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Vitamina D: quando é importante suplementar durante a gestação?

A gestação é um fenômeno complexo em que uma nova vida é gerada dentro do útero de uma mulher. Para gerar um novo ser, será preciso fornecer os ingredientes necessários para o crescimento e o desenvolvimento de um organismo saudável. Os nutrientes, como proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais, são os materiais de construção do corpo humano. 

Devido à gestação, portanto, o organismo feminino precisará de muito mais nutrientes e energia do que geralmente precisa. Afinal, o feto obtém seus nutrientes a partir da corrente sanguínea da mulher. Cada grama de músculo e ossos do bebê vem dos alimentos que você come.

Alguns nutrientes, como a vitamina D, são importantes, pois regulam os processos celulares e metabólicos do bebê. Sua falta faz com que o bebê tenha dificuldade em formar órgãos saudáveis mesmo quando a ingestão de outros nutrientes está adequada. 

Por isso, em alguns casos, pode ser necessário utilizar suplementos alimentares, isto é, medicações que fornecem uma quantidade adicional de nutrientes em relação à alimentação. Quer saber quando é necessário suplementar a vitamina D? Acompanhe nosso post até o final!

O que é deficiência nutricional?

A deficiência nutricional é a carência de determinados nutrientes no organismo. A deficiência nutricional pode ser generalizada. Ou seja, a pessoa não obtém grande parte dos nutrientes necessários pela alimentação diária.

A desnutrição é um quadro em que a deficiência nutricional causa repercussões na saúde da pessoa devido às deficiências nutricionais mais prolongadas. Ela pode ser:

  • Primária – acontece quando a pessoa não consegue obter os alimentos necessários para as suas necessidades diárias;
  • Secundária – ocorre devido a uma dificuldade de absorção de nutrientes, como no caso das doenças inflamatórias intestinais, ou ao aumento das necessidades metabólicas, como nas gestações.

Além disso, a desnutrição e a deficiência podem ser

  • generalizadas, atingindo quase todos os nutrientes;
  • específicas – deficiência de algum nutriente específico, como o ferro, o cálcio, o iodo, a vitamina D e a vitamina A. Geralmente, ocorre devido ao baixo consumo de algum nutriente que é obtido apenas com alguns tipos de alimentos. Por exemplo, no Brasil, a suplementação de iodo é feita para todas as pessoas, pois se acrescenta o iodo ao sal de cozinha. Isso é necessário, pois o iodo está presente em peixes de água salgada. A maioria dos brasileiros não consome esse tipo de alimento em quantidade suficiente para a necessidade diária de iodo. 

Quando suplementar e por quê?

Para a maior parte das mulheres saudáveis, não será necessário suplementar a vitamina D. A ingestão e a exposição solar diárias serão suficientes para manter os níveis adequados, e o excesso de vitamina D poderá ser prejudicial. Ou seja, ao contrário do ferro, a vitamina D não é um nutriente que suplementamos preventivamente em todos os casos.

Para indicar a vitamina D, podemos realizar antes um exame que dosa os níveis dessa vitamina no sangue. Contudo, esse não é um exame que faz parte da rotina do pré-natal, sendo indicado após uma avaliação individualizada de cada caso. A suplementação será recomendada se os níveis estiverem abaixo do valor de referência.

Além disso, a suplementação pode ser indicada preventivamente para alguns grupos de risco apresentam maiores chances de carência de vitamina D, como:

  • Mulheres negras ou sul-asiáticas;
  • Mulheres com consumo insuficiente de alimentos ricos em vitamina D;
  • Mulheres com baixa exposição solar (menos de 15 minutos de exposição solar);
  • Mulheres entre 19 e 24 anos;
  • Mulheres obesas.

Por que suplementar a vitamina D quando ela é necessária?

A vitamina D é o nome popular da substância ergocalciferol. No nosso organismo, ela desempenha uma função hormonal. Ou seja, ela ajuda a regular funções metabólicas, como:

  • Metabolismo do cálcio e do fósforo. Assim, a vitamina D participa na regulação do metabolismo dos ossos. Ela é importante para a absorção do cálcio, para a formação dos ossos, para a reabsorção do cálcio nos ossos e para a manutenção de níveis adequados de cálcio e fósforo no sangue;
  • Diferenciação celular. No bebê, as células inicialmente são indiferenciadas, ou seja, elas podem se transformar em qualquer tipo de célula de qualquer órgão ou tecido. À medida que o bebê se desenvolve as células se tornam especializadas em algumas funções, isso é a diferenciação;
  • Apoptose, que é a morte celular programada. Algumas células precisam morrer para que o organismo funcione. Por isso, o corpo programa a morte de algumas células. Por exemplo, as mãos do bebê inicialmente apresentam em um formato parecido com uma nadadeira, sem separação entre os dedos. Para que os dedos se formem, é preciso que algumas células entre os ossos morram. 

Na gestação, as necessidades diárias de vitamina D aumentam substancialmente. Afinal, o bebê está constantemente formando e amadurecendo seus ossos. Por isso, em alguns casos, pode ser necessário suplementar a vitamina D.

Portanto, órgãos de saúde importantes, como a Organização Mundial de Saúde, não recomendam a suplementação de vitamina D para todas as mulheres. Ela é indicada apenas para aquelas com deficiência conhecida ou com fatores de risco. Para quem não precisa da suplementação, é importante manter uma dieta equilibrada e se expor ao sol de acordo com as recomendações médicas.

Quer saber mais sobre a suplementação vitamínica nas gestações? Toque aqui!

Dicas de amamentação: dá para tornar esse momento mais fácil

A amamentação pode ser uma experiência prazerosa tanto para a mãe quanto para o bebê. Ela pode promover um vínculo emocional mais intenso e fortalecer a conexão entre ambos. Além disso, o contato físico próximo, o calor e o ritmo da amamentação podem ser reconfortantes, criando momentos de intimidade e afeto que enriquecem a relação maternal. 

Contudo, algumas mulheres podem sentir dor e desconforto durante a amamentação, o que dificulta o aproveitamento desse momento.

É importante, por isso, enfatizar que a dor durante a amamentação não é normal. Ela pode indicar técnicas incorretas de amamentação ou doenças mamárias. Quer saber mais sobre como facilitar a amamentação? Acompanhe até o final!

A amamentação

Apesar de parecer algo simples, a amamentação resulta de um complexo mecanismo de produção e de liberação do leite.

  • Durante a gestação, níveis elevados de estrogênio e de progesterona estimulam o desenvolvimento das glândulas mamárias, preparando as mamas para a produção de leite;
  • Próximo ao parto, o corpo feminino passa a produzir um hormônio chamado prolactina, o qual estimula a produção de leite nas glândulas mamárias;
  • Para produzir o leite, as glândulas alveolares captam as proteínas e carboidratos presentes no sangue para produzir todas as substâncias necessárias para o desenvolvimento saudável do bebê. Além disso, no leite, estão presentes os anticorpos que o sistema imunológico da mãe produz para se proteger contra infecções;
  • O movimento de sucção do bebê nas mamas estimula as terminações nervosas presentes no mamilo. Isso faz com que o corpo libera ocitocina, uma substância conhecida popularmente como “hormônio do amor” por estar relacionada a processos afetivos positivos de conexão humana. Nas mamas, a ocitocina é responsável por sinalizar a contração das células que ejetam o leite para os ductos mamários;
  • À medida que o leite preenche a boca do bebê, isso gera um reflexo para que ele continue sugando calmamente. Quando pouco leite é liberado, esse reflexo faz com que o bebê sugue com mais força;
  • A amamentação frequente faz com que os níveis de prolactina se mantenham altos. Por outro lado, interromper a amamentação por períodos longos faz com que os níveis de prolactina caiam e você pare de produzir leite.

Como tornar a amamentação mais fácil?

Siga estas dicas gerais de amamentação

Algumas dicas gerais são importantes para ter mais conforto e prazer durante a amamentação, como:

  • Entenda os sinais de fome, como barulhos de sucção, movimentos bucais, movimentos das mãos em direção à própria boca e aos seios maternos. Eles ocorrem mesmo antes de o bebê chorar. O choro é um sinal de fome mais intensa;
  • Amamente o bebê sempre que ele tiver sinais de fome. Colocar horários para o bebê ou esperar ele chorar pode deixá-lo com muita fome e fazer com que ele sugue as mamas com maior força, aumentando o risco de feridas;
  • Não apresse o bebê. A mamada dura entre 10 e 20 minutos em cada mama;
  • Relaxe durante a amamentação e se mantenha em uma posição confortável. Além de trazer memórias negativas em relação à amamentação, o estresse pode dificultar a liberação do leite;
  • Teste diferentes posições para você e o bebê até encontrar aquelas que sejam mais confortáveis.

Aplique a técnica da trava

Muitos problemas de amamentação estão relacionados à dificuldade de sucção do bebê. Com isso, o bebê faz maior força de sucção e há maior chance de atrito dos seus mamilos com a língua e com os dentes dele. A técnica da trava é uma forma de tornar a amamentação mais eficiente, garantindo que o bebê obtenha o máximo de leite durante a sucção. Veja suas etapas a seguir:

  • Coloque o bebê de frente para você e o segure firmemente. Evite amamentar quando você não está segura de que o bebê está bem apoiado em seus braços;
  • Pegue a mama com a mão disponível;
  • Encoste o mamilo no lábio inferior do bebê para estimular a abertura da boca;
  • Coloque o mamilo cuidadosamente na boca do bebê na região acima da língua;
  • Verifique se todo o mamilo e a maior parte da aréola estão dentro da boca do bebê. A trava acontece quando os lábios superior e inferior cobrem o mamilo;
  • Verifique o ritmo de sucção do bebê, que deve ser suave e confortável, provocando, no máximo, um leve formigamento. Sucções muito fortes e dolorosas para você podem ser sinais de pega inadequada;
  • Caso a pega não esteja boa, você deve interromper a sucção. Para isso, insira cuidadosamente seu mindinho entre as gengivas do bebê;
  • Reinicie o processo até obter uma pega adequada.

Lembre-se dos benefícios da amamentação

Além das técnicas de pega e de posicionamento, é importante cuidar dos aspectos psicológicos da amamentação. Para tornar esse momento mais positivo, é importante lembrar que a amamentação traz diversos benefícios para o bebê, como:

  • Redução do risco de infecções muito frequentes em bebês, como otite média e viroses respiratórias;
  • Redução do risco de morte súbita em bebê;
  • Redução do risco de hospitalizações;
  • Melhor desenvolvimento intelectual;
  • Redução do risco de desnutrição. Durante os seis primeiros meses, o leite é um alimento completo para o bebê caso a mulher amamente corretamente. Após os seis meses de vida, a amamentação pode complementar os nutrientes que o bebê recebe da alimentação diária.

Para a mãe, a amamentação traz benefícios, como:

  • Queima de calorias – produzir leite queima calorias, o que pode ajudar a mulher a perder peso mais rapidamente;
  • Contracepção – a manutenção de níveis mais elevados de estrogênio e de progesterona ajudam a prevenir novas gravidezes durante a amamentação, mas, para uma contracepção mais efetiva, você deve utilizar anticoncepcionais, que devem indicados por um médico, pois alguns deles não podem ser utilizados durante a amamentação;
  • Recuperação pós-parto mais rápida – a amamentação provoca a liberação de hormônios que ajudam na involução do útero para o tamanho habitual. Isso reduz o risco de sangramento uterino pós-parto;
  • Prevenção de doenças ao longo da vida – estudos mostram que mulheres que amamentaram têm um menor risco de desenvolver câncer de mama, câncer de ovário ou osteoporose;
  • Prevenção de complicações mamárias – o corpo continua a produzir leite mesmo quando a mulher não amamenta. Caso o leite não seja liberado, ele pode formar cristais que entopem os ductos mamários e provocam inflamação. 

Com essas dicas, você pode deixar o processo de amamentação mais fácil. Caso tenha dúvidas, você pode pedir para que seu obstetra ou o pediatra do bebê ensinem as técnicas mais adequadas para você durante as consultas.

Quer saber mais sobre a amamentação e seus benefícios? Toque aqui!

Laqueadura tubária: quando fazer?

A laqueadura tubária, também chamada de ligadura das tubas uterinas, é um procedimento de esterilização cirúrgica para mulheres. Esterilização é um termo técnico que utilizamos para nos referirmos a procedimentos potencialmente irreversíveis de contracepção.

As tubas uterinas são órgãos de aproximadamente 10 centímetros que se iniciam no fundo do útero, sendo contínuos a esse órgão. Ao final das tubas uterinas, estão os ovários, onde estão armazenadas as células sexuais femininas, conhecidas popularmente como óvulos.

Para entender a laqueadura, precisamos revisar alguns conceitos de anatomia feminina e de reprodução humana. Nas relações íntimas desprotegidas, os espermatozoides (células sexuais masculinas) são liberados na vagina. Para fertilizar os óvulos (células sexuais femininas), eles precisam passar através do colo do útero para alcançar a cavidade uterina.

Contudo, durante a ovulação, os ovários femininos liberam um óvulo nas tubas uterinas. Então, os espermatozoides precisam percorrer toda a cavidade uterina e passar pelo óstio uterino da tuba, um orifício de 1 milímetro que conecta as tubas ao útero. Depois disso, os espermatozoides precisam encontrar o óvulo em uma das porções intermediárias da tuba uterina, a ampola.

Na laqueadura tubária, realizamos a interrupção do canal das tubas uterinas para que o espermatozoide não consiga fertilizar o óvulo da mulher. Quer saber quando esse procedimento pode ser realizado? Acompanhe nosso post até o final!

Quando fazer a laqueadura tubária?

Por ser um procedimento que compromete permanentemente a capacidade de engravidar naturalmente, existe uma lei que regula a realização da laqueadura tubária. Portanto, ela não pode ser feita por qualquer mulher, havendo algumas regras para sua indicação.

Pela Lei nº 14.443/2022, as regras atuais são:

  • Idade mínima de 21 anos no caso de mulheres com menos de dois filhos. Mulheres com mais de 2 filhos podem realizar o procedimento em qualquer idade;
  • Capacidade civil, isto é, a pessoa deve ter condições mentais e psicológicas para tomar decisões por conta própria;
  • Prazo de 60 dias entre a manifestação de vontade e a realização do procedimento. Para realizar qualquer cirurgia, é preciso assinar um documento em que você declara que entendeu os riscos e os benefícios do procedimento e deseja continuar. Para a laqueadura, essa assinatura deve acontecer 60 dias antes do procedimento. Nesse período, você deve também receber aconselhamento sobre outros métodos contraceptivos. 

O objetivo dessas etapas é garantir que a mulher tome uma decisão bem pensada, visto que é um procedimento potencialmente irreversível e com uma taxa elevada de arrependimento. Nesse sentido, as equipes multidisciplinares de aconselhamento familiar vão tentar mostrar que há métodos contraceptivos reversíveis de diferentes durações para alcançar o mesmo objetivo de prevenir gestações.

Além disso, é importante ressaltar que algumas regras antigas não valem mais, como:

  • Necessidade de consentimento do cônjuge. Antigamente, a mulher precisava da assinatura do cônjuge para mostrar que ele estava ciente e concordava com o procedimento. Essa regra não vale mais atualmente;
  • Proibição da laqueadura no momento do parto. Atualmente, a laqueadura tubária pode ser realizada durante o parto desde que a mulher tenha cumprido os 60 dias entre a manifestação de vontade e a realização do procedimento.

Indicações da laqueadura tubária

A laqueadura tubária é mais fortemente recomendada para mulheres em que a gravidez oferece riscos importantes à saúde dela ou de um eventual bebê. Para isso, é preciso que seja apresentado um laudo justificando a necessidade do procedimento, o qual deve ser assinado por dois médicos. Isso pode acontecer em casos de mulheres com transtornos genéticos hereditários graves, com história de gestações tubárias ou que realizaram múltiplas cesarianas.

Por que optar por outros métodos contraceptivos?

Para a maioria das mulheres, recomendamos que a mulher opte por métodos contraceptivos reversíveis. Afinal, alguns estudos apontam que a porcentagem de mulheres que se arrependem do procedimento pode chegar a aproximadamente 15%. Em mulheres que fazem a cirurgia antes dos 30 anos, a taxa de arrependimento foi de 20,3%. Ou seja, 1 em cada 5 mulheres com ligadura antes dos 30 anos deseja não ter feito o procedimento.

A maioria das mulheres considera realizar a laqueadura tubária, pois desejam um método com baixa taxa de falha e que não precise ser reaplicado com frequência. Elas querem evitar o inconveniente de se esquecer de tomar a pílula corretamente e acabar tendo uma gestação indesejada. Entretanto, atualmente, existem métodos contraceptivos de maior duração, como:

  • Os dispositivos intrauterinos (DIU). São hastes colocadas dentro do útero que liberam substâncias que dificultam a fertilização e o início da gestação. Apresentam taxas de falha menores do que 1% e duram entre 5 e 10 anos;
  • Implante hormonal contraceptivo. É uma pequena haste inserida sob a pele do braço, liberando doses pequenas de hormônios. Também apresentam taxas de falha menor do que 1% e duram cerca de 3 anos;
  • Injeção contraceptiva. São injeções de hormônios com baixa taxa de falha e com duração de 1 a 3 meses.

Todos esses métodos são reversíveis. Ou seja, quando a mulher retira o DIU, remove os implantes ou para de aplicar as injeções, ela pode voltar a engravidar sem nenhuma dificuldade.

Portanto, a laqueadura tubária é um método contraceptivo potencialmente permanente. É preciso se lembrar de que nossa vida é dinâmica e nossos desejos mudam constantemente. Podem ocorrer situações, tais quais novos relacionamentos e perda de filhos, que despertam novamente o desejo de ter filhos. Como existem métodos eficazes e duradouros de contracepção, eles são mais aconselháveis para evitar arrependimentos.

Quer saber mais sobre os diferentes métodos de contracepção? Toque aqui!

Vaginose bacteriana: o que é e quais são os sintomas?

A vagina é um ambiente naturalmente rico em microrganismos. O conjunto de microrganismos que vivem na vaginal é chamado de microbioma vaginal. Em mulheres saudáveis, esse microbioma é composto principalmente por lactobacilos, bactérias que produzem um ácido protetor que evita a proliferação de microrganismos causadores de doenças (patógenos).

Em algumas situações, o microambiente vaginal pode se alterar e provocar sintomas incômodos para as mulheres, como mau cheiro e corrimento vaginal anormal. Uma dessas condições é a vaginose bacteriana. Quer saber mais sobre ela? Continue a leitura!

O que é vaginose bacteriana?

A vaginose bacteriana é uma condição muito comum entre as mulheres. Em mulheres na idade fértil, estima-se que sua frequência seja de até 30%. Como vimos, na maior parte das mulheres, o microbioma fisiológico da vagina é composto principalmente por lactobacilos. A vaginose bacteriana é uma doença caracterizada pela substituição temporária dessa microbiota normal por uma microbiota composta por microrganismos patogênicos.

Em outras palavras, durante as vaginoses, observamos uma redução dos lactobacilos protetores. Isso reduz a produção de ácido láctico, o que diminui a acidez do ambiente vaginal. A acidez vaginal é um dos principais fatores que protegem as mulheres contra microrganismos patogênicos.

Bactérias presentes nas vaginoses

Nos estudos feitos em mulheres com vaginose ativa, os microrganismos mais frequentemente identificados são de bactérias:

  • Gardnerella vaginalis, que é uma das mais comuns nos casos de vaginose;
  • Atopobium vaginae;
  • Bacteroides spp.;
  • Prevotella spp.;
  • Mycoplasma hominis;
  • Mobiluncus spp.

Além disso, também podem estar presentes bactérias de outros gêneros, geralmente anaeróbias ou anaeróbias facultativas. Algumas dessas bactérias, como a Gardnerella vaginalis, são capazes de produzir biofilmes. Ou seja, elas produzem substâncias que facilitam sua adesão nas paredes da vagina e ajudam a evitar a ação do sistema imunológico. Isso favorece sua proliferação e permanência na vagina.

Fatores de risco e complicações

A vaginose bacteriana é uma condição muito comum entre as mulheres. Em mulheres na idade fértil, estima-se que sua frequência seja de até 30%. Os principais fatores de risco evitáveis para o desenvolvimento de vaginoses são:

  • Aplicação de duchas vaginais;
  • Tabagismo;
  • Estresse crônico;
  • Comportamento sexual de risco;
  • Sexo sem proteção.

Além disso, as vaginoses são mais frequentes durante e logo após a menstruação. Afinal, o sangue muda as características químicas da vagina, além de ser um material muito nutritivo. Isso pode favorecer o crescimento de microrganismos que não são habituais do microbioma vaginal.

Sintomas da vaginose bacteriana

Um estudo feito no Brasil mostrou que as vaginoses bacterianas são responsáveis por 40% das queixas das mulheres nos consultórios ginecológicos. Com isso, certamente são uma das principais causas de busca por um ginecologista fora da rotina.

Os principais sintomas da vaginose bacteriana isolada são: 

  • Corrimento vaginal anormal, isto é, mudanças na cor, na consistência, no volume ou no cheiro do corrimento;
  • Alteração do odor, geralmente apresentando um mau cheiro descrito como odor de peixe. Isso ocorre devido à produção de aminas pelas bactérias, o que produz um cheiro semelhante ao da amônia. O odor também pode estar presente de forma isolada, sem a presença de corrimento vaginal. O mau cheiro pode piorar com o ato sexual ou durante a menstruação.

Durante o exame físico, seu ginecologista também pode identificar alterações no muco vaginal, que pode se tornar esbranquiçado, acinzentado ou amarelado.

A presença de outros sintomas, como prurido (coceira) e desconforto vaginal, geralmente está relacionada com a proliferação excessiva de outros tipos de microrganismos. Um dos mais frequentes é o fungo Candida albicans, que é presente no microbioma normal da mulher, cuja proliferação pode sair de controle e provocar um quadro patológico.

Diagnóstico e tratamento da vaginose bacteriana

O diagnóstico provável de vaginose bacteriana pode ser feito clinicamente, apenas com a anamnese e o exame físico ginecológico. A presença de corrimento vaginal acinzentado aderido às paredes da vagina é um forte indicativo de vaginoses bacterianas. 

Além disso, alguns testes podem ajudar a confirmar o diagnóstico, como:

  • Medida do pH vaginal. Normalmente, o pH vaginal (medida da “acidez”) se encontra abaixo de 4,5. Valores acima de 4,5 são considerados alterados;
  • Teste das aminas. Como explicamos, as bactérias da vaginose produzem substâncias que causam mau cheiro. Nesse teste coletamos uma amostra da secreção vaginal e aplicamos uma substância (o hidróxido de potássio) que reage com as aminas, um processo que libera rapidamente um odor fétido;
  • Presença de células-chave, que são visíveis quando observamos uma amostra de secreção vaginal ao microscópio.

Os dois primeiros testes são geralmente feitos durante o exame físico ginecológico. Já o tratamento é geralmente feito com antibióticos, como:

  • Metronidazol oral ou intravaginal;
  • Clindamicina tópica.

Para diagnosticar e tratar a vaginose bacteriana, é muito importante procurar um médico para realizar. Afinal, para serem eficazes, os antibióticos precisam ser utilizados na frequência e na duração corretas. 

Além disso, é preciso também avaliar a existência de infecções simultâneas, as quais podem demandar o uso de outros medicamentos associados. No caso das gestantes, um tratamento rápido é fundamental, pois as vaginoses estão associadas a um maior risco de abortamento e de parto prematuro.

As vaginoses também podem ser identificadas acidentalmente durante o exame papanicolaou. Quer saber mais sobre ele? Toque aqui!

Cardiotocografia: como é feita e o que pode indicar?

A cardiotocografia (CTG) é um exame muito utilizado na obstetrícia para monitorar os batimentos cardíacos do feto, as contrações uterinas da mãe e os movimentos do bebê. Seu objetivo principal é avaliar a vitalidade e o bem-estar fetal, especialmente em situações em que há maior risco de problemas no parto ou de sofrimento fetal.

Apesar disso, também pode ser usado para o monitoramento em situações de baixo risco para auxiliar no planejamento do parto. Portanto, esse exame pode ser realizado durante o pré-natal, especialmente no terceiro trimestre da gestação, ou durante o trabalho de parto para acompanhar as condições do bebê.

Quer saber mais sobre a cardiotocografia? Acompanhe este post até o final!

Quando a cardiotocografia é feita?

É um exame mais específico do contexto gestacional, não sendo utilizado no acompanhamento ginecológico de mulheres não grávidas. No acompanhamento das gestações, contudo, é amplamente utilizado, sendo conhecido por muitas mulheres que já passaram por uma gestação, principalmente por aquelas que realizaram um parto normal.

O monitoramento periódico ou contínuo com a cardiotocografia auxilia na identificação de possíveis sinais de sofrimento fetal ao observar diferentes características da frequência cardíaca do bebê. Além disso, permite identificar a frequência e a força das contrações uterinas, o que é um sinal importante da evolução do parto. Comparando esses dois dados, o obstetra pode entender se é necessária alguma intervenção médica para auxiliar no nascimento do bebê. 

Apesar de comumente ser realizada em gestações e partos não complicados, ela é especialmente indicada em situações, como:

  • Gestações com risco de prematuridade;
  • Risco de baixo peso ao nascer;
  • Mulheres que apresentam doenças hipertensivas e comorbidades clínicas;
  • Gestantes com infecções no trato geniturinário;
  • Mulheres com hemorragia durante o trabalho de parto;
  • Gravidezes de gêmeos;
  • Presença de mecônio (fezes estéreis de cor verde-escura) no líquido amniótico;
  • Ruptura das membranas (bolsa amniótica) antes do início do trabalho de parto;
  • Bebês em uma posição anormal;
  • Trabalho de parto induzido ou conduzido;
  • Administração de anestesia epidural para alívio da dor.

Nessas indicações, há maior chance de sofrimento fetal ou de evolução anormal do parto. 

Como a cardiotocografia é feita?

O exame é realizado utilizando dois cintos posicionados no abdômen da mãe:

  • Um deles registra a frequência cardíaca do bebê;
  • O outro monitora as contrações uterinas. 

Além disso, a mãe recebe um botão para pressionar sempre que sentir os movimentos do bebê. 

Em determinadas situações, quando o monitoramento externo não é eficaz ou é necessário obter informações mais precisas, pode ser recomendado o monitoramento interno. No entanto, essa abordagem é mais invasiva, pois exige que a mãe já tenha dilatação importante do colo uterino. 

Afinal, nela, as contrações são medidas com um cateter que mede a pressão na cavidade uterina, enquanto a medição da frequência cardíaca fetal é feita com a colocação de um eletrodo na superfície da cabeça do bebê. Esse método permite medir a atividade elétrica do coração fetal, mas apresenta maiores riscos de infecção para a mãe e o bebê, além de poder causar pequenos danos ao feto ou à parede do útero.

Tanto no cardiotocografia externa quanto na interna, os aparelhos estão conectados a um aparelho chamado cardiotocógrafo, o monitor fetal que interpreta os sinais dos sensores. A frequência cardíaca do bebê pode ser ouvida como um som semelhante a batidas, e o aparelho também exibe as variações que acontecem durante as contrações. 

Os resultados da cardiotocografia podem ser impressos ou armazenados digitalmente, facilitando o acompanhamento posterior.

O que a cardiotocografia pode indicar?

A cardiotocografia pode fornecer informações importantes, como:

  • A presença ou ausência de contrações uterinas;
  • A frequência cardíaca média do feto;
  • A variabilidade da frequência cardíaca ao longo do exame;
  • A aceleração da frequência cardíaca do bebê em resposta aos seus movimentos;
  • A presença de desacelerações na frequência cardíaca, que podem indicar complicações.

Durante as contrações, ocorrem mudanças no padrão da frequência cardíaca, e essas variações são observadas para identificar possíveis sinais de sofrimento fetal. Portanto, é um exame que compara a vitalidade do feto com as contrações para auxiliar na decisão se é seguro aguardar a evolução natural do parto, por exemplo.

A frequência cardíaca normal de um feto varia entre 110 e 160 batimentos por minuto. Valores abaixo de 110 são chamados de bradicardia, enquanto valores acima de 160 bpm são conhecidos como taquicardia. Os bebês podem apresentar variações temporárias para valores ligeiramente mais altos ou mais baixos sem que isso signifique algum problema. 

Contudo, a bradicardia e a taquicardia, quando frequentes ou sustentadas por um longo período, são indicativos de potencial sofrimento fetal. Além disso, uma frequência cardíaca sem muita alteração também pode representar um problema. 

Portanto, os dados da cardiotocografia auxiliam a equipe obstétrica a tomar decisões individualizadas para garantir o bem-estar do bebê durante a gestação e o trabalho de parto. Se os resultados sugerirem que o bebê está em risco, o médico pode optar por uma intervenção, como a indução do parto ou a realização de uma cesariana.

Quer saber mais sobre a cardiotocografia? Toque aqui!