fortemente contraído para evitar a saída do feto. No segundo trimestre, ele tem um formato de tubo com mais de 3 centímetros e está minimamente dilatado. À medida que o parto se aproxima, no terceiro trimestre, ele passa por mudanças, tornando-se mole e curto, além de se dilatar.

A incompetência istmocervical é uma condição na qual o colo uterino tem dificuldade de manter a gestação no segundo trimestre devido a fatores estruturais. Em outras palavras, as suas fibras do tecido conjuntivo e de músculo liso estão mais fracas.

Assim, ele não consegue manter o colo do útero fechado durante a gravidez, permitindo que o canal se abra precocemente na gestação. Isso pode causar complicações, como o parto prematuro e o aborto espontâneo tardio.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

O que é incompetência istmocervical?

Tecnicamente, a incompetência istmocervical é “a incapacidade do colo uterino de reter uma gravidez no segundo trimestre na ausência de contrações clínicas, trabalho de parto ou ambos”. Em outras palavras, a condição é diagnosticada quando seu obstetra identifica:

  • dilatação cervical ou colo curto ainda no segundo trimestre de gestação;
  • essas alterações não são acompanhadas de sinais ou sintomas de parto (como contrações uterinas em padrão de parto);
  • ausência de sintomas de infecções e outras condições não estruturais.

Quando a insuficiência cervical se manifesta, os sintomas mais comuns são um desconforto pélvico leve ou o spotting, presença de pequenas manchas de sangue nas roupas íntimas.

Outros sintomas menos comuns são:

  • sensação de pressão na região da pelve;
  • cólicas abdominais leves;
  • alteração nas características e no volume do corrimento vaginal.

Esses sintomas, no entanto, são incomuns. Além disso, estão presentes em diversas outras condições obstétricas. Por esse motivo, o diagnóstico é comumente feito nas ultrassonografias periódicas e nas consultas clínicas de pré-natal — em que o ginecologista realiza um exame físico completo.

Fatores de risco

Em relação aos fatores de risco, é sempre importante lembrar que a existência de um deles não significa que você terá a condição. Na verdade, a maioria das mulheres com fatores de risco não desenvolvem a incompetência istmocervical.

O trauma cervical, por lesionar o tecido conjuntivo, pode aumentar as chances de insuficiência. Ele pode ocorrer em alguns procedimentos invasivos, como:

  • biópsia em cone;
  • qualquer procedimento que requeira dilatação cervical mecânica, como a curetagem;
  • histeroscopia cirúrgica.

Eles podem enfraquecer o tecido conjuntivo cervical e prejudicar a funcionalidade do órgão. Outros fatores estão relacionados ao histórico gestacional, como:

  • parto prematuro anterior, que pode ter ocorrido devido a uma incompetência istmocervical não identificada;
  • ruptura prematura de membranas anterior a 32 semanas de gestação;
  • gravidez anterior com medida do comprimento cervical menor do que 25 mm antes de 27 semanas de gestação;
  • perdas recorrentes de gravidez no segundo trimestre.

Alguns estudos ainda identificaram alguns fatores congênitos, como:

  • anomalias müllerianas;
  • deficiências cervicais de colágeno e elastina, como a síndrome de Ehlers-Danlos.

No entanto, a incompetência istmocervical pode acontecer em mulheres sem nenhum fator de risco conhecido.

Por que e quando a insuficiência cervical é avaliada?

A avaliação da incompetência istmocervical é importante, pois essa condição é um fator de risco para parto prematuro. O diagnóstico pode ser feito com critérios clínicos (história prévia e sintomas atuais), que podem ser associados à realização de uma ultrassonografia transvaginal. Seu médico estará atento a duas informações principais:

  • história de dilatação precoce do colo uterino no segundo trimestre em uma gestação prévia;
  • histórico de trabalho de parto prematuro ou abortamento no segundo semestre de gestação.

No exame físico, o seu médico poderá realizar o toque vaginal para estimar a espessura cervical e o tamanho de uma eventual dilatação. O exame especular também é fundamental, pois permite a inspeção visual para verificar se há abertura do colo. Seu médico pode ainda fazer manobras para estimular a abertura do colo e identificar sinais precoces da condição.

Além disso, a investigação complementar da incompetência istmocervical é feita com a medição do colo nas ultrassonografias de segundo trimestre, que podem trazer as seguintes alterações:

  • em gestações com apenas um feto (única) — comprimento cervical menor do que 2,5 centímetros (25 milímetros) antes das 24 semanas de idade gestacional;
  • em gestações múltiplas (mais de um feto) — dilação maior do que 1,0 centímetro antes das 24 semanas.

Além disso, as alterações ultrassonográficas devem estar associadas à história de perda gestacional entre 14 e 36 semanas em uma gravidez anterior. Portanto, apenas uma ultrassonografia alterada não é suficiente para o diagnóstico. A avaliação clínica é fundamental.

O tratamento para a incompetência istmocervical depende da avaliação de diversos fatores individuais. Em alguns casos, apenas fazemos um acompanhamento mais próximo da gestante. Em outros, podemos indicar intervenções, como a aplicação de progesterona vaginal e a cerclagem (um procedimento pouco invasivo).

Quer saber mais sobre o pré-natal e quais são os exames realizados em cada fase? Confira nosso artigo sobre o tema!

Cordão umbilical: o que é e função?

O cordão umbilical é uma estrutura que atrai bastante a curiosidade dos pais, pois está envolvida em diversos processos do gestação e do parto. Ele tem a forma de cordão que conecta o feto em desenvolvimento à placenta. Entre outras funções, o cordão umbilical transporta sangue rico em oxigênio e nutrientes da placenta para o feto, além de eliminar os produtos tóxicos produzidos pelo metabolismo do bebê.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é cordão umbilical?

O cordão umbilical é a estrutura responsável por conectar a circulação da placenta com a circulação do bebê. Ele contém duas artérias que transportam sangue desoxigenado do feto para a placenta, bem como uma veia que transporta sangue oxigenado da placenta para o feto.

O cordão umbilical é envolto por uma espessa camada de geleia de Wharton, uma substância gelatinosa composta, em grande parte, por matriz extracelular. Essa camada de gelatina serve para proteger o cordão de rupturas e de compressões, fornecendo resistência e elasticidade. Externamente, o cordão umbilical é envolto por uma membrana amniótica protetora.

Ao final da gestação, o cordão umbilical tem normalmente cerca de 2 cm de diâmetro e 50 cm de comprimento, mas pode variar em comprimento de 20 cm a 80 cm.

Os tipos de anormalidades do cordão umbilical podem envolver:

  • Alterações na morfologia e na inserção placentária;
  • Nós e circular de cordão;
  • Número anômalo de vasos;
  • Fluxo sanguíneo insuficiente;
  • Presença de massas císticas e sólidas/complexas.

Dentre elas, a mais comum é a circular de cordão, que pode ocorrer em até 37% das gestações.

Quando se forma o cordão umbilical?

Por volta da 3ª semana do período embriológico, inicia-se a formação do cordão umbilical com a criação do pedículo conector. Na 7ª semana, o cordão umbilical está completo, com o pedículo conector, o ducto vitelino, os vasos umbilicais e a membrana amniótica todos presentes.

Geralmente, o alongamento do cordão umbilical ocorre durante o segundo trimestre. Ao final do processo, em média, ele medirá cerca de 50-60 centímetros de comprimento, com diâmetro de 2 centímetros e até 40 voltas helicoidais.

O cordão não está ligado diretamente ao sistema circulatório da mãe, porém se une à placenta. Isso a troca de materiais entre o sangue materno e o do bebê sem se misturarem diretamente. Essa foi uma forma que a natureza encontrou para proteger o bebê contra eventuais problemas que acometem a mãe, como as infecções.

Quais as funções do cordão umbilical?

O cordão umbilical fornece três funções principais:

  • Em primeiro lugar, permite um fluxo constante de sangue oxigenado da mãe diretamente para o feto, o que é fundamental para sua sobrevivência, visto que os pulmões do bebê ainda não podem respirar o oxigênio do meio ambiente;
  • Em segundo lugar, transporta nutrientes como carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais para o feto, uma vez que o feto é incapaz de comer. Assim, precisa obter esses nutrientes por meios normais;
  • Em terceiro lugar, elimina os resíduos tóxicos do metabolismo, transferindo-o para a placenta. Depois disso, ela liberará essas substâncias a circulação da mãe para ser removido por excreção.

O que acontece com o cordão umbilical durante o trabalho de parto?

Em alguns casos, o cordão umbilical pode ficar enrolado ao redor do pescoço do bebê. Isso é chamado de circular de cordão umbilical, que é relativamente comum e ocorre em aproximadamente 1 em cada 3 gestações.

Quando retratam alguma complicação durante o parto, as novelas e os filmes geralmente utilizam a circular de cordão ao redor do pescoço. Isso faz com que muitas mulheres acreditem que o sufocamento pelo cordão umbilical é uma complicação comum. No entanto, a realidade é muito diferente. Apenas em casos raríssimos, a circular de cordão está associada a eventos adversos durante o parto, pois é muito simples de se resolver.

Se a circular de cordão for diagnosticada, não há necessidade de alarme. Na maioria dos casos, o cordão se desenrola por si só à medida que o bebê se move no útero ou durante o trabalho de parto. Mesmo que o cordão permaneça enrolado no pescoço do bebê durante o parto, ele pode ser desenrolado por manobras não-invasivas. A realização de uma cesariana por causa da circular de cordão acontecerá apenas em casos raríssimos, se houver evidências

O que é feito com cordão umbilical após o nascimento?

Após a conclusão do parto, a equipe obstétrica vai colocar dois grampos no cordão umbilical. Então, fará um corte entre eles. Isso é muito importante para evitar hemorragias e infecções que poderiam ocorrer em um corte com as extremidades abertas.

A extremidade do cordão presa ao bebê (corto umbilical) será protegida com um curativo estéril. A parte ligada à placenta será eliminada com a dequitação. Recentemente, alguns pais têm optado por congelar parte do cordão umbilical para preservar células-tronco presentes nele, mas é um procedimento opcional e sem eficácia comprovada atualmente.

Os principais cuidados com o coto umbilical são:

  • Inspecione a área do cordão umbilical diariamente em busca de sinais de infecção ou irritação;
  • Certifique-se de que a área seja mantida seca e limpa o tempo todo;
  • Não coloque cremes, óleos ou loções na área.

O cordão umbilical é uma estrutura fundamental para o desenvolvimento dos bebês. Além disso, é visto com bastante carinho pelas mães, que veem nele o símbolo da união delas com os filhos. O coto umbilical deve ser cuidado com atenção.

Quer saber mais sobre outras decisões importantes durante o processo de parto? Confira nosso artigo sobre o parto humanizado!

Circular de cordão: o que é e quais são os riscos?

A circular de cordão, também chamada de cordão nucal, é uma condição na qual o cordão umbilical fica enrolado ao redor do pescoço do bebê. Isso pode acontecer durante a gravidez ou parto. É uma condição relativamente comum, sendo identificada em cerca de 1 em cada 3 gestações.

Embora a circular de cordão geralmente não seja prejudicial, pode ocasionalmente levar a complicações. Na maioria das vezes, ela é inofensiva e não causará nenhum problema para o bebê. Em alguns casos, no entanto, o cordão pode ficar firmemente enrolado no pescoço do bebê, o que pode cortar o suprimento de oxigênio do bebê e levar a complicações.

Por isso, seu médico provavelmente a acompanhará de perto para certificar-se de que seu bebê esteja saudável e não haja intercorrências durante o parto.

Saiba mais sobre o assunto para entender bem essa situação!

O que é a circular de cordão?

Tipos de circular de cordão umbilical incluem:

  • cordão corporal — quando o cordão umbilical envolve qualquer parte do corpo fetal;
  • cordão nucal — quando o cordão umbilical é enrolado no pescoço do feto, completando 360 graus.

O cordão umbilical pode envolver o corpo do bebê em até 38% das gestações. Um cordão nucal – circular de cordão no pescoço – é relatado no parto em 5-37% das gestações. Além disso, circulares de cordão com mais de duas voltas ao redor do pescoço fetal ocorrem em 4% das gestações. Os principais fatores de risco para essa condição são:

  • Redução do volume de líquido amniótico (oligodrâmnio);
  • Atividade fetal aumentada (quando o feto se movimenta mais durante a gestação);
  • Idade gestacional avançada (as chances de diagnóstico da circular de cordão aumentam conforme a gestação avança).

A circular de cordão tende a se resolver espontaneamente à medida que a gravidez progride ou durante o trabalho de parto. No entanto, em alguns casos, pode persistir.

Diagnóstico da circular de cordão

A menos que haja alguma evidência de problemas fetais, não é recomendado realizar rotineiramente exames com a finalidade exclusiva de diagnóstico pré-natal de uma circular de cordão. No entanto, essa alteração pode acabar sendo diagnosticada acidentalmente no ultrassom do terceiro semestre, representando, na maior parte dos casos, um achado benigno. Então, você não precisará se preocupar.

O diagnóstico da condição pode ser necessário quando há sinais de estresse fetal, principalmente diante de evidências de alterações no ritmo cardíaco do bebê. Nessa situação, seu médico possivelmente vai indicar uma ultrassonografia com doppler colorido ou ultrassom tridimensional para visualizar a seção sagital e transversal do pescoço fetal.

Conduta

Em relação à circular de cordão no corpo do bebê, não há grande preocupações. Se for um cordão nucal, entretanto, a preocupação é maior, pois o cordão umbilical pode comprimir as artérias que levam oxigênio ao cérebro do bebê. No entanto, a compressão acontece apenas em raríssimos casos. Além disso, há evidências substanciais indicando que os cordões nucais não estão ligados a um aumento notável na taxa de quaisquer eventos adversos fetais clinicamente relevantes.

Antes do parto

Em casos raros, se houver uma restrição do crescimento fetal de forma significativa e persistente associada à circular de cordão, podemos considerar a realização de uma cesariana. Por outro lado, o aperto da circular de cordão pode ocorrer devido à descida ou rotação da cabeça fetal. Isso pode levar a reduções na frequência cardíaca fetal (bradicardia fetal). No entanto, elas normalmente são bordadas de maneira semelhante a outros casos de bradicardia fetal.

Durante o parto

Algumas manobras podem ser feitas durante o parto para prevenir complicações devido à circular de cordão:

  • Circulares mais frouxas geralmente podem ser deslocadas sobre a cabeça do feto após a sua cabeça ter saído pelo canal de parto;
  • Nos casos em que o cordão está muito apertado para ser desenrolado na cabeça, pode ser possível movê-lo para os ombros do bebê para diminuir o risco de que ele pressione as artérias do pescoço, que levam o sangue para a cabeça do bebê.

Para realizar a manobra de cambalhota, se a corda estiver muito apertada para deslizar sobre os ombros, flexione a cabeça enquanto os ombros anteriores e posteriores são liberados lentamente enquanto mantém a cabeça do recém-nascido próxima ao períneo. O corpo deve então “dar uma cambalhota” para fora. Assim que o corpo estiver fora, desembrulhe o cordão umbilical e gerencie o bebê como de costume.

Caso essas medidas não funcionem, podemos ainda tentar a manobra da cambalhota, em que o médico:

  1. Libera lentamente a frente e a parte de trás dos ombros do bebê enquanto controla o cordão para evitar que ele cause uma compressão no pescoço do feto;
  2. Dobra a cabeça do bebê enquanto os ombros saem, de modo que o rosto do bebê fique voltado para as coxas da mãe;
  3. Mantém a cabeça do bebê perto do períneo enquanto o corpo é retirado “de cambalhotas”.

Por fim, se não houver nenhuma complicação, desenrolamos totalmente o cordão umbilical e mantemos as condutas habituais de um parto.

São raríssimos os casos em que precisamos adotar alguma conduta mais invasiva por cada da circular de cordão exclusivamente. A manobra da cambalhota é muito eficaz. Se ela falhar, contudo, podemos clampear e cortar o cordão para evitar a compressão.

Complicações gestacionais e parto humanizado

O parto humanizado é uma abordagem da obstetrícia que se concentra em proporcionar uma experiência mais positiva, pessoal e natural para a mãe. Essa abordagem normalmente inclui:

  • O protagonismo da gestante na tomada de decisões;
  • A individualização biopsicossocial do acompanhamento médico do pré-natal ao pós-parto;
  • Uso das melhores técnicas baseadas em evidências científicas, buscando evitar complicações de curto a longo prazo para a mãe e o bebê.

Por isso, são utilizadas menos invasivas e mais alinhadas com o processo natural do trabalho de parto em situações como a circular de cordão. Afinal, os estudos mostram que é uma condição que geralmente se resolve espontaneamente ou com manobras simples. Portanto, as abordagens invasivas não devem ser utilizadas indiscriminadamente.

Quer saber mais sobre outras complicações do parto, além da circular de cordão? Confira nosso artigo sobre o tema!

Parto normal: quando mudar para parto cesariana?

A conversão para uma cesariana durante o trabalho de parto normal é uma medida rara e adotada apenas em casos de exceção. Em geral, os estudos mostram que, para a mãe e o bebê, pode ser melhor realizar algumas intervenções no parto vaginal antes de indicar um parto cirúrgico.

Contudo, em algumas situações, a cesariana é inevitável e representa a melhor ação para reduzir o risco de complicações maternofetais. A seguir, vamos explicar detalhadamente como é o trabalho de parto normal e o que pode impossibilitar sua conclusão. Acompanhe!

Quando mudar o parto normal para uma cesariana?

Quando a cesariana é indicada durante o trabalho de parto normal, ela é chamada de cesárea intraparto. Sua principal causa é a distocia, que se refere a dificuldades substanciais na progressão do trabalho de parto.

Apesar de poder acontecer com qualquer gestante, ela é mais comum em mulheres primíparas (as mães de primeira viagem). Outros fatores de risco para a distocia são:

  • Parto induzido;
  • Analgesia epidural;
  • Peso fetal maior do que 4 quilos;
  • Idade materna maior do que 35 anos.

Existem dois indicadores principais de que o trabalho de parto não está evoluindo, como esperado:

  • A dilatação do colo do útero não progride ou não está adequada para aquela fase do parto;
  • Em alguns casos, a dilatação está adequada, mas não há evolução na descida do feto através do canal de parto.

Esses problemas são avaliados em cada fase do parto, como veremos a seguir.

Diante da distocia, o obstetra avaliará criteriosamente os sinais vitais do bebê e da mãe, assim como a dinâmica das contrações uterinas. Caso identifique risco para a saúde de alguns deles, a cesariana será indicada. Entretanto, nem sempre um parto cirúrgico será necessário.

Principais causas de cesariana intraparto

As principais causas de distocia são:

  • Desproporção cefalopélvica, ou seja, o diâmetro do canal pélvico durante o parto é insuficiente para a passagem da cabeça do bebê;
  • Contrações uterinas inadequadas, isto é, o ritmo, a força, a progressão e a direção delas não estão funcionais para uma evolução normal do parto;
  • Apresentação fetal anormal. O ideal é que o bebê esteja com a cabeça “encaixada” na pelve (posição cefálica) antes do início da fase expulsiva do parto. Se ele estiver deitado (transverso) ou sentado (pélvico) sobre a pelve, pode haver dificuldade para o trabalho de parto. Algumas manobras podem ser feitas para corrigir a apresentação, mas, se não for possível, o parto cesariano é indicado;
  • Posição fetal. O bebê em posição cefálica pode estar em duas posições: inverso (face virada para as costas da mãe) ou para frente (face voltada para o abdômen da mãe). A primeira é considerada a ideal, enquanto a segunda pode levar à distocia.

Parto normal: o que o médico avalia para mudá-lo para uma cesariana?

Devido a diferenças individuais de cada trabalho de parto, uma definição exata do que é distocia não é possível. No entanto, em geral, alguns sinais podem levantar um sinal de alerta para o obstetra. Veja

Fase latente

A distocia pode acontecer como uma fase latente prolongada: com duração maior do que 20 horas em mães de primeira viagem ou 14 horas em mulheres que já tiveram outros partos vaginais. Nessa situação, buscamos a indução da fase ativa com medicamentos e procedimentos menos invasivos, mas, se a paciente não responder a essas medidas, a cesariana é indicada.

Fase ativa

Na fase ativa normal, as contrações se tornam mais regulares e fortes e já podemos notar uma dilação do colo entre 4 e 10 centímetros e o apagamento cervical. Por sua vez, um dos sinais de distocia é o atraso na fase ativa também, que pode se caracterizar por:

  • Atraso na descida e na rotação da cabeça fetal;
  • Contrações anárquicas ou insuficientes;
  • Dilatação menor do que 2 centímetros após 4 horas do início da fase ativa.

Antes de indicar uma cesariana, podemos tomar algumas medidas para manter o parto normal. Por exemplo, a aplicação de oxitocina pode ser feita para induzir uma maior dilatação ou melhorar a qualidade das contrações. A cesariana pode ser indicada quando há uma evolução menor do que 2 centímetros após 4 horas da administração da oxitocina.

Além do atraso, pode ocorrer a parada da fase ativa do parto. Ela ocorre quando há dilatação maior ou igual a seis centímetros com ruptura da bolsa associada a um dos seguintes critérios:

  • 4 horas ou mais de contrações adequadas;
  • 6 horas ou mais de contrações inadequadas sem mudanças na dilatação do colo do útero.

A parada na fase ativa pode levar à indicação de uma cesariana, principalmente se houver sinais de sofrimento fetal ou esgotamento materno.

Fase expulsiva

Inicia-se quando a dilatação cervical se completa e tem cerca de 10 centímetros. Existe uma grande variação na duração máxima dessa fase. Por isso, ao contrário do que muitas pacientes pensam, não existe um tempo certo para converter um parto normal em cesariana.

Na fase expulsiva, podemos suspeitar de atraso quando a apresentação, posição ou descida estiverem inadequadas após 1 hora (primíparas) ou meia hora (multíparas) após a dilatação cervical completa.

Em partos sem anestesia epidural, a parada da fase ativa pode ser caracterizada, como:

  • Mais de 3 horas de esforço ativo em mulheres primíparas;
  • Mais de 2 horas de esforço ativo em mulheres multíparas.

No caso de uso de anestesia epidural, acrescentamos mais uma hora em cada um desses prazos.

Portanto, apesar de termos apresentado diversos números, é muito importante que as gestantes entendam que esses números são apenas parâmetros e nem sempre significarão a necessidade de uma cesariana. O parto normal poderá continuar se os sinais vitais do bebê estiverem bons, a parturiente ainda tiver força e houver uma progressão suficiente (apesar de lenta) do trabalho.

Em última instância, a decisão dependerá da avaliação do obstetra naquele momento e dos desejos da mulher. Afinal, o parto deve ser humanizado: isso inclui a individualização das decisões e o protagonismo da gestante.

Quer saber mais sobre o parto humanizado e sua importância para a mulher? Confira nosso artigo sobre o tema!

Depressão pós-parto: diagnóstico e tratamento

A depressão pós-parto (DPP) é uma forma de depressão que afeta mulheres no período de um ano após o parto. É considerada uma condição preocupante de saúde mental que apresenta sintomas como baixa energia, dificuldades para dormir, perda de interesse em atividades, alterações no apetite e grande tristeza.

Algumas mulheres experimentam formas mais brandas de depressão. Outras, porém, apresentam sintomas depressivos mais intensos, que interferem em suas vidas diárias, fazendo com que tenham dificuldades com tarefas, como cuidar do recém-nascido e amamentar, e até criar vínculos com o bebê.

É importante que qualquer nova mãe reconheça os sinais e sintomas da depressão pós-parto e procure ajuda imediatamente, pois pode causar danos à mãe e ao bebê. Por isso, acompanhe nosso post até o final!

O diagnóstico da depressão pós-parto

O diagnóstico da depressão pós-parto é clínico. Em outras palavras, seu médico não precisará de nenhum exame complementar (de sangue, urina ou imagem, por exemplo) para confirmar que você tem a condição.

Os critérios mais utilizados são baseados no Manual de Diagnóstico de Transtornos Mentais, o DSM-5. Eles são muito confiáveis, pois são baseados em estudos feitos com milhares de gestantes.

De acordo com o DSM-5, a paciente deve apresentar 5 dos seguintes sintomas:

  • humor deprimido;
  • anedonia (interesse ou prazer acentuadamente diminuído em atividades);
  • perda de peso sem dieta/razão clínica ou ganho de peso ou distúrbio do apetite;
  • insônia ou excesso de sono;
  • agitação ou lentidão psicomotoras;
  • fadiga e diminuição da energia;
  • diminuição da capacidade de se concentrar ou tomar decisões;
  • sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada;
  • pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida (sem planos). Se ela tiver um plano mais concreto de suicídio, provavelmente ela apresenta um transtorno depressivo maior ou outra desordem.

Além disso, um dos sintomas deve ser obrigatoriamente o humor deprimido ou a anedonia.

Impacto na vida da gestante

Ao contrário do que acontece no baby blues, essas manifestações levam a um sofrimento significativo ou diminuem funcionalidade da mulher em áreas, como:

  • Autocuidado — a paciente passa a negligenciar cuidados básicos de higiene, alimentação e saúde, por exemplo;
  • Cuidados com o bebê — ela tem dificuldades significativas para os cuidados básicos com o bebê (amamentação, higiene e consultas médicas);
  • Sociais — ela pode se isolar do contato com outras pessoais, inclusive de sua parceria;
  • Ocupacionais — no retorno ao trabalho, ela pode apresentar dificuldade para manter uma performance adequada.

Início dos sintomas

Para que a depressão pós-parto seja diagnosticada, ainda é necessário identificar quando os sintomas começaram. Eles devem ter se iniciado ainda durante a gravidez até as primeiras semanas após o parto. Em alguns casos, porém, os sintomas podem se expressar mais tardiamente, mas ainda dentro do primeiro ano após o parto.

Diagnóstico de exclusão

Além disso, antes de diagnosticar a depressão pós-parto, precisamos excluir a possibilidade de outras causas para os sintomas, como:

  • Efeitos colaterais de medicações ou outra doença física (como o hipotireoidismo);
  • Transtornos psicóticos. Se a paciente tiver história de alucinações, sensação de perseguição, afeto embotado e outros sintomas, talvez se trate do agravamento do quadro psicótico em vez da depressão pós-parto. Contudo, as duas condições podem coexistir, então o médico deverá ser bastante criterioso na investigação;
  • Transtorno bipolar. Se a paciente tiver história prévia de um episódio maníaco ou hipomaníaco (caraterizados por euforia, expansividade social, impulsividade e comportamentos de risco, por exemplo), pode se tratar de um transtorno bipolar. Com isso, consideramos que o parto desencadeou um episódio depressivo e não é uma depressão pós-parto.

Tratamento da depressão pós-parto

No Brasil, não há nenhum tratamento específico para a depressão pós-parto. Como veremos, usualmente, os antidepressivos tradicionais são usados para aliviar as mudanças do humor. Eles regulam os níveis de neurotransmissores que se alteram durante a depressão, como a serotonina.

Nos Estados Unidos, contudo, foi aprovado recentemente um medicamento voltado para a depressão pós-parto, a brexanolona. Ela funciona de forma muito distinta em relação aos antidepressivos habituais, pois atua no eixo hormonal do sistema nervoso central. Após o parto, a produção do hormônio alopregnanolona, cujos níveis no corpo podem cair expressivamente após o parto. A brexanolona é uma versão sintética desse hormônio.

O tratamento com antidepressivos

A medicação antidepressiva é geralmente indicada sempre que a paciente é diagnosticada com depressão pós-parto. Preferencialmente, deve ser indicada por um ginecologista ou psiquiatra experiente no tratamento de gestantes. Afinal, é preciso escolher uma opção com mínimo impacto sobre a amamentação, como a sertralina e a paroxetina.

A escolha do tratamento é sempre individualizada e deve se basear em critérios, como:

  • Tratamentos prévios da gestante com antidepressivos. Se possível, escolhemos a medicação com a qual ela teve uma boa resposta anteriormente;
  • Sintomas associados e com maior impacto na qualidade de vida. Cada antidepressivo tem um perfil (alguns induzem o sono e outros são mais efetivos contra a fadiga, por exemplo).

Em todo o caso, é fundamental continuar o tratamento por 6 meses ou mais. Isso reduz o risco de retorno dos sintomas após a interrupção da medicação.

O tratamento psicoterápico

A terapia cognitivo comportamental (um tipo de psicoterapia) é outra medida importante para melhorar o quadro. Ela auxilia a paciente a entender melhor os seus pensamentos e comportamentos, propondo medidas para modificá-los progressivamente. Em casos leves, ela pode ser indicada isoladamente, sem as medicações.

Outras medidas

  • O acompanhamento pré-natal e puerperal ajuda a prevenir e identificar precocemente a depressão pós-parto;
  • Há evidências de que os exercícios aeróbicos leves a moderados ajudem na redução dos sintomas;
  • O apoio psicossocial de familiares e parcerias também podem ajudar a paciente a se recuperar mais rápido.

Prevenção da depressão pós-parto

É muito importante que seu médico faça uma triagem para a depressão pós-parto na fase final do pré-natal e no puerpério. Se a paciente apresenta alto risco de depressão, a terapia preventiva pode ser iniciada mesmo antes do início dos sintomas. Ela envolve o uso de medicações antidepressivas e/ou psicoterapia.

Portanto, a depressão pós-parto é uma condição com um impacto muito grande sobre as mulheres. É um assunto que precisamos sempre abordar e tratar adequadamente, sem estigmas. Afinal, é uma condição muito comum, presente em até 6,5% a 20% dos partos. É causada por fatores hormonais e psicossociais, não sendo culpa da mulher.

Quer saber mais sobre a depressão pós-parto? Confira nosso artigo sobre o tema!

Ultrassom morfológico: o que é e quando deve ser feito?

Você sabe o que é o ultrassom morfológico gestacional e sua importância? A ultrassonografia é uma técnica de diagnóstico por imagem que usa ondas sonoras de alta frequência para produzir imagens dos órgãos internos e estruturas do corpo.

Essas imagens podem ajudar a detectar uma ampla variedade de doenças e condições. Na gestação, a ultrassonografia tem várias vantagens, entre elas o fato de não ser invasiva e não usar radiação, tornando-a um procedimento seguro para o feto e a mãe.

A realização do ultrassom depende de um transdutor, que é um dispositivo que transmite e recebe ondas sonoras. O transdutor é colocado na superfície do abdômen ou no canal vaginal para direcionar as ondas sonoras de alta frequência ao útero e ao feto, onde são refletidas nos órgãos e tecidos. Depois disso, são capturadas pelo transdutor.

Os sinais são então convertidos em imagens que são exibidas em um monitor. Então, o profissional fará um laudo, o qual ajudará na tomada de decisões ao longo do pré-natal. Quer saber mais sobre o ultrassom morfológico e sua importância? Acompanhe!

O que é a ultrassonografia morfológica do primeiro trimestre?

O ultrassom morfológico usa ondas sonoras para criar imagens do corpo do feto sem causar nenhum risco para o bebê. O teste geralmente é não invasivo e indolor e pode ser concluído em uma visita. Depois que o teste for feito, a mãe receberá os resultados dentro de alguns dias úteis.

Ao contrário de outros tipos de ultrassonografia realizadas em outros momentos da gestação, o morfológico oferece informações mais detalhadas sobre a anatomia do bebê. Por isso, é uma importante ferramenta usada para avaliar a saúde, tamanho e anatomia de um bebê durante o primeiro trimestre da gravidez. Com isso, fornece aos médicos e futuros pais uma visão abrangente do desenvolvimento do bebê durante o estágio mais crítico da gestação.

Afinal, o primeiro trimestre da gravidez é o período mais importante no desenvolvimento e crescimento de um bebê. Durante esse período, o embrião é implantado na parede uterina e a placenta se forma. É também o período em que os órgãos do bebê começam a se desenvolver e os principais sistemas e órgãos do corpo, como o cérebro, começam a se formar.

O ultrassom morfológico também é inestimável para avaliar quaisquer riscos potenciais que possam afetar a saúde ou o desenvolvimento do bebê durante a gravidez. Por exemplo, pode ser usado para identificar problemas potenciais, como anormalidades cromossômicas, restrições de crescimento ou anormalidades estruturais no feto. Além disso, um ultrassom morfológico também pode ser usado para prever com precisão o sexo do bebê.

Essas informações podem ser usadas para determinar se existem possíveis riscos para a saúde do bebê no futuro. Em alguns casos, podem indicar a necessidade uma intervenção ainda no período dentro do útero. Por exemplo,

Importância do ultrassom morfológico no primeiro trimestre

As medidas de parâmetros anatômicos são parte fundamental do ultrassom morfológico e isso traz informações valiosas para o obstetra.

Transluscência nucal

O teste de transluscência nucal é uma técnica de ultrassonografia usada para medir a espessura da prega nucal do feto na parte de trás do pescoço. Esse teste é normalmente realizado durante a 11ª e 14ª semanas de gravidez, fazendo parte do ultrassom morfológico.

A medida da prega nucal pode ser usada para ajudar a determinar se o bebê está em maior risco de problemas de saúde e pode ajudar a determinar as chances de o bebê ter um distúrbio cromossômico, como a síndrome de Down.

Mesmo que haja um risco aumentado de anomalia cromossômica no ultrassom morfológico, isso não significa que o bebê tenha uma. Por isso, outros exames podem ser necessários.

Medida do osso nasal

A medida do osso nasal na ultrassonografia do primeiro trimestre é um importante marcador do desenvolvimento fetal e pode ser usado para prever o risco de síndrome de Down e outras trissomias.

O osso nasal é medido em relação ao comprimento, à largura e ao ângulo no rosto. Se os resultados do ultrassom mostrarem uma anormalidade, testes adicionais podem ser necessários para avaliar a existência anormalidades cromossômicas.

Ultrassonografia morfológica do segundo semestre

O ultrassom morfológico do segundo semestre é realizado entre 20 e 24 semanas de gestação. Pode medir parâmetros, como a circunferência da cabeça, a circunferência abdominal e o comprimento do fêmur.

Esses dados são então usados para estimar a taxa de crescimento, a idade gestacional e o peso do feto, além de detectar anormalidade, como defeitos congênitos e restrições de crescimento.

Além disso, a ultrassonografia morfológica pode ser complementada pela técnica do Doppler, que avalia o fluxo sanguíneo nas mais diversas estruturas do corpo.

Assim, é usado para avaliar a posição e o desenvolvimento da placenta, as câmaras cardíacas e os grandes vasos do feto. Por exemplo, alterações no fluxo sanguíneo identificados pela técnica Doppler podem indicar malformações cardíacas e arteriovenosas, como a tetralogia de Fallot.

A ultrassonografia do segundo trimestre também pode ajudar a detectar malformações do trato urinário. Essas malformações podem ser identificadas na ultrassonografia com alterações, como:

  • bexiga anormalmente cheia de líquido;
  • paredes espessadas nos rins ou ureteres;
  • presença de uma única artéria umbilical, o que pode indicar uma maior probabilidade de malformação do trato urinário.

Durante o exame, o líquido amniótico é medido para verificar se há uma quantidade adequada ao longo da gravidez. Alterações podem indicar problemas, como insuficiência placentária, infecção dos anexos embrionários ou, até mesmo, anomalias fetais.

Embora o diagnóstico de malformações exija avaliações adicionais, como amniocentese ou exames de sangue, o ultrassom morfológico é teste exame de rastreio fundamental. A detecção precoce desses problemas pode aumentar a chance de sucesso do tratamento e fornecer aos futuros pais a oportunidade de tomar decisões sobre a gravidez e planejar melhor o nascimento do bebê.

Quer saber mais sobre outros exames realizados ao longo do pré-natal? Confira nosso artigo sobre o tema!

O que é período fértil? Qual é a relação com a ovulação?

A ovulação é a liberação de um óvulo do ovário no ciclo menstrual da mulher. É a fase do ciclo reprodutivo em que as variações dos hormônios reprodutivos femininos fazem com que um óvulo maduro seja liberado e fique pronto para a fertilização.

O processo de ovulação normalmente ocorre no meio do ciclo menstrual, geralmente 14 dias a partir do primeiro dia do ciclo menstrual, que é marcado pelo primeiro dia de menstruação. O óvulo pode sobreviver por até 24 a 48 horas após ser liberado, e se estiver dentro desse período e for fertilizado por um espermatozoide, pode acontecer uma gravidez.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é ovulação? Por que ela acontece?

No início do ciclo menstrual, a concentração dos hormônios sexuais no sangue está baixa. Isso faz com que a hipófise, uma glândula conectada com o sistema nervoso central, produza mais hormônio folículo-estimulante (FSH).

Isso estimula o desenvolvimento de alguns folículos nos ovários, os quais passarão a produzir estradiol, a forma mais ativa do estrogênio. Os níveis desse hormônio no sangue sobem durante a primeira metade do ciclo menstrual. Isso estimula o desenvolvimento dos folículos (fase folicular do ovário) e a proliferação das células do endométrio (fase proliferativa do endométrio). Em geral, apenas um folículo chegará ao estágio final de amadurecimento.

Os níveis de estradiol atingem seu pico alguns dias antes da menstruação, abrindo caminho para a liberação do óvulo. À medida que os níveis de estrogênio alcançam seus níveis máximos no ciclo menstrual, um hormônio conhecido como “hormônio luteinizante” (LH) é produzido. A ovulação ocorre algumas horas depois do pico de LH no sangue.

Depois disso, o óvulo é depositado nas tubas uterinas, onde ficará disponível para a fertilização por um espermatozoide. Enquanto isso, no ovário, o folículo que liberou o óvulo se transforma em corpo lúteo (fase lútea do ovário), uma estrutura produtora de hormônios, especialmente a progesterona, cuja ação principal é amadurecer o endométrio, iniciando a fase secretora do revestimento do útero.

Há algum sintoma ou sinal que indica que a ovulação ocorreu?

Saber quando é o período fértil de uma mulher pode ajudar os casais a planejar ou evitar a gravidez. Algumas mulheres relatam sintomas, como leve formigamento, cólicas e aumento do corrimento vaginal. Em alguns casos, podem perceber também um aumento da sensibilidade mamária e da libido. Além disso, pode haver um discreto aumento (cerca de 0,3º Celsius) da temperatura corporal basal.

O que é período fértil?

O período fértil é um momento durante o ciclo menstrual de uma pessoa em que é mais provável que ela engravide. O evento mais importante é a liberação de um óvulo pelo ovário, chamado de ovulação. Ele desencadeia o período fértil, é chamada de ovulação.

Durante o período fértil, o corpo da mulher se prepara para a chance de engravidar, passando por modificações, como:

  • A vagina produz mais secreções para facilitar o transporte de espermatozoides;
  • As secreções do colo uterino se tornam mais fluidas e abundantes para permitir a passagem dos gametas masculinos. Fora do período fértil, elas são espessas e formam um tampão mucoso entre a vagina e o útero;
  • O endométrio (revestimento do útero) se torna mais espesso e começa a secretar diversas substâncias para nutrir os espermatozoides e um futuro embrião formado;
  • O revestimento das tubas uterinas também se torna mais espesso para otimizar os processos reprodutivos.

Tanto a ovulação quanto as demais modificações no sistema reprodutor feminino são estimuladas por hormônios sexuais, como a progesterona e o estrogênio.

Por que engravidar é mais difícil fora do período fértil?

As mulheres têm apenas alguns dias férteis por mês devido ao tempo de vida dos espermatozoides e dos óvulos. O período fértil se inicia cerca de cinco dias antes da ovulação e termina 24 a 48 horas depois dela. Mas por que isso acontece?

Os espermatozoides podem sobreviver até cinco dias no trato reprodutivo, mas o óvulo só pode sobreviver por cerca de 24 horas após a ovulação. Durante esse período específico, o óvulo estará disponível para fertilização.

Além disso, todas aquelas modificações do sistema reprodutor feminino para facilitar a fertilização são sincronizadas com os níveis dos hormônios sexuais. Por exemplo, depois de um dia da ovulação, os níveis de progesterona já são suficientes para causar um espessamento das secreções cervicais, levando à formação de um tampão mucoso no colo uterino.

Da mesma forma, quando a fertilização ocorre muito tardiamente ou precocemente. O endométrio do útero não está receptivo o suficiente para ajudar a garantir que o embrião se implante e permaneça no útero.

Como calcular o período fértil?

A tabela a seguir nos mostra quais dias do ciclo menstrual (eixo horizontal) apresentam maior chance de fertilização de acordo com a duração do ciclo menstrual (eixo vertical):

Figura 1: Soumpasis I, Grace B, Johnson S. Real-life insights on menstrual cycles and ovulation using big data. Hum Reprod Open. 2020 Apr 16;2020.

Portanto, uma mulher com ciclo de 28 dias tem cerca de 27% de engravidar no 15º dia, 21% no 16º dia e 20% no 14º dia (dia da ovulação).

Portanto, o período fértil abrange o intervalo de tempo em que as condições do sistema reprodutor feminino estão ótimas para que a fertilização e a implantação do embrião ocorram. Essa janela de oportunidade é marcada pela ovulação e é importante para as mulheres aproveitarem se planejem em relação às gestações.

Caso elas desejem engravidar, devem realizar relações sexuais nos dias mais férteis. Se querem evitar gestações, precisam evitar relações sexuais desprotegidas nesse intervalo.

Quer entender melhor como calcular o período fértil? Confira nosso artigo completo sobre o tema!