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O que é core abdominal?

O core abdominal é um conjunto de músculos que ajudam na sustentação e na estabilidade das estruturas que fazem parte do abdômen. A maior parte desses músculos forma a parede abdominal. Outra parte forma a base de sustentação da pelve, o assoalho pélvico. Em conjunto, eles apresentam as seguintes funções:

  • Estabilização do corpo: o centro de gravidade do corpo geralmente está no abdômen. Então, os músculos do core se movem para nos ajudar a equilibrar em movimentos;
  • Manutenção de uma postura ereta e estável;
  • Transferência de força entre os membros inferiores e superiores: isso é necessário em atividades, como levantar um objeto do chão;
  • Suporte da coluna: uma parte significativa dos músculos do core abdominal se insere na coluna. O tônus deles ajuda a estabilizar a coluna.

Nesse sentido, os músculos do core abdominal são fundamentais durante a gestação e o parto, pois ajudam o corpo da mulher a se adaptar ao peso crescente do bebê em desenvolvimento. Quer saber mais sobre o tema

O que é core abdominal?

O core abdominal é um conjunto de músculos que formam a parede e a base do abdômen:

  • Transverso abdominal: é o músculo mais profundo do abdômen. Ele se fixa nos ossos que delimitam o abdômen. Posteriormente, fixa-se na coluna vertebral. Superiormente, fixa-se nas costelas. Inferiormente, fixa-se na pelve. Com isso, pode ser considerado como um “espartilho” interno, sendo responsável por comprimir os órgãos internos e estabilizar a coluna vertebral;
  • Oblíquos abdominais internos: estão localizados nas laterais do abdômen. No lado direito, origina-se na crista ilíaca, ligamento inguinal e fáscia toracolombar. No lado esquerdo, origina-se na crista ilíaca, fáscia toracolombar e os três quartos superiores da crista ilíaca. Suas principais funções estão relacionadas a flexionar, girar e estabilizar o tronco;
  • Oblíquos abdominais externos: o músculo oblíquo externo tem origem nas costelas inferiores e na fáscia toracolombar. Atuam em movimentos, como flexão lateral do tronco e rotação do tronco para o lado oposto;
  • Reto abdominal: o reto abdominal é o responsável pela forma conhecida popularmente como “tanquinho”. Ele é o principal músculo que realiza a flexão do tronco. Apesar de estar na face oposta à coluna vertebral, é um dos músculos mais importantes para estabilizá-la. Quando estão enfraquecidos, fazem com que a coluna torácica se projete para frequente e a coluna lombar se retifique;
  • Quadrado lombar: é um músculo mais interno, estando localizado na face posterior do abdômen. Ele se inicia na última costela e se prolonga até a crista ilíaca (borda superior da pelve). O quadrado lombar atua principalmente na estabilização da coluna lombar durante atividades que envolvem movimentos do tronco, como inclinação lateral e extensão.

A porção interior do core abdominal é composta pelos músculos do assoalho pélvico, que sustentam os órgãos pélvicos e ajudam a controlar a continência urinária e a continência fecal. Os principais músculos do assoalho pélvico são:

  • Isquiocavernosos: são músculos localizados na região do períneo. São responsáveis por ajudar a manter a ereção do clitóris;
  • Bulbocavernosos: Os músculos bulbocavernosos estão localizados no períneo. Contrair os bulbocavernosos ajuda a aumentar a pressão no corpo esponjoso do clitóris, além de auxiliar na ereção e na expulsão de urina;
  • Transversos Superficial e Profundo do Períneo: o transverso superficial está localizado mais superficialmente, enquanto o transverso profundo está mais profundamente no períneo. Esses músculos auxiliam na sustentação dos órgãos pélvicos e participam no controle da micção e defecação;
  • Esfíncter Anal Externo: O esfíncter anal externo é um músculo localizado ao redor do ânus, sendo responsável por controlar a abertura do ânus e permitir o controle voluntário da defecação.

Core abdominal e gestação

O corpo feminino passa por diversas modificações fisiológicas durante a gestação, e os músculos do core abdominal não são exceção. Essas alterações são causadas por processos, como:

  • Aumento Uterino: o crescimento gradual do útero para abrigar o feto aumenta a pressão sobre os órgãos abdominais, incluindo os músculos do core. Isso pode levar ao estiramento muscular, especialmente à medida que a gravidez avança. Essa pressão pode resultar na diástase dos retos abdominais, caracterizada pela separação desses músculos na região da linha média do abdômen. Os músculos do assoalho pélvico também podem ser afetados, aumentando as chances de sintomas, como a incontinência urinária;
  • Postura alterada: o aumento da proeminência abdominal e o deslocamento do centro de gravidade da mulher grávida podem levar a alterações posturais, como lordose (excessiva curvatura da coluna lombar) e cifose (excessiva curvatura da coluna torácica). Essas alterações posturais podem tensionar os músculos do core e aumentar o risco de lombalgia;
  • Aumento do Peso: O ganho ponderal durante a gestação impõe sobrecarga adicional aos músculos do core, exigindo maior força e resistência para manter a estabilidade do tronco.

Parto

O parto, seja normal seja cesárea, representa um grande desafio físico para o corpo da mulher. Durante o processo, os músculos do core são intensamente solicitados, podendo sofrer estiramentos, lacerações e enfraquecimento. Assim, após o parto, os músculos abdominais podem levar algum tempo para se recuperar do estiramento. Por isso, podem ser indicados exercícios específicos de fortalecimento do core abdominal, especialmente para pacientes sintomáticas.

Como fortalecer os músculos do core abdominal?

Os principais exercícios utilizados para o fortalecimento do core abdominal durante a gestação são:

  • Exercícios de fortalecimento da parede abdominal: são exercícios abdominais adaptados, como pranchas, levantamentos laterais de pernas e inclinações pélvicas. Contudo, não são como os exercícios feitos normalmente na academia. Eles são adaptados para mulheres grávidas. Então, são realizados com a coluna em posição neutra, isto é, sem arquear ou estender excessivamente as costas. Também não envolvem um aumento significativo da pressão abdominal;
  • Exercícios de Kegel: são exercícios específicos para que envolvem a contração e o relaxamento dos músculos do assoalho pélvico, que, por serem mais internos, são mais difíceis de mobilizar em exercícios comuns.

Esses exercícios podem também ser praticados durante o puerpério para potencializar a recuperação dos músculos do core abdominal no pós-parto.

Fortalecer os músculos do core abdominal durante e após a gestação pode ajudá-la a lidar melhor com as mudanças do corpo, aliviar dores nas costas, melhorar a postura, preparar-se para o parto e evitar algumas complicações pós-parto (como a diástase abdominal e o prolapso genital).

Esses exercícios sempre devem ser indicados e supervisionados por um médico ou um obstetra de forma individualizada para cada mulher. Portanto, fazê-los por conta própria pode trazer malefícios em vez de benefícios.

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Gravidez: é obrigatória a suplementação de ferro?

Garantir uma ingestão adequada de ferro por meio da dieta é essencial para manter a saúde e o bem-estar do corpo humano, especialmente durante o desenvolvimento fetal. Por isso, frequentemente é necessária a suplementação do ferro na gravidez.

Afinal, ele é um componente fundamental da hemoglobina, uma proteína presente nos glóbulos vermelhos do sangue. A hemoglobina se liga ao oxigênio nos pulmões e o transporta para os tecidos do corpo, onde é necessário para produzir energia. Sem ferro suficiente, a capacidade do sangue de transportar oxigênio é comprometida, levando à anemia.

O ferro também é um componente essencial de outras proteínas e enzimas envolvidas em várias reações metabólicas no corpo. Essas proteínas e enzimas desempenham papéis vitais no metabolismo energético, na produção de DNA e na função imunológica.

Devido ao crescimento e desenvolvimento acelerado de uma nova vida dentro do corpo da mulher, a demanda de ferro cresce bastante. Quer saber mais sobre a suplementação de ferro? Acompanhe até o final!

Por que a necessidade de ferro aumenta na gestação?

O ferro é imprescindível durante a gestação devido ao aumento da demanda por esse mineral a fim de para sustentar o desenvolvimento saudável do feto e para atender às necessidades da mãe.

Produção de hemoglobina

Durante a gravidez, o volume sanguíneo da mulher aumenta para fornecer oxigênio e nutrientes ao feto em crescimento, o que requer uma maior produção de glóbulos vermelhos. O volume de sangue da mulher aumenta em até 50%, e o ferro é necessário para a produção de mais hemoglobina, a fim de garantir o transporte adequado de oxigênio para a mãe e para o bebê em desenvolvimento.

Desenvolvimento fetal

Por estar envolvido na multiplicação celular, o ferro é essencial para a formação dos órgãos, tecidos e ossos do feto, além de contribuir para a produção de glóbulos vermelhos do próprio bebê.

 

Desenvolvimento neurológico

O ferro é essencial para o desenvolvimento cerebral e neurológico do bebê, sendo necessário para a produção de mielina, uma substância que reveste os nervos. A carência de ferro no desenvolvimento fetal pode aumentar o risco de déficits motores e cognitivos nos primeiros anos de vida do bebê.

Prevenção de complicações gestacionais

A deficiência de ferro durante a gravidez pode resultar em complicações sérias, como parto prematuro, baixo peso ao nascer e aumento do risco de mortalidade materna e infantil.

Reserva para o Parto e Amamentação

Devido à importância do ferro, o nosso organismo tem diversos mecanismos para armazená-lo. Durante o parto, as reservas de ferro do corpo da mãe podem ser utilizadas. Caso a paciente não ingira uma quantidade adequada de ferro durante a amamentação e as reservas estejam baixas, o bebê pode sofrer com carência de ferro, pois o leite materno é frequentemente seu único alimento.

A suplementação de ferro é obrigatória?

A suplementação de ferro durante a gestação não é obrigatória, mas é fortemente recomendada pelas principais autoridades de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde do Brasil e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

A suplementação de ferro pode ser feita com diferentes finalidades durante a gestação:

  • Suplementação profilática geral (preventiva), isto é, para todas as mulheres saudáveis com ou sem risco para anemia;
  • Suplementação profilática para mulheres com risco aumentado de anemia (preventiva);
  • Suplementação terapêutica, indicada como tratamento para mulheres com anemia diagnosticada.

Nesse sentido, todas as gestantes, mesmo sem anemia, podem receber a indicação de suplementação oral de ferro elementar, iniciando o mais precocemente possível, preferencialmente no primeiro trimestre. A suplementação oral pode ser mantida por até 3 meses após o parto (ou aborto) para repor as reservas de ferro da mulher. Gestantes com anemia ferropriva podem precisar de doses maiores de ferro ou de outras formas de suplementação, como ferro intravenoso.

 

Suplementação de ferro nos primeiros anos de vida da criança

A suplementação profilática também está indicada para todas as crianças nos primeiros anos de vida. Para bebês nascidos a termo, em aleitamento materno exclusivo e sem risco de anemia, indica-se a suplementação a partir do 6º mês de vida até os 2 anos de idade. Para bebês com fatores de risco de anemia, as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria são:

SituaçãoRecomendação
Recém-nascidos a termo, peso adequado para a idade gestacional, em aleitamento materno exclusivoSuplementação de ferro a partir dos 3 meses de vida até o bebê completar 2 anos de idade
Recém-nascidos a termo, peso adequado para a idade gestacional, independentemente do tipo de alimentaçãoSuplementação de ferro a partir dos 3 meses de vida até o bebê completar 2 anos de idade
Recém-nascidos a termo com peso inferior a 2.500 g.Suplementação de ferro a partir de 1 mês de vida até o bebê completar 2 anos de idade.

 

Portanto, a suplementação de ferro é uma medida importantíssima para a prevenção e o tratamento da anemia ferropriva na mãe e no feto. O fato de ela não ser obrigatória não reduz sua importância. Siga sempre as recomendações do seu obstetra para garantir a sua saúde e a de seu bebê.

Quer saber mais sobre a suplementação vitamínica na gestação? Toque aqui!

Analgesia no parto normal: como é feita?

A analgesia no parto normal (controle da dor) é um tema muito relevante, visto que muitas mulheres têm medo de sentir dor durante o trabalho de parto. Ela ainda é confundida com a anestesia, que é uma das formas de controlar a dor. A anestesia se refere à perda total ou parcial da transmissão nervosa da dor, o que pode afetar sensações dolorosas, táteis, térmicas e proprioceptivas.

Ela pode envolver o uso de agentes anestésicos locais, regionais ou gerais. Os anestésicos locais são aplicados apenas na região onde se sente a dor, bloqueando todas as sensações. As regionais são aplicadas dentro da coluna vertebral e reduzem a sensibilidade de todo um segmento do corpo, como os membros inferiores. A anestesia geral age no sistema nervoso central, geralmente levando a pessoa a um estado de inconsciência. No parto, quando anestésicos são utilizados, eles são regionais.

A analgesia, por sua vez, refere-se especificamente ao controle específico da dor. Uma das estratégias de analgesia é a aplicação de anestésicos. Contudo, há outras técnicas de analgesia, e a analgesia não necessariamente envolve a perda de outras sensações além da dor. Isso é muito importante no contexto do parto normal, pois é importante que a mulher mantenha a sensibilidade. Quer saber mais sobre a analgesia no parto normal? Acompanhe até o final!

O que é parto normal humanizado?

O parto normal humanizado é o parto realizado através do canal vaginal, seguindo os seguintes princípios:

  • Protagonismo da mulher: a mulher é vista como a protagonista do seu próprio parto. Ela é encorajada a participar ativamente das decisões relacionadas ao seu cuidado, tendo voz e autonomia para escolher as melhores opções para si e para seu bebê. Nesse sentido, sempre que possível, é ela que escolhe a posição de parto, o método de analgesia (se desejar), a presença de acompanhante na sala de parto, entre outros pontos;
  • Individualização biopsicossocial: reconhece-se que cada mulher é única e possui suas próprias necessidades físicas, emocionais, sociais e culturais. Portanto, o cuidado durante o parto é personalizado, levando em consideração não apenas aspectos médicos, mas também o contexto global da mulher. Com base no suporte médico individualizado, a mulher elabora um plano de parto que reflita suas preferências e prioridades, que serve como guia para a equipe médica durante o trabalho de parto, assegurando o respeito aos seus desejos;
  • Técnicas baseadas em evidências científicas: o parto normal humanizado busca utilizar práticas baseadas em evidências científicas, priorizando intervenções que são comprovadamente seguras e benéficas para a saúde da mãe e do bebê. Isso envolve evitar intervenções desnecessárias, respeitando o processo fisiológico e natural do parto sempre que possível.

Nesse sentido, no parto normal humanizado, uma das decisões que a gestante pode tomar é em relação às técnicas de controle da dor.

Como é feita a analgesia no parto normal?

Dentro dos princípios do parto humanizado, as preferências da mulher são sempre consideradas nas decisões do parto. Então, você pode escolher, por exemplo, se deseja ou não utilizar a anestesia durante o parto.

No entanto, a escolha do tipo de analgesia no parto normal é mais complexa, envolvendo uma equipe com obstetras, neonatologistas e anestesistas. Para manter seu protagonismo, a equipe poderá conversar a respeito dos tipos de anestesia, citando os riscos e os benefícios de cada um deles.

Depois de acolher suas preferências, o tipo de anestesia utilizado dependerá também de outros fatores, como da avaliação clínica da equipe médica e da disponibilidade de recursos no local do parto. Ou seja, no parto normal considerado humanizado, busca-se sempre um equilíbrio entre o protagonismo da mulher e a segurança maternofetal. Veja, a seguir, as opções:

Anestesia

Os principais tipos de anestesia utilizados na obstetrícia são:

  • Raquianestesia: a raquianestesia envolve a administração de anestésicos diretamente no líquido cefalorraquidiano (espaço subaracnóideo) da coluna vertebral, resultando em um bloqueio mais rápido e eficaz da dor. No entanto, a raquianestesia isolada é mais comumente usada para cesarianas, pois causa um bloqueio maior da sensibilidade;
  • Epidural: a analgesia epidural é uma técnica amplamente utilizada para alívio da dor durante o trabalho de parto. Envolve a inserção de um cateter na região epidural, que fica fora da membrana que envolve a medula espinhal. A aplicação de um anestésico nessa região bloqueia a transmissão das sensações de dor da região da pelve. No entanto, pode estar associada a efeitos colaterais, como o enfraquecimento das contrações uterinas, o que pode prolongar o trabalho de parto em algumas situações;
  • Duplo bloqueio (o mais indicado na atualidade): após a aplicação de uma raquianestesia com doses menores de anestésicos, um cateter epidural é inserido na mesma região e usado para administrar doses adicionais de anestésico conforme necessário para manter o alívio da dor ao longo do trabalho de parto. Além disso, pode permitir uma redução da dose total de anestésico local necessária, potencialmente diminuindo o risco de efeitos colaterais. Entre seus benefícios, portanto, estão um menor bloqueio motor e uma dilatação mais rápida do colo uterino.

Outras estratégias

  • Respiração diafragmática: essa técnica ajuda a controlar a ansiedade e a reduzir a percepção da dor;
  • Visualização: criar imagens mentais positivas pode auxiliar no relaxamento e no manejo da dor;
  • Caminhar, agachar-se e ajoelhar-se: Facilitam o trabalho de parto e podem aliviar a dor;
  • Bola: auxilia na mudança de posições e no relaxamento muscular;
  • Banho de imersão em água morna: Relaxa os músculos e diminui a percepção da dor.

Além das estratégias não medicamentosas, podem ser empregados também analgésicos endovenosos ou intramusculares para redução da dor.

Portanto, o parto é uma experiência única e transformadora. A escolha da analgesia no parto normal deve ser feita de forma individualizada, com foco no protagonismo da mulher e nas melhores evidências científicas, pesando os riscos e os benefícios para cada situação.

Quer saber mais sobre o parto humanizado? Toque aqui!

Violência obstétrica: quais são as situações que caracterizam essa agressão contra a mulher?

A violência obstétrica é um tema que deve ser sempre discutido. Afinal, é ainda um problema frequente e, em muitos casos, é tão sutil que a paciente pode não o perceber. Suas consequências podem ser graves, resultando em traumas emocionais e memórias negativas. Ela também pode dificultar que a paciente desfrute de um momento tão importante para ela, o nascimento de um filho.

Para combater a violência obstétrica, é preciso humanizar o pré-natal e o parto. Ou seja, é fundamental colocar a mulher no centro da experiência, reconhecendo-a como protagonista. Nesse sentido, ela tem também o direito de que o parto seja feito de acordo com as melhores evidências científicas, considerando também os riscos e os benefícios de cada intervenção de forma individualizada.

Essa mudança de paradigma vai além da medicalização excessiva, valorizando o parto como um processo natural e fisiológico. A mulher é vista como um ser integral, com necessidades físicas, emocionais e sociais, que devem ser respeitadas durante todo o processo.

Com isso, exceto em situações de risco, ela tem autonomia para tomar decisões sobre seu corpo, seu bebê e seu parto. Portanto, a violência obstétrica abrange não apenas lesões físicas, mas também o despeito à autonomia e à saúde psíquica da paciente. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe até o final!

O que é violência obstétrica?

Violência obstétrica é um termo utilizado para descrever situações em que mulheres enfrentam violência física, verbal ou psicológica durante o parto ou o período perinatal. Ela pode ser cometida por qualquer profissional de saúde envolvido na atenção à gestante, como médicos, enfermeiros, técnicos e profissionais da equipe multidisciplinar. Além disso, ela pode incluir práticas médicas abusivas, como procedimentos invasivos desnecessários ou realizados sem o consentimento informado da paciente.

Situações que são caracterizadas como violência

Violência Verbal

A violência verbal ocorre quando a equipe realiza comportamentos, como:

  • Humilhação e xingamentos: a gestante se torna alvo de deboches, comentários desnecessários e tratamento rude, sofrendo constrangimento e desvalorização;
  • Discriminação: comentários negativos a respeito de alguma condição individual da gestante, como cor, sexualidade, classe social, religião, entre outros;
  • Violência moral: comentários negativos sobre a anatomia da gestante, como volume da região íntima e presença de pelos íntimos.

A violência verbal também não ocorre apenas no que é dito, ela também pode acontecer pela ausência de diálogo, fazendo com que a paciente se sinta ignorada pela equipe:

  • Desconsideração das necessidades e desejos: a mulher não é consultada sobre decisões importantes, como a posição para o parto ou o uso de analgesia;
  • Falta de comunicação e informações: a equipe médica não fornece informações claras sobre os procedimentos, gerando insegurança e medo na mulher.

Violência física

Uma das situações mais frequentes de violência física é a realização de procedimentos desnecessários, isto é, sem justificativa médica baseada em evidências médicas consistentes. Isso pode acontecer em intervenções, como:

Uma das bases da ética médica é não causar malefícios, considerando os riscos e os benefícios de cada intervenção.

Assim, a realização de procedimentos pode configurar violência obstétrica quando a equipe obstétrica:

  • Realiza intervenções na ausência de evidências científicas que justificam sua realização;
  • Poderia usar técnicas e meios menos agressivos;
  • Usa o procedimento para acelerar o parto em situações fora de risco ou para reduzir o custo do parto;
  • Realiza a intervenção sem explicar para a gestante o procedimento e como ele é feito;
  • Desconsidera o plano de parto da paciente sem uma justificativa razoável.

Nesse sentido, não é violência obstétrica quando o procedimento é necessário para reverter uma situação de risco iminente para a vida da gestante ou do bebê, além de ter sido realizado com o consentimento informado da gestante e com todo o cuidado necessário para reduzir complicações.

Algumas situações comuns em que a violência física pode ocorrer são:

  • Realização da manobra de Kristeller, pressionando a barriga da mulher contra sua vontade, causando dor intensa e sofrimento. Esse procedimento é considerado uma violência obstétrica em qualquer situação, visto que as evidências científicas não demonstraram nenhum benefício de sua utilização;
  • Realização de cesariana sem o consentimento da mulher, retirando da mulher o seu direito de escolha sobre seu corpo e parto;
  • Realização de episiotomia fora das indicações médicas ou sem a técnica adequada (incisões grandes ou descuidadas).

Violência psicológica

  • Negação do acompanhante de sua escolha, privando-a de apoio emocional durante o parto;
  • Imposição ou sugestão de procedimentos invasivos e desconfortáveis para causar medo ou constrangimento na gestante;
  • Ambiente hostil e frio no hospital, desumanizando a experiência da mulher;
  • Separação de seu bebê logo após o nascimento, sem qualquer explicação ou justificativa.

Violência sexual

  • Toque vaginal sem consentimento, violando a integridade física e sexual da mulher;
  • Realização de procedimentos íntimos sem explicação clara e respeito à sua autonomia;
  • Laqueadura sem consentimento, privando a paciente do direito de decidir sobre sua vida reprodutiva.

A prevenção da violência obstétrica passa pela humanização do parto, fortalecendo o protagonismo das gestantes. As mulheres devem conhecer seus direitos durante a gestação, parto e pós-parto. Isso inclui a realização de um plano de parto pela gestante, um documento com força legal, em que a paciente expressa seus desejos e necessidades. Por força de lei, a equipe médica deve segui-lo a menos que haja riscos justificáveis.

Quer saber mais sobre a episiotomia, um procedimento que frequentemente está relacionado à violência obstétrica? Toque aqui!

O que é diástase abdominal?

O abdômen é uma região do corpo humano localizada entre o tórax e a pelve, abrigando diversos órgãos responsáveis pela digestão, pela reprodução humana e pela excreção de substâncias tóxicas. Anatomicamente, o abdômen é sustentado por músculos e faixas de tecido conjuntivo, que trabalham juntos para fornecer suporte, estabilidade e movimento ao tronco.

Os principais músculos do abdômen incluem o reto abdominal, os oblíquos e o transverso do abdômen. A diástase abdominal é uma disfunção que acomete um desses músculos, o reto abdominal.

Durante a gestação, o abdômen materno passa por diversas mudanças significativas para acomodar o crescimento do feto, que causa um aumento progressivo do abdômen, resultando em uma protuberância que se torna mais visível à medida que a gravidez avança.

Na maior parte das mulheres, essas mudanças são passageiras, e os músculos se recuperam após parto. Em outras, porém, pode surgir a diástase abdominal. Quer saber mais sobre ela? Acompanhe até o final!

O que é diástase abdominal?

A diástase abdominal é caracterizada pelo afastamento anormal dos músculos retos do abdômen. A principal função desse músculo é a flexão do tronco, o que significa que ele é responsável por curvar a parte superior do corpo em direção à pelve.

Além disso, o reto abdominal desempenha um papel importante na estabilização da coluna vertebral e na compressão dos órgãos abdominais durante atividades físicas. Portanto, a funcionalidade do músculo reto abdominal é importante para uma postura adequada, a estabilização do tronco e o suporte dos órgãos internos.

Esse músculo, localizado na parte frontal do abdômen, apresenta duas porções simétricas: uma direita e uma esquerda. Elas se unem no centro do abdômen por uma faixa de tecido conjuntivo chamada linha alba. Na diástase, essa linha se enfraquece, e as duas porções do músculo se distanciam, podendo criar uma cavidade na pele da pessoa afetada.

No entanto, ainda não existe um consenso a respeito de qual distância de separação pode ser considerada normal para o músculo reto abdominal. Em geral, contudo, pode-se adotar as seguintes medidas:

  • Uma separação de até uma polpa digital e meia (cerca de 2 cm) pode ser considerada normal para a maioria das pessoas;
  • Uma distância entre 2 e 3 dedos (2 a 3 cm) pode ser considerada diástase leve, especialmente se não causar sintomas;
  • Quando a separação ultrapassa 3 dedos (mais de 3 cm), isso geralmente indica diástase moderada ou grave.

No entanto, mais importante que a medida da distância, é a avaliação das repercussões da diástase abdominal na vida da paciente. Ou seja, se você está sentindo algum sintoma ou complicação, como dor lombar, incontinência urinária e protuberância abdominal.

Causas

As principais causas de diástase abdominal estão relacionadas com o estiramento do músculo reto abdominal e da linha alba, isto é, um alongamento excessivo de suas fibras. Isso pode ocorrer em situações como:

  • Gravidez, que representa a principal causa da diástase abdominal;
  • Obesidade: o excesso de peso abdominal aumenta a pressão intra-abdominal, o que pode esticar o músculo e a linha alba excessivamente. Essa causa tem se tornado cada vez mais comum à medida que a frequência de obesidade aumenta na população brasileira e mundial;
  • Cirurgias abdominais: durante cirurgias abdominais, como a cesariana, pode ser necessário afastar as duas porções do músculo reto abdominal ou fazer uma incisão na linha alba. A maioria das pacientes se recupera sem diástase, mas outras podem apresentar essa complicação;
  • Fraqueza muscular: músculos abdominais fracos podem ser mais propensos a se separar.

Diástase abdominal na gravidez

Durante a gestação, a separação e o relaxamento do músculo reto abdominal ocorrem naturalmente para acomodar o crescimento do útero e do feto. No entanto, após o parto, o organismo materno volta progressivamente para o seu estado anterior à gestação. Assim, o músculo reto abdominal aumenta o seu tônus e as fibras da linha alba se reorganizam. Por esse motivo, grande parte das mulheres não apresenta diástase abdominal após uma gravidez.

Alguns fatores de risco parecem contribuir para que a paciente desenvolva a diástase após a gestação, como:

  • Peso fetal elevado ao nascimento;
  • Gravidez de gêmeos;
  • Realização de uma cesariana;
  • Idade materna elevada;
  • Assoalho pélvico enfraquecido antes da gestação.

Os sintomas da diástase abdominal após a gravidez podem incluir uma protuberância na região abdominal, especialmente durante a contração dos músculos, fraqueza abdominal, dor nas costas e até incontinência urinária.

Recuperação pós-parto

Para reduzir o risco de desenvolver a diástase abdominal pós-parto, a paciente pode realizar exercícios de fortalecimento do reto abdominal e do assoalho pélvico antes de engravidar. Em relação às medidas para a correção da diástase abdominal após o parto, inicialmente, recomenda-se:

  • Realização de exercícios de fortalecimento abdominal após o parto;
  • Perda de peso: apesar de não ter um efeito imediato de reduzir o tamanho da diástase, essa medida pode reduzir seu agravamento e amenizar os impactos funcionais.

Se não houver melhora funcional ou estética com a realização do tratamento conservador, a paciente pode realizar cirurgia de plicatura do músculo reto abdominal. Nesse procedimento, é feita uma sutura para aproximar as porções do músculo.

Caso você suspeite que está com diástase abdominal, procure um obstetra para avaliá-la. O profissional palpará a região abdominal para verificar a presença de uma abertura entre os músculos retos abdominais. Em alguns casos, pode ser necessário realizar exames de imagem, como ultrassom abdominal, para confirmar o diagnóstico. A partir disso, ele poderá indicar um plano terapêutico individualizado adequado para o seu caso.

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Pólipo endometrial: saiba mais sobre o tratamento

Pólipos endometriais são lesões que se formam no endométrio do útero. O endométrio é o tecido que reveste a parede interna do útero, desempenhando um papel fundamental no ciclo menstrual e na fertilidade feminina. Durante o ciclo menstrual, o endométrio passa por mudanças cíclicas em resposta aos hormônios sexuais (principalmente o estrogênio e a progesterona).

Na primeira parte do ciclo menstrual, sob estímulo do estrogênio, as células endometriais se multiplicam rapidamente. Depois da ovulação, sob a ação da progesterona, o endométrio amadurece e passa a produzir substâncias que são essenciais para o desenvolvimento inicial de um futuro embrião. Se a concepção não ocorrer, o endométrio é eliminado durante o período menstrual.

Se a concepção ocorrer, o endométrio desempenha um papel fundamental, pois é nele que o embrião se implanta e desenvolve as primeiras conexões com o organismo da mãe. Se a implantação no endométrio não é bem-sucedida, a gestação não evolui. Quer saber mais sobre os pólipos endometriais e como tratá-los? Acompanhe até o final!

O que é pólipo endometrial?

Diversas condições podem acometer o endométrio, o que causa bastante confusão nas pacientes. O pólipo endometrial é um crescimento anormal e localizado do endométrio. Em outras palavras, apenas uma parte desse tecido se prolifera excessivamente. Portanto, é diferente do que ocorre em outras condições, como:

  • Hiperplasia endometrial: todo endométrio fica mais espesso, e não uma região específica;
  • Adenomiose: além do espessamento de todo o endométrio, as células endometriais passam a invadir o miométrio, a camada intermediária do útero.

É geralmente benigno (não canceroso). Uma paciente pode ter um único ou múltiplos pólipos endometriais, que são variáveis em tamanho, podendo medir de alguns milímetros a vários centímetros. É mais comum em mulheres na pré-menopausa, mas pode ocorrer em qualquer idade.

Sintomas e diagnóstico dos pólipos uterinos

Os principais sintomas dos pólipos endometriais são:

  • Sangramento uterino anormal: sangramento entre as menstruações, sangramento menstrual intenso ou prolongado;
  • Sangramento após a menopausa;
  • Dor pélvica crônica, dismenorreia (cólicas menstruais) e dor durante a relação sexual;
  • Dificuldade em engravidar e abortamento espontâneo.

A investigação inicial envolve uma avaliação ginecológica criteriosa (anamnese e exame físico) e a ultrassonografia transvaginal. Caso lesões sejam identificadas, indica-se a histeroscopia com biópsia das lesões para obter um diagnóstico definitivo.

O tratamento dos pólipos endometriais

O tratamento dos pólipos endometriais depende de diversos fatores, como:

  • Desejo de engravidar: a retirada dos pólipos endometriais aumenta as chances de a paciente engravidar e reduz os riscos de complicações gestacionais. No entanto, como a infertilidade pode ser multifatorial, algumas mulheres que desejam engravidar podem precisar de um tratamento específico para aumentar a fertilidade;
  • Idade da paciente: o tratamento de mulheres assintomáticas em idade reprodutiva geralmente é conservador, isto é, apenas o acompanhamento dos pólipos endometriais e o tratamento dos sintomas. Apesar de pólipos endometriais malignos serem raros, a biópsia é importante para descartar as chances de tumor maligno nas mulheres no pós-menopausa, pois o risco de câncer endometrial é maior nessa fase;
  • Sintomas: se a paciente apresenta sangramento anormal ou outros sintomas, a remoção do pólipo é indicada;
  • Tamanho do pólipo: pólipos endometriais maiores que 1 cm geralmente exigem remoção.

Tratamento expectante

O tratamento expectante é aquele em que nenhuma intervenção é feita para tratar as lesões, que geralmente regridem espontaneamente. Ainda assim, o acompanhamento é fundamental, sendo feito por ultrassonografias periódicas para monitorar o crescimento das lesões. Caso algum comportamento suspeito seja identificado, o tratamento poderá ser indicado.

Tratamento medicamentoso

Em algumas pacientes com sintomas (exceto sangramento uterino anormal e infertilidade), podem ser prescritos medicamentos para ajudar a reduzi-los, como dor pélvica crônica e a dismenorreia.

Tratamento cirúrgico

A remoção dos pólipos endometriais geralmente é realizada por meio de histeroscopia, um procedimento no qual um pequeno instrumento é inserido no útero através da vagina e do colo do útero.

Os pólipos endometriais são removidos usando diferentes meios, como ressecção com cortes ou cauterização. A escolha depende do número e do tamanho dos pólipos endometriais, devendo-se colher algumas lesões inteiras para avaliação de suas características microscópicas (histologia).

Antigamente, utilizava-se a curetagem para o tratamento dos pólipos endometriais. Contudo, devido à ampla disponibilidade da histeroscopia atualmente, a curetagem tem se tornado mais rara, pois apresenta maior taxa de complicações.

O tratamento cirúrgico dos pólipos endometriais está indicado para casos, como:

  • Pacientes com sangramento uterino anormal;
  • Paciente no pós-menopausa;
  • Pacientes com risco elevado de hiperplasia endometrial ou de câncer endometrial;
  • Pacientes com pólipos endometriais maiores do que 1,5 centímetros, com pólipos endometriais prolapsados (que se projetam para dentro do canal cervical) ou com pólipos endometriais múltiplos.

A cirurgia de pólipos endometriais também deve ser considerada em casos de infertilidade, pois podem interferir na implantação do embrião.

A remoção cirúrgica dos pólipos endometriais pode ajudar a restaurar a receptividade normal do endométrio, proporcionando um ambiente mais receptivo para a gravidez. Além disso, a presença de pólipos endometriais pode estar associada a distúrbios hormonais e inflamação local, que também podem afetar a fertilidade.

A cirurgia é recomendada mesmo se a paciente planeja utilizar métodos de reprodução assistida. A remoção dos pólipos endometriais pode não apenas melhorar as chances de concepção natural, mas também aumentar a eficácia dessas técnicas, como a fertilização in vitro (FIV). No entanto, é fundamental que o tratamento seja individualizado e que outras causas potenciais de infertilidade também sejam investigadas e abordadas, em colaboração com profissionais de saúde especializados em fertilidade.

Portanto, o plano terapêutico para os pólipos endometriais, como qualquer conduta médica, deve ser elaborado, considerando os seus fatores individuais e as suas preferências. É importante entender os riscos e os benefícios de cada conduta. Afinal, apesar de a maioria dos pólipos uterinos ser benigna e assintomática, algumas lesões podem ser pré-cancerosas, cancerosas ou impactar a sua funcionalidade.

Quer saber mais sobre os pólipos endometriais? Toque aqui!

Endometriose, anemia e gestação: saiba mais sobre essa relação

O monitoramento da anemia e da endometriose na gestação é importante para garantir a saúde da mãe e do bebê. A anemia, caracterizada pela deficiência de glóbulos vermelhos, pode comprometer o desenvolvimento fetal. Já a endometriose, uma doença caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do útero, pode causar sintomas incômodos e, em alguns casos, complicações na gravidez.

O acompanhamento médico pré-natal permite o acompanhamento e o tratamento adequado de ambas as condições. Por meio das consultas clínicas, dos exames de sangue e de ultrassons, é possível identificar a presença de anemia e endometriose e determinar as medidas terapêuticas mais adequadas para cada caso. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe até o final!

O que é anemia?

Nosso sangue é composto por diversas células, como:

  • as hemácias (glóbulos vermelhos), que transportam oxigênio para os mais diversos tecidos do corpo;
  • os leucócitos (glóbulos brancos), que são nossas células de defesa;
  • as plaquetas (glóbulos amarelos), as quais são responsáveis pela coagulação.

As hemácias são de cor vermelha, pois armazenam hemoglobina, uma proteína que contém ferro e é responsável por transportar oxigênio para os tecidos do corpo. A anemia é caracterizada pela diminuição dos níveis de hemoglobina no sangue. Ela é diagnosticada por meio de um exame de sangue, o hemograma, o qual conta o número de hemácias e mede a concentração de hemoglobina no sangue.

Anemia e seus impactos na gestação

A anemia é uma condição bastante comum na gestação, afetando cerca de 20% das gestantes, mas não deve ser normalizada. Afinal, a condição está associada a diversos riscos gestacionais, como:

Os principais sintomas da anemia na gestação são:

  • Fadiga;
  • Falta de ar;
  • Tontura;
  • Palidez;
  • Dor de cabeça;
  • Falta de concentração;
  • Batimentos cardíacos acelerados;
  • Feto pequeno para a idade gestacional.

Causas de anemia em gestantes

Por ser um problema frequente, uma das ações das consultas de pré-natal é prevenir, investigar e tratar a anemia, aumentando as chances de uma gestação saudável para a mãe e para o bebê. As principais causas da anemia na gestação:

  • Aumento da demanda de ferro: na gestação, o bebê também precisa produzir seus próprios glóbulos vermelhos. Então, para se desenvolver, ele usa os estoques de ferro da mãe;
  • Deficiência de ferro: a causa mais comum, especialmente no segundo e terceiro trimestres, quando a demanda por ferro aumenta;
  • Deficiência de ácido fólico: esse nutriente também é importante para a formação do tubo neural do bebê;
  • Deficiência de vitamina B12;
  • Doenças inflamatórias crônicas.

Anemia e endometriose

Diversas doenças ginecológicas podem causar anemia devido a diferentes motivos:

  • Menstruação abundante — é o mecanismo mais comum de anemia por deficiência de ferro em mulheres em idade fértil, pois, durante o sangramento menstrual, a mulher perde hemácias e ferro. As principais doenças que causam sangramento uterino anormal são os miomas uterinos, a adenomiose e os pólipos uterinos. Quando a menstruação excessiva é a causa da anemia, os níveis de ferro caem nos exames de sangue;
  • Doenças inflamatórias crônicas — a inflamação persistente pode fazer com que os níveis de eritropoetina, um hormônio que estimula a produção de glóbulos vermelhos, caia. Além disso, a inflamação crônica aumenta a hemólise (destruição de glóbulos vermelhos) e reduz o ferro disponível para a produção de hemoglobina. Apesar da anemia, a quantidade de ferro armazenado no corpo pode ser normal ou até mesmo alta, devido à dificuldade do corpo em utilizá-lo para produzir glóbulos vermelhos.

A endometriose é caracterizada pelo crescimento de tecido endometrial fora do útero. Seus principais sintomas são:

  • Dor pélvica crônica;
  • Dismenorreia (cólicas menstruais);
  • Dificuldade para engravidar;
  • Dor durante as relações sexuais;
  • Disfunções urinárias e intestinais.

O sangramento uterino anormal, por sua vez, não é um sintoma frequente na endometriose. Assim, essa doença pode predispor a paciente à anemia devido à inflamação crônica, a qual interfere na produção de glóbulos vermelhos na medula óssea, levando à anemia.

Endometriose, anemia e gestação

Em muitos casos, os sintomas da endometriose podem melhorar durante a gravidez devido às alterações hormonais que ocorrem naturalmente. Ainda assim, os estudos vêm apontando que a inflamação pélvica causada pela endometriose pode estar relacionada ao aumento do risco de complicações gestacionais, como:

  • Abortamento espontâneo;
  • Gravidez ectópica;
  • Parto prematuro;
  • Descolamento prematuro da placenta;
  • Aderências pélvicas, que podem dificultar o parto normal.

Pelo conhecimento científico atual, não é possível determinar se a endometriose pode aumentar o risco de endometriose em gestantes. Portanto, quando a gestante apresenta anemia, vamos investigar as causas mais frequentes primeiramente, como a deficiência nutricional e a presença de focos ocultos de hemorragia.

Por isso, é importante que as mulheres grávidas realizem a investigação da anemia durante o pré-natal para detectar a anemia e outras condições. Além disso, a suplementação de ferro preventiva é indicada para todas as gestantes, independentemente dos resultados do hemograma.

Se diagnosticada, a anemia na gestação geralmente é tratada com doses mais altas de suplementos de ferro e, às vezes, suplementos de ácido fólico ou vitamina B12, conforme necessário. Caso os exames apontem que a anemia possa ser causada por doença crônica, a suplementação de ferro pode ser insuficiente. Quando possível, deve-se tratar essa doença de base.

Porém, o tratamento da endometriose durante a gestação é complexo. Alguns medicamentos para tratar a endometriose podem não ser seguros durante a gestação. Por exemplo, a terapia hormonal e os medicamentos que diminuem os níveis de estrogênio, como os agonistas de GnRH, geralmente não são recomendados durante a gravidez devido ao potencial de efeitos colaterais no feto.

Portanto, em gestações sem complicações, pode ser apenas necessário monitorar os sintomas e a evolução da endometriose e da anemia. Se essas medidas não forem eficazes e os níveis de hemoglobina ficarem muito baixos, uma transfusão de sangue pode ser necessária.

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Transmissão do HPV durante o parto: é possível?

O Papilomavírus Humano (HPV) é um grupo de vírus que pode infectar a região genital e outras áreas do corpo. Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV. Alguns deles estão associados ao desenvolvimento de verrugas genitais e outros podem causar lesões que evoluem para o câncer, principalmente no colo do útero. Apesar disso, é uma infecção comum, e a maioria das pessoas infectadas não apresenta sintomas.

No entanto, alguns tipos de HPV podem persistir e levar a complicações de saúde mais sérias. Devido a isso, muitas gestantes ficam preocupadas com a possibilidade de transmitir o vírus para seu bebê durante o parto. Neste post, vamos explicar melhor se isso é realmente possível e o que pode ser feito. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe até o final!

Transmissão do HPV durante o parto: é possível?

Sim, mas não é frequente. O vírus do papiloma humano (HPV) é geralmente transmitido por contato direto de:

  • pele com pele;
  • pele com mucosa;
  • mucosa com mucosa.

A transmissão geralmente ocorre durante a atividade sexual devido ao contato genital-genital, oral-genital e manual-genital. Além disso O vírus também pode ser transmitido por meio de fluidos corporais, como os fluidos vaginais. Ou seja, o vírus pode ser transmitido mesmo na ausência de penetração.

Apesar de não ser uma via de transmissão comum, o HPV também pode ser transmitido verticalmente (de mãe para filho) durante o parto ou o puerpério. Ou seja, o bebê pode entrar em contato com o vírus HPV presente na vagina ou no colo do útero da mãe.

Parto normal

Durante o parto, o bebê pode entrar em contato com o vírus na vagina ou no colo do útero da mãe. Isso pode acontecer mesmo se a mãe não apresentar sinais ou sintomas da infecção. Enfatizando, a transmissão durante o parto normal é considerada rara.

Alguns fatores podem aumentar esse risco de transmissão vertical do HPV, como em mulheres que:

Cesariana

A transmissão durante a cesariana é considerada ainda mais rara. Afinal, o bebê não passa pelo canal de parto vaginal, o que reduz significativamente o risco de exposição ao HPV presente na região genital materna. Além disso, as precauções padrão e medidas de assepsia são tomadas durante o procedimento para minimizar riscos de quaisquer infecções.

Apesar de o risco de transmissão do HPV ser menor nas cesarianas, ela não é indicada como uma forma de prevenção contra o HPV atualmente.

Quais as consequências de uma infecção por HPV para o bebê?

Para o bebê, um dos principais riscos da infecção pelo HPV é o desenvolvimento da papilomatose respiratória recorrente. A papilomatose respiratória recorrente (PRR) é uma condição rara que causa lesões benignas (não cancerosos) nos órgãos das vias aéreas superiores, como a laringe, a traqueia e os brônquios. Os sintomas da PRR podem incluir:

  • Rouquidão;
  • Dificuldade para respirar;
  • Tosse;
  • Tosse com sangue;
  • Falta de ar;
  • Dificuldade para engolir.

Como prevenir o HPV antes e durante o parto?

As principais formas de prevenção contra o HPV incluem:

Vacinação

A vacina contra o HPV é a forma mais eficaz de prevenir a infecção pelo HPV. Ela é recomendada para todas as meninas de 9 a 14 anos, mas também pode ser administrada em mulheres até 45 anos que nunca foram vacinadas ou que não completaram o esquema de vacinação.

É importante ressaltar, contudo, que a vacina contra o HPV não pode ser tomada durante a gestação. Por isso, deve ser administrada enquanto você está planejando engravidar. Uma das vantagens de se vacinar é que os anticorpos podem passar para o bebê durante a gravidez, reduzindo o risco de uma infecção devido ao parto.

Realização do Papanicolaou durante o pré-natal

Para as mulheres grávidas, é importante que elas façam o exame preventivo do colo do útero, conhecido como Papanicolau, durante a gravidez. O exame pode ajudar a identificar a infecção pelo HPV e iniciar o tratamento precocemente, se necessário.

Uso de preservativos

Embora o uso de preservativos não forneça uma proteção completa contra o HPV, eles podem ajudar a reduzir o risco de transmissão. Então, caso você realize relações sexuais durante a gestação, esteja sempre protegida. Isso prevenirá não apenas o HPV, mas outras infecções que podem prejudicar significativamente o bebê, como a sífilis e a clamídia.

Quais as consequências do HPV para a mulher de forma geral?

O HPV pode causar as seguintes condições nas mulheres:

  • Verrugas genitais: são lesões (geralmente, verrugas) que podem aparecer na vulva, vagina, colo do útero, ânus ou pênis. Elas são causadas por tipos de HPV de baixo risco;
  • Câncer do colo do útero: o câncer do colo do útero é um dos tipos mais comuns de câncer ginecológico. Ele é causado por tipos de HPV de alto risco, como o HPV 16 e o HPV 18;
  • Câncer de ânus, de vulva ou de vagina: são tipos raros de câncer que pode ser causado pelos HPV de alto risco.

É importante ressaltar que nem todas as mulheres infectadas pelo HPV desenvolverão câncer. A maioria das infecções pelo HPV é eliminada pelo corpo naturalmente. No entanto, é importante fazer exames regulares para detectar qualquer alteração que possa evoluir para o câncer.

Quer saber mais sobre o HPV e sua prevenção? Toque aqui!

É possível fazer a reversão da laqueadura tubária?

A laqueadura tubária, também conhecida como ligadura das tubas uterinas, é um procedimento cirúrgico utilizado para a esterilização permanente em mulheres. Durante esse procedimento, as tubas uterinas são cortadas ou bloqueadas para evitar a passagem dos óvulos para o útero, impedindo, assim, a gravidez.

A laqueadura é uma forma eficaz de contracepção. A taxa de falha é de apenas 0,1% quando a paciente segue as recomendações médicas no pós-cirúrgico. No entanto, é importante lembrar que a laqueadura é um procedimento cirúrgico irreversível e pode apresentar riscos, como infecção, sangramento e lesão dos órgãos internos.

Apesar de a reversão da laqueadura tubária (um procedimento cirúrgico) ter evoluído bastante, ela ainda não garante o retorno da fertilidade. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

Quem pode fazer uma laqueadura?

A laqueadura é um procedimento muito conhecido no Brasil e que voltou aos “holofotes” devido às mudanças na Lei de Planejamento Familiar em 2022, como:

  • Redução da idade mínima: a idade mínima para a realização da laqueadura foi reduzida de 25 para 21 anos;
  • Liberação para pessoas sem filhos: pessoas sem filhos agora podem realizar a laqueadura, independentemente da idade;
  • Fim da exigência do consentimento do cônjuge: o consentimento do cônjuge não é mais exigido para a realização da laqueadura.

Essas modificações são consideradas um avanço no direito à saúde sexual e reprodutiva das mulheres, aumentando a sua autonomia em relação ao próprio corpo. No entanto, uma decisão livre envolve não apenas o direito de fazer o procedimento, mas também a compreensão de seus riscos e benefícios.

É possível reverter a laqueadura?

Sim, é possível fazer a reversão da laqueadura tubária. O procedimento, também conhecido como reanastomose tubária, consiste na reconexão das tubas uterinas, permitindo que os espermatozoides alcancem os óvulos e ocorra a fecundação.

A reversão da laqueadura tubária é um procedimento cirúrgico, que pode ser realizado por:

  • Laparoscopia — um procedimento menos invasivo, que é realizado por meio de pequenas incisões no abdômen;
  • Laparotomia — um procedimento mais invasivo, que é realizado por meio de uma incisão maior no abdômen.

O sucesso da reversão da laqueadura tubária depende de vários fatores, incluindo:

  • Idade: a taxa de sucesso da reversão da laqueadura tubária diminui com a idade da mulher;
  • Presença de outros fatores de infertilidade: se você tiver outros fatores de infertilidade, como endometriose ou pólipos uterinos, a reversão da laqueadura tubária pode não ser suficiente para restaurar sua fertilidade;
  • Técnica utilizada para realizar a laqueadura: técnicas que envolvem a retirada de uma porção maior das tubas são mais difíceis de reverter;
  • O tempo decorrido desde a laqueadura: quanto mais antiga for uma laqueadura, menores são as chances de sucesso da reversão.

Em geral, as taxas de sucesso da reversão da laqueadura tubária são de até 70% a 80%. No entanto, é importante ressaltar que, mesmo com o sucesso do procedimento, a mulher pode não engravidar.

Se a reversão da laqueadura tubária não for uma opção viável, a FIV pode ser considerada. Nesse caso, os óvulos são coletados, fertilizados em laboratório e os embriões resultantes são transferidos para o útero.

Por que preferir métodos reversíveis?

Os métodos reversíveis de contracepção permitem que a mulher mude de ideia sobre o planejamento familiar no futuro. Se a mulher decidir engravidar, ela pode remover o método reversível sem dificuldade. A laqueadura tubária, por outro lado, é um procedimento definitivo cuja reversão apresenta resultados incertos.

Alguns exemplos de métodos reversíveis de contracepção são:

  • DIU: um pequeno dispositivo que é inserido no útero e pode prevenir gestações por mais de 5 anos;
  • Implante contraceptivo: um pequeno bastão que é inserido sob a pele do braço e libera hormônios para prevenir a gravidez;
  • Injeção contraceptiva: uma injeção de contraceptivos hormonais que é administrada a cada 3 meses;
  • Pílula anticoncepcional: comprimidos hormonais que devem ser tomados diariamente.

A vida é dinâmica, e as circunstâncias pessoais podem mudar ao longo do tempo. Optar por métodos reversíveis permite que as pessoas se adaptem às mudanças nos relacionamentos, na carreira, na situação financeira e nos objetivos familiares. Como as chances de recuperação da fertilidade pela reanastomose tubária são limitadas e os procedimentos de reprodução assistida são caros para muitas pacientes, a laqueadura não é a melhor opção para controle da fertilidade.

Segurança

Os métodos reversíveis de contracepção são geralmente mais seguros do que os métodos definitivos, como a laqueadura tubária. A laqueadura tubária é uma cirurgia invasiva que envolve o corte ou a obstrução das tubas uterinas. Como qualquer cirurgia, ela pode apresentar riscos, como infecção, sangramento e lesão dos órgãos internos.

Menor impacto emocional

A laqueadura tubária é um procedimento cirúrgico permanente e, em alguns casos, o processo de reversão pode ser desafiador. Passar por uma cirurgia adicional pode demandar bastante da mulher emocional e fisicamente. Muitos métodos reversíveis envolvem uma decisão simples, como parar de tomar a pílula ou as injeções trimestrais. Mesmo métodos mais duradouros, como o DIU, são facilmente retirados por um ginecologista experiente no próprio consultório médico.

Portanto, a recomendação atual é que a mulher evite a laqueadura sempre que possível. Em alguns casos, o procedimento pode ser a melhor opção, como para mulheres que apresentam contraindicação absoluta a uma gestação por motivos médicos. Nos demais casos, métodos contraceptivos reversíveis de longa duração oferecem a flexibilidade de escolha e a comodidade de não precisar utilizar o método todos os dias ou meses. Afinal, a fertilidade nem sempre se recupera após a reversão da laqueadura tubária.

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DIP na gestação: saiba mais sobre o assunto

As gestações são um momento delicado, o qual requer cuidados especiais para garantir a sua saúde e a do seu bebê. Por esse motivo, existe toda uma rotina de acompanhamento médico periódico, o pré-natal. Seu objetivo é garantir os melhores cuidados durante toda a gravidez, rastreando também condições que podem colocar a gestação em risco, como a doença inflamatória pélvica (DIP).

Quer saber mais sobre essa condição e suas características na gestação? Acompanhe até o final!

O que é DIP?

A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma infecção do sistema reprodutivo feminino superior (útero, tubas uterinas e ovários). Em geral, é causada por bactérias, principalmente aquelas transmitidas por via sexual (clamídia e gonorreia são as mais comuns). Formas de transmissão mais raro são o parto, o aborto, a curetagem uterina.

Os principais sintomas da DIP incluem:

  • Dor pélvica, especialmente durante relações sexuais;
  • Corrimento vaginal anormal (alterações na cor, no odor, na consistência ou no volume);
  • Sangramento uterino anormal;
  • Febre e calafrios;
  • Dor ao urinar;
  • Náusea e vômito.

A DIP pode ainda ser assintomática, mas, ainda assim, a paciente pode apresentar complicações, como:

  • Infertilidade;
  • Gravidez ectópica;
  • Dor pélvica crônica.

A DIP pode ocorrer na gestação?

Sim, a DIP pode ocorrer durante a gestação, embora seja menos comum do que em mulheres não grávidas. As complicações da DIP na gravidez são graves e podem afetar tanto a mãe quanto o bebê.

Causas da DIP

As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) bacterianas, como clamídia e gonorreia, são as principais causas da DIP, especialmente em mulheres grávidas com menos de 25 anos. A DIP pode ser causada tanto por uma infecção antiga, presente desde antes da gestação, quanto por uma transmissão recente. Por esse motivo, a mulher deve ter relações sexuais sempre protegidas durante a gravidez.

Além disso, a DIP pode ocorrer devido a microrganismos de uma vaginose bacteriana, os quais podem migrar para trato genital superior através do colo do útero. O acompanhamento pré-natal é fundamental para identificar e tratar precocemente as vaginoses, evitando que elas evoluam para doenças mais graves.

Sintomas

Os sintomas, em geral, são os mesmos. No entanto, é importante entender que alguns deles podem ser confundidos com manifestações que a sociedade considera “normais” durante a gestação, como as náuseas, os vômitos, dor durante as relações sexuais e a dor ao urinar.

Além disso, a mulher para de menstruar durante a gestação. Então, ela não manifesta um dos sintomas mais frequentes da DIP, o sangramento uterino anormal. Entretanto, pode apresentar spotting (manchas de sangue na roupa íntima). Qualquer sangramento durante deve ser investigado por um obstetra com bastante critério.

Prevenção

  • Praticar sexo seguro: Usar preservativos em todas as relações sexuais para prevenir ISTs. Essa é a recomendação mais importante para a prevenção da DIP;
  • Realizar exames regulares para ISTs: mesmo sem sintomas, é importante fazer exames periódicos, especialmente durante a gravidez. O rastreio de algumas ISTs é feito na rotina de pré-natal, mas não deixe de conversar com seu obstetra sobre seu comportamento sexual para que ele possa pedir uma investigação complementar (se necessário);
  • Manter uma boa higiene íntima, seguindo as dicas de seu obstetra;
  • Evitar duchas vaginais, pois elas perturbam o equilíbrio da flora vaginal e aumentam o risco de infecções;
  • Tratar adequadamente qualquer infecção vaginal: Buscar tratamento médico precoce para evitar a progressão para DIP.

Riscos na gestação

A DIP pode ainda aumentar o risco de:

Alguns estudos apontam ainda que a DIP pode aumentar o risco de ruptura prematura das membranas e baixo peso fetal ao nascer.

Diagnóstico e tratamento da DIP na gestação

O diagnóstico é predominantemente clínico, ou seja, pode ser feito apenas com a avaliação médica (anamnese e exame físico). De acordo com a avaliação individualizada de cada mulher, podem ainda ser solicitados exames complementares, como exames de sangue, de urina e de imagem. Nesse sentido, o acompanhamento pré-natal é fundamental, pois permite:

  • Identificação de fatores de risco: permite a identificação de fatores de risco para DIP, como histórico de ISTs, vaginose bacteriana, parto prematuro ou aborto anterior;
  • Detecção precoce da infecção: por meio de exames de rotina, a DIP pode ser detectada em seus estágios iniciais, aumentando as chances de um tratamento eficaz;
  • Avaliação da gravidade da infecção: O pré-natal permite a avaliação da gravidade da DIP e a determinação do melhor tratamento para cada caso.

A base do tratamento da DIP também são os antibióticos, mas a escolha dos medicamentos precisa levar em consideração a segurança para o bebê em desenvolvimento. Em casos não complicados e em pacientes de baixo risco, a administração é feita pela própria gestante com medicamentos de via oral.

A administração intravenosa de antibióticos no hospital é necessária em casos graves a fim garantir a efetividade do tratamento. Portanto, algumas gestantes podem ser internadas para tratar a DIP. A prevenção da reinfecção também é essencial, com o uso de preservativos em todas as relações sexuais e o tratamento do parceiro sexual para ISTs.

Portanto, a DIP é uma doença grave que deve ser tratada o mais rápido possível. O atraso no tratamento pode levar a consequências graves. Se você tem algum sintoma de DIP, consulte um obstetra imediatamente.

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