Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

Qual é o melhor momento para engravidar?

Ao contrário dos homens, que são férteis durante toda a vida, sabemos que as mulheres perdem a fertilidade à medida que se aproximam da menopausa, a interrupção permanente da menstruação. Esse evento, que acontece normalmente a partir dos 40 anos, significa que a reserva ovariana chegou a níveis muito baixos.

Consequentemente, não há produção de estrogênio suficiente para estimular o endométrio e causar os ciclos menstruais. Com isso, muitas mulheres se perguntam: qual é o melhor momento para engravidar?

Essa resposta depende atualmente de muitos fatores e, devido ao avanço da medicina e das mudanças culturais, não é tão simples quanto parece. Portanto, a decisão é sempre da mulher, e não é possível fazer uma lista do que você deve considerar ou não. É uma reflexão sua, — com base nos seus valores e nos objetivos da sua vida. Contudo, podemos falar sobre os aspectos biológicos que sabemos sobre a fertilidade feminina ao longo da vida.

Portanto, neste post, você vai entender quais são os fatores físicos que determinam a reprodução. Vamos falar, por exemplo, se há uma idade em que a mulher está mais fértil, se os riscos de ter uma gestação mais tardia ou se há métodos de reprodução assistida que permitem uma gestação após a menopausa. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

O que acontece ao longo da vida reprodutiva de uma mulher?

O envelhecimento impacta todas as funções do nosso corpo. Com a fertilidade, não é diferente! Tanto os homens quanto as mulheres têm sua capacidade reprodutiva diminuída com o passar dos anos. Esse fenômeno se acelera a partir dos 35 a 40 anos.

No entanto, enquanto a mulher perde totalmente a capacidade de reprodução natural após a menopausa, o homem não sofre uma “andropausa” verdadeira. Apesar de diminuir, a menos que ocorra alguma condição médica, ele nunca fica completamente infértil pela reprodução espontânea.

Qual o melhor momento para engravidar?

Vamos entender agora por que as mulheres se tornam inférteis após a menopausa e como isso influencia a escolha de qual o melhor momento para engravidar.

Nascimento a adolescência

A maior parte dos gametas femininos são produzidos apenas durante a fase de desenvolvimento fetal, isto é, enquanto a mulher ainda está no útero de sua mãe. Com a formação do ovário, começam a surgir folículos ovarianos primitivos, que são estruturas compostas por um gameta envolto por uma camada de células não-reprodutivas. Portanto, são os folículos os principais determinantes da fertilidade feminina.

São formados 6 a 7 milhões de folículos nas fases iniciais de desenvolvimento do sistema reprodutor feminino. A quantidade de folículos viáveis e vivos compõem a reserva ovariana de uma mulher, que atinge seu pico algumas semanas antes do nascimento.

Ainda dentro do útero, porém, essa reserva começa a cair rapidamente. Aos 10 anos de idade, dos 6 milhões de folículos, restarão apenas 1 milhão aproximadamente. Essa queda é importante para sinalizar para o corpo que é o momento de iniciar a puberdade.

Antes disso, os níveis de alguns hormônios ovarianos suprimem a liberação adequada do hormônio folículo estimulante (FSH), que é produzido na hipófise. Próximo a puberdade, a quantidade e a frequência de produção do FSH aumentam e, assim, os folículos podem alcançar fases mais avançadas de desenvolvimento.

Portanto, o elevado número de folículos durante a infância é uma forma que o corpo tem para suprimir o início precoce da vida reprodutiva e aguardar o momento em que a mulher está mais preparada para gestar. No entanto, a maturidade sexual final somente acontece a partir dos 18 a 21 anos. Antes disso, as gestações tendem a ter um risco maior, tanto do ponto de vista biológico quanto social. Portanto, o melhor momento para engravidar não coincide com o início da capacidade reprodutiva feminina.

A vida reprodutiva

A partir da menarca, a primeira menstruação da mulher, ela passa a ser capaz de engravidar e gestar. Isso acontece devido a alguns fenômenos biológicos: a estimulação do ovário e do endométrio, principalmente.

Com o início da vida reprodutiva, a hipófise passa a produzir uma maior quantidade de FSH intermitentemente. Assim, surgem os ciclos menstruais, que duram cerca de 26 a 35 dias. Como padrão, dizemos que o primeiro dia deles é a primeira menstruação.

No início do ciclo menstrual, os níveis de FSH aumentam progressivamente até atingirem um pico no terceiro dia. Isso leva ao estímulo do desenvolvimento de alguns folículos ovarianos;

Depois disso, alguns folículos ovarianos começam a crescer e se desenvolver. À medida que evoluem, passam a liberar quantidades crescentes de estradiol (o tipo mais potente de estrogênio). O estradiol estimula também o desenvolvimento do endométrio, a camada do útero na qual o embrião se implanta;

Um desses folículos se torna dominante e passa a impedir a maturação dos demais. Por isso, geralmente, apenas ele chega aos estágios finais de desenvolvimento e libera o óvulo, que fica armazenado em seu interior. Os demais morrem, assim como os gametas que eles contêm. Dos 21 aos 34 anos, a mulher está no ápice da sua reprodução e a idade não influencia nos riscos gestacionais significativamente.

Portanto, ao longo da vida, a reserva ovariana cai a cada ciclo menstrual até não ser mais significativa após a menopausa. Quando ela chega em níveis mais baixos, há a redução da fertilidade da mulher, principalmente devido ao estímulo insuficiente do endométrio. Isso aumenta os riscos de complicações gestacionais. Além disso, os óvulos mais velhos têm maior chance de terem alterações genéticas.

Por esses motivos, a partir dos 35 anos, as gestações tendem a ter mais riscos. Felizmente, a medicina tem protocolos de pré-natal para cuidar desses casos e reduzir as chances de complicação. Mesmo assim, você deve levar em consideração os fenômenos biológicos no momento de refletir sobre qual é o melhor momento para engravidar.

Quer saber mais sobre as consultas pré-concepcionais, um acolhimento médico que auxilia você a planejar melhor suas gestações? Confira este artigo sobre o tema!

Ciclo menstrual regular: como calcular o período fértil?

Idealmente, o casal que deseja engravidar deveria entender como calcular o período fértil. Hoje, vamos falar como fazer em pacientes com ciclo menstrual regular. Assim, poderiam programar algumas das suas relações sexuais para os momentos em que há o pico de fertilidade da mulher.

Ao contrário do homem, os gametas femininos não ficam disponíveis continuamente. Eles são liberados intermitentemente em dias próximos ao meio do ciclo menstrual, então há momentos do mês em que a mulher está no pico da fertilidade.

Após a puberdade, a mulher passa por diversas alterações fisiológicas, as quais preparam o corpo da mulher para abrigar gestações. Ciclicamente, são liberados hormônios que estimulam os ovários. Esses órgãos contêm os folículos ovarianos, — cada um deles armazena um óvulo em seu interior.

A partir da primeira menstruação, vários folículos vão crescer a cada ciclo menstrual. No entanto, apenas um deles completa o desenvolvimento e se rompe para liberar o óvulo nas tubas uterinas, onde ocorre a fecundação. Assim, as fases menstruais são divididas em três: a folicular, a ovulatória e a lútea (após a ovulação).

O óvulo sobrevive por aproximadamente 24 horas. Por sua vez, os espermatozoides podem levar até 72 horas para encontrar os gametas. Portanto, o período fértil também abrange alguns dias anteriores e posteriores à ovulação.

Vamos ensinar você a calcular o período fértil de ciclos regulares a seguir. Ficou interessada? Acompanhe!

O que é período fértil?

O período fértil pode ser definido como o intervalo do ciclo menstrual em que as chances de fecundação são maiores. A fertilização da mulher é cíclica e depende da ovulação, que é uma das três fases do ciclo ovariano:

Fase folicular

Começa com o primeiro dia de sangramento menstrual e se prolonga até o décimo terceiro. Nessa etapa, a hipófise libera o hormônio folículo-estimulante. Ele atua sobre os folículos ovarianos, que são cavidades em forma de saco, preenchidas por um líquido e pelo óvulo. Contudo a fertilização, não ocorre no ovário, mas nas tubas uterinas. Portanto, os folículos precisam se romper para liberar os óvulos.

Diversos folículos crescem a cada ciclo, mas apenas um deles se destaca no desenvolvimento e passa a inibir o crescimento dos demais. Enquanto isso, o estrogênio atua no endométrio, fazendo com que ele se torne mais espesso. Isso é fundamental para a implantação do embrião (nidação).

Fase ovulatória

Após estímulos do FSH e o hormônio luteinizante, o folículo dominante se rompe e libera o óvulo. Em média, isso acontece no décimo quarto dia do ciclo, mas há variação no caso de ciclos menos regulares.

O óvulo é, então, captado pelas tubas uterinas, onde sobreviverá por aproximadamente 24 a 36 horas. Se for fecundado por um espermatozoide, haverá a formação de um embrião.

Fase lútea

Depois da ovulação, as células remanescentes do folículo se transformam e se tornam o corpo lúteo. Essa estrutura passa a secretar níveis mais elevados de progesterona, um hormônio fundamental para a função do endométrio nas fases iniciais da gestação.

O que é ciclo menstrual regular?

É aquele cuja periodicidade varia muito pouco. Por exemplo, a mulher sempre menstrua a cada 28 dias, sendo raríssima a mudança de data. Em média, cada ciclo dura aproximadamente 28 dias. Se ele apresenta menos de 26 dias e mais de 35, também há uma alteração na regularidade menstrual.

A irregularidade acontece, por exemplo, quando a paciente tem um ciclo de 30 dias em um mês, 27 no outro, 29 em outro. Isso torna difícil a previsão do período fértil.

Como calcular o período fértil em ciclos menstruais regulares e por que isso é importante?

Há diversas formas de calcular o período fértil é feito da seguinte forma. Normalmente, elas levam em consideração as seguintes informações:

  • O espermatozoide pode sobreviver de 3 a 5 dias no organismo da mulher;
  • Por sua vez, o tempo de vida do óvulo é menor, cerca de 1 a 3 dias.

Diante disso, podemos utilizar várias fórmulas para estimar o período fértil. Algumas delas podem ser bastante complicadas e dependem que você conheça alguns conceitos mais complexos.

Por isso, para mulheres férteis com menstruação regular, podemos usar uma fórmula mais simples:

  • Você deve anotar o primeiro dia da sua menstruação;
  • A menstruação geralmente acontece após 14 dias dessa data;
  • Depois disso, subtraia três a cinco dias desse período;
  • Por fim, acrescente mais um dia.

Portanto, temos 6 dias em que a fertilidade feminina é maior. 3 a 5 antes da data estimada para a ovulação e 1 dia depois. Se sua menstruação veio no dia primeiro, o período fértil é de 11 a 16 daquele mês. Durante essa fase, há uma maior chance de que os espermatozoides liberados consigam encontrar um óvulo e fertilizá-lo.

Para complementar as informações do calendário, você pode observar algumas dicas que o corpo dá durante o período ovulatório, como:

  • O corrimento vaginal passa a ser mais espesso e elástico, lembrando a textura de uma clara de ovo;
  • Sensibilidade e inchaço leve nas mamas, principalmente ao toque;
  • Temperatura corporal, que diminui antes da ovulação e aumenta logo depois dela;
  • Cólicas leves devido ao estímulo hormonal aumentado;
  • Aumento da libido, uma reação natural do corpo para estimular a busca de relações sexuais pela mulher.

As tentativas de engravidar no período fértil tendem a ser muito mais bem-sucedidas. Afinal, os gametas femininos não estão disponíveis constantemente. Por esse motivo, é preciso entender quando estão disponíveis ser fecundados pelos espermatozoides. Por isso, é muito importante entender o ciclo menstrual regular e como prever a data da ovulação dentro dele.

Quer saber mais sobre o tema? Confira este artigo institucional!

Endometriose: o que é? Saiba mais sobre a doença

O sistema reprodutor feminino é composto por diversos órgãos e estruturas, como a vagina o útero, as tubas uterinas, os ovários, entre outros. Todos eles podem ser acometidos por alguma condição médica que prejudica a sua funcionalidade. Hoje, vamos dar destaque a uma doença que compromete a função uterina, a endometriose.

O útero é um órgão com três camadas de tecidos: o endométrio, o miométrio e o perimétrio. A endometriose surge quando há a presença de glândulas e estroma endometriais em regiões fora do útero. Ela pode acometer, por exemplo, os ligamentos uterossacros, as tubas uterinas, os ovários, o peritônio, as vias urinárias e o intestino.

Com isso, surge um processo inflamatório crônico, que pode causar disfunções em diversos órgãos pélvicos, mesmo distantes da lesão. Apesar de os implantes não atingirem diretamente o útero, a inflamação causada por eles faz com que o endométrio normal fique menos receptivo aos espermatozoides e ao embrião.

Quer entender melhor o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é a endometriose?

A endometriose é uma doença mais prevalente e incidente em mulheres que ainda estão no seu período reprodutivo. Portanto, os casos da doença são mais frequentes em mulheres após a primeira menstruação (menarca) e a menopausa. Contudo, apesar de os casos serem mais incomuns, ela pode acometer mulheres antes da puberdade e depois da pós-menopausa.

Causas da endometriose

Essa característica da doença ajudou a ciência a identificar uma de suas causas. A endometriose é uma doença estrogênio-dependente. O corpo libera diferentes tipos de estrogênio, o hormônio feminino. A mais potente é o estradiol, o qual é produzido em quantidades significativas apenas quando a mulher está na idade fértil (que se inicia com a menarca e termina com menopausa).

Essa substância tem a capacidade de fazer com que as células se multipliquem com maior velocidade. O excesso de exposição ao estrogênio pode desencadear doenças estrogênio-dependentes, como a endometriose.

Uma forma de contrabalançar a ação do estrogênio é a exposição à progesterona. Esse hormônio estimula a diferenciação das células, impedindo que elas acumulem mutações genéticas que podem levar à proliferação desordenada.

Por esse motivo, os principais fatores de risco para essa condição são aqueles que aumenta o tempo de exposição ao estrogênio sem o contrabalanceamento da progesterona, como:

Os fatores de proteção são aqueles que aumentam o tempo de exposição à progesterona, como a amamentação e as gestações. Algumas mulheres com endometriose apresentam uma remissão duradoura da doença após uma gravidez.

Como a endometriose funciona?

A endometriose é uma doença inflamatória crônica que se inicia devido à presença de células de tecido endometrial em locais fora do útero.

Doença inflamatória — são doenças cujos sinais, sintomas e complicações surgem em decorrência da agressão de algumas células de defesa do nosso organismo. Elas liberam substâncias no local, causando a dilatação dos vasos sanguíneos e uma agressão aos tecidos. Além disso, ela aumenta a sensibilidade à dor na região afetada.

Como não consegue diferenciar entre células saudáveis e as células da lesão, uma inflamação persistente pode causar uma disfunção nos tecidos, que, à medida que permanece, traz mais complicações.

No endométrio, a inflamação pode levar à redução da receptividade do tecido ao embrião. Assim, ele tem dificuldades para se implantar e a mulher poderá ter dificuldades para engravidar.

Crônica — é uma doença que tende a persistir por um período mais prolongado e geralmente não tem perspectiva de cura. Contudo ela tem controle. Por isso, em vez de falar de cura, dizemos que ela entra em remissão. Ou seja, depois de controlada, ela pode retornar. Em algumas mulheres, a doença não se manifesta nunca mais após o tratamento. Em outras, porém, ela retorna e é necessário reiniciar as medidas de controle sintomático.

Tecido ectópico — é um termo utilizado para dizer que um tecido foi identificado fora do seu local habitual. No caso das células endometriais, elas devem ficar restritas à cavidade do útero. Quando elas invadem o miométrio, a camada intermediária do útero, desencadeiam uma doença chamada de adenomiose. Caso elas se instalem em estruturas fora do útero, surge a endometriose.

Consequências da endometriose

A endometriose pode causar os seguintes sintomas:

  • Dor pélvica crônica;
  • Dismenorreia (cólicas menstruais);
  • Dificuldade para engravidar (a infertilidade);
  • Dor nas relações sexuais;
  • Disfunções urinárias cíclicas (durante ou pouco antes da menstruação);
  • Disfunções intestinais cíclicas.

Caso não seja tratada, a condição pode trazer complicações mais graves. A principal delas são as aderências, que podem ser intrauterinas ou pélvicas. Devido ao processo inflamatório crônico, o corpo tenta cicatrizar as agressões com a estimulação da proliferação de tecidos e a deposição de colágeno. Isso pode levar à formação de fibras que se aderem aos tecidos e se tornam mais rígidas com o passar do tempo.

Assim, podem causar a obstrução da cavidade do útero ou das tubas uterinas. Na cavidade pélvica, as aderências podem levar a compressões, que podem evoluir para obstruções externas e alterações na morfologia do útero. Tudo isso aumenta o risco de infertilidade e de dores pélvicas.

Portanto, a endometriose é uma doença complexa, que está relacionada a diversas complicações. Felizmente, avançamos muito em relação ao controle da doença, melhorando a qualidade de vida das mulheres afetadas. Muitas delas, hoje, conseguem engravidar tanto espontaneamente quanto pela reprodução assistida.

Quer saber mais sobre essa doença e sua relação com as gestações? Confira nosso artigo institucional sobre o tema!

Sangramento uterino anormal: causas

A menstruação é o sangramento que ocorre no início de um ciclo menstrual devido à descamação de androgênios. Ela ocorre ao final do ciclo devido à queda dos níveis de estrogênio e progesterona para manter o endométrio mais espesso. A menstruação normal dura de 3 a 7 dias dentro de ciclos de 26 a 35 dias. Alterações na duração, na quantidade e no intervalo dos sangramentos são consideradas formas de sangramento uterino anormal.

O SUA acomete até 25% das mulheres em idade reprodutiva, representando uma das queixas mais frequentes em consultórios. Em alguns casos, impacta significativamente a qualidade de vida, trazendo repercussões físicas, emocionais, sexuais, profissionais e afetivas.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe!

O que é o SUA?

Os ciclos menstruais podem variar bastante. Nem todos os ciclos de uma mesma mulher serão iguais entre si. Da mesma forma, há muita variação de uma mulher para outra. Nesse sentido, existem variações normais, — pequenas, que não estão relacionadas a processos patológicos.

Em outras casos, há uma alteração mais significativa, como:

  • Sangramento após a menopausa;
  • Pequenos escapes de sangue no período entre as menstruações;
  • Aumento ou diminuição do volume do fluxo menstrual;
  • Prolongamento do período de sangramento menstrual, entre outras possibilidades.

Quais são as causas de sangramento uterino anormal?

Como explicado anteriormente, o SUA não é uma doença ou um sintoma específico. Ele abrange uma série de alterações menstruais, as quais podem estar relacionadas a diversas condições ginecológicas.

Por isso, é muito importante entender as afecções médicas que podem causá-lo. Para facilitar o diagnóstico pelos profissionais, a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) criou o acrônimo PALM-COIEN, que resume as condições que mais frequentemente levam ao SUA.

A primeira parte do acrônimo (PALM) indica as causas estruturais (anatômicas e morfológicas) desse sintoma:

  • P —pólipos;
  • A — adenomiose;
  • L — leiomioma;
  • M — malignidade.

A segunda parte, por sua vez, descreve as demais causas, como:

  • C — Coagulopatia;
  • O — Ovulatória;
  • E — Endometrial;
  • I — Iatrogênica, isto é, relacionado a intervenções médicas (uso de medicações, dispositivos uterinos, entre outras possibilidades);
  • N — Não classificado de outra forma.

No entanto, é muito importante que você entenda que o sangramento uterino anormal pode estar relacionado a mais de uma das condições acima. É comum que ele seja multifatorial (desencadeado por distúrbios comórbidos).

Pólipos endometriais

Os pólipos uterinos são uma das principais causas de sangramento, pois acometem entre 7% e 20% das mulheres. Eles são lesões geralmente benignas que se originam de proliferações endometriais bem localizadas, que podem ser únicas ou múltiplas.

Apesar de a maioria dos pólipos serem assintomáticos, a alta prevalência na população faz com que seja diagnosticado em entre 7% e 34% das mulheres com SUA.

Eles podem se manifestar, como o sangramento com as seguintes características:

  • entre os períodos menstruais;
  • após a menopausa;
  • que provoca aumento do fluxo menstrual;
  • que ocorre após as relações sexuais.

Adenomiose

É a invasão do miométrio por células do endométrio. Isso provoca um estado inflamatório nessa importante camada do útero. Assim, pode surgir diversos sintomas, como o fluxo menstrual aumentado, o sangramento após a menopausa e após as relações sexuais.

Leiomioma

São tumores benignos que surgem quando as células musculares do endométrio se proliferam excessivamente. Eles podem crescer em direção à cavidade do útero ou à cavidade pélvica. Quanto mais ele penetrar na camada endometrial, maior a chance de o sangramento uterino anormal se desenvolver.

Afinal, a presença da lesão causa uma reação inflamatória no endométrio normal, fazendo com que ele se torne mais vascularizado. Então, a paciente pode manifestar aumento do fluxo menstrual e entre os períodos menstruais.

Malignidade

São os tumores malignos do endométrio, que são um tipo menos comum de câncer ginecológico. Ainda assim, eles precisam ser acompanhados com bastante atenção. Eles ocorrem quando as células endometriais se multiplicam excessivamente e começam a invadir os demais tecidos sem nenhum controle.

Coagulopatias

O endométrio é um órgão muito vascularizado. Dessa forma, quando a paciente tem algum distúrbio que facilita a coagulação, ela pode apresentar um sangramento mais intenso ou duradouro em comparação a mulheres saudáveis.

Ovulatória

São os problemas causados pelas disfunções nos ciclos dos folículos ovarianos, geralmente devido a condições hormonais. A síndrome dos ovários policísticos é uma das principais causas de SUA ovulatório. Ela é causada pelo excesso de hormônios masculinos, os quais impedem que os folículos cheguem ao estágio final de maturação.

Endometrial

São outras condições de origem do endométrio, mas que não se enquadram nas categorias anteriores.

Iatrogênica

São as intervenções médicas relacionadas ao SUA,

  • DIU de cobre;
  • Anticoagulantes;
  • Vasodilatadores sistêmicos, entre outros.

Não classificados anteriormente

Apesar de as condições anteriores abrangerem grande parte das causas de SUA, existem etiologias para o sangramento uterino anormal.

O diagnóstico das causas de sangramento uterino anormal é feito com a avaliação clínica de um médico, que pode ser complementada por exames de laboratório e de imagem. Nem sempre as causas serão diagnosticadas com os primeiros exames requisitados. Em alguns casos, o processo de investigação pode ser mais extenso. O tratamento dependerá da condição de base, mas, se nenhuma for encontrada, o uso de medicações antiestrogênicas e de progestágenos vêm sendo recomendado.

Quer saber mais sobre o sangramento uterino anormal, seu diagnóstico e tratamento? Confira nosso artigo institucional!

SOP: saiba o que é

Os ovários são órgãos importantes para o organismo das mulheres como um todo. Eles apresentam duas funções principais: a reprodutiva e a endócrina. Afinal, eles armazenam os folículos ovarianos, que armazenam os óvulos (gametas sexuais femininos).

Em volta dos óvulos, existem também células com capacidade de produzir hormônios, como o estrogênio e a progesterona. Eles atuam em diversos órgãos e tecidos para regular as atividades deles. Na síndrome dos ovários policísticos (SOP), há um comprometimento da função ovariana normal.

Alguns folículos ovarianos, a partir do início da vida fértil na puberdade, começam a se desenvolver periodicamente. Cada ciclo menstrual geralmente significa que alguns folículos se desenvolveram, um deles se tornou dominante e amadureceu até liberar um óvulo nas tubas uterinas.

Na SOP, algumas disfunções endócrinas fazem com que os folículos tenham dificuldade em completar seus ciclos devido ao excesso de hormônios masculino. Consequentemente, não há a liberação de óvulos (ovulação) em alguns ciclos, comprometendo a capacidade reprodutiva da mulher. Também surgem sintomas devido ao estímulo dos androgênios sobre as outras células do corpo.

Quer saber mais sobre o tema? Confira nosso post!

O que é a SOP?

A SOP é uma síndrome. Isso significa que ela é caracterizada como um conjunto de sinais e sintomas com um padrão determinado. Portanto, a SOP é definida como a presença de 2 dois seguintes critérios em uma paciente:

  • Distúrbios ovulatórios. Eles podem se manifestar como oligovulação (ovulação pouco frequente ou irregular) ou como anovulação (ausência de ovulação);
  • Hiperandrogenismo (excesso de hormônios masculinos), que pode ser identificada por alterações físicas (acne excessiva, hirsutismo ou calvície com padrão masculino) ou por exames laboratoriais que dosam os androgênios;
  • Ovários com aparência policística, isto é, presença de 12 ou mais folículos com diâmetro de 2 a 9 milímetros ou volume ovariano maior do que 10 centímetros cúbicos em exames de imagem (geralmente, ultrassonografia transvaginal).

Com essa definição, podemos desfazer um equívoco comum em relação a essa condição. Apesar de seu nome, a SOP pode ser diagnosticada em pacientes com ovários sem morfologia policística. Nessa situação, o médico provavelmente identificou distúrbios ovulatórios e evidências de hiperandrogenismo.

Causas da SOP

A SOP é um distúrbio endócrino muito complexo, tanto que, até hoje, a ciência médica não desvendou todos os seus mecanismos patológicos. Temos algumas peças importantes desse quebra cabeça e, por isso, conseguimos tratar os sintomas dessa condição crônica, que não tem cura.

O que sabemos atualmente é que ela é uma condição relacionada ao excesso de androgênios, os hormônios masculinos. Com isso, o equilíbrio dos hormônios sexuais femininos fica comprometido. Essa disfunção terá um impacto nos ovários e no organismo como um todo.

Assim, os folículos têm dificuldade de completar seu desenvolvimento. Em alguns ciclos menstruais, alguns deles não amadurecem a ponto de se romperem e liberarem os óvulos. É o que chamamos tecnicamente de anovulação, que se manifesta principalmente como amenorreia (ausência de menstruação)

O excesso de androgênios também vai repercutir em outras células do corpo sensíveis a esse hormônio. Desse modo, surgem outros sintomas da SOP, como o hirsutismo (crescimento de pelos com padrão masculino.

Associado a isso, as mulheres acometidas podem também sofrer com a resistência à ação da insulina. Esse hormônio estimula o transporte de açúcar (glicose) do sangue para o interior das células. Quando sua ação é insuficiente, podemos identificar um excesso dos níveis de açúcar em alguns exames de sangue específicos.

Sintomas da SOP

Veja alguns sintomas que podem estar presentes nas mulheres com SOP:

  • Sangramento uterino anormal com menstruação com duração acima de 35 dias ou irregularidade entre os ciclos. Consideramos um indicativo de SOP a paciente ter menos de 9 menstruações ao longo do ano (oligomenorreia) ou ficar meses sem menstruar (amenorreia);
  • Infertilidade devido à anovulação;
  • Hirsutismo;
  • Obesidade;
  • Queda de cabelo com padrão feminino;
  • Acne e oleosidade em excesso.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico pode ser feito exclusivamente com base nos sinais e sintomas da paciente. No entanto, em diversos casos, ele precisa ser complementado por exames de sangue e/ou imagem.

O tratamento da SOP não tem o objetivo de curar a paciente, mas de controlar os seus sintomas. Para os sinais clínicos, podemos administrar anticoncepcionais orais e hormônios de ação antiestrogênica. Com isso, há uma melhora da queda de cabelo, do hirsutismo e da acne.

Em mulheres com queixa de infertilidade, tem sido utilizado medicamentos que reduzem a resistência à insulina. Eles podem ajudar a regular a ovulação. Caso o tratamento não seja eficaz, as técnicas de reprodução assistida podem ser utilizadas.

Alguns estudos vêm apontando que as mulheres com SOP apresentam um maior risco de eventos adversos durante a gravidez e o parto, independentemente de terem engravidado naturalmente ou por reprodução assistida. Uma explicação para isso é a resistência à insulina, que pode levar ao aumento dos níveis de glicose no sangue. Com um acompanhamento obstétrico humanizado, contudo, acolhemos a mulher com SOP e elaboramos um plano terapêutico individualizado para a redução de riscos.

Quer saber mais sobre a SOP e por que ela causa infertilidade nas mulheres? Confira nosso artigo sobre o tema!