Dra Cristiane Pacheco | WhatsApp

O que é doula?

A gravidez, o pré-natal, o parto e o pós-parto são momentos bastante peculiares na vida da mulher. Afinal, muitas mudanças físicas e emocionais ocorrem em pouco tempo. Felizmente, há muitos profissionais para dar o suporte à grávida durante todo esse processo de uma forma mais próxima e afetuosa, — as doulas.

As doulas não substituem a assistência médica de um obstetra e de uma equipe de saúde. Tampouco, estão habilitadas para realizar partos. Contudo prestam um outro tipo de suporte, — mais próximo —, voltado para os desafios da experiência da gestação, do parto e do puerpério.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe o nosso post!

O que é doula?

As doulas são profissionais treinadas para assistir a mulher durante o parto. Sua principal função é garantir uma experiência mais satisfatória, pessoal, saudável e prazerosa no momento do parto.

É muito importante desmistificar algumas inverdades que são ditas em relação às doulas. Há indivíduos que, sem a informação adequada, qualificam as doulas como pessoas despreparadas para estar presentes durante um procedimento médico, como o parto.

Contudo o cenário é o oposto. A grande maioria das doulas são extremamente qualificadas para a função, recebendo capacitação teórico e extenso treinamento prática. Apesar de serem profissionais não médicas, elas são certificadas para o exercício profissional e dominam os princípios da assistência ao parto humanizado.

Na verdade, dentro dos princípios da humanização, o parto não é mais visto apenas como um procedimento médico objetivo e frio. As dimensões afetivas do nascimento vêm sendo recuperadas diante dos malefícios trazidos pelo excesso de medicalização que ocorreu nas últimas décadas.

Nesse sentido, a demanda das gestantes pelas doulas é crescente pelos resultados positivos que elas tiveram ou ouviram falar por suas colegas. Inclusive, há evidências científicas sobre os benefícios da assistência das doulas para toda a família com desfechos positivos na saúde física e emocional.

As doulas e a dos sentidos do nascer

A medicina trouxe muitos avanços para a assistência ao parto, à gestante e ao bebê. Esses benefícios são inequívocos, mas se tornaram excessivos. Com isso, surgiu um excesso de intervenção dos médicos em partos não complicados e a perda do significado subjetivo do nascimento para a mulher e sua família.

Os partos são também momentos de troca de afeto. Antes, durante e depois dele, é importante que se forme um círculo de apoio à gestante, do qual podem participar o parceiro, os amigos, os familiares e até vizinhos dela. Isso é essencial para a gestante.

As doulas são capacitadas para que possam oferecer esse suporte afetivo e emocional em todas as fases da gestação. Entretanto, além disso, apresentam conhecimento técnico para dar suporte a diversos fatores físicos e emocionais presentes antes, durante e depois do parto.

As doulas e o parto humanizado

As doulas têm um papel muito importante para garantir um parto dentro dos princípios da humanização:

  • Protagonismo da mulher — as doulas são treinadas em ações para promover o empoderamento e a participação da mulher em todas as fases do parto. Por exemplo, elas podem mediar a comunicação com a equipe de saúde em momentos de maior vulnerabilidade;
  • Individualização biopsicossocial — elas podem acompanhar as fases finais da gestação e da preparação para o parto, participando na confecção de um plano de parto se a mulher desejar. Elas são capacitadas a compreender as informações técnicas contidas ali e podem ajudar a gestante a fazer valer os seus desejos dentro da individualidade de cada parto;
  • Medicina baseada em evidências — em sua formação, as doulas recebem capacitação teórica sobre as medidas de assistência física e psicológica à gestante durante e após o parto.

Benefícios das doulas

Algumas pesquisas mostram que as doulas aumentam as chances de a gestante ter uma experiência positiva durante o parto. Entre os fatores relacionados a esses resultados, estão relatos de que elas:

  • Nutrem um cuidado gentil e respeitoso pela gestante;
  • Promovem um maior protagonismo para a parturiente;
  • Trazem uma maior sensação nas gestantes de estarem sendo adequadamente informadas;
  • Contribuem para uma maior participação da gestante nas decisões da equipe de saúde.

Em comparação a outras medidas de promoção da satisfação com o parto, esses fatores têm efeito positivo semelhante à analgesia, por exemplo.

As funções da doula

Veja algumas funções que as doulas podem assumir antes, durante e depois do nascimento.

Antes do nascimento

As doulas podem participar da gestação desde as primeiras semanas. Entretanto é mais comum que a acompanhem a partir do sétimo mês de gestação, quando a preparação para o parto se torna mais intensa.

  • Auxiliar no desenvolvimento do plano de parto;
  • Ajudar a gestante a compreender e a seguir as orientações determinadas pelo obstetra;
  • Promover uma maior participação do parceiro, quando for o caso;
  • Dar suporte emocional nessa fase que pode deixar a mulher emocionalmente vulnerável.

Durante o nascimento

  • Suporte físico com técnicas de respiração e relaxamento, auxílio com as manobras para facilitar o trabalho de parto, entre outras medidas;
  • Suporte emocional com técnicas que aliviam alterações no humor e a ansiedade desencadeadas pelos mecanismos hormonais do parto;
  • Suporte ao parceiro e à família ao facilitar a comunicação deles com a gestante;
  • Suporte administrativo ao ajudar a gestante a organizar documentos e exames, por exemplo.

Pós-parto

  • Escuta ativa durante o pós-parto e o puerpério;
  • Educação da puérpera sobre as mudanças emocionais e físicas pós-parto, além de ensinar técnicas para que elas manejem melhor esses desafios;
  • Suporte na amamentação, treinando as mulheres em técnicas de lactação baseadas em evidências científicas;
  • Ajuda para organizar o enxoval e o espaço do bebê;
  • Auxílio em estabelecer uma rotina familiar e para o sono no bebê, entre outras ações.

Portanto, as doulas são profissionais capacitadas para prestar um suporte não médico para a gestante. Elas não podem prescrever medicações nem conduzir os partos. No entanto, podem transmitir experiências, facilitar a comunicação da gestante, ensiná-la sobre medidas naturais benéficas para ela e o bebê, além de dar o amparo emocional em momentos de vulnerabilidade.

Quer saber mais sobre as doulas e seu papel nos partos? Confira este nosso artigo institucional sobre o tema!

Puerpério: o que é e quais os desafios?

O termo puerpério se refere ao período em que os efeitos anatômicos e fisiológicos da gestação e do parto ainda tem um impacto significativo sobre a saúde/bem-estar da mulher. Associado a ele, surgem também às respostas emocionais em relação aos cuidados com o filho e a adaptação a essa nova fase da vida.

Quer saber mais sobre ele? Acompanhe o nosso post!

O que é o puerpério?

Considera-se que ele começa logo após o parto. Apesar de haver um consenso sobre o início do puerpério, ainda há discussões sobre quando ele termina. Afinal, quando o organismo e a mente da mulher ainda passam por um processo de adaptação pós-parto mais significativo? Até quando ela precisa de cuidados com um olhar mais atento às eventuais complicações da gestação e do parto?

Tradicionalmente, o puerpério é definido como o período de 6 semanas seguintes ao parto. Quando a adaptação da mulher ao pós-parto é mais intensa. Nesse intervalo, podemos perceber que ela passa por grandes desafios, o que demanda uma assistência médica especializada. Por esse motivo, esse é o corte mais frequente nas definições nacionais e internacionais, como a Cartilha do Parto e do Puerpério do Min. Da Saúde.

A Organização Mundial de Saúde, por exemplo, tem recomendado que a mulher realize três consultas com o médico que acompanhou o pré-natal para a avaliação do puerpério:

  • Primeira — no terceiro dia pós-parto;
  • Segunda — em um a duas semanas do pós-parto;
  • Terceira — na sexta semana de pós-parto.

Assim, pode-se dar uma assistência à mulher no início das três fases do puerpério:

  • Imediato (1º ao 10º dia);
  • Tardio (11º ao 42º dia);
  • Remoto (a partir do 43º dia).

A partir da sexta semana, porém, não significa que a paciente estará desassistida. Pelo contrário, ela continuará sendo acompanhada pelo ginecologista/obstetra nas consultas periódicas comuns habituais na vida da mulher.

Entretanto algumas sociedades médicas, como o Colégio Americano de Ginecologistas e Obstetras, têm recomendado a extensão do puerpério até o terceiro mês do pós-parto. Por isso, metaforicamente, esse período tem sido chamado de “4º semestre de gestação”.

Portanto, A decisão de como será feito esse acompanhamento puerperal pode ser individualizada de acordo com as características de cada pós-parto.

Os desafios do puerpério

As gestações e os partos são fenômenos que causam uma extensa alteração no organismo da mãe, como:

  • redução da resistência vascular;
  • aumento do débito cardíaco;
  • mudanças nos níveis hormonais;
  • distensão da pele abdominal;
  • estímulo às células pigmentares da pele;
  • abertura do canal da pelve.

Isso é necessário para que ela possa abrigar o feto e gerar um nascimento saudável. Além disso, nesse período, o corpo da mulher se adapta para os desafios do cuidado do recém-nascido

O puerpério é o momento em que grande parte dessas mudanças cessam e o organismo da mãe tenta voltar para a homeostasia habitual. No entanto, novas transformações surgirão devido à rotina de cuidar de um filho, de lactação, entre outras razões.

Alterações do pós-parto

Algumas alterações são mais frequentes e não representam um risco significativo para a saúde da mãe, como:

  • Calafrios e tremores;
  • Involução uterina;
  • Lóquios, isto é, a perda de sangue pela vagina;
  • Edema na vulva e na vagina;
  • Disfunções urinárias temporária, como perda involuntária ou pouco antes da vontade da micção;
  • Flacidez abdominal;
  • Fogachos;
  • Anovulação;
  • Crescimento das mamas, que pode ser acompanhado de dores;
  • Perda de peso.

No entanto, parte das puérperas podem enfrentar complicações mais graves, como dor intensa na parte baixa do abdômen, sangramento vaginal com odor forte e febre. Elas são indicativos de infecções, que demanda uma consulta médica urgente.

Relação com a família

Quando um bebê chega ao lar, ele se torna o centro das atenções. Os familiares, os vizinhos e os amigos começam a visitá-la para ver o novo morador. Contudo, o instinto de proteção do bebê ainda pode estar aflorado. Então, ela pode ter um receio de expor o filho a doenças e acidentes devido ao contato com mais pessoas.

Aos poucos, é importante se preparar para abrir mais espaço, pois esse contato com novas pessoas é saudável para o desenvolvimento do bebê.

Também, sentindo-se fragilizada, a puérpera pode demandar uma maior atenção do parceiro e sentimentos de desamparo. Além disso, a chegada de um filho traz uma mudança na relação afetiva e sexual com o parceiro.

Amamentação

Após o parto, umas das mudanças mais pronunciadas é o início da produção de leite pelas glândulas mamárias.

Na primeira semana, por exemplo, as características do leite materno são diferentes: ele é mais amarelado e o volume liberado é menor. Isso assusta algumas mulheres, que acreditam estar com algum problema para o aleitamento. Depois da primeira semana, o leite começa a ser liberado em maior quantidade e adquire a coloração branca que temos em nossa mente.

Algumas mulheres, porém, podem enfrentar dificuldade para a produção de leite. Isso pode desencadear sentimentos de frustração, que precisam ser abordados para prevenir o adoecimento mental.

As consultas puerperais servem também para a mulher compreender o que acontece durante a lactação. Ela será educada sobre a forma de dar de mamar, a prevenção de fissuras mamárias e como identificar dificuldades na amamentação.

Adaptação à rotina do bebê

Esse é um dos principais desafios que as mães relatam nas consultas de puerpério. Os bebês têm um ciclo muito diferente dos adultos: eles dormem por mais tempo e acordam frequentemente durante a noite para se alimentar.

Associado a isso, os estudos mostram que os sentidos da mulher se adaptam para ficarem mais sensíveis às necessidades do bebê. Isso a deixa em estado de prontidão, tornando-se, por exemplo, mais sensível ao choro e ao despertar noturno. Então, é natural que elas sintam uma maior fadiga.

Alterações no humor

Os estudos mostram que diversas mudanças hormonais ocorrem no corpo da mulher no pós-parto. Isso tem um impacto nos neurotransmissores responsáveis pela sensação de alegria, bem-estar, medo, entre outras emoções. Até 90% das mulheres relatam algum dos seguintes sintomas nesse período:

  • choro inexplicável;
  • irritabilidade;
  • tristeza;
  • inquietação;
  • dificuldades para dormir.

Somado a isso, ela ainda enfrenta a adaptação aos desafios explicados anteriormente. Portanto, o puerpério é naturalmente um momento em que a mulher pode se sentir frágil e insegura.

As consultas de puerpério são essenciais para a mulher, tendo o objetivo de acolhê-la em toda a sua integralidade. Além disso, buscamos educá-la e esclarecer suas dúvidas a respeito das mudanças que virão nos próximos dias e meses. Por fim, é essencial tratar e prevenir complicações relacionadas ao pós-parto e à lactação, entre outros pontos.

Quer saber mais sobre o puerpério e os cuidados nessa fase? Confira este post sobre o tema!

Ciclo menstrual: quando consideramos irregular?

Existem muitas dúvidas relacionadas ao ciclo menstrual: quando é irregular ou regular? Quando isso significa uma doença? Como isso afeta a fertilidade? E principalmente o que isso pode indicar?

Considera-se que um ciclo menstrual tem uma duração média de 28 dias, sendo ainda considerado normal quando dura entre 24 e 38 dias. Esse intervalo é medido tendo em vista o primeiro dia de sangramento entre um ciclo e outro.

No entanto, há muita controvérsia científica sobre o valor de delimitar um intervalo preciso. Por isso, o diagnóstico de um ciclo irregular deve ser individualizado paciente a paciente.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

O que é o ciclo menstrual?

Os ciclos menstruais apresentam uma duração média de 28 dias. Contudo isso é apenas uma estimativa populacional e, portanto, não significa que intervalos maiores ou menores indicam uma alteração na saúde ginecológica.

Parte da literatura médica entende que uma mulher apresenta ciclos normais quando eles duram entre 24 e 38 dias. Conforme a referência teórica, outros valores maiores ou menores podem ser encontrados.

No entanto, números exatos não apresentam tanta importância. Afinal, o que mais importa é a avaliação médica, que observará outros pontos para determinar se é necessária a investigação mais extensa do quadro.

Além disso, é muito importante que a mulher entenda que seus próprios ciclos menstruais poderão variar entre si. Em um mês, podem durar 28 dias. Em outros, 30. Há pacientes que apresentam uma maior tendência há ciclos sempre bem cronometrados enquanto outras observam uma maior variação.

Regulação do ciclo menstrual

Fase folicular — tem início no primeiro dia do ciclo e dura até aproximadamente o décimo terceiro. É influenciada principalmente pela ação do hormônio folículo estimulante. Folículos são cavidades recobertas por camadas de células produtoras de hormônio, dispostas em forma de saco preenchidas por líquidos. Eles contêm os óvulos, as células reprodutivas, que ficam armazenadas nos ovários desde o nascimento.

Sob o estímulo do FSH, os folículos crescem, amadurecem, mas apenas um deles se torna dominante e libera um óvulo nas tubas uterinas (ovulação). Enquanto se desenvolvem nessa fase, eles produzem quantidades cada vez maiores de estrogênio.

Esse hormônio tem ação sobre o endométrio uterino, fazendo com que suas células se multipliquem e o tecido fique mais espesso. Futuramente, caso haja a fertilização, o embrião se implantará nele para se desenvolver.

Fase ovulatória — é a fase chamada de “meio do ciclo”, ocorrendo geralmente no 14º dia do ciclo. Algumas horas antes da ovulação, o corpo secreta quantidades progressivamente maiores do hormônio luteinizante. Ele age no folículo dominante para provocar a sua maturação final e posterior rompimento. Com isso, há a liberação do óvulo, que é depositado nas tubas uterinas. Lá, ele sobrevive por 24 a 36 horas em média.

Fase lútea — após a ovulação, as células remanescentes do folículo dominante vão se transformar em outra estrutura, o corpo lúteo. Ele libera principalmente a progesterona, que, em associação com o estrogênio, vai provocar a maturação e espessamento final do endométrio (fase secretora). Assim, esse tecido se torna pronto para recepcionar um eventual embrião formado pela união do óvulo por um espermatozoide.

Caso a fertilização ocorra, as células do embrião passarão a secretar um hormônio chamado de gonadotrofina coriônica (hCG), o qual manterá o corpo lúteo. Caso contrário, o corpo lúteo se degenera e produz cada vez menos progesterona e estrogênio. Com isso, o organismo identifica que não houve uma gestação e volta a produzir mais FSH para começar um novo ciclo menstrual.

O que caracteriza o ciclo irregular?

Até pouco tempo, considerava-se ciclo irregular aqueles que duravam menos de 24-26 dias ou mais de 36-38 dias. No entanto, recentemente, há uma tendência de enquadrar todos os tipos de distúrbios menstruais dentro de um único conceito, — o sangramento uterino anormal (SUA). Assim, é possível fazer uma investigação mais completa e padronizada.

A Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) criou o acrônimo PALM-COEIN para organizar as principais causas de SUA:

  • Pólipos uterinos;
  • Adenomiose;
  • Leiomiomas (miomas uterinos);
  • Malignidade (câncer) e hiperplasia (crescimento tecidual excessivo benigno);
  • Coagulopatias;
  • Ovulação disfuncional;
  • Endométrio disfuncional;
  • Iatrogenia;
  • Nenhuma classificação anterior.

Pólipos uterinos

São lesões endometriais intrauterinas, geralmente benignas, que se formam a partir da multiplicação excessiva de alguma região do endométrio. Com isso, surgem processos inflamatórios e outras alterações que levam à irregularidade menstrual.

Adenomiose

Ocorre quando as células endometriais invadem o miométrio (tecido que forma a parede uterina).

Leiomiomas

São os famosos miomas uterinos, que são lesões benignas resultantes do crescimento descontrolado de células musculares lisas do miométrio. Caso cresçam a ponto de afetar a função endometrial, podem provocar distúrbios menstruais.

Malignidade e hiperplasia

As malignidades e as hiperplasias podem afetar o ciclo menstrual por diversos mecanismos, como a produção de substâncias parecidas com os hormônios regulatórios, bem como as próprias lesões de degeneração do tecido.

Coagulopatia

São doenças que comprometem a funcionalidade da coagulação do sangue, fazendo com que ela seja excessiva ou insuficiente. Como o endométrio tem muitos vasos sanguíneos, os ciclos podem se alterar com as disfunções coagulatórias.

Ovulação disfuncional

São condições médicas que afetam os processos ovarianos explicados anteriormente. Uma das mais prevalentes é a síndrome dos ovários policísticos. Nela, a produção excessiva de hormônios masculinos (androgênios) pela mulher faz com que os folículos não completem a maturação. Com isso, não ocorre a ovulação em alguns ciclos, o que provoca amenorreia ou o prolongamento do intervalo intermenstrual.

Disfunções endometriais

São doenças causadas por disfunções no endométrio que não se enquadram como pólipos uterinos ou adenomiose.

Iatrogenia

São as alterações causadas por alguma intervenção médica, como uso de pílulas contraceptivas, cirurgias e outros fatores.

Outras causas

São causas que não se enquadram anteriormente, como os transtornos da tireoide e as manifestações psicossomáticas.

A irregularidade dos ciclos menstruais pode ser sinal de algum processo patológico que deve ser investigado. Além disso, ela também é comum em pacientes que enfrentam dificuldade para engravidar.

Quer saber mais sobre a importância dos ciclos menstruais para a fertilidade? Confira nosso artigo sobre o tema!

Amamentação: conheça os benefícios

A amamentação é fundamental, visto que traz muitos benefícios para o bebê e a mãe. Por esse motivo, muitos especialistas recomendam que as mães devem amamentar seus filhos exclusivamente no peito por 6 meses, no mínimo.

Depois desse momento, novos alimentos podem ser inseridos na dieta do bebê, mas o leite materno ainda está indicado até o final do 1º ou 2º ano de vida. Por esse motivo, as mães são incentivadas a manter o aleitamento desde o pré-natal.

Contudo, a decisão é pessoal. A mãe tem autonomia para decidir se e até quando amamentar. Portanto, há mulheres que mantém o aleitamento por um período mais longo, enquanto outras escolhem não amamentar ou encurtar o período.

Há ainda situações em que o aleitamento materno é contraindicado. Esse é o caso, por exemplo, de mães portadoras do vírus HIV. Como há o risco de transmissão pelo leite, elas não podem amamentar.

Nesse tipo de situação, é possível recorrer a bancos de leite ou a fórmulas infantis desenvolvidas de acordo com as necessidades e saúde de cada bebê.

Quer saber mais sobre os benefícios do aleitamento materno? Acompanhe o nosso post!

O que é a amamentação?

Na nossa espécie, o leite é a principal forma de nutrição da prole nos primeiros meses de vida. Ele contém todos os nutrientes necessários para o nosso desenvolvimento, além de fortalecer o sistema imunológico e auxiliar no amadurecimento do aparelho digestivo dos bebês.

Quando começar?

O desenvolvimento e o amadurecimento das glândulas produtoras de leite começam ainda durante a gestação. No entanto, alguns hormônios inibem a produção de leite. Durante o trabalho de parto, porém, outras substâncias são liberadas pelo organismo de forma que a amamentação pode, em geral, ocorrer logo após o parto.

Quando não for possível, o leite materno pode ser coletado e ofertado para a criança nos berçários e nas UTIs neonatais. A amamentação no peito, por sua vez, pode ser feita tão logo quanto o recém-nascido tenha condições clínicas.

Nos primeiros dias após o nascimento, o leite tem características diferentes que será produzido durante a maior parte do processo. Por esse motivo, ele recebe um nome especial, — colostro —, o qual é rico em:

  • Proteínas;
  • Vitaminas;
  • Minerais;
  • Água;
  • Carboidratos;
  • Leucócitos e anticorpos, os quais fortalecem o sistema imunológico do bebê para o combate a infecções.

Os açúcares presentes no leite também auxiliam no amadurecimento do sistema digestório do bebê, além de estimularem o crescimento de uma flora microbiana protetora.

A partir do fim da primeira semana de amamentação, o leite ganha as características que nós conhecimentos, um líquido branco. Ela também é rica em nutrientes, componentes do sistema imunológico.

Benefícios da amamentação para o bebê

Estudos têm mostrado que a ausência ou a insuficiência de aleitamento materno estão relacionados a:

  • aumento do risco de mortalidade e adoecimento no primeiro ano de vida e na infância como um todo;
  • maior risco de desenvolvimento de algumas doenças crônicas por toda a vida.

Portanto, os benefícios da amamentação, em curto prazo, são:

  • Neurodesenvolvimento — o leite apresenta nutrientes (como as gorduras mono e poli-insaturadas) que favorecem o desenvolvimento saudável do sistema nervoso central. Além disso, há evidências de que o aleitamento tem um efeito analgésico e fortalece sobre o vínculo entre a mãe e o bebê;
  • Amadurecimento gastrointestinal — As substâncias do leite estimulam as funções gastrointestinais e promovem o crescimento de uma flora bacteriana protetora. Com isso, há redução de risco de diarreia e gastroenterite, aumento da sensação de saciedade, melhoria da atividade da lactase e redução do risco do risco de enterocolite necrosante, em crianças prematuras;
  • Proteção contra infecções — os bebês que tiveram amamentação regular durante o primeiro ano de vida tiveram um risco menor de hospitalização por doenças respiratórias, otites, infecções urinárias e sepse;
  • Redução de risco da síndrome da morte infantil súbita. Quanto maior o período de aleitamento, maior a proteção.

Aparentemente, não é apenas o leite materno que traz benefícios, mas todo o ato de amamentar. Por exemplo, há também evidência de que o próprio contato pele a pele durante a amamentação também seja positivo para reduzir o choro infantil e aumentar os níveis de glicose no sangue do bebê.

Também, há evidências de que os benefícios da amamentação se mantêm mesmo após a sua suspenção:

  • Proteção contra infecções respiratórias até 2 a 6 anos de vida, especialmente se a amamentação foi mantida por mais de 9 meses;
  • Redução do risco (inclusive na idade adulta) de desenvolvimento de obesidade, diabetes mellitus tipo 1 ou 2, doenças cardiovasculares, hipersensibilidades imunológicas e doenças inflamatórias intestinais;
  • Melhora no neurodesenvolvimento — além de reduzir o risco de transtornos de neurodesenvolvimento, o aleitamento parece estar relacionado com coeficientes de inteligência mais elevados na infância.

Benefícios da amamentação para a mãe

A amamentação também é vantajosa para a mãe, oferecendo benefícios, tais quais:

  • Redução do risco de perda de sangue no pós-parto. A amamentação logo após o parto estimula a liberação de ocitocina, o que ajuda o útero a retornar ao seu tamanho normal mais rapidamente e diminui o risco de hemorragias;
  • O aleitamento materno exclusivo, por liberar hormônios contraceptivos, atrasa o retorno da ovulação.

O aleitamento materno também traz benefícios de longo prazo para a mulher, como:

  • Redução do risco de câncer de mama, de ovário e de endométrio;
  • Efeito protetivo no sistema cardíaco e circulatório, diminuindo o risco de hipertensão arterial e outras doenças cardiovasculares;
  • Redução do risco de diabetes mellitus tipo II.

Existe algum benefício para o pai e para a família como um todo?

A amamentação também pode beneficiar a família como um todo:

  • Alguns estudos mostraram que os custos de uma família no primeiro ano de vida de uma criança são menores quando a amamentação é regular;
  • Meninas que veem sua mãe aleitando seus irmãos têm maior chance de amamentarem seus filhos;
  • A participação do pai nos cuidados com a amamentação fortalece os vínculos afetivos.

Por todos esses benefícios que vimos, a amamentação é recomendada durante o primeiro ano de vida do bebê. A Organização Mundial de Saúde, apoiada por vários estudos, aconselha o aleitamento materno até o final do segundo ano de vida.

Quer saber mais sobre esse tema? Confira nosso texto completo sobre o tema!

Diabetes gestacional: sintomas

O pré-natal é fundamental para a mulher compreender o que muda no seu corpo e os riscos associados às gestações. A partir desse acompanhamento longitudinal, você pode tomar tanto medidas preventivas quanto terapêuticas para manter uma gravidez saudável. Dentre as condições que podem ser identificadas, está a diabetes gestacional (DG).

A DG é uma doença que surge devido às modificações metabólicas causadas pela interação do organismo materno com o feto. Sua etiologia está relacionada a uma série de hormônios liberados pela placenta, os quais, em mulheres predispostas, pode elevar significativamente os níveis de glicose no sangue.

Em geral, a diabetes gestacional é uma doença assintomática, a qual é comumente descoberta nos exames de rastreio realizados a cada trimestre. Entretanto ela também pode ser sintomática, provocando manifestações semelhantes às outras formas de diabetes mellitus. Quer entender melhor? Confira o nosso post!

O que é a diabetes gestacional?

A diabetes gestacional é uma condição caracterizada principalmente por um nível elevado de glicose no sangue que surge durante a gravidez ou, em casos incomuns, o puerpério. Assim, pode resultar em complicações para a saúde da mãe e do bebê.

Ela é causada, principalmente, pelo aumento da resistência do corpo à ação da insulina, o hormônio responsável pelo equilíbrio dos níveis de glicose no sangue (glicemia).

Isso ocorre devido à produção de alguns hormônios produzidos pela placenta. Eles aumentam a glicemia com o objetivo de aumentar as reservas de energia disponível para o desenvolvimento da gestação.

Na maioria das gestantes, essa modificação metabólica não provoca nenhuma doença ou quadro preocupante. Afinal, o pâncreas da mulher reage aumentando a produção de insulina para contrabalancear o aumento da resistência.

Entretanto, em mulheres predispostas, a diabetes gestacional pode surgir, pois a resposta pancreática não é suficiente para manter níveis glicêmicos saudáveis.

A diabetes gestacional e a evolução da gestação

No primeiro trimestre de gestação, o desenvolvimento da placenta ainda é insuficiente para provocar alterações significativas da glicemia. Como veremos, se forem identificados níveis elevados de glicose no sangue, a manifestação possivelmente se deve a um quadro de diabetes ou pré-diabetes anterior à gravidez.

A partir do segundo semestre, porém, a diabetes gestacional pode ser diagnosticada. Ela geralmente é identificada em exames realizados no início do terceiro semestre da gestação ou ainda no segundo trimestre se houver sinais e sintomas compatíveis.

Quais os sintomas da diabetes gestacional?

A diabetes gestacional pode desencadear alguns sintomas causados pela hiperglicemia. Por isso, ela se manifesta, na grávida, em um quadro muito semelhante ao das outras formas de diabetes mellitus, como:

  • Sede excessiva e persistente (polidipsia);
  • Micção frequente (poliúria);
  • Fome aumentada (polifagia).

Contudo esses sintomas usualmente aparecem quando a glicemia está bastante elevada, o que indica um maior descontrole da doença. Outras manifestações menos comuns são:

  • Cansaço excessivo;
  • Ganho de peso excessivo da gestante;
  • Boca seca frequentemente.

O que fazer ao perceber sintomas?

Diante de qualquer um desses sintomas, é muito importante conversar com o médico que avalia o seu pré-natal. Desse modo, ele poderá conduzir uma investigação mais aprofundada.

Com o avanço da condição, a condição também pode trazer manifestações no feto e na gestação, como:

  • Feto com peso elevado para a idade gestacional;
  • Aumento do volume de líquido amniótico (polidrâmnio).

Como é feito o diagnóstico da diabetes gestacional?

Em muitos casos, a diabetes gestacional é assintomática. Em outras palavras, a mulher não nota nenhuma alteração em sua saúde. Por esse motivo, o acompanhamento da glicemia no pré-natal é muito importante no diagnóstico dessa condição.

O diagnóstico em mulheres assintomáticas e sintomáticas

Por ser assintomática na maioria dos casos, o rastreamento de todas as mulheres é a melhor forma de diagnosticar a doença.

Dessa forma, o médico realiza exames laboratoriais periódicos para a identificação e níveis elevados de glicose no sangue. Essa conduta é padrão para todas as gestantes, mesmo que elas não tenham nenhuma queixa clínica.

No primeiro trimestre da gestação, requisita-se a glicemia de jejum. Assim, podemos identificar mulheres que apresentam diabetes mellitus tipo 1 ou 2 previamente à gravidez. Apenas dizemos que se trata de diabetes gestacional, quando as alterações são identificadas a partir da 24º semana.

A partir dos resultados, também é possível avaliar se há tendência ao desenvolvimento de diabetes gestacional. Então, podem ser indicadas mudanças nos hábitos de vida para prevenir o desenvolvimento da condição.

No início do terceiro trimestre, realiza-se o teste oral de tolerância a glicose. Nele, a gestante ingere uma solução com altos níveis de açúcar. Então, durante três horas, os níveis de glicose são monitorados em intervalos de 60 minutos.

A alteração da glicemia em alguma dessas medidas diagnostica a diabetes gestacional tanto em mulheres sintomáticas quanto assintomáticas.

Fatores de risco

Os riscos nos ajudam a compreender quais mulheres têm uma maior probabilidade de desenvolver a DG. Assim, o acompanhamento pré-natal pode ser individualizado para a identificação precoce da diabetes gestacional. Os principais fatores de risco conhecidos são:

  • Obesidade;
  • Sedentarismo;
  • Diabetes gestacional anterior ou pré-diabetes;
  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP);
  • Histórico familiar;
  • Bebês de gestações anteriores nascidos com peso superior a 4 kg.

Nesses casos, o momento e a frequência dos testes glicêmicos podem ser diferentes da rotina que explicamos acima. Afinal, o pré-natal deve ser sempre individualizado às características de cada mulher em cada gestação.

Portanto, é muito importante que a mulher compreenda que a diabetes gestacional é geralmente assintomática. Entretanto, mesmo assim, causa lesões silenciosas e distúrbios gestacionais. O rastreamento no pré-natal é essencial para evitar complicações tanto para a mãe quanto para o feto.

Quer saber mais sobre a diabetes mellitus e as complicações que ela traz para a mãe e o bebê? Confira este nosso artigo completo sobre o tema!

Gravidez de risco: saiba mais sobre essa condição

O termo “gravidez de risco” não é o mais adequado. Afinal, toda gestação traz determinados riscos tanto para a mulher quanto para o bebê. A diferença, então, é relacionada à probabilidade que esses riscos ocorram.

A maioria das gestações traz um risco habitual (“baixo”) de complicações materno-fetais. Devido a algumas características e condições médicas, as gestações podem ser consideradas de alto risco. Esses riscos abrangem qualquer processo de comprometimento da saúde ou o óbito da mãe e/ou do feto.

Por esse motivo, é necessário que sejam tomadas medidas preventivas para reduzir as chances de um desfecho negativo ou minimizar seus efeitos.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

Por que uma gestação é considerada de alto risco?

São as gestações em que se identificam fatores relacionados a uma maior chance de ocorrerem desfechos negativos, como:

  • Abortamentos;
  • Parto prematuro;
  • Morte neonatal;
  • Morte materna em decorrência de complicações gestacionais ou puerperais;
  • Adoecimento materno ou piora de uma doença de base por causa da gestação;
  • Problemas de desenvolvimento intraútero;
  • Comprometimento orgânico do bebê.

Portanto, de forma geral, um pré-natal de alto risco significa que é necessário um cuidado diferenciado a fim de prevenir uma evolução negativa da gestação e/ou a morbimortalidade materno-fetal.

Esses riscos são descobertos em estudos que acompanham milhares de gestantes e descobrem as relações. Por exemplo, sabe-se que a diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia estão relacionadas a partos prematuros.

É muito importante que a mulher entenda o que significa essa classificação tem o objetivo de individualizar os cuidados no pré-natal, e não fazer uma previsão do futuro.

Mesmo em uma gestação de baixo risco, podem ocorrer complicações com diferentes níveis de gravidade.

Da mesma forma, uma gestação de alto risco pode transcorrer sem nenhum desfecho negativo. Justamente, o objetivo de um cuidado mais próximo nesses casos é evitar que eles ocorram.

Quais situações podem levar à classificação de “gravidez de risco”?

Idade materna

Mulheres com menos de 17 anos apresentam uma maior chance de desenvolvimento de complicações devido à imaturidade do sistema reprodutor.

Já as gestações de mulheres com mais de 35 anos apresentam um alto risco devido ao envelhecimento do organismo. Por exemplo, o número de abortamentos e defeitos genéticos do feto aumentam significativamente.

Condições médicas maternas prévias ou atuais

Algumas doenças e síndromes podem aumentar os riscos de uma gestação, como:

  • Hipertensão arterial;
  • Problemas nos pulmões, rins ou coração;
  • Diabetes;
  • Doenças autoimunes, como o Lúpus;
  • Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
  • Infecções urinárias não tratadas.

Histórico de complicações obstétricas

Eventos em gestações passadas também podem apontar para uma maior probabilidade de desfechos negativos na gravidez atual, como:

  • Abortamentos espontâneos de repetição;
  • Relato de abortamento autoprovocado anteriormente;
  • Doenças gestacionais anteriores;
  • Óbito neonatal prévio.

Doenças gestacionais atuais

Há também doenças que surgem no contexto das gestações devido às suas diversas alterações fisiológicas.

  • Pré-eclâmpsia — aumento da pressão arterial acompanhado pela presença de proteína na urina;
  • Diabetes gestacional — elevação significativa dos níveis de glicose no sangue.

Uma gestação também pode ser considerada de alto risco devido às características de sua evolução exclusivamente. Ou seja, não há nenhum fator materno ou fetal. Esse é o caso, por exemplo, de:

  • Placenta prévia, em que a placenta pode cobrir todo o colo uterino, impedindo a passagem do bebê em um parto natural;
  • Ruptura prematura das membranas uterinas;
  • Alterações no volume ou nas características do líquido amniótico.

Como é o acompanhamento de uma gestação de alto risco?

A principal medida a ser tomada diante da identificação de riscos elevados é a individualização do cuidado. As condutas adotadas dependerão das condições biopsicossociais de cada mulher e cada gestação.

Em geral, a principal medida nas gestações de alto risco é um acompanhamento pré-natal com consultas mais frequentes. Além disso, pode ser indicada a realização de exames complementares diferentes ou em intervalos mais próximos, como:

  • Ultrassonografias no 1º, 2º e 3º trimestre;
  • Ultrassom para medida do comprimento cervical e/ou caracterização morfológica;
  • Triagem genética pré-natal pelo sangue materno;
  • Triagem genética pré-natal pelo líquido amniótico e células da placenta.

Há gestações de alto risco, porém, que podem exigir cuidados mais complexos, como os descritos abaixo:

  • Antecipação do parto com a devida preparação da mulher e do parto para prevenir complicações comuns na prematuridade;
  • Realização de uma cesariana por razões médicas;
  • Internação da gestante;
  • Presença de médicos especialistas na sala de parto;
  • Preparação de uma estrutura hospitalar mais complexa, como reserva de leito de UTI, de bolsas de sangue ou outros suprimentos.

Como prevenir uma gravidez de risco?

Uma das melhores ações para a prevenção de gestações de alto risco é o planejamento da gestação em consultas pré-concepcionais. Nelas, antes de iniciar

  • Suplementação com nutrientes importantes para o desenvolvimento fetal;
  • Melhora dos hábitos de vida;
  • Controle de doenças de base identificada;
  • Aconselhamento genético, entre outras medidas.

Por tudo isso, o diagnóstico de uma gravidez de risco é algo que traz muitas dúvidas e ansiedade nas mulheres. No entanto, é importante que as gestantes entendam que se trata de uma previsão, mas de uma maior probabilidade.

Portanto, gestações de baixo risco podem evoluir para complicações importantes. Da mesma forma, uma gravidez de risco pode evoluir bem, especialmente quando os cuidados adequados são tomados desde cedo.

Quer saber mais sobre o acompanhamento pré-natal de gestações de alto risco? Acompanhe o nosso post!

Eclâmpsia: o que é?

Os cuidados com a saúde da mulher devem ser redobrados durante a gestação. Afinal, seu corpo passa por diversas mudanças. Na maioria das vezes, o corpo da gestante se adapta sem complicações. No entanto, em alguns casos, podem surgir as doenças gestacionais, como a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia.

Essas condições estão dentro do grupo das doenças hipertensivas gestacionais, que apresentam um espectro de gravidade. A eclâmpsia é a mais grave de todas elas, apresentando um elevado risco para a saúde da mãe e do bebê. Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

Quais são as doenças hipertensivas gestacionais? O que é a eclâmpsia?

A eclâmpsia é a ocorrência de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou de coma em mulheres diagnosticadas previamente com uma das seguintes condições:

  • Hipertensão arterial crônica (não é uma doença gestacional, estando presente antes da 20ª semana de idade gestacional;
  • Pré-eclâmpsia, incluindo também um de seus agravamentos, a síndrome HELLP;
  • Hipertensão gestacional. Neste caso, possivelmente a HG é possivelmente um diagnóstico inicial ou temporário para uma paciente que evoluiu para a eclâmpsia antes de ter preenchidos os critérios para a pré-eclâmpsia.

Portanto, podemos dizer que a eclâmpsia como o estágio conclusivo e mais grave dentro do amplo espectro das doenças hipertensivas na gestação. Ela evidencia um comprometimento orgânico significativo da mulher.

O que é a pré-eclâmpsia?

Em pacientes sem hipertensão arterial prévia, a pré-eclâmpsia é definida como:

  • hipertensão que surge após as 20 semanas de gestação;
  • proteinúria, isto é, níveis elevados de proteína na urina.

Em casos de doença trofoblástica gestacional ou hidropsia fetal, porém, a pré-eclâmpsia pode ser diagnosticada com o aumento dos níveis pressóricos antes de 20 semanas.

Ademais, na ausência de proteínas na urina, pode ser feito o diagnóstico presuntivo da pré-eclâmpsia quando a hipertensão é acompanhada de:

  • cefaleia;
  • distúrbios visuais;
  • dor abdominal;
  • plaquetopenia;
  • aumento de enzimas hepáticas.

Em pacientes com hipertensão arterial crônica, a pré-eclâmpsia pode ser diagnosticada diante da elevação significativa em relação aos níveis pressóricos prévios ou evidência de proteinúria após a 20ª semana.

Pré-eclâmpsia grave

A classificação da gravidade da pré-eclâmpsia também é muito importante para o seu diagnóstico. Pelas recomendações do Ministério da Saúde, a pré-eclâmpsia é grave quando houver uma ou mais das seguintes alterações:

  • “Pressão arterial diastólica igual/maior que 110 mmHg;
  • Proteinúria igual/maior que 2,0g em 24 horas ou 2+ em fita urinária;
  • Oligúria (menor que 500ml/dia, ou 25ml/hora);
  • Níveis séricos de creatinina maiores que 1,2mg/dL;
  • Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e distúrbios visuais);
  • Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito;
  • Evidência clínica e/ou laboratorial de coagulopatias;
  • Plaquetopenia (<100.000/mm3);
  • Aumento de enzimas hepáticas (AST ou TGO, ALT ou TGP, DHL) e de bilirrubinas;
  • Presença de esquizócitos em esfregaço de sangue periférico;

Outros sinais que podem sugerir o diagnóstico são:

  • Acidente vascular cerebral;
  • Sinais de insuficiência cardíaca ou cianose;
  • Presença de RCIU (restrição de crescimento intrauterino) e/ou oligohidrâmnio.

O que leva à eclâmpsia?

Ao contrário do que muitas gestantes acreditam, a pré-eclâmpsia grave não é sinônimo de eclâmpsia. São duas condições diferentes! A principal característica da eclâmpsia são as convulsões do tipo tônico-clônicas, que não estão presentes na pré-eclâmpsia nem leve nem grave.

De acordo com as definições do Manual Técnico da Gestação de Alto Risco, a eclâmpsia se caracteriza por:

  • “presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadas por epilepsia ou qualquer outra doença convulsiva. Pode ocorrer na gravidez, no parto e no puerpério imediato”.

Essa definição é importante para desfazer alguns mitos sobre a eclâmpsia:

  • A paciente não precisa ter pré-eclâmpsia para que desenvolva a eclâmpsia. A condição pode estar relacionada a outros distúrbios hipertensivos, como a hipertensão gestacional e hipertensão arterial crônica;
  • A eclâmpsia pode ocorrer mesmo depois do parto, no puerpério imediato (1º ao 10º dia pós-parto).

Pródomos da eclâmpsia

A eclâmpsia geralmente é antecedida por alguns sinais e sintomas (pródromos) em pacientes diagnosticadas previamente com distúrbios hipertensivos, como:

  • Dor de cabeça (cefaleia) persistente, geralmente frontal ou occipital, ou em trovoadas;
  • Alterações visuais variadas, como escotomas, perda de visão, embaçamento, diplopia, defeitos no campo visual e fotofobia;
  • Dor na região estomacal ou no quadrante superior direito do abdômen;
  • Por esse motivo, a ocorrência de alguma dessas manifestações nesse grupo de gestantes é considerada uma urgência obstétrica.

Em aproximadamente um quarto dos casos, porém, as crises convulsivas não são antecedidas por nenhum sintoma. Pelo motivo acima, a identificação da pré-eclâmpsia e de distúrbios hipertensivos é um passo muito importante para a prevenção da eclâmpsia e das suas complicações.

Eclâmpsia e o parto

A eclâmpsia é uma condição de extrema gravidade, trazendo elevado risco de morte materna. Por esse motivo, independentemente da idade gestacional, a antecipação do parto é uma conduta muito importante. Seus preparativos devem ser realizados após a estabilização da gestante.

De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, deve-se dar preferência à realização do parto normal. A cesariana está indicada especialmente em situações de:

  • instabilidade clínica que contraindique ou impossibilite a realização de esforços extenuantes;
  • previsão de um trabalho de parto prolongado ou que não pode ser efetuada em um período razoável de também.

A técnica de indução dependerá da idade gestacional, de forma individualizada. Todo o processo deve seguir os princípios do parto humanizado.

O acompanhamento pré-natal adequado é a medida mais importante para a prevenção da eclâmpsia. Além de serem tomadas condutas para a estabilização das doenças hipertensivas, os exames realizados rotineiramente permitem o diagnóstico precoce. Diante da evidência de agravamento dessas condições, é possível iniciar uma monitorização mais próxima da gestante, inclusive em ambiente hospitalar.

Quer saber mais sobre a pré-eclâmpsia, seu diagnóstico e tratamento? Confira nosso artigo completo sobre o assunto!

Plano de parto: resgatando os sentidos do nascer

O parto é um momento muito especial na vida da mulher. Portanto, ele deve ser sempre pensado para oferecer a melhor experiência para ela. Para isso, a humanização de toda a assistência ao parto é essencial, sendo o plano de parto um instrumento muito importante para garantir esse objetivo.

Esse documento é construído com a sua participação, — em um processo em que você conhece mais sobre o parto e suas possibilidades. Por si só, portanto, a confecção do plano de parto é uma experiência muito rica para a mulher.

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!

O que é o plano de parto?

O plano de parto é um documento que a mulher elabora junto com o médico que acompanha a sua gestação e com o obstetra que realizará o parto.

Portanto, idealmente, o plano de parto pode ser construído durante o pré-natal da gestante. Nesse acompanhamento, o profissional buscará identificar as características suas e da sua gestação, buscando a individualização biopsicossocial da assistência médica.

A comunicação é um ponto importante do processo, a partir da qual você conhecerá as possibilidades de parto individualizadas à sua gestação e entenderá o que acontece com o seu corpo durante desde o início do trabalho de parto.

Você é convidada a assumir o protagonismo do seu parto, a refletir calmamente sobre cada opção e terá a autonomia para tomar muitas decisões sobre o parto.

Com isso, o plano de parto tem muitas informações seja um momento principalmente seu, unindo segurança técnica e afetividade, como:

  • As características da mulher, do feto e da gestação;
  • O seu contexto cultural, social e familiar;
  • As suas emoções, perspectivas e expectativas em relação ao parto.

Um dos principais objetivos do plano de parto é a humanização desse momento. Ao longo dos anos, a medicina se tornou mais presente no parto. Isso teve resultados muito positivos, como a redução das complicações e da taxa de mortalidade materno-fetal.

Entretanto houve também alguns efeitos negativos devido ao excesso da intervenção médica no parto. Então, seu significado como um momento da mulher pode se perder, tornando-o um procedimento médico objetivo com pouca atenção à importância subjetiva para as pessoas.

Por isso, foi criado o conceito de parto humanizado, que preconiza:

  • O protagonismo da mulher — a gestante é convidada a expressar seus desejos em relação ao parto desde o pré-natal, compreendendo o que pode ocorrer a cada momento. Assim, ela tem autonomia para decidir, por exemplo, sobre o tipo de parto e a ambientação da sala, desde que as escolhas não tragam riscos para a ela e o bebê;
  • Individualidade biopsicossocial — respeito ao corpo, à mente e ao contexto da gestante;
  • Medicina baseada em evidências — você conhecerá as técnicas de assistência ao parto com eficácia reconhecida e as suas indicações, assim como os riscos e os benefícios individualizados ao seu caso.

O que a mulher pode pedir?

A mulher tem uma autonomia muito ampla no parto humanizado, mas é preciso entender que o bem-estar dela e do bebê estão acima de tudo. Nesse sentido, alguns procedimentos imprevistos no plano podem ser realizados para garantir esse objetivo.

Escolhendo o tipo de parto

Por exemplo, o parto normal pode ser executado com diferentes técnicas e formas:

  • na água;
  • de cócoras;
  • em pé;
  • tipo Leboyer, o qual é realizado preferencialmente fora de centros cirúrgicos em um ambiente com pouca luz e silencioso.

O parto normal também pode ser:

  • Natural — nessa modalidade, não há a intervenção médica nos fenômenos fisiológicos e anatômicos do parto, como procedimentos invasivos e administração de medicações. Contudo há ainda a assistência médica, que monitorará a evolução do parto e da saúde da mãe/bebê. Em caso de complicação, o parto natural pode ser convertido em parto;
  • Com intervenções médicas — você pode programar no seu parto algumas medidas interventivas, como a aplicação de analgésicos e anestésicos para reduzir a dor do trabalho.

Da mesma forma, você pode expressar se deseja que alguns procedimentos sejam reservados apenas para situações de necessidade clínica. Por exemplo, a episiotomia é um procedimento com algumas indicações técnicas, mas não apresenta benefícios se empregada indiscriminadamente.

Ações para que o parto seja um momento da gestante com seu bebê e sua família

Também, você poderá pedir determinadas medidas que deixam o momento do parto mais pessoal e afetivo, como:

  • espelho para ver o nascimento do seu bebê;
  • seu parceiro cortar o cordão umbilical;
  • contato imediato, pele a pele, com o bebê após o parto.

Essas medidas fortalecem o vínculo e resgatam também os sentidos originais do parto, que é principalmente o início de uma relação especial entre pessoas.

Ambientação do parto: estimulando os cinco sentidos

O objetivo da ambientação é estimular os sentidos da gestante para que o momento do parto se torne mais tranquilizante, afetuoso, pessoal e humano. Nesse sentido, você pode requerer:

  • Músicas suaves ou elaborar uma playlist pessoal para ser tocada na sala;
  • Itens que estimulam o tato e a motricidade, como as bolas de nascimento, os pufes e as cadeiras de parto;
  • Registro do evento por fotos ou vídeos;
  • Infusão de essências suaves.

Depois de finalizado, o seu plano de parto é revisado pelo obstetra que fará o parto e pactuado com o estabelecimento de saúde, no caso de partos hospitalares. Além disso, é importante saber que os partos são eventos muito dinâmicos. Portanto, no dia do parto, podem ocorrer imprevisibilidades que exigem alterações no plano. Então, deve-se manter certa flexibilidade.

Quer saber mais sobre o plano de parto? Confira nosso texto completo sobre o tema!

Como e quando é feita a versão cefálica externa (VCE)?

Para que o parto normal transcorra bem, o bebê precisa estar posicionado adequadamente para que passe pelo canal de parto. Ou seja, ele deve estar com sua cabeça voltada para o canal vaginal, a chamada posição cefálica. Quando isso não ocorre e a mulher reúne condições para um parto normal, existe uma manobra manual que pode corrigir o posicionamento e permitir um parto normal. É a versão cefálica externa (VCE).

Os registros históricos mostram que a versão cefálica é utilizada há muitos séculos, porém, a técnica foi abandonada à medida que as cesarianas se tornaram mais comuns.

Atualmente, porém, os estudos vêm mostrando tanto os riscos trazidos pelas cesarianas sem razão médica quanto a segurança da VCE. Então, o valor da VCE está cada vez mais sendo reconhecido. Quer entender melhor esse tema? Acompanhe!

Por que a versão cefálica externa pode ser necessária?

A versão cefálica externa é uma manobra realizada com o objetivo de viabilizar a realização de partos normais quando a apresentação do bebê é o principal empecilho.

Nos últimos anos, várias evidências científicas mostraram que o excesso de cesarianas sem justificativa clínica pode expor as mulheres a complicações.

Por ser um procedimento cirúrgico, as cesarianas apresentam um maior risco de complicações para a mãe e o bebê. Da mesma forma, foram identificados diversos benefícios do parto normal, que podem ser vistos neste post.

Portanto, a VCE vem ganhando espaço por ser um procedimento muito seguro com o objetivo de:

  • Viabilizar um parto normal quando a posição é o único empecilho para a sua realização;
  • Aumentar a proporção de fetos em apresentação cefálica no momento do nascimento;
  • Evitar que um parto normal seja convertido em cesariana, um procedimento cirúrgico com maior risco do que os nascimentos vaginais assistidos pela VCE.

Nesse sentido, a eficácia da VCE é medida principalmente pelos seguintes desfechos:

  • A taxa de sucesso geral da VCE em evitar cesarianas foi de 49% a 58%;
  • Quando a versão cefálica é realizada, 97% dos fetos permanecem em posição cefálica até o nascimento. Desses 97%, 86% dos partos são feitos pela via vaginal. Nos outros 14%, a cesariana precisou ser realizada.

De forma geral, o procedimento é de muito baixo risco quando realizado em situações em que não há contraindicações importantes.

Quando a versão cefálica externa pode ser realizada?

Idealmente, a versão cefálica externa é realizada entre a 36ª e a 38ª semana de gestação. Entretanto, em algumas situações, pode ser realizada inclusive durante o trabalho de parto desde que não tenha ocorrido a ruptura das membranas ou da bolsa amniótica.

Fatores preditores de sucesso

Alguns fatores aumentam as chances de seu sucesso, como:

  • Bebês em apresentação transversa;
  • Gestantes negras;
  • Experiência do obstetra com a VCE;
  • Placenta posterior;
  • Índice de líquido amniótico (ILA) maior ou igual a 10.

Contraindicações

Quaisquer contraindicações absolutas ao parto normal são impeditivas da realização da VCE, visto que o objetivo do procedimento é evitar um parto cesariano. Já nas contraindicações relativas, é necessário individualizar a decisão de acordo com cada gestação.

Outras contraindicações mais específicas à VCE são:

  • Evidência de hipóxia fetal (privação de oxigênio para o feto) aguda ou crônica;
  • Instabilidade clínica materna;
  • Rupturas de membranas com dilatação cervical devido ao risco de prolapso do cordão umbilical. Essa complicação grave ocorre quando o cordão umbilical desliza pelo colo do útero antes do nascimento, o que reduz o fluxo de sangue da mãe para o feto;
  • Oligodrâmnio acentuado, isto é, uma quantidade deficiente de líquido amniótico. Isso reduz o espaço de movimentação do corpo do feto e aumenta o risco de traumas durante a VCE;
  • Restrição ao crescimento fetal;
  • Malformações fetais;
  • Anomalias e disfunções uterinas;
  • Cicatrizes uterinas pélvicas;
  • Cabeça fetal hiperextendida;
  • Placenta descolada.

As chances de sucesso da VCE são menores quando:

  • Nuliparidade;
  • Obesidade;
  • Espinha fetal localizada posteriormente;
  • Músculos abdominais maternos firmes;
  • Apresentação pélvica persistente (ou seja, apresentação pélvica confirmada durante cada exame de ultrassom do meio da gestação em diante);
  • Membranas rompidas;
  • Útero tenso;
  • Cabeça fetal não palpável;
  • Espessura miometrial mais fina.

Em casos mais raros, um cordão umbilical mais curto também diminui as chances de sucesso.

Como ela é feita?

O primeiro passo é a realização de uma ultrassonografia para avaliar o posicionamento do feto e da placenta, assim como avaliar o volume de líquido amniótico, a anatomia uterina e fetal. Com isso, podem ser identificadas eventuais contraindicações e fatores que reduzem as chances de sucesso da VCE.

Para tornar o procedimento mais seguro, o procedimento é preferencialmente realizado por volta da 36ª semana de gestação. Nessa fase, o feto já apresenta um bom tônus muscular e há um menor risco de retorno para posições não cefálicas após a manobra.

Dentro dos princípios do parto humanizado, a VCE é sempre realizada com o consentimento da gestante. Ela é informada sobre os riscos e benefícios da VCE, além dos passos da manobra.

Muitas mulheres realizam o procedimento sem que seja necessária a administração de medicações antes ou durante o procedimento. Contudo pode ser necessário utilizar inibidores das contrações uterinas para facilitar a manobra em alguns casos.

Em geral, as pacientes relatam apenas uma dor moderada e tolerável durante a realização da VCE. Analgésicos orais e venosos podem ser utilizados para amenizar esse sintoma. Alguns obstetras recomendam ainda a utilização de anestesia peridural para o procedimento.

A manobra é feita com a gestante deitada de costas. Pela parede abdominal, é feito um movimento rotacional: pelve fetal é elevada e deslocada lateralmente por uma mão do obstetra, enquanto a cabeça é manipulada pela outra mão no sentido oposto.

A VCE pode ser repetida até o limite de seis tentativas de acordo com as principais recomendações atuais. Em geral, como vimos, em grande parte dos casos, ela é bem-sucedida dentro desse limite e o feto atinge a posição cefálica antes do parto.

Quer entender melhor a VCE e como ela é executada? Então, confira nosso artigo completo sobre o tema!

Fórceps: veja as indicações e contraindicações

Existem muitas dúvidas entre as gestantes e, em suas pesquisas sobre o parto, elas podem encontrar informações equivocadas sobre o fórceps. É essencial esclarecê-las, pois esse instrumento é muito importante em determinados casos e pode salvar vidas e evitar complicações para a mãe e o bebê.

Todos os procedimentos médicos carregam intrinsecamente algum risco de complicação. Por isso, eles não podem ser utilizados indiscriminadamente, devendo ser reservados para situações em que os benefícios que eles proporcionam são maiores do que os riscos.

O fórceps é um instrumento cirúrgico com uma aparência semelhante a uma pinça de salada em formato de colher. Sua forma foi pensada para minimizar as chances de lesão no bebê e na mãe, durante a sua passagem pelo canal de parto.

Ele é empregado para facilitar a saída do bebê, especialmente nos partos por via vaginal, em situações que, por condições maternas ou fetais, o bebê precisa ser guiado para fora do canal de parto.

Nesse sentido, a mulher não deve temer o fórceps quando ele é utilizado dentro das indicações adequadas. Quer entender melhor? Acompanhe o nosso post!

O que é o fórceps?

O fórceps é um instrumento cirúrgico utilizado para a assistência a partos. De forma geral, podemos dizer que ele é indicado nas seguintes situações de dificuldade de evolução do parto:

  1. Quando há sinais de risco de comprometimento do organismo do feto. O principal indicador utilizado na sala e parto para o sofrimento fetal agudo é a queda do batimento cardíaco do bebê;
  2. Esgotamento da força materna para o parto durante a passagem do bebê pelo canal vaginal.

Como dissemos, ele se parece com uma pinça de salada. No parto normal, ele é inserido através do canal vaginal da mulher. Sua forma foi pensada para que haja uma melhor adaptação à anatomia da região a fim de evitar lesões maiores.

O uso do fórceps deve ser feito com a mulher sob anestesia, em ambiente hospitalar. Em algumas situações, pode ser preciso um procedimento adicional, a episiotomia, que é a incisão efetuada na região do períneo (área muscular entre a vagina e o ânus) para ampliar a o canal de parto.

Sua inserção ocorre no período entre as contrações. Então, ele deve posicionado adequadamente na cabeça do bebê, que será pinçada delicadamente para auxiliar o seu trajeto durante o parto. Na técnica correta, não há uso de força excessiva sobre o bebê.

Quais são as indicações do fórceps?

O fórceps é indicado em situações, como:

Dificuldade de empurrar o bebê adequadamente o bebê

A força para a expulsão do bebê é conhecida tecnicamente como empuxo. Quando a mulher não é capaz de fazer empuxo suficiente para a progressão do bebê através do canal de parto, o fórceps pode ser utilizado para guiá-lo e evitar o sofrimento fetal prolongado.

Trabalho de parto prolongado

Há situações em que o empuxo é suficiente e a mulher empurra o bebê de forma adequada. Contudo não há progressão significativa por um período. Seria um período expulsivo prolongado.

Problemas de saúde materna

Em algumas condições clínicas da mãe, o uso excessivo de força pode fazer com que suas doenças de base se agravem ou desencadeiem complicações. Esse é o caso de algumas doenças cardíacas e de níveis elevados de pressão arterial. Nesse sentido, é mais seguro fazer um parto assistido à fórceps.

Alterações no batimento cardíaco fetal

Durante todo o tipo de parto, os batimentos cardíacos do bebê são monitorados com bastante atenção. Por isso, mesmo quando o bebê está posicionado adequadamente e a mãe apresenta condições para o parto, o sofrimento fetal pode levar à indicação da assistência ao parto pelo fórceps.

Dificuldades de desprendimento do canal vaginal

Em alguns casos, há uma dificuldade para o desprendimento espontâneo do feto para fora do canal vaginal. Essa é outra situação em que a assistência do fórceps reduz o risco de evolução negativa.

Quando o fórceps é contraindicado?

Há também algumas situações que trazem contraindicações ao uso do fórceps, pois seu uso traria maiores riscos para a mãe e o bebê. Os principais são:

  • Doenças fetais neurológicas ou osteomusculares que afetam a força óssea, como a osteogênese imperfeita;
  • Mãe ou bebê apresentam distúrbios hemorrágicos, como a hemofilia;
  • A progressão do feto através do canal de parto é insuficiente (a cabeça ainda não ultrapassou o ponto médio);
  • Dificuldade ou impossibilidade de identificar a posição da cabeça do bebê;
  • Feto apresenta seus braços ou ombros à frente da cabeça no canal de parto;
  • Há evidência de desproporção cefalopélvica. Por exemplo, nos casos de fetos macrossômicos (acima de 4 kg) ou diâmetros reduzidos da bacia materna, mesmo quando o bebê tem dimensões normais.

Dentro das indicações corretas e fora das contraindicações acima, o parto assistido pelo fórceps traz benefícios superiores aos riscos para a mãe e o bebê. Nessas situações, é um procedimento que salva vidas.

Por esse motivo, quando há um risco para a vida do bebê, seu uso está acima do desejo da mãe. Quando utilizado indiscriminadamente, por sua vez, pode ser visto como uma violência obstétrica. Por esse motivo, é essencial que o médico siga os princípios do parto humanizado!

Quer saber mais sobre o fórceps e como ele é utilizado dentro dos paradigmas do parto humanizado? Confira este post sobre o tema!