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Vacina contra HPV: quando tomar?

O HPV, ou papilomavírus humano, é a infecção viral sexualmente transmitida mais comum no mundo. Acredita-se que mais de 80% das pessoas sexualmente ativas vão ser infectadas por ele ao longo da vida sexual. Na maioria dos casos, a infecção não apresenta sintomas e costuma ser eliminada pelo próprio organismo em cerca de dois anos. Contudo, a infecção pode se tornar persistente em alguns casos e não há como prever em quem isso vai ocorrer.

Existem mais de 200 tipos de HPV, sendo que cerca de 40 afetam a área genital, e aproximadamente 12 são considerados oncogênicos, ou seja, podem causar câncer. Entre os tumores malignos causados pelo HPV, o câncer de colo de útero é o mais frequente e o que causa maior impacto na saúde da população feminina. Por esse motivo, é o mais estudado.

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Quais as consequências do HPV? Como o HPV é transmitido?

As estimativas mais conservadoras mostram que o HPV é a causa de aproximadamente 7% dos casos de câncer em geral. Ou seja, 7 em cada 100 tumores malignos foram desencadeados pela infecção por um tipo oncogênico de HPV. Estudos mostram que o HPV pode ser responsável por aproximadamente:

  • 90% a 100% dos casos de câncer de colo do útero;
  • 93% dos casos de câncer de ânus;
  • 64% dos casos de câncer de vagina;
  • 50% dos casos de câncer de vulva;
  • 40% dos casos de câncer no pênis;
  • 60% dos casos de câncer de orofaringe. 

Portanto, atualmente, pode-se dizer que o HPV é o fator de risco mais frequente para o câncer, juntamente com o cigarro.

Transmissão

A transmissão do HPV acontece pelo contato direto pele a pele. Portanto, não se limita apenas ao sexo com penetração. O uso regular de preservativos oferece proteção de cerca de 60%. Entretanto, visto que áreas infectadas podem ficar expostas mesmo com o uso preservativo, ainda há risco de transmissão.

O HPV também pode ser transmitido por outras formas que não o sexo. Alguns estudos indicam que é possível a transmissão por meio de objetos compartilhados, chamados de fômites. Além disso, o vírus pode passar de mãe para filho durante o parto em cerca de 20% dos casos, especialmente se a mãe tiver lesões genitais. Felizmente, a maioria dos bebês elimina a infecção rapidamente sem grandes repercussões.

Quando tomar a vacina contra o HPV?

O ideal é tomar a vacina entre os 9 e 14 anos. Contudo, a vacinação ainda oferece benefícios para homens e mulheres com até 45 anos. A seguir, explicaremos melhor essas recomendações com base nos estudos disponíveis até o momento.

Em relação ao que os estudos mostram em relação à efetividade e a segurança, temos as seguintes informações de um estudo de 2024, que avaliou mais de 300.000 mulheres:

  • Quando tomada entre 9 e 14 anos de idade, a vacina oferece uma proteção de 90% a 100% contra câncer cervical em mulheres;
  • Quando tomada posteriormente, entre os 14 e os 22 anos, a vacina ainda apresenta resultados promissores com redução de mais de 60% do risco de câncer cervical invasivo.

Outros estudos, realizados em uma faixa etária mais velha, também mostram uma redução das infecções e das complicações, mas em uma magnitude menor do que as mostradas acima. Em outras palavras, se a pessoa tiver condições financeiras, a vacinação contra o HPV é recomendada para todas as pessoas entre 9 e 45 anos.

Confira, a seguir, as recomendações dos fabricantes e do Ministério da Saúde:

Vacinação pelo SUS

No Brasil, pelo Sistema Único de Saúde, está disponível a vacina quadrivalente Gardasil. Ela protege contra o HPV 6, 11, 16 e 18. De acordo com dados do fabricante, ela pode ser usada por pessoas entre 9 e 45 anos, devendo ser tomada em três doses com 0, 2 e 6 meses.

Contudo, no SUS, a estratégia de vacinação não abrange toda essa faixa etária, sendo restrita a alguns grupos, como:

  • Vacinação com esquema de três doses para meninos e meninas entre 9 e 14 anos. Essa é a faixa etária em que a vacina apresenta maior efetividade;
  • Pessoas entre 15 e 19 anos podem receber o esquema de uma dose;
  • Pessoas imunossuprimidas ou com câncer, na faixa etária de 9 a 45 anos;
  • Portadores de papilomatose respiratória recorrente (PRR), que podem receber o esquema completo de acordo com a recomendação do fabricante da vacina.

Vacina bivalente

Ela protege contra o HPV 16 e 12, estando disponível na rede privada. A bula do fabricante informa que ela pode ser usada por qualquer pessoa a partir dos 9 anos de idade, desde que não haja nenhuma contraindicação, como sensibilidade aos componentes da fórmula. O esquema é de três doses com 0, 1 e 6 meses. 

Vacina nonavalente

Ela protege contra os 4 tipos de HPV (6, 11, 16 e 18) da GARDASIL® quadrivalente, acrescentando a proteção para mais 5 outros tipos de HPV (31, 33, 45, 52 e 58). Ela é recomendada para homens e mulheres entre 9 e 45 anos de idade. O esquema vacinal indicado é de 3 doses com 0, 2 e 6 meses. 

Portanto, a vacina contra o HPV deve ser tomada o quanto antes a partir dos 9 anos de idade. Apesar de ser uma proteção importante, ela não substitui o uso de preservativos, que oferecem uma barreira adicional contra a infecção. Além disso, mulheres vacinadas devem manter a rotina de acompanhamento com o Papanicolaou, que auxilia no diagnóstico precoce de lesões precursoras do câncer de colo do útero e de tumores malignos.

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O que é pré-natal e por que é importante?

A gestação é um período transformador e de grande significado na vida de uma mulher, marcado por profundas mudanças físicas e emocionais. Nela, o corpo materno se adapta para nutrir e proteger o desenvolvimento do bebê. Apesar de, na grande maioria das gestações, esse processo acontecer sem complicações, podem surgir alterações que podem trazer desfechos negativos para a mulher e seu filho.

Por isso, é fundamental monitorar a evolução da gestação de forma periódica e cuidadosa. No pré-natal, acompanhamentos regulares permitem identificar precocemente qualquer desvio ou complicação, garantindo que tanto a mãe quanto o bebê recebam o suporte necessário para um desenvolvimento saudável e seguro até o momento do parto.

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O que é pré-natal?

De acordo com o Ministério da Saúde, o pré-natal tem o objetivo de “assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas”. Para isso, o pré-natal oferece um conjunto de cuidados de saúde periódicos que abrangem:

  • consultas obstétricas;
  • exames complementares;
  • vacinação e suplementação;
  • orientações para a gestante.

Além disso, o pré-natal tem como princípio oferecer um cuidado individualizado para cada mulher em cada gestação, tendo metas, como:

  • Promover a saúde da mãe e do feto;
  • Prevenir doenças gestacionais;
  • Compreender a individualidade biopsicossocial de cada gravidez;
  • Rastrear e diagnosticar precocemente doenças que podem impactar negativamente a gestação;
  • Tratar precocemente as doenças identificadas para reduzir os riscos para a mãe e para o feto;
  • Educar a gestante sobre os eventos mais comuns de uma gestação;
  • Orientar a gestante como ela pode cuidar de si mesma e de seu bebê;
  • Acolher emocionalmente a mulher diante dos desafios e complicações que podem surgir com as gestações;
  • Planejar o parto, entre outras possibilidades.

Por que é importante?

O pré-natal é a principal forma de reduzir as taxas de mortalidade e de adoecimento durante a gestação. Graças a ações, como o incentivo ao pré-natal, o Brasil conseguiu reduzir as complicações gestacionais em 56%.

Acompanhar o desenvolvimento do feto

Uma das oportunidades mais bonitas do pré-natal é o acompanhamento do desenvolvimento do bebê. Por meio de ultrassonografias periódicas, podemos conhecer o seu sexo, ver o feto crescer e se movimentar dentro do útero. Isso proporciona um contato especial com ele antes mesmo do nascimento.

Acolher e tratar as queixas das gestantes

O pré-natal também tem o objetivo de proporcionar mais qualidade de vida para a gestante, acolhendo queixas comuns na gestação, como:

  • Náuseas e vômitos;
  • Azia;
  • Salivação excessiva (sialorreia);
  • Fraqueza e fadiga;
  • Cólicas e alterações intestinais;
  • Hemorroidas;
  • Corrimento vaginal alterado;
  • Dores na cabeça, nas mamas e nas costas;
  • Varizes;
  • Câimbras.

Prevenir desfechos negativos

Diversos estudos mostram que o pré-natal pode ajudar a evitar a ocorrência de complicações, como:

  • Abortamentos;
  • Partos prematuros;
  • Cesarianas;
  • Óbito materno;
  • Óbito fetal.

Identificar e tratar precocemente complicações gestacionais

Durante uma gestação, o corpo da mulher passa por diversas mudanças para garantir o desenvolvimento do bebê. Entretanto, em alguns casos, podem surgir alterações que colocam a saúde materno fetal em perigo. Entre as doenças gestacionais investigadas e tratadas no pré-natal, estão:

Planejar o parto

O pré-natal também envolve momentos prazerosos para a mulher em que ela pode conversar sobre suas expectativas para o nascimento do bebê e planejar seu parto. Junto com o médico do pré-natal, ela pode elaborar o plano de parto. Esse documento pode registrar as suas preferências desde o tipo de parto até músicas especiais para tocar na sala de parto.

Como é feito o pré-natal?

O pré-natal idealmente deve se iniciar antes de uma gestação, abrangendo também o planejamento pré-concepcional. Com isso, é possível realizar uma investigação abrangente da saúde materna e medidas, como:

  • Diagnóstico de doenças que podem causar malformações fetais;
  • Estabilização e controle de doenças crônicas, como diabetes mellitus e hipertensão arterial crônica;
  • Aconselhamento genético.

Entretanto, caso não tenha sido possível realizar o planejamento pré-concepcional, deve-se buscar um início precoce do pré-natal ainda no primeiro trimestre. A assistência médica no primeiro trimestre representa um dos principais fatores de redução de riscos gestacionais.

O número de consultas pré-natais varia de acordo com o risco gestacional. Para gestações de baixo risco, recomenda-se um mínimo de 6 consultas até o momento do parto. Em geral, recomenda-se que as consultas sejam:

  • Mensais até 28ª semana de gestação;
  • Quinzenais entre 28 e 36 semanas;
  • Semanais a partir de 37 semanas.

As consultas semanais se mantêm até o início do trabalho de parto. Se o parto não acontecer até a 41ª semana, a gestante pode ser encaminhada para a indução do parto.

Portanto, o pré-natal representa um conjunto de cuidados essenciais para uma gestação mais saudável do início ao fim. Diversos estudos já mostraram sua eficácia para evitar complicações e promover o bem-estar da mãe e do bebê.

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